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A força de atrito como força motora

No documento Compreendendo a Física - Vol 01.pdf (páginas 156-159)

Forças em um plano inclinado e forças de atrito são os temas abordados neste capítulo.

CAPÍTULO 11 – PLANO INCLINADO E ATRITO 1472 Atrito

3. A força de atrito como força motora

Em geral, a força de atrito costuma ser interpretada apenas como a força que se opõe ao movimento de um corpo, talvez até por influência da linguagem cotidiana, que associa a palavra atrito a divergência, desavença ou dificuldade.

Essa é uma ideia correta em situações de arrasto de um corpo, em que a ação do atrito é mais evidente. É o ca- so dos exercícios resolvidos 4 a 7. Mas não é a situação mais comum e talvez nem a mais relevante do ponto de vista tecnológico. Na maioria das vezes, a força de atrito possibilita o movimento. Nós só podemos caminhar por causa do atrito entre os pés e o solo. Todos os meios de transporte terrestres se movimentam desse modo, gra- ças ao atrito de pneus, rodas de aço ou lagartas com o so- lo. Além desses movimentos, há ainda o transporte por meio de esteiras rolantes, que só é possível graças ao atri- to. Essas três situações são analisadas a seguir.

–Fae& Figura a Eduardo S antaliestra/ Arqui v o da editora F &ae Figura b

Veja as figuras acima. Para andar, o menino empurra o piso para trás com o pé, exercendo uma força de atri-

to estático (2F&ae) sobre o piso (figura a); de acordo com

o princípio da ação e reação, o piso empurra o menino

para a frente por meio da força de atrito estático (F&ae)

exercida no pé, e por meio do pé, em todo o corpo do menino (figura b).

c A p í t U lO 1 1 – p l A N O I N c l I N A D O E At r I tO

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E X E R C Í C I O R E S O LV I D O

8. Um caixote está apoiado sobre a carroceria plana

e horizontal de um caminhão parado numa es- trada também plana e horizontal, como mostra a figura.

Ilustrações: P

aulo Manzi/Arqui

v

o da editora

Sabendo-se que o coeficiente de atrito estático entre o caixote e a carroceria é 0,45, determine o módulo da máxima aceleração com que o cami- nhão pode sair sem que o caixote escorregue.

(Adote g 5 10 m/s2.)

r e s o lu ç ão

Para resolver o problema, devemos isolar o caixote, representando as forças exercidas sobre ele quan- do o caminhão começa a se mover. Além da força

normal N& e do peso P&, que se equilibram porque a

carroceria é plana e horizontal, para que o caixote se mova é preciso que sobre ele seja exercida uma força no sentido do movimento do caminhão. Se o caixote não escorregar, essa força é a força de atri-

to estático (F&ae) entre o caixote e a carroceria. Veja

a figura a seguir.

N&

P & a &

Fae&

Enquanto o caixote não deslizar, a força resultante

sobre ele é a força de atrito estático, F&ae, já que N& e

P& se equilibram. Da segunda lei de Newton, em

módulo, temos:

FR5 ma ⇒ Fae5 ma I

Como Fae< µeN e, neste caso:

N 5 P ⇒ N 5 mg

De acordo com o princípio da ação e reação, a pista

exerce sobre as rodas as forças de atrito estático, F&ae,

que fazem o carro movimentar-se (para simplificar a fi- gura, só foram representadas as forças de atrito estático exercidas na roda dianteira da lateral direita do carro e na pista, abaixo da roda).

No carro da figura b, com tração nas quatro rodas, todas elas empurram a pista para trás, exercendo sobre

ela forças de atrito estático, 2F&ae, por meio das rodas

da frente, e 2F&ae, por meio das rodas de trás (veja o de-

talhe da parte de baixo). De acordo com o princípio da ação e reação, a pista exerce sobre as rodas da frente

as forças de atrito estático, F&ae, e sobre as rodas de trás as

forças de atrito estático, F&ae, que fazem o carro movimen-

tar-se (para simplificar a figura, só foram representa- das as forças de atrito estático exercidas nas rodas da lateral direita do carro e na pista, abaixo delas).

No caso do transporte por meio de esteiras, o movi- mento é causado diretamente pela força de atrito está- tico entre os corpos transportados e as esteiras; em al- guns casos, como no transporte de cascalho mineral, por exemplo, as forças de atrito estático são exercidas também entre as pedras transportadas. Veja as figuras:

Bioraven/Shut

ter

stoc

k/Glow Images

A caixa se movimenta na esteira por causa das forças de atrito estático, F &ae, entre elas; nas caixas, essas forças são exercidas no mesmo sentido do movimento de cada caixa.

Fae &

Dadang T

ri/Bloomberg/Get

ty

Images

O carvão se desloca pela esteira por causa das forças de atrito estático entre as próprias pedras e entre as pedras e a esteira, exercidas no mesmo sentido do movimento de cada pedra.

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U N I DA D E 3 – FO rç A E m Ov I m E N tO

13. Numa cena de um filme, a personagem puxa a toa-

lha da mesa de um restaurante sem derrubar copos, pratos e talheres. Isso é possível? Qual a condição para que isso ocorra? Explique.

14. Um caixote de massa m está sobre a carroceria

plana de um caminhão que percorre uma estra- da plana, retilínea e horizontal com velocidade de 72 km/h e precisa frear. Sabendo-se que o coeficiente de atrito estático entre o caixote e a carroceria é de 0,80, qual a menor distância de freagem desse caminhão para que o caixote não escorregue?

(Adote g  10 m/s2.)

15. A foto abaixo é um recorte da primeira foto da

sequência que ilustra a Atividade Prática 2 do capítulo 8, página 117. Suponha que, neste caso, a carta vá ser puxada para a direita com uma força horizontal constante durante o tempo necessário para ela deslocar-se inteiramente de cima da boca do copo. Sabe-se que a moeda de 1 real tem mas- sa de 7,0 g e a massa da carta pode ser considera- da desprezível. Suponha que o coeficiente de atri-

to entre a moeda e a carta seja µe  0,20;

considere desprezível o atrito entre a carta e o

copo e adote g  10 m/s2.

Eduardo S

antaliestra/Arqui

v

o da editora

a) Qual o módulo mínimo dessa força para que a moeda se destaque da carta?

b) Esse valor garante que a moeda caia dentro do copo? Justifique. Então: Fae< µemg II Igualando I e II , obtemos: ma < µemg ⇒ a < µeg ⇒ a < 0,45  10 ⇒ ⇒ a < 4,5 m/s2 Observações

1·) A desigualdade estabelece o valor-limite do

módulo da aceleração que o caminhão pode adquirir sem que o caixote escorregue. Ela indi- ca que, se o módulo da aceleração for maior

que 4,5 m/s2, o caixote vai começar a escorre-

gar, ou seja, a partir desse valor a força de atri- to não consegue arrastar o caixote junto com o caminhão.

No entanto, apesar de escorregar e atrasar- -se em relação ao caminhão, o caixote conti- nua a mover-se no mesmo sentido enquanto estiver sobre a carroceria — a força de atrito cinético também é exercida no sentido do movimento, só não dá ao caixote a mesma aceleração do caminhão.

2·) O cancelamento da massa, como já comenta-

mos em observações anteriores, mostra que o re sul tado obtido não depende da massa do cai- xote; os limites da aceleração do caminhão, den- tro dos quais o caixote não escorrega, só depen- dem do coeficiente de atrito entre a base do caixote e o piso da carroceria do caminhão.

E X E R C Í C I O S

10. Um caminhão transporta um bloco de granito em

repouso sobre a sua carroceria plana numa estrada também plana e horizontal. Em que sentido é exer- cida a força de atrito estático sobre o bloco quando o caminhão:

a) está acelerando?

b) está com velocidade constante? c) está freando?

11. Na questão anterior, em que condições o bloco

escorrega?

12. Um alpinista sobe por uma corda. Em que sentido é

exercida a força de atrito entre suas mãos e a cor- da? E quando desce? Explique.

c A p í t U lO 1 1 – p l A N O I N c l I N A D O E At r I tO

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Isso pode ser feito observando que o alongamento xe da mola para deslocar o bloco é igual ou maior que o alonga- mento xc necessário para mantê-lo em movimento.

Você pode também realizar verificações quantitativas, fazendo medidas. Para isso é necessário conhecer a cons- tante elástica k da mola e dispor de balança para medir a massa do bloco.

Esquematizando, você pode:

• determinar o coeficiente de atrito estático entre o bloco e a mesa:

2 medindo a massa do bloco e determinando seu peso; 2 medindo o alongamento xe da mola no instante em

que o bloco se destaca (veja a figura a seguir) e, com o auxílio da lei de Hooke, calculando o módulo da força que a mola exerce nesse instante — esse é o módulo da força de atrito estático máxima; 2 dividindo o módulo da força de atrito estático

máxima pelo módulo do peso, obtendo o coefi- ciente de atrito estático entre o bloco e a mesa;

Sidnei Moura/Arqui

v

o da editora

xe

No instante em que o bloco se destaca da mesa, mede-se o alongamento da mola, xe5 , 2 ,0. O valor ,0 é o

comprimento da mola em repouso.

• determinar o coeficiente de atrito cinético entre o bloco e a mesa.

Basta repetir o que foi feito na experiência anterior, medindo o alongamento xc da mola com o bloco em movimento:

Sidnei Moura/ Arqui

v

o da editora

v & xc

Mantendo o bloco em movimento uniforme sobre a mesa mede-se xc 5 ,’ 2 ,0.

• verificar se o valor do coeficiente de atrito, estático ou ciné- tico, varia ou não quando o peso do bloco varia.

Basta repetir os itens anteriores colocando cargas (pesos) sobre o bloco e verificando se os valores obtidos para os coeficientes de atrito mudam significativamente ou não.

Os resultados das experiências com atrito costumam ser muito irregulares, mas, até por essa razão, vale a pena fazê-las.

1. Determinação do componente

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