5.7 CONSIDERAÇÕES GEOPOLÍTICAS DO PERU EM 1941
6.5.2 Nível de Liderança
Sixto Durán Ballén foi Presidente do Equador de 1992 a 1996. Teve grande
participação na vida política do país, foi Prefeito de Quito e Ministro de Obras Públicas,
promoveu o desenvolvimento da malha rodoviária, dos aeroportos e portos do país.
Sua gestão foi reconhecida por sua capacidade na administração de recursos
públicos. Quando foi Prefeito, suas principais obras consistiram na construção da
Avenida Marechal Sucre e os túneis de San Juan, San Roque e San Diego, obras que
buscavam integrar o norte e o sul de Quito, melhorando o tráfego na cidade. Da
mesma forma, a Usina Hidrelétrica de Nayón que aumentou a capacidade de geração
elétrica.
Durante seu mandato presidencial, governou com um programa neoliberal que
alicerçou o fator econômico, mas, apesar disso, enfrentou vários conflitos internos.
Em janeiro de 1995 foi reativada a disputa fronteiriça com o Peru pelo rio Cenepa, na
Cordilheira do Condor. Sixto Durán Ballén declarou estado de emergência e enfrentou
a defesa da pátria com coragem.
Após os confrontos na área disputada, um cessar-fogo foi imposto pelos países
garantidores do Protocolo do Rio de Janeiro – Estados Unidos, Brasil, Argentina e
Chile. Sua liderança ao enfrentar a crise fronteiriça lhe outorgou a confiança do povo,
o qual reconheceu sua força moral.
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6.5.3 Qualidade da Democracia
Durante esse período de vida republicana ocorreram as ditaduras militares, as
quais permitiram gozar de uma estabilidade relativa e projetaram o desenvolvimento
do país para o futuro. No Equador, foi aplicada a Doutrina da Segurança Nacional,
que chegou ao país através do Brasil. Em 10 de dezembro de 1964, o Conselho Militar
do Governo decretou a Lei de Segurança Nacional, que estabelecia que a segurança
era responsabilidade do Estado, e este garantia a realização dos Objetivos Nacionais,
combatendo os fatores adversos por meio de ações políticas, econômicas,
psicossociais e militares.
Foram estabelecidas como Objetivos Nacionais Permanentes do
Estado manter-se a integridade territorial, a soberania nacional, o desenvolvimento
integral, a democracia, a integração nacional, a justiça social e o equilíbrio ecológico
para uma exploração racional de recursos, em função do desenvolvimento interno e
em benefício do Equador.
6.6 FATOR MILITAR
A ideologia militar estava fomentada na visão da instituição militar, ligada, por
sua vez, ao Estado institucional, à nação que defende suas fronteiras, à República
que fortalecia a democracia e a ordem interna e à Pátria, que mantém sua
responsabilidade histórica com o país. As Forças Armadas fizeram esforços
constantes para melhorar sua organização e treinamento em meio a uma grave falta
de armamentos e equipamentos indispensáveis para a bem sucedida defesa nacional,
pois a penúria fiscal tornava extremamente difícil que se dotasse de uma verdadeira
capacidade de dissuasão (GALLARDO, 2014).
6.6.1 Porcentagem do PIB em Gastos com Defesa
De acordo com a base de dados do Banco Mundial, em 1995, o Equador tinha
gastos correspondentes a 2,341% do PIB. De acordo com o SIPRI Equador 1995,
foram gerados gastos com defesa que chegaram a $1.856 milhões de dólares.
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6.6.2 Números das Forças Armadas do Equador
Quadro 7: Relação das Forças Armadas do Equador e Peru
PERU EQUADOR RELAÇÃO
Exército
Soldados 85.000 50.500 1,68 a 1
Tanques 460 111 4,144 a 1
Veículos blindados leves 385 140 2,75 a 1
Veículos táticos 250 70 3,57 a 1
Unidades antiaéreas 295 80 3,68 a 1
Média 3,158 a 1
Força Aérea
Soldados 15.000 3.000 5 a 1
Caças e aviões de combate 114 42 2,71 a 1
Avião de combate 36 17 2.11 a 1
Helicópteros 74 19 3,89 a 1
Média 3,42 a 1
Força Naval
Marinhos 24.000 4.500 5,33 a 1
Cruzeiros 2 0 2 a 1
Fragatas 4 0 4 a 1
Navios 2 2 1 a 1
Corvetas de mísseis 6 6 1 a 1
Submarinos 8 2 4 a 1
Navios de desembarque 4 2 2 a 1
Helicópteros 14 9 1,55 a 1
Avião antissubmarino 8 3 2,66 a 1
Média 2,61
RELAÇÃO DO PODER RELATIVO DE COMBATE 2,95 a 1
Fonte: Elaboração própria com base em informações de (TORRES, 2000).
O quadro acima evidencia a diferença de armamentos que dispunha cada um
dos países em 1995. A relação do poder de combate relativo com base nas
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informações apresentadas pelo pesquisador Filden Torres, afirma que a relação entre
as forças terrestres foi de 3,16 a 1 a favor do Peru. Na Força Aérea, a proporção foi
de 3,42 para 1 a favor do Peru, e na Força Naval de 2,95 para 1 a favor do Peru,
gerando um total de 2,95 a 1 a favor do Peru. Segundo o Presidente Fujimori, o Peru
era um dos países mais bem armados da América em 1995. É importante mencionar
o fato de que os soldados antiterroristas do Peru, com experiência de combate contra
os grupos terroristas, eram uma força considerável na região.
6.6.3 Equipamentos das Forças Armadas
Durante a ditadura do general Velasco Alvarado, em 1968, o Peru iniciou uma
corrida armamentista, sobretudo em virtude da aproximação do centenário da Guerra
do Pacífico. Para enfrentar essa ameaça, o Governo Militar do Equador (1972-1979)
fez várias aquisições de material bélico.
Em 1980 foi adquirida uma Brigada Blindada (material francês AMX-13), aviões
Jaguar e Mirage supersônicos, dois submarinos alemães e seis corvetas italianas. Os
governos posteriores compraram helicópteros franceses de combate e transporte e
um esquadrão de aviões supersônicos Kfir. Com essa capacidade de defesa
estratégica, impediu-se uma invasão total do Peru no Cenepa (GALLARDO, 2014).
Em 1990, a Força Aérea Equatoriana reparou suas aeronaves, e introduziu
modernas capacidades de combate. Além disso, a Força Naval adquiriu duas fragatas
modernizadas, enquanto o Exército comprou fuzis e metralhadoras H.K. e, em uma
compra de oportunidade, adquiriu foguetes BM-21, mísseis IGLA e foguetes R.P.G.7,
que fizeram a diferença no combate no Cenepa.
6.6.4 Treinamento das Forças Armadas
Uma das aprendizagens do ataque peruano de 1981 à Cordilheira do Condor se
referia ao nível de reação e ao treinamento no ambiente da selva. Nas décadas de
1980 e 1990, melhorou-se a organização, doutrina, treinamento e equipamentos das
Forças Armadas, além de posições defensivas que foram preparadas na fronteira. O
nível de treinamento era alto, e os militares tinham grande motivação.
A tese do General Mercado Jarrín, um orientador mental dos militares de seu
país, de que o Peru deveria pegar uma “garantia territorial” no Equador para forçá-lo
a aceitar suas reivindicações relacionadas à execução do Protocolo do Rio de Janeiro,
alertou as autoridades sobre a necessidade de se preparar para uma provável
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agressão. Assim, em 1994, diante das atitudes de descumprimento das medidas da
carteira de segurança na fronteira, o Exército realizou uma mobilização na área de
operações, a fim de preparar as posições defensivas, o que marcou a diferença no
desenvolvimento das operações ante a improvisação peruana. O Equador conseguiu
uma surpresa estratégica ao manter o dispositivo e a capacidade operacional do
Exército escondidos, com liderança efetiva e resposta decisiva à posição política de
enfrentar a guerra (PALMER, 1997; HERNÁNDEZ, 1992).
Figura 4: Região do Conflito do Cenepa
Fonte: (BARROSO, 2007).
A operação equatoriana considerou as fases da manobra estratégica,
começando pela mobilização executada com militares ativos e da reserva, além de
meios logísticos mobilizados (veículos, plataformas, suprimentos e combustíveis)
fornecidos pela empresa privada que reagiu imediatamente à emergência despertada.
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A fase de concentração consistiu em reunir todos os militares, reservas e
equipamentos em unidades militares de todo o país para planejamento militar,
preparação e treinamento, com ênfase em técnicas, táticas e procedimentos a serem
empregados na defesa do território nacional.
A fase de dispersão consistiu na transferência de pessoal, material e
equipamentos para as unidades que estavam adotando o dispositivo defensivo. No
que diz respeito à área leste de operações, foi reforçada a 21 BS “CONDOR”,
aquartelada no setor Patuca e posteriormente a aproximação à batalha.
O Comando Conjunto equatoriano, diante das provocações realizadas pelo Peru,
providenciou a defesa dos cabeceiras do rio Cenepa, colocando em vigor os graus de
alerta de acordo com o Plano “SOBERANIA 1” para todas as Z.O. e Alerta Amarelo
para os 21 BS “CONDOR” ocuparem o dispositivo de defesa de seu setor de
responsabilidade.
Figura 5: Esboço de Tiwinzta.
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No documento
Os Códigos Geopolíticos no Equador de 1941 e 1995:
(páginas 87-93)