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Responsabilidade sócio-ambiental no turismo: um estudo na rede hoteleira da Via Costeira em Natal/RN

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE TURISMO

Darlyne Fontes Virginio

RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO TURISMO: UM

ESTUDO NA REDE HOTELEIRA DA VIA COSTEIRA EM NATAL/RN

NATAL 2007

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Darlyne Fontes Virginio

RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO TURISMO: UM

ESTUDO NA REDE HOTELEIRA DA VIA COSTEIRA EM NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Orientadora: Lissa Valéria Ferreira Fernandes, D.Sc.

NATAL 2007

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Darlyne Fontes Virginio

RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO TURISMO: UM

ESTUDO NA REDE HOTELEIRA DA VIA COSTEIRA EM NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Natal/RN, 07 de Novembro de 2007

___________________________________________________________________ Lissa Valéria Ferreira Fernandes, D.Sc. – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte Orientadora

___________________________________________________________________ Andréa Virgínia Sousa Dantas, M.Sc. – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte

Banca Examinadora

___________________________________________________________________ Pamela de Medeiros Brandão, B. Sc. – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte

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Dedico este trabalho...

Ao meu Pai, pessoa que sempre acreditou no meu potencial e me apoiou enquanto viveu, e à minha Mãe que me deu e continua dando todo o suporte necessário.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço por tudo o que me aconteceu nesses quatro anos de curso, coisas boas e ruins também. As ruins me deram a chance de lutar cada vez mais pelo que eu queria e acreditava, mesmo que às vezes os obstáculos parecessem insuperáveis; e as boas, a esperança de dias melhores e a certeza de que as oportunidades aparecem para todos, basta saber aproveitá-las.

Agradeço...

A Deus pela vida maravilhosa, pela família, amigos e namorado. Agradeço pela determinação, fé e coragem que me permitiram chegar mais longe em algumas situações.

Á meus Pais, minha razão de viver, agradeço pelo cuidado, carinho e atenção. Ao meu Pai, um obrigado com sabor de saudade.

Aos meus irmãos, pela compreensão e apoio nos momentos difíceis.

Aos meus amigos, sejam aqueles da SETUR, da UFRN, da Universitur ou ainda aqueles que mesmo longe, independente de onde vieram ou o que fizeram, sempre estiveram presentes quando precisei.

A Rafael, meu namorado, pela força e confiança que teve em mim nessa jornada de conclusão desse trabalho, além da ajuda enquanto amigo, parceiro e até conselheiro.

Enfim, obrigada a todos aqueles que de alguma forma me fizeram acreditar que esse trabalho seria possível, depositando uma palavra de conforto ou despojando um simples sorriso sem motivo aparente, mas que com certeza melhoraram e muito os meus dias.

(6)

Você pode conseguir qualquer coisa que queira na vida, se você ajudar o suficiente outras pessoas a conseguirem o que elas querem.

(7)

É difícil acreditar que podemos mudar o mundo, só que mais difícil ainda é viver sem buscar algo, sem criar idéias, ideais, sem lutar por aquilo que se acredita, sem promover o bem ao próximo, isso sim é complexo. Por essa razão, continuo sempre sonhando e buscando o melhor para mim e para os que estão a minha volta porque o mundo não pára de girar e um dia, quem sabe, o meu mundo contagie o seu.

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RESUMO

Em função da expansão do turismo como atividade de lazer e liberação do estresse cotidiano das pessoas no momento em que viajam, é necessário observar e acompanhar os avanços econômicos e os benefícios sócio-ambientais desempenhados nesse sistema. Muito se fala de desenvolvimento, crescimento econômico, sustentabilidade, etc, mas até onde o turismo melhora ou contribui para que a prosperidade social seja também alcançada? Será que os inúmeros empregos e renda que gera suprem as carências da população local, além de aliar o uso dos recursos naturais à falta de um planejamento? E, principalmente, será que as empresas do setor turístico encaram todos esses entraves com responsabilidade? A inclusão social e a gestão correta do meio ambiente fazem-se medidas a serem encaradas com urgência pelos diversos atores envolvidos no turismo, através da análise e identificação de ações de responsabilidade sócio-ambiental praticadas pelos empresários da hotelaria situados na Via Costeira de Natal/RN, configurando-se como objetivo desconfigurando-se estudo é que configurando-se buscou realizar o trabalho proposto. Que configurando-se trata de uma pesquisa de natureza essencialmente qualitativa, a qual contou com a realização de entrevistas junto aos gestores desses empreendimentos. O presente trabalho alcançou os objetivos propostos no que se refere à existência de ações de cunho social e ambiental praticadas em prol da sociedade e do meio; ações essas que mostram e destacam a presença de fatos isolados em cada hotel estudado, mas que somados aos demais, representam muito para o turismo, a sociedade e o meio ambiente, como por exemplo, o aspecto de que todos praticam algum tipo de política ambiental em seu empreendimento e, pelo menos, 70% ajudam alguma instituição social. Acredita-se que a responsabilidade social e ambiental é um conjunto de ações que depende única e exclusivamente da vontade de Governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada em estabelecer ações de cidadania e solidariedade para com os demais, principalmente numa atividade como o turismo que infere relações muito próximas entre as comunidades locais e os turistas, assim como destes com o meio natural, o que infere a busca por um desenvolvimento mais igual e, portanto, sustentável para a maioria.

Palavras-Chaves: Inclusão Social. Meio Ambiente. Turismo. Sustentabilidade.

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ABSTRACT

In function of the expansion of the tourism as activity of leisure and release of it stress it daily of the people at the moment where they travel, it is necessary to observe and to follow the economic advances and the social-ambients benefits in this system. Much is said of development, economic growth, sustentability, etc, but until where the tourism improves or contributes so that the social prosperity also is reached? It will be that the innumerable jobs and income that generates supply the lacks of the local population, beyond allying the use of the natural resources to the lack of a planning? And, mainly, will be that the companies of the tourist sector face all these impediments with responsibility? The social inclusion and the correct management of the environment become measured to be faced with urgency for the diverse involved actors in the tourism, through the analysis and identification of social-ambient actions for damages practiced by the entrepreneurs of would hotels web situated in the Via Costeira of Natal/RN, configuring itself as objective of this study it is that it searched to carry through the considered work. That if it deals with a research of essentially qualitative nature, which counted on the accomplishment of interviews next to the managers of these enterprises. The actual work it reached the objectives considered as for the existence of practiced actions of social and ambient matrix in favor of the society and of the way; action these that show and detach the presence of isolated facts in each studied hotel, but that added to excessively, they represent very for the tourism, the society and the environment, as for example, the aspect of that all practice some type of ambient politics in its enterprise and, at least, 70% help some social institution. One gives credit that the social and ambient responsibility is a set of action that exclusively depends only e on the will of Government, private initiative and organized civil society in establishing action of citizenship and solidarity stops with excessively, mainly in an activity as the tourism that very infers next relations between the local communities and the tourists, as well as of these with the natural way, what it infers the search for a development equal and, therefore, sustainable for the majority.

Key words: Social inclusion. Environment. Tourism. Sustentability. Responsibility.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01 – Partícipes envolvidos na responsabilidade social e ambiental ... 36

FIGURA 02 – Bases do Turismo Sustentável ... 65

FIGURA 03 – Processo de Gestão ambiental ... 72

TABELA 01 – Perfil do Turista, Natal, 2005 – 2007 ... TABELA 02 – Estimativa do Fluxo Turístico Global do Rio Grande do Norte, 2006 e 2007 ... TABELA 03 – Receita turística x Produtos exportados no RN em 2004 ... TABELA 04 – Estimativa da Receita Turística Total de Brasileiros e Estrangeiros no RN, no período de 2001 - 2006. (US$1,00) ... QUADRO 01 – Características socialmente responsáveis das empresas. ... 50

QUADRO 02 – Características ambientalmente responsáveis das empresas. ... 52

QUADRO 03 – Benefícios econômicos e estratégicos da gestão ambiental ... 73

GRÁFICO 01 – Nível das condições de uma determinada comunidade antes e depois da atividade turística... 68

GRÁFICO 02 – Sexo dos entrevistados ... 87

GRÁFICO 03 – Participação dos gestores em cursos de formação ... 88

GRÁFICO 04 – Nível de estudo dos gestores... 89

GRÁFICO 05 – Nível de contaminação do ar em Natal sob a percepção dos gestores turísticos ... 90

GRÁFICO 06 – Nível de contaminação da água em Natal sob a percepção dos gestores turísticos ... 90

GRÁFICO 07 – Separação do lixo pelos gestores e sua família ... 92

GRÁFICO 08 – Recursos com que foram constituídos os hotéis da Via Costeira .... ... 93

GRÁFICO 09 – Classificação dos hotéis de acordo com a visão de seus gestores . ... 94

GRÁFICO 10 – Número de empregados nos hotéis da Via Costeira ... 95

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GRÁFICO 12 – Tempo aproximado de serviço desses empregados nos hotéis .. 97

GRÁFICO 13 – Origem dos clientes ... 98

GRÁFICO 14 – Faixa etária dos clientes ... 99

GRÁFICO 15 – Motivo da Hospedagem ... 99

GRÁFICO 16 – Gasto Médio por cliente ... 100

GRÁFICO 17 – Quanto à ampliação dos empreendimentos ... 101

GRÁFICO 18 – Prática de política ambiental nos hotéis da Via Costeira da Cidade do Natal ... 102

GRÁFICO 19 – Vínculo com instituições sociais ou ONG’s ... 104

GRÁFICO 20 – Participação dos gestores da Via Costeira em atividades voluntárias durante o ano de 2007. ... 105

GRÁFICO 21 – Destinação de economias para temas sociais e/ou ambientais durante o ano de 2007 pelos gestores da Via Costeira ... 106

GRÁFICO 22 – Existência de programas de treinamento para todos os empregados ... 107

GRÁFICO 23 – Freqüência dos programas de treinamento desenvolvidos para os colaboradores dos hotéis da Via Costeira ... 107

GRÁFICO 24 – Estimativa aproximada, segundo os gestores, das pessoas que vivem em condição de miséria na Cidade do Natal. ... 110

GRÁFICO 25 – Consideração dos gestores quanto à existência de pessoas que vivem em condições de miséria no Estado. ... 111

GRÁFICO 26 – Porcentagem aproximada da população que vive em condições de miséria, na opinião dos gestores. ... 111

GRÁFICO 27 – Nível de concordância para com a seguinte frase: “A atividade turística pode diminuir a pobreza do Estado”. ... 112

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AEIS – Área Especial de Interesse Social

BDRN – Banco de Desenvolvimento do Rio grande do Norte

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CAERN – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte CMMAD – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento COSERN – Companhia Energética do Rio Grande do Norte

EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo

EMPROTURN – Empresa de Promoções Turísticas do Rio Grande do Norte ETE – Estação de Tratamento de Esgotos

FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas GACC – Grupo de Apoio à Criança com Câncer IBLF – International Business Leaders Forum

IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Econômico e do Meio Ambiente IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INPE – Instituto de Pesquisas Espaciais

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada ISO – International Organization for Stardization OMT – Organização Mundial do Turismo

ONG – Organização Não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas PAM – Programa Alimentar Mundial PAS – Plano de Ação Social

PIB – Produto Interno Bruto

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento RDH – Relatório de Desenvolvimento Humano

RSM – Responsabilidade Social de Mercado

RSC – Responsabilidade Social e ambiental Cidadã RSE – Responsabilidade Social Empresarial

SETUR – Secretaria de Estado do Turismo do Rio Grande do Norte SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas empresas UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 14 1.1 Problema ... 14 1.2 Justificativa ... 18 1.3 Objetivos ... 21 1.3.1 Objetivo Geral ... 21 1.3.2 Objetivos Específicos ... 21 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 22 2.1 Turismo e Ética. ... 22 2.2 Desigualdade Social ... 24

2.2.1 O Rio Grande do Norte e a Pobreza ... 25

2.2.2 O Turismo pode contribuir para a diminuição da Pobreza no Estado? ... 27

2.2.2.1A Relação entre os hotéis da Via Costeira e a população de Mãe Luiza .. 31

2.3 O que é Responsabilidade Sócio-Ambiental? ... 34

2.3.1 Tipos de Responsabilidade Social ... 39

2.3.1.1 Responsabilidade Social e ambiental Cidadã ... 39

2.3.1.2 Responsabilidade Social de Mercado ... 40

2.3.1.3 Responsabilidade Social Corporativa e o Instituto ETHOS ... 41

2.3.2 O Pacto Global e sua Importância para a adesão da Responsabilidade Sócio-ambiental. ... 43

2.3.3 Responsabilidade Sócio-ambiental na Rede Hoteleira ... 46

2.3.3.1 O caso da Sol Meliá Hotéis & Resorts... 46

2.3.3.2 O Exemplo da Marriott International no Brasil ... 47

2.3.4 Características Socialmente Responsáveis ... 50

2.3.5 Características Ambientalmente Responsáveis ... 51

2.4 Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Sócio-ambiental ... 53

2.4.1 Desenvolvimento Sustentável ... 53

2.4.1.1 Agenda 21 ... 54

2.4.1.2 Norma ISO 14000 ... 54

2.4.2 Turismo e Impactos ... 56

2.4.2.1 Os impactos econômicos do turismo ... 57

2.4.2.2 Os impactos sócio-culturais do turismo ... 57

(14)

2.4.3 Por um Planejamento Sustentável do turismo ... 59

2.4.3.1 Relatório de Brundtland ou Nosso Futuro Comum ... 60

2.4.3.2 Modelo de NIJKAMP ... 62

2.4.3.3 Acordo de Mohonk ... 63

2.4.4 Capacidade de Carga como instrumento de sustentabilidade ... 65

2.5 Administração Hoteleira no âmbito da Responsabilidade Sócio-ambiental. ... 70

2.5.1 Gestão Ambiental na Hotelaria ... 70

2.5.2 Educando para uma gestão ambientalmente correta ... 74

2.5.3 Marketing Social ou Responsabilidade Social? ... 76

2.5.4 Responsabilidade Social e ambiental como fator de competitividade ... 78

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 82

3.1 Tipo do Estudo ... 82

3.2 Universo do Estudo ... 84

3.3 Plano de Coleta de Dados... 85

3.4 Análise dos Dados ... 86

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 87

4.1 Perfil sócio-econômico-ambiental e o nível de conhecimento e percepção da Responsabilidade sócio-ambiental dos gestores das empresas do setor hoteleiro. ... 87

4.2 Descrição do perfil Sócio-econômico do empreendimento ... 93

4.3 Descrição do perfil Sócio-econômico do empreendimento ... 102

4.4 Fatores que limitam ou restringem a adesão da prática de Responsabilidade Sócio-ambiental e se essa prática se configura como diferencial competitivo às empresas ... 109

4.5 Avaliação das ações de Responsabilidade Sócio-ambiental que contribuem para o Desenvolvimento Sustentável da Atividade Turística ... 110

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 114

REFERÊNCIAS ... 116

APÊNDICES ... 122

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Definição do Problema

Considerando o turismo como uma atividade em constante expansão e que, cada vez mais se destaca como fundamental ao desenvolvimento de muitos lugares, é indispensável realizar um estudo que mostre os aspectos sócio-culturais, ambientais e econômicos, meios pelos quais as transações se processam nessa atividade, a fim de identificar os reais benefícios trazidos pelo turismo às comunidades receptoras.

Sabe-se que o turismo traz inúmeras melhorias para as populações locais através da economia, alavancando e movimentando a mesma. Assim, pode-se destacar como conseqüências dessa atividade: o aumento nas vendas do comércio; oportunidades geradas com mais freqüência; melhorias em infra-estrutura urbana e turística; geração de renda; aumento do poder aquisitivo da população local; incentivo ao desenvolvimento sócio-cultural através de cursos de capacitação oferecidos pelos órgãos governamentais ou mesmo por instituições privadas, como o aumento nos Cursos Superiores de Hotelaria e Turismo.

Segundo Teixeira (2003, p.01):

Conforme pode ser visto pelos dados do MEC/SESU/DEDES (2000), o crescimento do número de cursos superiores de turismo ou de turismo e hotelaria, no Brasil, tem sido impressionante. Segundo dados desse órgão, até 1998, havia 157 cursos, sendo 119 cursos de Turismo e 38 de Hotelaria/ Administração Hoteleira. Em 1999, 39 novos cursos foram autorizados, sendo 37 de Turismo e dois de Hotelaria/Administração Hoteleira. Em 2000, o número voltou a crescer expressivamente, pois 88 novos cursos foram autorizados pelo MEC, sendo 69 de Turismo e dezenove de Hotelaria/Administração Hoteleira. O total informado por esse Ministério é de 284 cursos, sendo 225 de turismo e 59 de Hotelaria/ Administração Hoteleira.

Ainda de acordo com Teixeira (2003) dados mais recentes da Associação Brasileira dos Dirigentes das Escolas de Turismo e Hotelaria – ABDETH, publicados na Folha de São Paulo, em 27 de maio de 2001, mostram uma situação muito mais dramática. Segundo essa associação, atualmente, 130 instituições oferecem cursos de hotelaria e 250 de turismo em todo o país. Em dez anos, no Brasil, o número de cursos de hotelaria em nível superior, cresceu 1.757% e o de cursos de turismo, 900%.

(16)

Dentre outras melhorias que o turismo traz para as populações locais, pode ocorrer até mesmo um incentivo à preservação do meio ambiente, maior oferta de empregos. Mendes (2007, p. 26) afirma que o dinheiro trazido pelos turistas ajuda a movimentar um mercado que fatura mais de 100 bilhões de reais por ano e emprega mais de 2 milhões de pessoas no país.

No entanto, não se pode esquecer que, além dos benefícios que causa na economia dos destinos, a atividade turística ocasiona sérios impactos negativos ao meio e aos autóctones. Destes, destaca-se o vazamento da economia, em que grande parte do dinheiro investido ou gasto nos destinos vai para outros lugares, pois segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2007), o vazamento da receita turística em destinos de países em desenvolvimento chega a ser de 80 a 85%.

Pode-se ainda mencionar, que a oferta de empregos gerada corresponde, na maioria das vezes, a cargos operacionais e temporários; que as comunidades podem criar certa dependência econômica quanto ao turismo (monocultura); a perda de identidade pode ser causada pela falta de sensibilização e pelo choque cultural proporcionado pela atividade, onde a população local geralmente não valoriza seus costumes e tradições, por aceitarem e adotarem o comportamento dos visitantes como estilo de vida, uma vez que é mais interessante, pois é algo novo; e que a degradação ao meio ambiente, ao patrimônio histórico, artístico e paisagístico das comunidades também tende a aumentar, principalmente, em decorrência de seu mau uso, entre outros.

De acordo com informativo do Jornal Correio da Tarde (2007, p.01) no RN vê se claramente exemplos como o Morro do Careca em que o acesso ao topo do morro foi proibido há 13 anos, quando turistas e natalenses, devido ao fluxo elevado na duna, deram início ao processo de degradação. Localizado no extremo sul da Praia de Ponta Negra, o Morro do Careca possui cerca de 80 metros, a intervenção de Organizações Não Governamentais, da população e da imprensa, acabou por "obrigar" os gestores municipais e estaduais a cuidaram do morro, através da proibição. O resultado das constantes escaladas ao morro foi a diminuição da altura da duna, aliada

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à perda de vegetação. O Morro do Careca consiste em uma área de dunas mista formada pela restinga e pelo tabuleiro.

Sabendo que o turismo é um fenômeno que causa tantos efeitos assim nos destinos turísticos e, sendo esses efeitos positivos e/ou negativos, vale ressaltar a importância da participação das entidades que compõem o trade turístico1, ou seja, empresas de turismo, tais como: Empreendimentos Hoteleiros, Planejadores e Gestores turísticos, Órgãos Governamentais e a Iniciativa Privada como um todo, na construção de uma atividade socialmente e ambientalmente correta para que, dessa forma, percorra um caminho tão esperado rumo ao Desenvolvimento Sustentável.

Para que esse turismo sustentável ocorra, é interessante que a participação dos empresários do setor turístico, em especial os do ramo da hotelaria, seja de maneira atuante e integrada, buscando oferecer aos seus clientes um produto socialmente responsável, e aos autóctones ou comunidade receptora um retorno por usufruir dos bens patrimoniais existentes na localidade.

Seria uma das alternativas cabíveis a esta realidade, reparando algum dano causado a essas comunidades, uma vez que, instalada na localidade a empresa tende a diminuir a qualidade de vida dos moradores quando utiliza os recursos da coletividade para benefício próprio e não se importa em preservá-los e conservá-los, como, por exemplo, o ecossistema que abrange a Via Costeira da Cidade do Natal é um ambiente frágil e nenhum estudo de impacto ambiental foi feito, o que causou polêmica na sociedade da época e, a Via Costeira só foi saneada recentemente com recursos do PRODETUR/RN I.

Além disso, a empregabilidade da população circunvizinha não ocorreu com a implantação desses hotéis, uma vez que atualmente se configuram como bairros carentes de educação e infra-estrutura. Especialmente o Bairro de Mãe Luiza que se configura como Área Especial de Interesse Social – AEIS, em que fica claro no art. 25 capítulo III item 4.1 do Processo de revisão do Plano Diretor de Natal, que se configura como tal, entre outras coisas por ter problemas como: a falta de infra-estrutura básica

1

Trade turístico: é o conjunto de agentes, operadores, hoteleiros e prestadores de serviços turísticos. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

(18)

como água encanada, saneamento básico, coleta regular de lixo, dentre outros. (SEMURB, 2004).

Segundo TRIGO (2003, p.1), o Brasil precisa, nessa nova fase da articulação do turismo, de cursos técnicos e superiores de tecnologia adaptados às diversas realidades regionais e necessidades do país. Segmentos como turismo rural, cultural, étnico, esportivo, entretenimento, gastronomia etc. Precisam de profissionais de nível médio ou tecnológico para operacionalizar e implantar projetos.

Especialmente para a área da hotelaria, observa-se a importância de se ter um grau de formação considerável para atuar no setor. Principalmente quando se atesta que a hotelaria gera um volume de resíduos enorme e é preciso ter profissionais qualificados e capacitados para a destinação correta desses resíduos, entre outras demandas. Além do mais, a coleta de lixo na via costeira é precária, segundo dados obtidos no próprio estudo.

Para LEMOS, SCHENINI e SILVA (2004, p. 20)

A conscientização ambiental para hotéis é um processo global e de longo prazo e compete a cada empresa fazer a sua parte. A ISO 14001, possui uma proposta ambiental racional, como também de responsabilidade social, onde é possível reduzir o impacto ambiental e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente de forma sustentável. A aceitação da responsabilidade ambiental pressupõe a tomada de consciência, pela organização, de seu verdadeiro papel. O simples fato de separar o lixo reciclável do não reciclável, de apagar a luz, de arrumar uma torneira que está pingando, entre outras atividades, se toma tão importante como projetar a infra-estrutura orientada para a preservação do meio ambiente.

É notório que os benefícios econômicos não devem ser esquecidos, mas quando se fala em desenvolvimento sustentável, precisa-se levar em conta o bem estar da população e garantir um futuro para as demais que ainda virão, ou pelo menos, pensar dessa forma e “agir em nível local, pois a contribuição é em nível global”. (ECO, 1992).

De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE (2001), a indústria do turismo movimenta aproximadamente US$ 30 bilhões, respondendo por 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e pela geração de 4,4 milhões de empregos diretos e 10 milhões de empregos indiretos. Estima-se que, para cada real

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gerado em uma atividade ligada ao turismo, dois reais (R$ 2) são produzidos em 52 outros setores da economia.

Dentre os setores do turismo que mais movimentam a economia e geram emprego e renda, destaca-se a hotelaria que é responsável pela estadia das pessoas e por garantir que sua permanência no destino seja, entre outras coisas, confortável. Vê-se que os meios de hospedagem são imensuráveis em relevância para a continuidade da atividade turística nos lugares de interesse, pois sem eles não há fluxo, a infra-estrutura turística é essencial ao desenvolvimento dos destinos, mas para tanto é preciso muito investimento e incentivos por parte do poder público, inclusive.

Dessa forma, entende-se que a responsabilidade de uma gestão correta quanto ao meio ambiente e à sociedade também é papel das redes hoteleiras, não somente pela representatividade que possuem perante o cenário turístico mundial, mas principalmente para dar suporte e embasamento técnico e teórico às ações de sustentabilidade existentes no contexto da atividade do turismo como promotora de melhorias e condições básicas às pessoas através de oportunidades de inserção.

Observa-se na tabela 01 que no Rio Grande do Norte o número de pessoas que utilizam os serviços de meios de hospedagem é considerável do ponto de vista quantitativo, pois mais de 70% escolhem essa opção quando viajam o que faz movimentar a economia e desencadeia um efeito cascata em diversos outros setores do mercado local.

Tabela 01 - Perfil do Turista, Natal, 2005 – 2007.

INDICADORES

2005 2006 2007

BRA DMP TOT BRA DMP TOT BRA DMP TOT

MEIO DE HOSPEDAGEM UTILIZADO

HOTEL 34,05 13,88 47,93 39,0 59,0 45,2 42,8 63,9 48,4 APART HOTEL/FLAT 1,56 0,59 2,15 5,0 4,1 4,8 2,0 4,0 2,5 POUSADA 10,56 3,11 13,67 11,7 12,1 11,8 9,1 9,2 9,1 CASA/APARTAMENTO ALUGADO 0,88 0,35 1,23 2,0 3,5 2,5 2,6 1,6 2,3 CASA PRÓPRIA 1,65 0,88 2,53 1,6 5,9 2,9 2,0 3,5 2,4 PENSÃO/HOSPEDARIA 0,18 0,03 0,21 0,8 1,2 0,9 0,5 0,1 0,4

CASA DE PARENTES E AMIGOS 28,17 1,20 29,37 35,9 8,5 27,5 38,2 9,2 30,5

CAMPING 0,12 0,00 0,12 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

ALBERGUE 0,29 0,24 0,53 0,8 1,0 0,8 0,9 1,6 1,1

OUTROS MHS OU NA/NS 1,59 0,11 1,70 2,3 4,0 2,8 1,6 6,8 3,1

NÃO RESPONDEU 0,49 0,07 0,56 0,9 0,7 0,8 0,3 0,1 0,2

TOTAL 79,54 20,46 100,00 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

(20)

Outro dado que apresenta significância no tocante à participação do turismo e da hotelaria na economia local, se revela na Tabela 02 que mostra o Fluxo Turístico Global de brasileiros e estrangeiros no Rio Grande do Norte nos anos de 2006 e 2007. Nessa tabela pode-se entender o porquê a hotelaria do estado deve se preocupar e ser mais ativa quanto ao quesito sócio-ambiental para pessoas (mesmo que apenas hóspedes) e lugares, já que mais de quatro milhões de pessoas visitaram o estado nesses dois últimos anos, números consideráveis para o turismo num estado que desaponta para esse novo segmento de forma incipiente ainda se comparada com outras capitais brasileiras.

Tabela 02: Estimativa do Fluxo Turístico Global do Rio Grande do Norte, 2006 e 2007.

2006 VAR(%) 2007 VAR(%)

DISCRIMINAÇÃO FLUXO % 06 05 FLUXO % 07 06

NATAL BRASILEIROS 1.147.221 83,54 5,63 1.155.009 85,48 0,68 ESTRANGEIROS 226.012 16,46 -16,19 196.118 14,52 -13,23 TOTAL 1.373.233 100,00 1,29 1.351.127 100,00 -1,61 RIO G. DO NORTE BRASILEIROS 1.887.718 86,32 8,64 1.923.974 88,26 1,92 ESTRANGEIROS 299.162 13,68 -13,08 255.951 11,74 -14,44 TOTAL 2.186.880 100,00 5,05 2.179.925 100,00 -0,32 FONTE: SETUR - RN

Analisando o contexto exposto anteriormente, apresenta-se como finalidade desenvolver um estudo que possibilite uma base concreta acerca dos trabalhos desenvolvidos pelas empresas junto a ações capazes de beneficiar a comunidade, o meio ambiente, os turistas e visitantes e até mesmo os próprios gestores, pois, sabendo que o mercado está cada vez mais exigente, pode-se identificar uma maior aceitação do produto e um aumento no grau de satisfação dos clientes quando a empresa pratica alguma ação social ou ambientalmente responsável. Dessa forma, observa-se que o comprometimento das empresas com os valores sociais e éticos da coletividade pode tornar-se um diferencial competitivo aos empresários do setor.

Contudo, investir em capacitação e qualificação, dando condições de trabalho e de assistência adequadas, preservar o entorno onde se insere o empreendimento respeitando os limites e a capacidade de carga do meio, dentre

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outros, são elementos que necessitam de muito investimento, comprometimento e ética, inclusive. Esta última de acordo com o Minidicionário Aurélio (1993), se entende como a postura adotada pelos indivíduos diante da vida e do outro, abrangendo fatores internos e externos ao homem, ou melhor, a ética entendida pelo senso comum como ciência da moral, é um fator que depende de características e ações próprias para acontecer. Este conceito está intrinsicamente ligado à forma como cada ser humano se relaciona com o mundo e com si próprio, o que acarreta na percepção de uma gestão sócio-ambientalmente responsável como algo extremamente complexo num mundo capitalista como o que vivemos.

Dentro dessa perspectiva, Ashley (2003) acredita que a responsabilidade social nasceu com o intuito de garantir respeito e admiração por parte das pessoas, sejam elas consumidores ou não. Estes aspectos podem ser consolidados a partir da influência que inferem nas atividades desenvolvidas pelas empresas, a fim de minimizar possíveis danos ao meio ambiente e à sociedade localizada em seu entorno, mais especificamente.

A maioria dos instrumentos políticos se preocupa em controlar ou reduzir esse impacto ambiental das empresas e, em alguns casos, respeitar ou reavivar os sinais visíveis da cultura local. Porém, o desafio maior consiste em encontrar mecanismos apropriados para integrar as considerações econômicas – trazendo benefício econômico em longo prazo para todos – e sociais – visando à igualdade social – no desenvolvimento turístico. Isto é especialmente complexo no âmbito empresarial, mesmo que já existam iniciativas que tenham em conta a responsabilidade social das empresas em outros setores, como por exemplo, o setor industrial.

A sustentabilidade é crucial ao desenvolvimento de uma atividade como o turismo, pois ele se torna auto-destrutivo à medida que não passa por um controle, um planejamento, um monitoramento, uma continuidade de um uso adequado, principalmente de seus atrativos naturais e culturais. Por essa razão, a responsabilidade sócio-ambiental a ser destacada nos empreendimentos hoteleiros torna-se um importante objeto de sustentação, ou melhor, de sustentabilidade à

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progressão do turismo como promotor de um desenvolvimento que traga melhorias a todos.

Assim, o atual estudo tem como problema de pesquisa a seguinte pergunta: Os Meios de Hospedagem localizados na Via Costeira em Natal/RN podem ser considerados como organizações social e ambientalmente responsáveis?

1.2 Justificativa

A atividade turística vem ganhando cada vez mais destaque, principalmente por ser uma atividade que movimenta a economia e faz gerar emprego e renda, permitindo o desenvolvimento das localidades onde acontece e que vêm acompanhada de muitas transformações sociais, políticas, econômicas, ambientais e culturais, como já observado anteriormente. Assim sendo, é fundamental visualizar os conseqüentes impactos que são causados por essa atividade, sejam eles positivos ou não, principalmente na comunidade receptora.

Partindo dessa análise, tem-se como principal ponto de partida a necessidade de colocar em pauta um estudo que envolva a proteção e preservação dos bens naturais e humanos que sofrem diretamente os impactos da atividade turística, de modo que as futuras gerações possam usufruir o que hoje usufruímos. Esse conceito citado diz respeito ao desenvolvimento baseado nos moldes da sustentabilidade.

Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD da Organização das Nações Unidas – ONU (1991, p. 46), o desenvolvimento sustentável é aquele que “atende às necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”. Com isso, os bens seriam utilizados, mas de forma tal que não se tornassem escassos, preservando a identidade e a diversidade, determinantes peculiares de qualquer destinação turística, principalmente, estando estes protegidos da degradação devido ao uso indevido com o tempo e com o desenvolvimento de uma atividade como o turismo.

Para isso, têm-se como objeto de estudo, os hotéis da Via Costeira (Ver anexo A), uma vez que estão situados entre dois ambientes naturais e de extrema

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importância para a atividade turística e a população local, que são: a Praia de Barreira d`água (praia da via costeira) e o Parque Estadual Dunas do Natal, ou melhor, Parque das Dunas que, por sua vez, concentra a segunda maior floresta urbana do País e é, portanto, Área de Preservação Ambiental, tendo de acordo com a Lei Estadual Nº 7.237 de 22 de novembro de 1977 sido considerado como a primeira Unidade de Conservação criada no Estado do Rio Grande do Norte.

A partir de uma análise desse contexto social em que a atividade turística está inserida, uma vez que essa atividade tem relação direta na comunidade, surge, juntamente com o desenvolvimento sustentável, a atuação dos empreendedores da área no sentido de inserir a comunidade local no processo de desenvolvimento da atividade. Essa inserção social pode ocorrer através da criação de empregos diretos, ou da melhoria na infra-estrutura, entre outras ações, que venham a contribuir primordialmente para o bem-estar da população local.

Portanto, essa atuação das empresas na localidade é fundamental ao desenvolvimento da atividade e da comunidade onde se encontra instalada, de modo que o papel das mesmas não se restrinja ao lucro gerado. É necessário que haja um engajamento entre sociedade, turismo e empresas privadas para que cada um possa contribuir ao sustento e fomento do todo.

Ultimamente, tem-se observado que cada vez mais as empresas estão interessadas em tratar o desenvolvimento de forma sustentável, pois já existe uma consciência da importância de se fazer isso a nível mundial, especialmente nos países desenvolvidos.

Conforme Antonik e Martins (2005, p. 02)

Tem-se verificado que cada vez mais as empresas estão se empenhando em transparecer sua sustentabilidade, por meio da adoção de medidas na área sócio-ambiental, dentro e fora de suas instalações, tentando se mostrarem mais transparentes e receptivas ao diálogo com a sociedade. Essas ações são resultados da percepção de fatores econômicos, sociais e políticos, tais como democratização, diminuição do papel do Estado, maior atuação da mídia e conscientização da sociedade civil.

Resta saber se no Rio Grande do Norte, as empresas de turismo, em especial a rede hoteleira da Via Costeira, também estão conscientes do papel que

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podem desempenhar nas localidades onde estão inseridas. O desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social e ambiental devem ser vistos por essas organizações como essenciais ao seu crescimento, pois se sabe que os recursos naturais, juntamente com os sócio-culturais, nos quais estão acoplados toda a atividade turística, podem acabar, serem profundamente alterados e, assim, se não houver um planejamento adequado dos usos, o turismo pode simplesmente sucumbir. É justamente nesse cenário que a presença das ações desenvolvidas em conjunto com os demais agentes do turismo podem fazer a diferença num futuro não muito distante.

Faz-se, portanto, urgente a necessidade de se pensar num turismo responsável, de acordo com Lemos (1995, p. 165):

Mesmo o turismo responsável tem o potencial para tornar-se uma expressão tangível de desenvolvimento do turismo sustentável. Contudo, corre o risco de permanecer irrelevante e inepto, como política viável para o mundo real do desenvolvimento do turismo, se não houver os meios efetivos para transformar a idéia em ação.

As empresas turísticas precisam estar engajadas e envolvidas em todo o processo, visando ao benefício de todos. A responsabilidade social emerge, nesse contexto, como uma das alternativas encontradas por muitas empresas para o desenvolvimento sustentável da atividade turística que se pretende no futuro, constituindo as bases para uma gestão eficiente e eficaz no processo de inserção social, econômica, política e cultural, um elo entre sociedade e órgãos privados.

Avaliar o comprometimento ou mesmo a contribuição dessas organizações, em maior ou menor amplitude no que se refere à melhoria na qualidade de vida da população local, é importante tanto para a visão da empresa perante o mercado, quanto para os próprios empresários que ganham, entre outras coisas, a empatia da população local, incentivos do governo, além de atrair um maior número de turistas para seu empreendimento por agregar valor à imagem de sua empresa, uma vez que a importância crescente atribuída ao reconhecimento das iniciativas das empresas em áreas sociais é um indicador de que a prática social tende a estar cada vez mais presente no meio empresarial brasileiro (ASHLEY, 2003, p. 75).

De forma mais abrangente, Lemos (1995) acredita que com a adesão da responsabilidade sócio-ambiental, os estabelecimentos se tornariam mais competitivos

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e garantiriam uma boa imagem no mercado e na sociedade como um todo, além de contribuírem com o desenvolvimento local possibilitando, inclusive, a inserção social nesse processo. Pois, conscientizados da importância de desenvolver programas de responsabilidade social, os empreendedores turísticos ganhariam muito mais do que se nada fizessem. Dentre as observações citadas e, principalmente, abrangendo a responsabilidade social como parte da gestão estratégica organizacional e administrativa, as empresas estariam dando um salto rumo ao desenvolvimento de um conjunto de fatores, em que se pode mencionar: um incremento no movimento de sua organização, bem como o desenvolvimento de um turismo sadio, responsável e mesmo mais justo para a sociedade em si.

Lemos (1995) diz ainda que uma das características do empreendedor não é apenas ser determinado em relação aos seus negócios, mas também desenvolver uma capacidade de determinação no seu estado de entusiasmo e seus efeitos sobre os demais. O empreendedor, além de ter confiança e motivação próprias, deve ser um exemplo daquilo que vende, oferece ou orienta. O empreendedorismo permite favorecer não apenas negócios, mas também algumas questões relativas à sociedade, buscando enfatizar, nessa discussão, que negócios e sociedade não são dissociados, apenas distanciam-se, principalmente na aplicabilidade dos interesses. Portanto, à medida que o empreendedorismo envolve a responsabilidade social, pode estimular desafios e propostas que revolucionem todo o contexto social.

Diante dessa realidade, aponta-se uma possibilidade otimista no tocante à mudança de mentalidade dos empreendedores envolvidos no turismo, com o intuito de motivar discussões sobre essa temática pouco difundida e promover ações que busquem uma conscientização por parte desses gestores.

A partir desse estudo, pretende-se desenvolver programas de capacitação para que os gestores turísticos despertem a consciência de que a responsabilidade social e ambiental é algo extremamente positivo tanto para a empresa como para a comunidade local, ajudando a desenvolver um turismo sustentável ou pelo menos, responsável para os que dele participam.

E ainda, despertar a consciência de que todos são responsáveis pela melhoria na qualidade de vida uns dos outros, principalmente o empreendedor que,

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segundo Pereira (2001) é o resultado de uma ação individual realizada em meio ao movimento constante das necessidades, valores e conhecimentos da sociedade.

Para que haja desenvolvimento, é preciso uma série de fatores, no turismo esses fatores estão relacionados à forma como é planejado e conseqüentemente executado. Assim sendo, empresas e atividade devem estar aliados tendo como objetivo final a sustentabilidade dos recursos e dos negócios que geram e mantêm o bom funcionamento do turismo, basicamente cultura e natureza.

Com essa análise, percebe-se a relevância da responsabilidade sócio-ambiental como ferramenta extremamente eficiente e promotora de condições favoráveis à realização desse desenvolvimento, pois traz, ao mesmo tempo, benefício econômico, social e ambiental para os envolvidos no processo, tais como a inserção da população local no mercado de trabalho, o que provavelmente, contribui para a diminuição das desigualdades existentes. Assim como, pode-se valer do uso de políticas de educação ambiental dentro e fora do estabelecimento, com colaboradores e clientes, respectivamente. O intuito é disseminar a importância da preservação e da conservação dos recursos para a continuidade da atividade e geração de uma melhor qualidade de vida a todos.

O fato da escolha do tema se deveu à preocupação da autora para com os rumos da atividade turística na Cidade do Natal, uma vez que os empresários turísticos também fazem parte da cadeia desse segmento econômico e, por essa razão, não podem ficar de fora dos assuntos e planejamentos que envolvam o destino de uma atividade como o turismo.

Além de estarem privilegiadamente localizados (entre a Praia de Barreira d´água e o Parque das Dunas), os hotéis da Via Costeira de Natal são considerados como os de maior porte no estado em função do número de leitos que possuem (SETUR), representando um segmento que possui todos os ingredientes necessários à implantação de práticas sociais e ambientais politicamente corretas na Cidade do Natal.

Além disso, a proximidade destes hotéis com o bairro de Mãe Luiza (bairro pobre de Natal) acentua as desigualdades sociais existentes nesse trecho, o que leva a um só questionamento: De que modo os hotéis da Via Costeira podem contribuir para a

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redução desses entraves? O Bairro de Mãe Luiza fica localizado numa área nobre de Natal e não tem estrutura física, nem oferece condições básicas de saúde, educação e moradia à população lá residente.

Enquanto que, por outro lado, hotéis de luxo situam-se muito próximos desta realidade, então, por que os gestores desses empreendimentos não poderiam ajudar, a fim de amenizar as carências desses menos favorecidos, dando-lhes ao menos oportunidades de emprego ou praticando doações, fornecendo cursos, palestras, entre outros?

A partir dessas inquietações, é interessante ressaltar que a responsabilidade sócio-ambiental é o conjunto de ações desenvolvidas pelos empresários para a melhoria na qualidade de vida local e que, eles não são obrigados por lei (apenas as organizações de grande porte) a realizar essas atividades sociais, mas que também não adianta achar que isso é tarefa apenas do governo, num país subdesenvolvido como o Brasil, onde a realidade é assustadora, na maioria das vezes.

Ser solidário, retribuir à população local por usufruir de seus bens naturais e patrimoniais para promover o desenvolvimento de uma atividade que traz seu sustento e o de sua empresa, não deve ser encarado como uma obrigação pelos empresários do setor turístico, especialmente os hoteleiros ou gestores da via costeira de Natal/RN e sim como uma real necessidade em operar com base num desenvolvimento responsável e sustentável para a maioria, o que beneficia se não a ele de forma direta, pelo menos, ao lucro que adquire a partir da existência de recursos humanos e naturais da localidade em que está inserido o empreendimento, fazendo com que o mantenha de portas abertas.

No entanto, entende-se que essa é uma temática pouco difundida no setor turístico e que a responsabilidade sócio-ambiental está cada vez mais sendo vista como diferencial e instrumento de promoção de um desenvolvimento sustentável, buscado por todos os setores da economia, da sociedade e do meio ambiente na atualidade. Assim, o estudo é relevante para futuras pesquisas na área, contribuindo para o inicio de um assunto que ainda trará muitos questionamentos.

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1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar se os Meios de Hospedagem localizados na Via Costeira em Natal/RN podem ser considerados como organizações social e ambientalmente responsáveis, bem como a importância dessa prática na visão de seus gestores.

1.3.2 Objetivos Específicos

A) Descrever o Perfil sócio-econômico-ambiental e o nível de conhecimento e percepção da Responsabilidade sócio-ambiental dos gestores das empresas do setor hoteleiro da via costeira;

B) Descrever o perfil Sócio-econômico dos empreendimentos hoteleiros da via costeira de Natal/RN;

C) Identificar e caracterizar os tipos de ações de responsabilidade social praticadas por empresas situadas na Via Costeira em Natal;

D) Identificar os fatores que limitam ou restringem a adesão da prática de Responsabilidade Sócio-ambiental e se essa prática se configura como diferencial competitivo às empresas;

E) Avaliar até que ponto as ações de Responsabilidade Sócio-ambiental contribuem para o Desenvolvimento Sustentável da Atividade Turística.

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2 RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO TURISMO 2.1 Turismo e Ética

O mundo passa por intensas mudanças sociais, culturais, econômicas e, principalmente ambientais atualmente e, nota-se que tem aumentado o nível de preocupação com o futuro do Planeta enquanto lugar seguro e saudável ao homem. Em meio a esse processo, o turismo se destaca, por se tratar de uma atividade que gera fatores consideráveis de desenvolvimento. Porém, não se pode esquecer das ameaças e danos agregados, fatores estes que desencadeiam a urgente necessidade de um planejamento para se conduzir a atividade favoravelmente.

O conceito de turismo adotado pela Organização Mundial do Turismo - OMT (1995), atualmente o caracteriza como um fenômeno social que consiste na saída temporária do seu habitat natural de indivíduos ou grupos de pessoas em busca de lazer, cultura, descanso, saúde, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.

Brunt e Courtney (1999 apud ARAÚJO, 2003) enfatizam sobre a necessidade de ponderar esses fatores sociais e culturais desenrolados no decorrer da atividade turística, principalmente durante o processo de planejamento, objetivando incentivar os benefícios e retrair as ameaças e prováveis danos. O turismo é uma atividade que depende da exploração dos recursos existentes tanto na natureza quanto na sociedade para ocorrer, merecendo especial atenção no que se refere à necessidade de se elaborar um planejamento sustentável e consistente que possibilite o desenvolvimento sócio-econômico desses destinos.

No entanto, o que se percebe é a falta de interesse em preservar os recursos, principalmente por parte dos turistas/visitantes, de modo que impera uma degradação gerada pela superficialidade nas relações com a natureza e com as comunidades locais na vivência entre eles. Zacarelli (1984 apud ARAÚJO, 2003) comenta sobre os eventuais danos que o turismo pode causar, especialmente naqueles países do terceiro mundo, onde o turismo é visto como aliviador da pobreza. Contudo, é imprescindível que tanto os órgãos públicos quanto as empresas privadas alertem

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para os riscos e impactos negativos que as populações locais estão sujeitas a sofrer. Assim, é essencialmente importante preservar e/ou resguardar o patrimônio das comunidades, para que não percam sua autenticidade nem sejam descaracterizadas social e ambientalmente pelo manejo inadequado do turismo.

Para tanto, para que esses órgãos tomem como relevantes tais fatores advindos da atividade turística, necessita-se de uma mobilização no sentido de desenvolver ações voltadas para o campo social com vistas ao comportamento ético e responsável dos indivíduos e empresas. O estudo da ética no turismo ainda é um tanto incipiente, porém, esse fato está mudando à medida que alguns trabalhos já apontam para a estreita relação entre ambos e, mais ainda, a necessidade de se estabelecer um parâmetro ante esses complexos e inerentes campos sociais.

Conceitualmente, Lalande (1996, p.349) discorre sobre Ética como: “A ciência que toma por objetivo imediato os juízos de apreciação sobre os atos qualificados como bons ou maus”.

Comportamentos éticos na prestação de serviços turísticos tendem a ser importantes ferramentas na gestão das organizações, gerando uma imagem positiva da mesma junto ao mercado consumidor, visto que, cada vez mais os indivíduos se mostram interessados num turismo social e ambientalmente responsável o que reflete, inclusive, nas atitudes que as empresas tomam perante o contexto situacional.

Sabe se que, a ética se manifesta através dos princípios e valores da empresa, levando-a a atitudes sócio-ambientalmente responsáveis, de modo que pode-se afirmar que não há responsabilidade social pode-sem ética nos negócios. A empresa deve seguir uma linha de coerência entre o que difunde e o que faz dentro ou fora dela, ou seja, ação e discurso interna e externamente tornam a organização digna de ser como realmente é perante todos.

Conduzir a atividade turística de forma responsável com base num planejamento adequado se configura como um obstáculo para os diversos atores envolvidos. Por isso, estar apto e disposto a corrigir possíveis danos sociais e ambientais é de suma importância ao contínuo dessa atividade nas localidades. De forma que a participação das empresas e sua conduta ética possam tornar esse processo mais fácil, ou melhor, menos árduo de ser conduzido. Além disso, um

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importante artifício para essa questão é a existência do Código Mundial de Ética do Turismo (Ver anexo B) que já é referência para o desenvolvimento responsável e sustentável do turismo mundial. “O Código Mundial de Ética do Turismo busca definir padrões éticos de comportamento no campo profissional dos serviços turísticos, de forma a estabelecer referências claras e precisas para a atuação dos agentes do setor”. (ARAÚJO, 2003, p.107).

Maximiano (2005, p. 435) com relação à ética e responsabilidade social nas organizações, comenta que:

Muito da discussão sobre a ética na administração tem sua origem na opinião de que as organizações têm responsabilidades sociais – elas têm a obrigação de agir no melhor interesse da sociedade. [...] no contexto da responsabilidade social, a ética trata essencialmente das relações entre pessoas. Se cada um deve tratar os outros como gostaria de ser tratado, o mesmo vale para as organizações. Ética, portanto, é uma questão de qualidade das relações humanas e indicador do estágio de desenvolvimento social.

A Ética apontada no estudo do turismo tem sido um fator de levantamento de discussões o que tem gerado críticas, e mesmo contenda, acerca da gestão dessa atividade, como também a necessidade de garantir aos cidadãos ou população local os direitos sociais que lhes são atribuídos. Sem dúvida, as empresas que procuram se destacar ante esses aspectos, (éticos e sociais) adotando em suas organizações posturas responsáveis e, serviços de qualidade estarão contribuindo para o desenvolvimento das comunidades e do meio onde estão inseridas.

2.2 Desigualdade Social

Entende-se a desigualdade social como um fenômeno que acontece quando a renda é má distribuída e a maior parte dessa renda se concentra nas mãos de poucas pessoas que já tem condições financeiras suficientes para sobreviver, não deixando muitas opções para os demais, no caso, a grande maioria. No Brasil a desigualdade social é uma das maiores do mundo, de acordo com o relatório do PNUD (2003), o país ocupa hoje, a 10ª posição no ranking dos mais desiguais do mundo numa lista com 126 países e territórios.

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O mesmo relatório aponta que o coeficiente de Gini, parâmetro internacionalmente usado para medir a concentração de renda, no Brasil caiu de 0,593 em 2003 para 0,580 em 2006, sobre o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH em 177 países. O IDH é a síntese de quatro indicadores: Produto Interno Bruto – PIB per capita, expectativa de vida, taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais de idade e taxa de matrícula bruta nos três níveis de ensino (relação entre a população em idade escolar e o número de pessoas matriculadas no ensino fundamental, médio e superior).

Ainda de acordo com o relatório, em 2003 no Brasil 46,9% da renda nacional concentrava-se nas mãos dos 10% mais ricos. Enquanto que os 10% mais pobres ficavam com apenas 0,7% da renda. No relatório de 2006, esses números passaram para 45,8% da renda para os mais ricos e apenas 0,8% dessa renda ficou para os mais pobres. Índices considerados altíssimos, mas que apresentaram redução, o que já é um passo importante para a diminuição da desigualdade e da pobreza no país.

Uma simulação do PNUD revelou também que a transferência de 5% da renda dos 20% mais ricos do país para os mais pobres seria capaz de retirar 26 milhões de pessoas da linha da pobreza e reduzir a taxa de pobreza de 22% para 7%. Esses dados foram apresentados pelo Relatório de Desenvolvimento Humano – RDH de 2006 mostrando o Brasil como exemplo de melhoria na distribuição de renda. Segundo o documento, nos últimos cinco anos, o país tem combinado um sólido desempenho econômico com declínio na desigualdade de rendimentos e na pobreza.

Apesar de os progressos terem permitido que o indicador brasileiro superasse o colombiano, duas colocações foram ganhas graças à intensa ampliação do fosso de renda entre pobres e ricos na Bolívia e à entrada do Haiti no ranking, revela o relatório.

2.2.1 O Rio Grande do Norte e a Pobreza

O Rio Grande do Norte é um Estado que possui inúmeras peculiaridades que o tornam privilegiado como, por exemplo, sua estratégica posição geográfica, além de ter ainda do ponto de vista físico, características inerentes a qualquer outro, pois

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limita-se ao Norte e a Leste com o Oceano Atlântico; ao Sul com o Estado da Paraíba e a Oeste com o Estado do Ceará. Abrangendo uma área de 52 796,79 km², o que corresponde a 0,62% do território nacional, segundo dados do IDEMA/RN (2001).

Dados sociais do Instituto de Desenvolvimento Econômico e do Meio Ambiente – IDEMA/RN, apontam que o Estado possui 2.776.782 habitantes, concentrando 2.036.673 na área urbana, o que significa 73,35% de sua população total. Observa-se que a população rural do Estado, que até a década de 70 era superior à urbana, atualmente equivale somente a 26,65% desta população. Enquanto a população urbana quase triplicou nos últimos 30 anos, a rural foi reduzida de 812,9 a 740,1 mil habitantes no mesmo período. A série histórica revela uma migração crescente campo-cidade a partir de 1970, sendo que no período 1991-2000 esse fenômeno ocorreu de forma mais lenta, provavelmente em decorrência de alguns programas de assentamento rural, que incentivam e viabilizam a permanência do homem no campo.

Com relação aos aspectos econômicos, ainda de acordo com o IDEMA, o Rio Grande do Norte vem se consolidando como um pólo de desenvolvimento baseado em várias vertentes. Na agricultura, através da fruticultura irrigada; na pesca, através da carcinicultura; na pecuária através da caprinovinocultura; na extração mineral que reúne a produção de sal, petróleo, gás natural, calcáreo e outros minerais; no setor têxtil que vem passando por um período de crescimento em suas atividades; e finalmente no turismo que é a atividade que mais tem divulgado o Estado no país e no exterior e gerado empregos e renda.

Diante dessa realidade, nota-se que do ponto de vista físico, social e econômico, o Estado possui inúmeras condições sejam elas físicas ou econômicas que podem possibilitar ou viabilizar uma garantia ao sustento de sua população de forma satisfatória. No entanto, de acordo com o Banco Mundial (2003) o índice de proporção de Pobres no Rio Grande do Norte é de (50,63%) e a Intensidade da Pobreza é de (52,03%), o que mostra a grande ocorrência de pessoas vivendo na linha da pobreza, sem condições de consumir a dieta nutricional básica que é de 2.880 calorias por dia.

De acordo com o Programa Alimentar Mundial – PAM (2004), mais de 800 milhões de pessoas passam fome; estima-se que a fome mata todos os dias 25.000

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dessas pessoas, ou seja, uma pessoa de 3,5 em 3,5 segundos, que se acrescentam aos 400 milhões que morreram já de fome nestes últimos 50 anos (o equivalente à soma das populações dos EUA, da Alemanha e da França). Isto significa que morre 1 criança de 5 em 5 segundos, ao mesmo tempo que são desperdiçadas perto de 12 toneladas de comida. Desses 800 milhões, cerca de 60 milhões estão em risco iminente de morrer à fome em todo o mundo; são os famintos, que morrem se não receberem ajuda alimentar de emergência. Os restantes são pobres, que não conseguem escapar à pobreza e cuja principal preocupação é arranjar comida para a refeição seguinte.

Todavia, cabe analisar a pobreza existente em determinada região a partir do grau de desenvolvimento sócio-econômico que a mesma apresenta, pressupondo que deva ir além da geração de emprego e renda, estabelecendo principalmente uma relação com a perfeita distribuição dessa riqueza gerada pelas atividades econômicas, para que desta maneira possa diminuir a miséria.

2.2.2 O Turismo pode contribuir para a diminuição da Pobreza no Estado?

De acordo com Dantas (2005) o turismo no Rio Grande do Norte não trouxe um aumento significativo com relação à redução da pobreza, os dados mostram que o crescimento econômico não é capaz de promover o desenvolvimento social.

De acordo com essa análise, observa-se que é relevante a participação de diversos setores da sociedade interagindo entre si, em especial o trade turístico a fim de colaborar com a promoção de um turismo melhor e mais inclusivo. Para Dantas (2005, p. 154) “nenhuma atividade econômica pode ter um fim em si mesma; logo, o turismo não tem valia enquanto não promover a equalização social e a expansão das oportunidades e capacidades humanas, tanto dos visitantes como dos visitados”. Partindo desse pressuposto, podem os mercados/empresas trabalhar para os pobres? Ou melhor, contribuir para o desenvolvimento através de uma gestão que alie a inclusão social e o meio ambiente ao lucro?

As companhias do setor turístico, especialmente as hoteleiras, poderiam ajudar as pessoas a tornar seus meios de vida mais sustentáveis com a criação de

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oportunidades para que possam obter as ferramentas necessárias para terem boa saúde, mais segurança, educação de qualidade e serem mais economicamente ativas. Elas também podem ajudar a desenvolver mercados locais e habilitar os pobres a se tornarem participantes ativos nesses mercados como fregueses, empreendedores ou mesmo consumidores. Já que a atividade por si não reduz a pobreza no estado ou, pelo menos, não como se esperava.

Segundo a WBSCD (2007), as empresas que estão desenvolvendo novos mercados, novos fregueses e fornecedores têm rebaixado a pirâmide econômica e tem ganhado vantagem sobre as outras. Elas aprendem a operar nesses novos mercados e, deste modo melhoram sua reputação a partir de uma vantagem competitiva em que se aponta como exemplo, aqueles países que se tornaram ricos e consequentemente mais oportunidades de negócios apareceram.

No caso da atividade turística desenvolvida no Estado do Rio Grande do Norte, pode-se dizer que a geração de empregos e renda é algo bem perceptível se considerado os números e as estatísticas apresentados, a exemplo da tabela abaixo que mostra a pauta de exportação (receita turística x produtos exportados) em U$ no ano de 2004. Onde quatro áreas econômicas bastante significativas no Estado foram analisadas, que são: o Petróleo, a Carcinicultura, a Fruticultura (melão e castanha de caju) e a Atividade Turística.

Tabela 03: Receita turística x Produtos exportados no RN em 2004.

PAUTA DE EXPORTAÇÃO (US$) 2004

Petróleo 284.242.327*

Camarão 82.601.736

Melão 45.470.193

Castanha de caju 32.789.102

Turismo 416.724.733

* RN recebe apenas 4% de Royalties Fonte: SETUR/RN, 2004.

A tabela 03 mostra o quanto a atividade turística tem se destacado através da receita que gera para o estado, representando quase o dobro do total arrecadado

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pelo petróleo que é tido como um dos principais produtos de exportação do Rio Grande do Norte e, o turismo sozinho foi capaz de gerar 46% a mais que esse segmento.

Para comprovar que o turismo não gerou um aumento substancial apenas no ano de 2004, a tabela 04 mostra a receita arrecada nos anos de 2001 a 2006 pelo Estado com essa atividade.

Tabela 04 - Estimativa da Receita Turística Total de Brasileiros e Estrangeiros no RN, no período de 2001 - 2006. (US$1,00)

DISCRIMINAÇÃO GRANDE NATAL

DEMAIS

MUNICÍPIOS RIO GRANDE DO NORTE

RECEITA % RECEITA % RECEITA %

2001 BRASILEIROS 142.820.356 66,13 36.712.705 17,00 179.533.061 83,14 ESTRANGEIROS 30.983.343 14,35 5.436.819 2,52 36.420.162 16,86 TOTAL 173.803.699 80,48 42.149.524 19,52 215.953.223 100,00 2002 BRASILEIROS 127.117.209 58,81 46.322.029 21,44 173.439.238 80,25 ESTRANGEIROS 34.882.823 16,14 7.809.691 3,61 42.692.514 19,75 TOTAL 162.000.032 74,95 54.131.720 25,05 216.131.752 100,00 2003 BRASILEIROS 182.252.551 58,99 39.963.920 12,93 222.216.471 71,92 ESTRANGEIROS 77.716.364 25,16 9.019.263 2,92 86.735.627 28,08 TOTAL 259.968.915 84,15 48.983.183 15,85 308.952.098 100,00 2004 BRASILEIROS 215.869.717 51,80 54.717.023 13,13 270.586.740 64,93 ESTRANGEIROS 132.667.484 31,84 13.470.509 3,23 146.137.993 35,07 TOTAL 348.537.201 83,64 68.187.532 16,36 416.724.733 100,00 2005 BRASILEIROS 286.098.507 50,87 79.366.538 14,11 365.465.045 64,98 ESTRANGEIROS 174.252.733 30,98 22.712.854 4,04 196.965.587 35,02 TOTAL 460.351.240 81,85 102.079.392 18,15 562.430.632 100,00 2006 BRASILEIROS 309.237.600 53,43 87.290.586 15,08 396.528.186 68,52 ESTRANGEIROS 161.064.567 27,83 21.181.783 3,66 182.216.350 31,48 TOTAL 470.272.167 81,26 108.472.369 18,74 578.744.536 100,00 Fonte: SETUR/RN, 2006.

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A Receita Turística Global para o Estado no ano de 2006 foi de US$ 578.744.536, sendo US$ 470.272.167 para a Grande Natal, representando 81,3%, e US$ 108.472.369 nos demais municípios turísticos, com 18,7%.

Pode-se constatar que houve um significativo aumento na arrecadação da receita turística do estado, de 2001 a 2006 esse aumento mais que dobrou atingindo a casa dos 168%, comprovando que a expansão desses recursos econômicos gerados é superior aos das demais atividades.

A receita turística para o interior do estado apresentou um crescimento de 59%, em 2006, com relação ao ano de 2004. Com base neste índice a Secretaria de Estado do Turismo – SETUR/RN (2006) estimou de forma conservadora uma taxa de crescimento em torno de 30%, até o ano de 2011.

Se analisados esses dados juntamente com a idéia de que o desenvolvimento econômico gera renda, além de empregos, poder-se-ia constatar que a atividade turística pode sim contribuir para a diminuição da pobreza no Estado, já que é geradora de inúmeros benefícios na economia, como observado logo acima.

No entanto, na prática não é bem assim que ocorre, pois considerando que haja mais de metade da população vivendo em condições de pobreza no Estado, como relata o Banco Mundial (2003), o turismo não atinge tão diretamente essas pessoas, uma vez que os índices de pobreza não se alteram em decorrência do excelente desempenho econômico que a atividade turística trouxe e vem trazendo para o Estado nos últimos anos. Deve-se salientar que a má distribuição dessa renda e, muitas vezes, as péssimas condições de emprego advindos do turismo podem explicar a não redução da pobreza no Rio Grande do Norte aliados, logicamente, a diversos outros fatores que influenciam nesse processo.

Em contrapartida, a inclusão social no turismo deve ser tida como prioridade para agentes desse setor, já que se pôde perceber que a má distribuição da renda é um dos principais fatores que geram desigualdade no mundo e, mesmo o turismo tendo impactos negativos, o que é normal na maioria das atividades econômicas, ele deve ser planejado e tido como um aliado no combate às mazelas existentes tanto do ponto de vista social como do ambiental.

Referências

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