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A Relação entre os hotéis da Via Costeira e a população de Mãe Luiza

2.2.2 O Turismo pode contribuir para a diminuição da Pobreza no Estado?

2.2.2.1 A Relação entre os hotéis da Via Costeira e a população de Mãe Luiza

Tinoco & Vilaça (2003, p. 03) afirmam que a partir da década de 70 e, sobretudo de 80, a ocupação de áreas litorâneas articuladas à atividade turística levou à instituição de áreas na cidade com características singulares, de caráter ambiental, paisagístico e de grandes potencialidades turísticas, que passaram a ser tratadas de maneira diferenciada pela legislação urbanística, sendo incorporadas aos Planos Diretores Municipais sob a forma de Áreas Especiais.

A definição da orla marítima de Natal como Zona Especial de Interesse Turístico se deu a partir do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de 1984, quando foram instituídas as Zonas Especiais. O Plano Diretor de 1994, por sua vez, instituiu os núcleos residenciais de baixa renda como Áreas Especiais de Interesse Social. Nesse trecho ocorre uma relação de vizinhança intensa entre as áreas de interesse turístico e os bolsões residenciais de baixa renda, alguns já instituídos como Área de Interesse Social (AEIS), como é o caso de Mãe Luiza que possui uma população de aproximadamente 16.324 habitantes e é um dos bairros de Natal onde se encontram os índices mais baixos de renda. (TINOCO & VILAÇA, 2003, p.03).

O Plano Diretor de Natal (1994) define essas Áreas Especiais de Interesse Social como aquelas "destinadas à produção, manutenção e recuperação de habitações de interesse social". A ausência de políticas habitacionais, sobretudo a ausência da regulamentação dessas Áreas tem causado uma enorme lacuna no que diz respeito à ocupação, expansão e tratamento das mesmas, que, conseqüentemente, tendem a sofrer processos especulativos em virtude da expansão da atividade turística.

Acarretando além desse, outros fatores de ordem social, tais como: aumento da violência e prostituição, principalmente pela falta de empregos para essa população que vive à mercê desses problemas e, acabam encontrando no turismo oportunidades de melhoria que, muitas vezes, aparecem na alta estação da atividade e depois são dispensados porque não possuem qualificação nem capacitação suficiente para se manterem no mercado e voltam para a marginalização.

Existem jovens vulneráveis hoje principalmente na classe de baixa renda, pois a exclusão social os torna cada vez mais supérfluos e incapazes de ter uma vida digna, uma vez que a maioria desses jovens de baixa renda cresce sem ter estrutura na família devido a uma série de conseqüências causadas pela falta de dinheiro sendo: falta de estudo, ambiente familiar precário, educação precária, alimentação ruim ou mesmo a falta dela, entre outros.

O fato é que, as autoridades são as principais causadoras desse processo de desigualdade que causa exclusão e que gera violência. É preciso que pessoas de alto escalão projetem uma vida mais digna e com oportunidades de conhecimento para pessoas com baixa renda para que possam trabalhar e ter o sustento do lar entre outros.

As empresas turísticas, em especial a rede hoteleira encontrada na Via Costeira de Natal por se localizar numa área muito próxima desse bairro (Mãe Luiza) especificamente, deveriam inserir essas pessoas no contexto social através do mercado de trabalho oferecendo oportunidades de emprego, não o temporário, mas dando real chance para que populações como a de Mãe Luiza pudessem se desenvolver de forma mais igualitária e justa e consequentemente saindo da zona de prostituição e violência, uma vez que já não precisariam mais disso para sobreviver.

De acordo com essa afirmação, Dantas (2005, p. 153) comenta que:

Muitos investidores se vêem impelidos a investir no Estado não somente pelas belezas naturais que o mesmo dispõe, mas principalmente devido à mão-de- obra barata, já que o lucro do capitalista provém justamente da porção da produção não remunerada ao trabalhador. Esse fato remete mais uma vez à inadequada gestão estatal da atividade turística, uma vez que poderiam ser impostas certas condições ao empreendedor, como a exigência de prover qualificação profissional, em parceria com o Estado, ou a elaboração de um plano de cargos e salários.

Averiguar quais seriam os reais interesses dessas empresas nas localidades é um tanto difícil, mas é preciso para que sejam tomadas medidas de extrema importância a fim de reduzir as mazelas da sociedade que são acentuadas quando tais organizações se instalam nos lugares e sugam seus recursos humanos e naturais, mas não contribuem para que esse processo traga melhorias à população local.

O Estado precisa mais do que nunca assumir sua parcela de culpa e elaborar, com certa urgência, planos que favoreçam a maioria e não deixar que o turismo se torne uma atividade subumana e destrua os bens patrimoniais e ambientais da cidade e do estado como um todo, acreditando que o benefício econômico é o mais importante nessa relação. O lado econômico deve ser visto como um benefício e não como o principal elemento para que as pessoas tenham qualidade de vida, seja em Natal ou em qualquer outra cidade do Mundo.

Maximiano (2005, p. 436) diz que:

O princípio da responsabilidade social baseia-se na premissa de que as organizações são instituições sociais, que existem com autorização da sociedade, utilizam os recursos da sociedade e afetam a qualidade de vida da sociedade.

Se o princípio citado logo acima, fosse adotado pela maioria dos órgãos responsáveis juntamente com a sociedade civil, as empresas turísticas ou não, certamente contribuiriam para o desenvolvimento da sociedade o que amenizaria as desigualdades entre ricos e pobres, norteando os caminhos para uma relação benéfica entre os atores do mundo capitalista atual e refazendo ou superando conceitos de que as organizações visam somente o lucro. Com base nos estudos desenvolvidos para a concretização desse trabalho, pode-se concluir então que, a partir dessa concepção, aí sim poder-se-ia falar em desenvolvimento econômico, social e mesmo ambiental de forma igual e conservadora para todos garantindo a sobrevivência de homens e recursos num ambiente finito, ou seja, o tão falado desenvolvimento com sustentabilidade.