1987). Um dos trechos mais importantes para alcançar a integração e colonização da
Amazônia foi o Ambato Curaray, mas infelizmente não houve apoio do Congresso
para a aprovação do orçamento e financiamento.
No livro de Geografia Militar do Brasil do Coronel Francisco de Paula Cidade
consta que: “Quanto às ferrovias equatorianas, elas têm 700 quilômetros de extensão,
e têm um projeto muito interessante do ponto de vista internacional, que é o ramal
Ambato, o qual ligará essa capital ao porto de Santo Antônio no Rio Curaray, um
afluente do Napo e do Amazonas.” (CIDADE, 1935). É importante ressaltar que esse
conceito, lançado em 1935, demonstrou a importância do desenvolvimento do projeto
para o controle da margem norte do Amazonas.
A riqueza hidrográfica do Equador permite que todas as suas regiões sejam
banhadas por rios de diferentes fluxos. Os rios navegáveis estão no litoral e na
Amazônia e o sistema fluvial das montanhas alimenta os vales com seu líquido vital.
Além disso, há muitas cidades às margens dos rios cujas estradas correm
paralelamente.
4.3 FATOR ECONÔMICO
O Equador ao longo de sua vida republicana enfrentou muitas crises econômicas
que causaram instabilidade política, e esse círculo vicioso é a principal causa do
subdesenvolvimento e da pobreza que persistem até hoje no país (MONCAYO, 2016).
No período colonial, originaram-se el concertaje, las encomiendas, mitas e obrajes,
que eram agencias que recolhiam impostos dos povos indígenas à custa de seu
trabalho em troca de moradia e serviços religiosos. Os reis Bourbon, que assumiram
o poder da Coroa Espanhola no ano 1724, implementaram já no século XVIII reformas
que foram impostas à administração de além-mar, afetando especialmente a produção
têxtil da Audiência de Quito. Foi promovida a exploração agrícola através de latifúndios
nas montanhas e no litoral, aumentando a produção e exportação de cacau, o
desenvolvimento e a economia da região (ACOSTA, 2005)
Quando o Estado foi formado, no ano de 1830, a maioria da população não
participou do processo, sendo as autoridades designadas os grandes latifundiários da
região central. Tal ação criou uma fraqueza, pois muitas decisões sobre questões
educacionais, serviços, obras públicas e a administração da justiça eram tomadas nos
municípios, enquanto o Estado lidava com o executivo, as relações internacionais, a
força pública e a arrecadação de impostos (AYALA, 2008).
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Com o passar do tempo, vários líderes conservadores e liberais impuseram sua
linha econômica na administração do Estado, consolidando um sistema
proprietário-oligárquico. Juan José Flores, García Moreno, Eloy Alfaro, Isidro Ayora e Velasco
Ibarra são figuras que impulsionam mudanças significativas na administração
econômica do Estado.
Em 1880, Guayaquil experimentou um forte crescimento econômico pela
produção de cacau e sua exportação, o que acelerou a inserção da economia do país
no sistema econômico global, mas tornou-a dependente da economia e sensível à
influência externa. Em 1895, o general Eloy Alfaro liderou a Revolução Liberal,
promovendo o modelo agroexportador, apoiado por banqueiros e agricultores
costeiros, gerando reformas econômicas, ideológicas e políticas. Disse o historiador
equatoriano Enrique Ayala que “O auge das exportações de cacau levou a
consolidação para dentro da oligarquia costeira que alcançou a transformação liberal.”
(AYALA, 2008).
Em 1920, as exportações costeiras representaram 70% do valor total das
exportações do Equador e o país produzia 28,3% do cacau a nível mundial, mas sua
estabilidade foi afetada pela grande depressão de 1930, especialmente o preço da
matéria-prima: cacau, café e arroz, aumentando o déficit na balança comercial
(ACOSTA, 2005). A depressão da década de 1930 afetou a produção de forma a se
chegar em 1940 à quinta parte de sua produção (DELER, 1987).
Para o Equador, as décadas de 1930 a 1940 foram de estagnação e transição
da produção cacaueira para a produção de bananas, apostando na diversificação e
exportação de outros produtos como café, chapéus de panamá, tagua (semente
conhecida como noz de marfim), arroz, petróleo, ouro, jangada e borracha.
4.3.1 PIB em Dólares
Em 1941, o orçamento geral do Estado foi de 119.000.000 sucres, e o produto
interno bruto foi de 1.000 sucres por pessoa. O preço do dólar era de 15 sucres por
um dólar.
4.3.2 Produção
A estrutura produtiva do país era formada com base em dois segmentos, o da
indústria de produtos agrícolas e da indústria de bens manufaturados. No setor
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agrícola, os produtos mais importantes da indústria do modelo agroexportador foram
o cacau, o café, a banana e o arroz, onde 90% da população dependia da agricultura.
No setor da indústria manufatureira, a principal produção era a do açúcar, que
era transportado pela ferrovia, respondendo por 40% do total de produtos
transportados por este meio. O segundo produto manufaturado eram os derivados de
petróleo, que também utilizavam a ferrovia e representavam 10% do transporte
ferroviário.
Durante a década de 1940, apesar do impacto da crise global, o modelo de
agroexportação de cacau não foi alterado, e toda a economia doméstica dependia da
produção agrícola para o mercado internacional, o que lhe permitia sobreviver
escassamente (DELER, 1987).
4.3.3 Geração de Energia
A energia elétrica chegou ao Equador em 1900, através de investidores privados.
Em 1937 foi criada a Companhia Elétrica de Quito, gerando 3.400 KW para atender
9.498 assinantes. Em 1941, já estavam disponíveis 34.990 KW, que correspondiam
ao potencial elétrico instalado no Equador. O consumo estava relacionado à
localização das indústrias no país, que se concentravam nas cidades de Quito e
principalmente em Guayaquil.
4.3.4 Recursos Naturais
A riqueza e a prosperidade de um povo estão principalmente ligadas à
disponibilidade dos recursos existentes em seu território. A comunidade internacional
buscou controlar as rotas marítimas e, assim, o fluxo de recursos para alcançar o
desenvolvimento de seus povos (PASTOR, 2016). A América Latina impulsionou o
desenvolvimento e o crescimento do mundo moderno, fornecendo metais preciosos
para a Europa e as minas de ouro e prata foram a força motriz responsável por
organizar a economia, a sociedade e o espaço colonial americano (BÁEZ, OSPINA, &
RAMÓN, 2004).
O Equador em 1941 dispunha de grandes recursos, muita diversidade e cultura.
Essas condições favoráveis para o desenvolvimento geraram dificuldades para a
integração e controle das áreas territoriais nacionais. Em 1880 começou o boom
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1930, quando a produção e a exportação doméstica caíram, forçando o
desenvolvimento de diversos produtos no litoral, como café, arroz e cana-de-açúcar.
A cadeia montanhosa dispunha de grandes recursos agrícolas que permitiam o
desenvolvimento do agronegócio, mas particularmente a população de Quito
especializou-se na produção têxtil. Já os produtos agrícolas permitiam abastecer o
produtor interno quanto à sua alimentação. Além disso, a Amazônia e a região insular
fazem com que o Equador seja um dos países com maior biodiversidade do planeta
quanto à fauna e à flora. Mas o principal recurso dessa região é o petróleo e, de acordo
com Galarza e Bethell, “a guerra de 1941 teve muito cheiro de petróleo.”
No documento
Os Códigos Geopolíticos no Equador de 1941 e 1995:
(páginas 51-54)