2.5 Administração Hoteleira no âmbito da Responsabilidade Sócio-ambiental
2.5.1 Gestão Ambiental na Hotelaria
A crise de 1929 fez com que a indústria hoteleira buscasse minimizar o uso dos recursos naturais, tais como: o tratamento e a reutilização da água, a racionalização da energia e o uso de fontes alternativas de energia, a coleta seletiva do lixo e adotassem, inclusive, a manutenção preventiva e o reaproveitamento de materiais, para se manter lucrativa. Desde então a utilização de práticas ambientais na hotelaria se modernizou, utilizando-se das tecnologias limpas e de novas formas de gerir os meios de hospedagem de modo a minimizar os desperdícios e racionalizar o uso dos recursos naturais (PORTER; LINDE, 1999).
O Setor hoteleiro está, gradativamente, se adaptando ás práticas sustentáveis por ser um segmento de mercado em expansão que depende diretamente da atratividade exercida pelo meio ambiente saudável, torna-se necessário agregar a seus valores, sua política e sua cultura à uma gestão ambiental responsável. Os meios de hospedagem precisam agregar valor ao serviço ofertado e, com isso, assegurar maior longevidade á atividade hoteleira.
Mas, é essencialmente desde a década de 70 que a aquisição de novos padrões de produção e consumo vem sendo evidenciada e, esse fator trouxe ainda maior fundamentação à preocupação com o meio ambiente e a gestão dos recursos naturais existentes pelo homem. Na última década, essa mudança de valores passou a ser tratada com mais seriedade pelas empresas. Atribui-se a isso forças efêmeras em
ação, tais como: a necessidade de gerir a urbanização, o esgotamento de recursos naturais, esgotamento da capacidade da biosfera em absorver resíduos e poluentes, as desigualdades e as pressões sociais, a globalização e as catástrofes ambientais, todos fatores que impulsionam as organizações a internalizarem uma racionalidade produtiva. (MOURA, 2000).
A indústria hoteleira, caracterizada até as últimas décadas como a de menor risco de poluição possui, entretanto, uma responsabilidade ambiental de grande importância, pois é consumidora, e também vende serviços e repassa produtos industrializados. Grande parte dos hotéis e outros meios de hospedagem que praticam do desenvolvimento ambiental, com alguma orientação, têm como referência as empresas empreendedoras e pró-ativas, as quais também vão passo a passo se adequando a esse novo paradigma ambiental e á racionalidade produtiva, através dos programas de gestão ambiental com o subsídio de ferramentas e técnicas administrativas.
Os empreendimentos hoteleiros que buscam um aproveitamento consciente do meio ambiente, quanto aos recursos energéticos e serviços de infra-estrutura, devem observar os seguintes aspectos: proporcionar técnicas de ventilação natural das instalações sempre que possível para evitar o consumo desnecessário de energia e uso de energia solar ou das outras fontes alternativas. Com relação ao recolhimento e tratamento de resíduos, esses hotéis devem: providenciar recipientes para coleta de lixo ambientalmente adequado tanto para hóspedes quanto para visitantes; adotar métodos de reciclagem e remoção do lixo; reaproveitamento da água para usos não potáveis e métodos de tratamento de águas contaminadas, etc.
Assim, a Figura 3 abaixo destaca de forma mais abrangente, o procedimento que deve ser adotado para uma gestão ambiental que traga resultados efetivos para o ambiente.
Figura 3: Processo de Gestão ambiental
Fonte: BOGO, 1998. Adaptado de Cajazeira (1997).
A gestão ambiental na hotelaria pode ser implementada adotando-se tarefas ou procedimentos específicos a cada processo do hotel. Como ponto comum, destaca- se o desperdício que deve ser definitivamente abolido em qualquer indústria, evidenciando a reutilização ou readaptação de produtos, para que se tornem recarregáveis ou reaproveitáveis. O processo de sensibilização e conscientização dos membros deve ser sistemático e contínuo, pois visa mudanças de atitudes, disseminados em todos os setores produtivos e instituições, que é possível alcançar um desenvolvimento menos danoso aos habitantes do planeta.
Nesse contexto, cabe aos empreendimentos hoteleiros, através de seus gestores, gerarem compromissos principais com a conservação ambiental enfocando a conservação dos recursos naturais, educação e envolvimento da comunidade. Realizando discussões e questionamentos entre os empregados para incentivar o entendimento entre eles sobre o programa ambiental, assim como o repasse das informações, inclusive para os novos empregados.
Os hotéis que adotarem as práticas ambientais mencionadas têm maior facilidade de obtenção na diminuição dos custos, eficiência operacional e excelentes oportunidades de marketing.
A administração do empreendimento hoteleiro precisa desenvolver em si e com seus funcionários e hóspedes a conscientização ambiental para que estas práticas adquiram real importância no dia a dia do hotel.
Dentre os benefícios econômicos e estratégicos a partir da adoção de uma gestão ambientalmente correta, Bogo (1998) destaca ainda:
Quadro 3 – Benefícios econômicos e estratégicos da gestão ambiental
BENEFÍCIOS ECONÔMICOS
Economia de custos:
- Economias devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos;
- Economias devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de afluentes;
- Redução de multas e penalidades por poluição.
Incremento de receitas:
- Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes” que podem ser vendidos a preços mais altos;
- Maior participação no mercado devido à inovação dos produtos e menos concorrência;
- Linhas de novos produtos para novos mercados;
- Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição.
BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS
- Melhoria da imagem institucional - renovação do “portfólio” de produtos - aumento da produtividade
- alto comprometimento do pessoal - melhoria nas relações de trabalho
- melhoria e criatividade para novos desafios
- melhores relações com os órgãos governamentais, comunidades e grupos ambientalistas.
- acesso assegurado ao mercado externo - melhor adequação aos padrões ambientais
Fonte: Adaptado de BOGO, 1998.