• Nenhum resultado encontrado

LISTA DE SIGLAS

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.5 FORMAS DE PAGAMENTO DAS FATURAS

Esta categoria apresenta a forma como os participantes deste estudo realizam o pagamento das faturas do cartão de crédito, se na data de vencimento, no valor integral, parcial ou em atraso. Os dados foram organizados e dispostos na tabela 7 segundo idade e sexo dos participantes.

Todas as mulheres com 20 anos de idade e quatro homens com 20 anos afirmam pagar as faturas do cartão de crédito no vencimento e no valor integral, assim como quatro mulheres e quatro homens com 40 anos de idade. No entanto, uma mulher com 20 anos e dois homens, um com 20 e um com 40 anos de idade afirmam pagar apenas uma parte do valor da fatura.

TABELA 7: FORMA DE PAGAMENTO DAS FATURAS CONFORME IDADE/SEXO Total de

participantes

Pagamento integral

Pagamento parcial Mulheres com

20 anos 5 5 -

Homens com

20 anos 5 4 1

Mulheres com

40 anos 5 4 1

Homens com

40 anos 5 4 1

Total 20 17 3

Fonte: A autora.

Quando analisados de acordo com o sexo dos participantes, os dados demonstram que nove dos dez participantes do sexo feminino afirmam pagar o valor

integral das faturas e apenas uma mulher paga apenas parte do valor debitado em fatura. Quanto aos homens, oito afirmam pagar integralmente e dois pagam parcialmente as faturas do cartão de crédito.

Se analisados segundo a idade dos participantes, os dados demonstram que nove, dos dez participantes com 20 anos, afirmam pagar o valor integral das faturas e um paga apenas parte do valor debitado. Quanto ao grupo com 40 anos de idade, oito afirmam pagar integralmente as despesas mensais com o cartão de crédito e dois pagam parcialmente as faturas.

O pagamento do valor mínimo da fatura é considerado pelos participantes como uma forma de pagar menos juros na próxima fatura, e há ainda os que creem que não há juros quando se paga o mínimo. Outros associam o pagamento do valor mínimo da fatura a uma oportunidade que a financiadora proporciona para que o sujeito não atrase o pagamento e possa manter seu nome limpo. A maioria dos entrevistados não compreende que, pagando o valor mínimo, o crédito continua disponível para compras com o cartão, o que pode resultar em sobre-endividamento, pois ainda poderá efetivar novas compras e, uma vez que na fatura do mês subsequente serão cobrados os valores pendentes do mês anterior, os juros sobre esse remanescente e as novas compras efetuadas, o valor final da fatura seguinte poderá extrapolar a receita mensal.

Alguns participantes sequer compreendem a relação entre forma de compra e forma de pagamento, como no exemplo da participante Bianca, assistente administrativo, que demonstra confundir o parcelamento na hora da compra com o pagamento parcial da fatura:

O pagamento? Pelo banco. Sempre pago pelo banco. Integral.

Porque se eu comprar parcelado... A não ser que seja, tipo, se eu já parcelei e não vai ter juros, ai eu pago parcelado, mas se eu fiz uma compra que vai vencer já no mês seguinte, eu prefiro pagar integral para não pagar juro. (BIANCA, 40 anos)

Outro exemplo interessante é o do participante Célio, assistente de produção que, como visto anteriormente, possui ao menos oito cartões de crédito provenientes de contas bancárias, dos quais utiliza dois para as compras pessoais e os outros, ele cede aos seus parentes. Quando questionado sob a forma de pagamento das

faturas ele se refere aos “dois dele”, como se os demais não estivessem sob sua responsabilidade:

Eu tenho pagado, pelo menos, é... O que é meu, eu pago, o que vem ali eu pago à vista. É, com 30 dias, né? Quando é do pessoal eu pago o mínimo deles. É, o mínimo do cartão, mas é dividido entre eles, né?

Como que vocês fazem?

Digamos: tem três pessoas usando o mesmo cartão, daí um paga 80, outro paga 150, outro paga 40... É assim que eu pago. Daí dá o mínimo ali. Daí cada um paga o mínimo. Daí cada um dá um pouco e paga o mínimo. (CÉLIO, 40 anos)

Dentre os que afirmam pagar as faturas em dia e no valor integral, o motivo mais recorrente para a escolha dessa forma de pagamento é a cobrança de juros que acumulam nas faturas subsequentes, juro considerado abusivo por alguns participantes da pesquisa, como aponta o assistente de produção Cícero:

No vencimento. Integral. Pra não pagar juro. É a taxa de juro mais cara do país. (CÍCERO, 40 anos)

A experiência que os sujeitos já tiveram, ao pagar apenas parte do valor da fatura é relatada pelos participantes, como declaram a corretora de seguros Berenice e do administrador Claudio, ambos com 40 anos de idade:

Valor integral.

Por quê?

Em função do juro absurdo que é cobrado se você acumular valor.

Eu já caí nessa tentação, então hoje eu tenho bastante experiência.

(BERENICE, 40 anos)

Débito em conta. A maioria das vezes, valor integral. Porque eu tive experiências de quando eu não paguei o valor integral e, o juro... E gerou algumas taxas de juros que depois ficou ruim pra mim recuperar. E eu acabei perdendo. Então eu decidi que eu só ia comprar e pagar à vista, né? A fatura integral, né, no caso.

(CLAUDIO, 40anos)

Os riscos de sobre-endividamento ao pagar apenas o valor mínimo da fatura também são descritos pelos sujeitos com 20 anos de idade, porém, os relatos que fazem, na maioria das vezes, correspondem às experiências de terceiros. Destaque

para os relatos do estagiário Anderson, da bartender Angela e do desempregado Aguinaldo:

No caixa eletrônico.

Valor integral, parcial, no vencimento...?

Integral.

Integral? Por quê? Por que você prefere pagar o valor integral?

Ah. Porque eu conheço bastante gente que foi parcelando e não conseguia pagar no mês seguinte, então, eu prefiro sempre me programar para pagar à vista. (ANDERSON, 20 anos)

Integral.

Integral, por quê?

Porque eu já ouvi falar que, se você paga só aquele mínimo, ele vem acrescentado depois. (ANGELA, 20 anos)

No banco.

Como você faz o pagamento? No valor integral, parcial...?

Não. Pago no total, né?

Por quê?

Ah. Porque se pagar o mínimo você já se complica, né? Tem que pagar tudo, se não você... Vira uma bola de neve e fica endividado pro resto da vida. (AGUINALDO, 20 anos)

Mesmo quando os participantes relatam as consequências do acúmulo de dívidas com o pagamento mínimo, alegando preferência pelo pagamento integral da fatura para evitar o efeito conhecido como “bola de neve”, alguns participantes têm uma visão positiva em relação às financiadoras, sugerindo que a possibilidade do pagamento mínimo é um alento que as financiadoras gentilmente proporcionam aos que não têm condições de quitar as faturas.

Para alguns sujeitos, poder pagar apenas uma parte do valor da fatura do cartão é mais uma vantagem proporcionada pelas financiadoras. O entendimento dos participantes sobre as vantagens e/ou desvantagens na utilização do cartão de crédito ou débito está descrita na próxima categoria.

7.6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS FINANCIADORAS CONFORME