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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E CONCEPTUAIS DA

2.5 Funções da supervisão profissional

Alfred Kadushin no seu livro “Supervision in Social Work” em 1975 estabeleceu, pela primeira vez, as três formas clássicas de supervisão profissional: supervisão administrativa, supervisão educativa e supervisão de apoio ou de suporte (Aristu, 2008).

Conforme o tipo de função da supervisão, assim podemos falar de diferentes papéis do supervisor, sobre os quais reflectiremos nos próximos pontos:

Figura 6: Papéis do supervisor nas três funções da supervisão

Fonte: Elaboração própria com base em Kadushin e Harkness (2014)

Se ao implementar a supervisão administrativa o supervisor age como um gestor e age como um professor ao implementar a supervisão educativa, então na supervisão de apoio/suporte o supervisor age como um conselheiro (Kadushin e Harkness, 2014).

Papéis do supervisor Supervisão administrativa Gestor Supervisão educativa Professor Supervisão de apoio Conselheiro

Papel do supervisor na supervisão administrativa

Para Kadushin e Harkness (2014), as principais funções do supervisor na supervisão profissional administrativa, são:

Quadro 6: Funções do supervisor na supervisão administrativa

i) recrutar e seleccionar a equipa ii) acolher e colocar o profissional iii) explicar a supervisão

iv) planear o trabalho v) atribuir trabalho vi) delegar trabalho

vii) monitorizar, rever e avaliar o trabalho viii) coordenar o trabalho

ix) servir de canal de comunicação x) actuar como um advogado xi) reduzir o impacto administrativo

xii) actuar como um agente de mudança e de ligação com a comunidade.

Fonte: Elaboração própria com base em Kadushin e Harkness (2014)

No desenvolvimento das suas responsabilidades e funções administrativas, o supervisor organiza o local de trabalho e os recursos humanos para atingir os objectivos da administração, para que, quantitativa e qualitativamente vão ao encontro das políticas e procedimentos da instituição.

Papel do supervisor na supervisão educativa

A supervisão educativa é a segunda principal responsabilidade do supervisor e está preocupada em ensinar aos profissionais o que eles precisam de saber para realizar o seu trabalho e ajudá-los a aprenderem-no (ibidem). Existem uma série de tarefas relacionadas com este papel educativo do supervisor, designadamente: instruir os profissionais para a utilização de técnicas de Serviço Social, desenvolver a competência da equipa através de reuniões individuais e em grupo; e ensinar e/ou facilitar a aprendizagem sobre tarefas específicas da profissão. Ou seja, este papel inclui actividades educativas tais como:

Quadro 7: Papel do supervisor na supervisão educativa

i) ensinar

ii) facilitar a aprendizagem iii) treinar

iv) partilhar experiências e conhecimento v) informar

vi) clarificar vii) guiar

viii) ajudar os profissionais a encontrar soluções ix) promover o crescimento profissional x) aconselhar

xi) sugerir

xii) ajudar os profissionais a resolver problemas.

Fonte: Elaboração própria com base em Kadushin e Harkness (2014)

Pela análise destas funções e respectivos papéis do supervisor em cada uma delas, podemos perceber que a supervisão educativa se preocupa com o ensino do conhecimento, das capacidades e das atitudes necessárias para o desempenho das tarefas de Serviço Social através da análise detalhada da interacção do profissional com o utente. Em geral, na literatura da supervisão, esta função é frequentemente identificada como uma supervisão clínica, para a qual a definição padrão é de uma situação em que um profissional mais experiente supervisiona o trabalho de um profissional menos experiente, com o objectivo de ajudar essa pessoa a desenvolver um melhor desempenho profissional (Kadushin e Harkness, 2014). A necessidade de desconstruir o termo sugere que a supervisão clínica é uma amálgama de papéis, funções e deveres da supervisão. Usamos o termo supervisão educativa ao invés de supervisão clínica aqui e ao longo do texto, seguindo a proposta destes autores (ibidem) que o vêem como mais preciso e menos ambíguo.

Para além dessa delimitação conceptual, é importante procedermos aqui à distinção entre supervisão educativa, formação em exercício dos colaboradores (in-service training) e desenvolvimento da equipa (staff development).

Estes autores (ibidem) constatam que uma grande percentagem de assistentes sociais podem chegar a um posto de trabalho com pouca ou nenhuma formação específica prévia para o

desempenho da função requerida. Não raras vezes, verifica-se um hiato entre as competências e conhecimentos adquiridos na formação em Serviço Social e aqueles que são requeridos na prática profissional do Serviço Social. Neste contexto, há uma permanente necessidade de treinar as pessoas para realizarem o seu trabalho numa área específica. Estes autores reforçam, neste sentido, a necessidade de fazer a distinção entre o desenvolvimento da equipa, a formação em exercício dos colaboradores e a supervisão à medida.

Quadro 8: Desenvolvimento da equipa, formação em exercício e supervisão à medida Desenvolvimento da equipa Formação em exercício dos

colaboradores Supervisão à medida

Refere-se a todos os procedimentos que uma instituição pode utilizar para melhorar os conhecimentos, competências e atitudes relacionadas com o trabalho a realizar por parte do pessoal e inclui a formação em exercício e a supervisão educativa. As actividades de desenvolvimento do pessoal podem passar por: sessões de formação, palestras,

workshops, panfletos

informativos, grupos de discussão por áreas, etc.

É uma forma mais específica de desenvolvimento do pessoal. É operacionalizada através de uma formação planeada e formal dirigida a um grupo limitado de pessoal da instituição com as mesmas funções ou

responsabilidades, após uma identificação geral das necessidades de formação. Reforço de conhecimentos, capacidades e competências profissionais. Complementa a formação em exercício, individualizando as aprendizagens gerais e a sua respectiva aplicação. Neste sentido, pode considerar-se a supervisão educativa como uma forma mais focada de desenvolvimento do pessoal.

Enquanto espaço de formação, a supervisão educativa é dirigida às necessidades particulares de um profissional que lida com casos específicos, resolvendo problemas particulares para os quais precisa de apoio, isto é, ajuda o profissional a fazer a transferência da

aprendizagem do saber para o fazer.

Fonte: Elaboração própria com base em Kadushin e Harkness (2014)

Mas qual é então a relação entre supervisão educativa e supervisão administrativa? Segundo Kadushin e Harkness (2014) a supervisão administrativa e a supervisão educativa partilham o mesmo objectivo final: treinar os profissionais para estes fornecerem o melhor serviço possível aos utentes. A supervisão administrativa fornece a estrutura e os recursos direccionados para este objectivo; a supervisão educativa fornece o treino e a orientação que permite que os profissionais possam alcançá-lo. Embora complementares, a supervisão administrativa e educativa são independentes. A supervisão administrativa está preocupada com a estruturação do ambiente da prática e o fornecimento dos recursos que permitem que os profissionais executem o seu trabalho de forma eficaz. A supervisão educativa fornece o conhecimento e as habilidades instrumentais que são equipamentos necessários do profissional para uma prática eficaz. A supervisão administrativa atende às necessidades

organizacionais, profissionais e burocracias regulamentares; a supervisão educativa atende às necessidades da profissão ao desenvolver profissionais competentes. Se a supervisão administrativa requer que o supervisor tenha capacidades de gestão, a supervisão educativa requer competências técnicas e pedagógicas.

A supervisão educativa e a supervisão administrativa reforçam-se mutuamente. A supervisão educativa é designada para aumentar a eficiência da supervisão administrativa. Como consequência da supervisão educativa, as tarefas da supervisão administrativa podem ser desenvolvidas com menor esforço, ou seja, com mais educação, os profissionais podem agir de forma mais autónoma e independente, reduzindo a carga da supervisão administrativa. Através da supervisão educativa são desenvolvidas atitudes de compromisso e lealdade para com os valores da instituição, seus objectivos e procedimentos, segundo Kadushin e Harkness (2014). Estes autores procedem a uma distinção entre supervisão educativa e terapia. Um dos problemas persistentes encontrados pelos supervisores educativos é a tarefa de diferenciar a supervisão de terapia, ou seja, diferenciar ensino de tratamento. Na realidade, o contexto de supervisão é semelhante em muitos casos às características do contexto terapêutico. Ambas as situações envolvem uma relação contínua e forte em que o esforço de exercer uma influência interpessoal para efectuar mudanças é feita por um membro da díade para o outro. Ambas as interacções são desejadas para desenvolver um sentido de auto-consciência. Contudo, existem diferenças entre a supervisão educativa e a terapia relacionados com o seu propósito e foco, os papéis na relação, as funções e os processos. A distinção é difícil de aplicar com precisão na supervisão, embora os supervisores geralmente aceitem a distinção. A supervisão educativa exige o reconhecimento das diferentes necessidades dos supervisandos em diferentes pontos dos seus desenvolvimentos profissionais (ibidem).

Em suma, existe um conjunto de condições que tornam uma situação de aprendizagem eficaz num contexto de uma relação positiva. Para estes autores, as pessoas aprendem melhor se: i) estiverem motivadas para aprender; ii) dedicarem energia para aprender; iii) encontrarem satisfação positiva na aprendizagem; iv) estiverem envolvidas activamente no processo de aprendizagem; v) o conteúdo da aprendizagem tiver significado; vi) a sua singularidade for considerada (ibidem).

Papel do supervisor na supervisão de apoio/suporte

Na função de apoio/suporte da supervisão o supervisor desempenha um importante papel de conselheiro.

Quadro 9: Papel do supervisor na supervisão de apoio/suporte

i) aconselha e apoia

ii) motiva, fortalece e estimula

iii) incentiva, encoraja e reforça capacidades iv) aprova, elogia e reconhece as realizações v) possibilita a catarse e restaura o equilíbrio emocional

vi) escuta atentamente vii) conforta, acalma e cuida viii) alivia a ansiedade

ix) inspira, anima, diverte e aumenta a satisfação no trabalho

x) identifica / previne o burnout mitiga os efeitos do

stress e tensão

Fonte: Elaboração própria com base em Kadushin e Harkness (2014)

Kadushin e Harkness (2014) constatam que os supervisores e os supervisandos em Serviço Social se deparam com uma variedade de tensões relacionadas com o trabalho, significativamente mais do que noutras profissões. A não ser que algum recurso esteja disponível para ajudá-los a lidar com os seus stresses, a sua saúde e o seu trabalho, pode acontecer que fiquem doentes com frequência ou até mesmo abandonarem as suas profissões, colocando em causa a eficácia da instituição. O supervisor tem responsabilidade em ajudar os supervisandos a lidar com as tensões relacionadas com o trabalho. O objectivo final deste componente da supervisão é o mesmo da supervisão administrativa e educativa, ou seja, permitir que os assistentes sociais e a instituição através destes, possa oferecer ao utente um serviço mais eficaz e eficiente (ibidem).

A supervisão de apoio/suporte preocupa-se com o aumento da motivação, o compromisso profissional e a satisfação no trabalho. Inclui procedimentos tais como: reafirmação, incentivo e reconhecimento da realização; expressões realistas baseadas na confiança, aprovação e elogios, possibilitar a catarse, a dessensibilização e universalização e a escuta atenta aos interesses e às preocupações que se comunicam.

“Ao implementar as responsabilidades da supervisão de apoio, o supervisor tenta ajudar os profissionais a sentirem-se mais à vontade com eles mesmos no seu trabalho. Uma das principais funções do supervisor passa por proporcionar certos suportes emocionais aos profissionais. Deve encorajar, fortalecer, estimular e até mesmo confortar e acalmá- lo. O supervisor visa aliviar a ansiedade, reduzir a culpa, aumentar as certezas e convicções, aliviar a insatisfação, fortalecer a crença, afirmar e reforçar as capacidades do profissional, melhorar a auto-estima, nutrir e aumentar a capacidade do ego para a adaptação, aliviar a dor psicológica, restaurar o equilíbrio emocional, confortar, apoiar e actualizar.” (Kadushin e Harkness, 2014: 162).

Para os assistentes sociais desenvolverem o seu trabalho eficazmente, eles precisam de se sentir bem com eles mesmos e com o trabalho que estão a realizar. Contudo, a realidade é que por vezes se sentem desencorajados, descontentes, impotentes, frustrados, desvalorizados, inadequados, confusos, ansiosos, culpados, apáticos, alienados, e sobrecarregados por uma variedade de razões (Kadushin e Harkness, 2014; Beneyto, 2015). A supervisão de apoio/suporte envolve “cuidar dos cuidadores”, que sentem desilusão, decepção e desencanto. Se esses sentimentos forem frequentes numa instituição, o baixo nível de moral pode resultar num alto turnover, absentismo repetido e atrasos, desatenção no trabalho, não cumprimento, queixas frequentes e atrito interpessoal, ou seja, uma maneira não muito favorável para tornar uma instituição eficaz. Para além disso, é necessário que os profissionais se sintam confiantes para poderem transmitir confiança e esperança aos utentes com os quais trabalham. Um sentimento de esperança é uma variável importante na determinação do sucesso na interacção do profissional com o utente. Neste sentido, o supervisor, ao implementar as responsabilidades da supervisão de apoio/suporte, não só alivia, restaura, conforta, repõe, mas de forma mais positiva inspira, anima, diverte e aumenta a satisfação no trabalho. Tal supervisão faz a diferença entre a submissão sem alegria e a participação ávida ou entre tocar notas e fazer música, como afirmam Kadushin e Harkness (2014). De facto, na implementação da supervisão de apoio/suporte, o supervisor aprende a identificar o burnout e a entender os factores que ajudam a explicar o seu desenvolvimento, tendo a responsabilidade de responder ao problema de forma que possa prevenir o seu desenvolvimento, e/ou mitigar os efeitos do stress e tensão (ibidem).

É importante referir que a supervisão de apoio/suporte é muitas vezes implementada não como uma actividade separada, explicitamente identificável, mas sim como parte do trabalho de supervisão educativa e administrativa. A atribuição, a revisão ou o treino para o trabalho pode ser feito enquanto forma de suporte. As funções da supervisão educativa e administrativa podem ser desempenhadas numa forma que comunique respeito, interesse e aceitação do supervisando. Se a supervisão administrativa não consegue aliviar o burnout ao

reduzir a ambiguidade e o conflito do papel do Serviço Social, então a supervisão de apoio/suporte e educativa pode ajudar. Usando a supervisão de apoio/suporte para reconhecer as realizações pessoais, aumentar o desempenho no trabalho e melhorar a competência através da supervisão educativa proporciona uma sensação de realização, torna o trabalho mais significativo e leva a uma maior satisfação. A ansiedade pode ser reduzida através da exteriorização, ou seja, a livre expressão de sentimentos e ansiedades. Knapman e Morrison (1998) referem que a discussão de sentimentos experienciados na prática profissional é uma parte muito importante da supervisão. É também neste sentido que Barak

et al. (2009) sublinham o efeito amortecedor que a supervisão pode ter face aos efeitos

negativos do trabalho em organizações humanas e sociais.

Kadushin e Harkness (2014) consideram que, em geral, o supervisor, quando implementa as responsabilidades da supervisão de apoio/suporte, encarrega-se do mesmo tipo de intervenção que caracterizam a psicoterapia57 de apoio. O supervisor actua para prevenir ou reduzir o stress, ou temporariamente removê-lo do profissional, elogia os esforços dos profissionais quando é justo, tranquiliza e estimula, transmite confiança, despersonaliza e universaliza os problemas dos profissionais, afirma os seus pontos fortes, partilha as responsabilidades com os profissionais para decisões difíceis e espera pelas aprovações às decisões do profissionais, ouve com atenção e empaticamente, proporcionando uma oportunidade para a libertação catártica (ibidem). Tudo isso ocorre no contexto de uma relação positiva caracterizada pelo respeito, compreensão empática, aceitação, interesse simpático e preocupação pelo profissional como pessoa. O facto de tais intervenções serem empregues no contexto de uma relação positiva significativa, aumenta a relevância das comunicações do supervisor. Louvor, confiança, incentivo, qualquer comentário de apoio expresso pelo supervisor tem maior significado e efeito para o supervisando porque vem de alguém cujas respostas ele valoriza. Por último, mas não menos importante, mesmo a melhor relação de supervisão não é forte o suficiente para resolver algumas insatisfações e conflitos relacionados com o trabalho que derivam da natureza do próprio trabalho e das condições em que é frequentemente desenvolvido. Algumas potenciais insatisfações são inerentes à estrutura da instituição, à tarefa do Serviço Social, ao estado da tecnologia disponível e a posição da profissão na sociedade moderna. Seria pedir muito mais da supervisão do que

57 Já a perspectiva rogeriana atribuía ao supervisor uma postura e qualidades próprias de um psicoterapeuta, ou seja, que fosse coerente consigo mesmo, disponível e autêntico. O ponto de partida devem ser os problemas existenciais do indivíduo, e devem ser tomados por base os recursos dos participantes, não sendo suposto o supervisor impor a sua opinião e oferecer todas as respostas (Lodewick e Pirotton, 2008).

aquilo que ela é capaz de alcançar, se estivéssemos à espera que ela eliminasse a insatisfação no trabalho e o desencanto dos profissionais, referem Kadushin e Harkness (2014).

Apesar dos evidentes stresses e tensões observadas nos profissionais, Kadushin e Harkness (2014) argumentam que a maioria dos assistentes sociais não estão esgotados e a maioria encontra-se com uma satisfação considerável no seu trabalho. Tal não significa escamotear que o assistente social tem uma profissão rica e gratificante, dando um contributo importante e positivo para as pessoas com quem trabalha, mas os ambientes onde desenvolve a sua prática mudaram de tal forma que o Serviço Social se tornou mais stressante e como consequência, os assistentes sociais estão agora mais vulneráveis ao burnout.

Estes autores (ibidem) identificam três formas complementares à supervisão de apoio, de diferentes proveniências: o utente, o grupo de pares (peer group) e a rede de suporte social. Os utentes podem ser uma fonte de stress, mas também de suporte, por exemplo quando estes vêem os assistentes sociais como alguém competente e uma mais-valia (ibidem). O grupo de pares do supervisando58 pode ser uma fonte adicional de suporte ao supervisando que pode complementar os esforços do supervisor. Os profissionais conversam com os pares, com os quais se sentem mais confortáveis, acerca das suas insatisfações ou dúvidas sobre o trabalho e expressam sentimentos de ansiedade acerca de performances inadequadas e sentimentos de culpa em relação a potenciais erros cometidos. O grupo de pares no trabalho é muitas vezes o primeiro recurso a quem os profissionais recorrem para falar acerca de tais preocupações, pois são pessoas que provavelmente já experienciaram problemas semelhantes (ibidem).

A rede de suporte social do supervisando também pode complementar a supervisão de apoio ou suporte. Contudo, apesar de a família e amigos serem muito importantes no combate ao

stress associado ao trabalho, a sua falta de conhecimento específico sobre a natureza do stress no trabalho pode limitar o impacto do seu suporte emocional. Consideram os referidos

autores (ibidem) que uma vez que o stress é originado no local de trabalho, este é o melhor contexto para lidar com o stress dele advindo. O supervisor, intimamente ligado à origem e natureza do stress do trabalho, pode oferecer um feedback relevante para ajudar o profissional (ibidem).

A supervisão de apoio/suporte está preocupada em ajudar os supervisandos a lidar com o

stress relacionado com o trabalho e a desenvolver atitudes e sentimentos favoráveis para o

58 A modalidade peer-group distingue-se da supervisão, porque se trata de um aconselhamento entre iguais embora possa ser um complemento à supervisão profissional (Zueras, 2012).

melhor desempenho no trabalho. Enquanto a supervisão administrativa e a educativa estão preocupadas com as necessidades instrumentais do supervisando, a supervisão de apoio/suporte está preocupada com as suas necessidades mais expressivas. No cumprimento dos objectivos da supervisão de apoio/suporte, o supervisor visa prevenir o desenvolvimento de situações potencialmente stressantes, reduz a exposição do profissional ao stress e ajuda-o a adaptar-se. O supervisor está disponível e acessível, transmite confiança ao profissional, mostra a sua perspectiva, desculpa falhas quando adequado, partilha a responsabilidade de diferentes decisões e oferece oportunidade para um funcionamento independente e para o sucesso provável na realização da tarefa.

Temos assim como síntese das funções da supervisão profissional:

Quadro 10: Síntese das funções da supervisão profissional

Função administrativa Função educativa Função de apoio/suporte

A supervisão administrativa está mais centrada nas dimensões da gestão, isto é, na implementação de métodos administrativos que permitam que os assistentes sociais prestem serviços eficazes aos utentes.

A supervisão administrativa está orientada para a política da instituição e concentra-se sobretudo nas questões funcionais.

A supervisão educativa foca-se nas preocupações profissionais em relação a casos específicos. Ajuda os supervisandos a entender melhor a filosofia do Serviço Social, a tornarem-se mais auto-conscientes e aperfeiçoarem os seus

conhecimentos e competências. A supervisão educativa centra-se no desenvolvimento do pessoal e nas suas necessidades de formação.

Inclui actividades nas quais o supervisando é orientado para aprender sobre a intervenção, identificação e resolução de questões éticas e sobre avaliação dos serviços.

A supervisão de apoio/suporte visa diminuir o stress associado ao trabalho, que interfere com o desempenho do profissional, fornecendo-lhe condições que promovam o seu sucesso e encorajem a sua auto-eficácia.

Os supervisandos enfrentam desafios crescentes que contribuem para o

stress no trabalho, incluindo a

crescente complexidade dos

problemas dos utentes, ambientes de trabalho físicos desfavoráveis, cargas de trabalho pesadas e ambientes emocionalmente desgastantes. A supervisão de apoio/suporte é sustentada num clima de segurança e confiança, onde os supervisandos podem desenvolver a sua identidade profissional.

Fonte: Elaboração própria com base em NASW e ASWB (2013), Kadushin e Harkness (2014)

Os standards da NASW e ASWB (2013: 8) postulam que “a combinação da supervisão educativa, administrativa e de apoio/suporte é necessária para o desenvolvimento de assistentes sociais competentes, éticos e profissionais”.

Kadushin e Harkness (2014) relacionam as funções da supervisão com os seus objectivos, em função do seu alcance, como podemos observar no Quadro 11.

Quadro 11: Objectivos, funções e alcances da supervisão