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Fase II – Definição dos objetivos estratégicos e construção do mapa estratégico

3. BALANCED SCORECARD COMO MODELO INTEGRADO DE GESTÃO NO

3.3. Metodologia de implementação do BSC como modelo integrado de gestão

3.3.2. Fase II – Definição dos objetivos estratégicos e construção do mapa estratégico

Esta fase reúne os seguintes aspetos:

1. Enquadramento e relação causa - efeito das perspetivas do BSC; 2. Definição e relação causa - efeito dos objetivos nas perspetivas; 3. Construção do mapa estratégico.

A estratégia é transposta em termos operacionais pela definição dos objetivos estratégicos

e construção do mapa estratégico, o qual incide na visualização gráfica através de um fluxo de

linhas que fornece a informação da estratégia. O mapa estratégico interliga e delimita os

fluxos de atividades e os processos organizacionais existentes nos sistemas de gestão

implementados e respetivos objetivos associados consoante perspetivas. Enquanto a estratégia

descreve como criar valor para as “partes interessadas”, o mapa estratégico mostra como a

estratégia liga os ativos intangíveis a processos que criam valor (Kaplan e Norton, 2004).

A definição e seleção dos objetivos que irão compor o BSC têm por base os princípios da

gestão dos resíduos sólidos que servem de premissas para a sustentabilidade. Fazem desses

princípios os métodos de gestão e o seu contributo, o conteúdo organizacional no

funcionamento dos fluxos das atividades e os processos da organização, assim como os

vetores estratégicos resultantes da análise SWOT. Como tal é necessário efetuar um

cruzamento de informação e validação dos pontos de interseção que permitem um

aproveitamento de sinergias.

O alinhamento e desenvolvimento de um plano estratégico para a gestão dos resíduos no

setor público utilizando o BSC, implica uma análise das perspetivas e o seu enquadramento.

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(clientes, financeira, processos internos e aprendizagem e crescimento), as quais sofreram

uma redefinição hierárquica à semelhança do analisado na revisão teórica, pois a entidade

responsável pela gestão dos resíduos é referente ao domínio público. No setor público a visão

e a missão representam a função de topo na estrutura do sistema, tornando-se o elemento que

define a área de operação. Conforme sugerem Niven (2003), Kaplan e Norton (2004), e

Guimarães et. al. (2010), a perspetiva cliente deverá ficar no topo da estrutura, e justificam

que os benefícios de uma gestão pública sejam direcionados para a população.

Na perspetiva dos clientes é importante destacar que na prestação de serviços da gestão de

resíduos existe dois tipos de clientes: o cliente direto que utiliza o serviço e o cliente indireto

que também é beneficiário deste serviço (cidadão/sociedade). Para além de medir a melhoria

da qualidade da prestação dos serviços para o cliente direto, é preciso aferir se o

cidadão/sociedade está satisfeito com a prestação do serviço, ou seja, é preciso demonstrar os

benefícios, efeitos ou impactes diretos ou indiretos do exercício da atividade de gestão de

resíduos para o cidadão. Assim, pretende-se, que nesta perspetiva, se analisem duas vertentes:

uma para os clientes direcionada para o atendimento aos requisitos da qualidade dos serviços

ofertados e a sua satisfação e outra com foco no cidadão/sociedade que procura medir a

efetividade e impactes da ação.

A perspetiva financeira encontra-se orientada para a execução do orçamento, trata-se do

meio para a obtenção de recursos necessários para o cumprimento da sua função social. A boa

execução orçamental e ampliação da captação de recursos financeiros são fatores essenciais

para tornar a entidade gestora de resíduos numa estrutura mais sólida e apta a cumprir a sua

missão. O orçamento é o fator limitador das ações e sem uma boa execução orçamental

camarária dificilmente conseguirá obter recursos para a aquisição de equipamentos,

manutenção de infraestruturas, qualificação dos recursos humanos, criação de novos serviços,

entre outros. Por isso, para um melhor funcionamento, a perspetiva financeira/orçamento foi

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impacto sobre todas as outras perspetivas. Fazem parte desta perspetiva objetivos estratégicos

tais como: melhoria da execução orçamental e ampliação da captação de recursos. A

ampliação de recursos se não estiver ligada a objetivos de ampliação da oferta de serviços ou

da melhoria da qualidade da prestação dos mesmos, não irá contribuir para o cumprimento da

missão que é o atendimento ao utente/sociedade. O aumento da execução orçamental

camarária por si só pode promover o desperdício do dinheiro público sendo este fator

determinante para o desenvolvimento de todos os serviços. É necessário tomar a consciência

dos custos na gestão dos resíduos e relembrar que este serviço depende de recursos do

contribuinte e orientar o orçamento para resultados. O orçamento é um importante

instrumento de planeamento pois encontra-se vinculado à estratégia repercutindo a toda a

escala de objetivos.

A perspetiva aprendizagem e crescimento é fundamental para o alcance dos resultados da

EG de resíduos. Abrange os trabalhadores e o aperfeiçoamento da gestão interna através da

tecnologia da informação e da melhoria das práticas gestionárias. O sucesso da prestação dos

serviços de gestão é fortemente influenciado pela força de trabalho. O desempenho

organizacional depende da capacitação, motivação e bem-estar da força de trabalho. Um

esforço neste setor em termos do aumento da qualificação dos trabalhadores promove uma

maior capacidade de promover mudanças significativas nos métodos, processos e tecnologia

que acarretarão numa melhoria dos serviços prestados.

Na perspetiva dos processos internos verifica-se o aperfeiçoamento dos processos

existentes e a identificação de processos inteiramente novos passa pelo aumento da eficiência,

pois a ampliação do universo de atuação depende da existência de recursos. A perspetiva dos

processos internos adaptada aos preceitos da NGP na área dos resíduos deve estar focada na

eficiência do serviço prestado. É através da racionalização dos recursos públicos que é

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tarifas, injetando na AP recursos económicos e criando condições para a ampliação da

prestação dos serviços.

Na Figura 3.7 é apresentada uma proposta da hierarquia do modelo baseada na hipótese

da relação causa-efeito entre as perspetivas.

Figura 3.7: Hierarquia causa-efeito das perspetivas.

Neste modelo compreende-se que um bom funcionamento da perspetiva financeira é

determinante para o desenrolar de todas as restantes perspetivas e consequentemente para o

desempenho global. Esta perspetiva serve de suporte para as outras perspetivas causando

impacte mais direto na perspetiva referente ao capital humano, de informação e

organizacional designada por aprendizagem e crescimento.

O capital organizacional engloba aspetos como a cultura, liderança, alinhamento e

trabalho em equipa; o de informação engloba a gestão documental de todos os processos da

organização, sistemas de dados e todo o suporte informático que auxilia na execução da

atividade, e possíveis inovações no sistema e o humano refere-se ao pessoal afeto à

organização a tempo inteiro. Trata-se dos ativos intangíveis, que englobam o desenvolvimento

de competências individuais, nomeadamente capacidades e conhecimentos através de

formação, assim como um clima organizacional interno de qualidade propício ao desempenho

das funções do trabalhador.

Clientes Processos Internos Aprendizagem e Crescimento Financeira Visão e Estratégia Feedba ck a Aprendiza do Estra tégico Comunicaçã o e Vinculaçã o

Pla nea mento e Estabelecimento de

Metas Escla recimento e tradução da Visã o e da

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Uma otimização da execução orçamental permite um maior investimento na estrutura

funcional de trabalho e aprimorar a gestão o que, por sua vez, acarreta uma melhoria nos

processos internos referentes à gestão operacional, de clientes/utentes, inovação, ambiental e

social, higiene e segurança no trabalho, e dos recursos humanos, e que tem uma relação direta

com a perspetiva do cliente, a qual se encontra centrada no cumprimento da função social e

missão. Uma EG que execute uma boa gestão orçamental racionalizando os recursos, possui

um quadro de pessoal capacitado e motivado, busca permanentemente melhorar a sua gestão

interna, tem processos eficientes e clientes/utentes e sociedade/cidadãos satisfeitos.

Após o enquadramento das perspetivas é determinante a definição de objetivos

estratégicos decorrentes dos vetores estratégicos. Os objetivos devem-se apresentar como um

conjunto de prioridades correlacionadas que esclarecem o que a estratégia pretende alcançar e

o que é crítico para o seu êxito. As relações causa-efeito são determinantes para pôr em

evidência a forte correlação entre os objetivos distribuídos pelas perspetivas como, a título de

exemplo, se apresenta na Figura 3.8.

Figura 3.8: Estrutura das perspetivas do BSC: tradução da estratégia e da visão e da relação causa-efeito no setor dos resíduos.

Objetivo: “Fornecer excelente serviço e construir uma base de utentes leal e significativamente satisfeita

respondendo às expectativas”

Objetivo: “Fornecer serviços de forma eficiente, produtiva e eficaz implementando processos que tornam mais

fácil para os clientes receber serviços excelentes. Tomar decisões baseadas num sistema altamente automatizado para recolha de dados precisa e atualizada e de recursos humanos. Abordar os requisitos atuais e futuros para os recursos operacionais e humanos.”

Objetivo: “Garantir a integridade financeira e um desenvolvimento estável; Demonstrar a responsabilidade de

gerar ativos financeiros que funcionam como uma alavanca para o desenrolar dos restantes"

Objetivo: “Valorizar a satisfação pessoal e organizacional, contribuindo para uma maior produtividade. Avaliar,

planear e fornecer recursos para apoiar serviços em curso, visando uma forma de motivação para os colaboradores.”

Perspetiva dos clientes

Perspetiva dos Processos Internos

Perspetiva financeira

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O mapa estratégico do setor público espalha-se numa hierarquia de causa-efeito top-down:

clientes, processos internos, aprendizagem e crescimento, e finanças (Irwin, 2002), que pode

ser traduzida da seguinte forma: a perspetiva financeira fornece os meios necessários para o

crescimento do capital humano, produtividade, capacidade de organização e informação na

perspetiva de aprendizagem e crescimento, que, por sua vez, produz o trabalho necessário

para o sucesso com os fatores críticos das perspetivas de processos internos e, finalmente, a

perspetiva do cliente (Cruz, 2006), conforme descrito na Figura 3.9.

Figura 3.9: Estrutura de um mapa estratégico do modelo de integração.