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2.4 Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Sócio-ambiental

2.4.2 Turismo e Impactos

A globalização tem levado as pessoas a viajarem mais e mais, a fim de se libertar do estresse do dia a dia, do trabalho, de casa e, procuram nas viagens um meio de encontrar emoção, desenvolvimento, bem estar, adquirir conhecimento pessoal, social, espiritual, dentre tantos outros. E é nesse contexto que o turismo se desenvolve, sendo necessário proteger esses lugares para que a relação entre homem e natureza através da prática da atividade turística, seja no mínimo satisfatória a fim de não causar maiores impactos negativos e nem degradar os recursos existentes.

Por outro lado, deve-se levar em conta que quando se fala em impactos faz- se referência também às vantagens e benefícios que são gerados com essa atividade. Impacto positivo seria tudo aquilo que traz boas condições e melhores resultados do ponto de vista econômico, social e ambiental para uma determinada localidade. Nesse caso, o turismo é uma atividade que causa impactos positivos, pois gera emprego e renda como poucas o fazem e que se aliada a uma campanha de conscientização ambiental pode ainda fazer com que o meio ambiente seja usado de forma correta pelos turistas e, além disso, promover o desenvolvimento sócio-cultural das comunidades estimulando a população de determinada região à convivência com outras culturas e conseqüentemente à valorização da sua própria quando são, especialmente, incentivados para isso.

No entanto, o contrário também ocorre, ou seja, os impactos provém do turismo à medida que não há planejamento nem uma gestão eficiente e eficaz a ponto de controlar de forma efetiva os processos e as relações desenvolvidos nessa atividade. A partir de então, os danos causados podem superar as oportunidades apresentadas, daí Governo e sociedade, juntamente com a iniciativa privada devem buscar soluções para esse impasse.

A política nacional do turismo no Brasil insere-se tardiamente dentro da história do planejamento no país e ainda não tem contornos muito delineados. O que foi planejado e realizado abordou o turismo apenas como um fenômeno econômico gerador de divisas. Porém, o turismo é mais do que uma mercadoria para equilibrar a balança de pagamentos; uma política Nacional de turismo deve abranger o aspecto social e psicológico do mesmo, a fim de que seja visto como uma atividade humana que deve, como o lazer, ser parte essencial da vida (BARRETO, 1991, p.99).

Vê-se que o turismo é uma atividade como outra qualquer, possui suas vantagens e também desvantagens. Contudo, devido à abrangência desse estudo e ao seu foco na responsabilidade sócio-ambiental dos empreendedores, buscou-se enfatizar os impactos negativos do ponto de vista econômico, sócio-cultural e ambiental, visto que esses são os que causam maior preocupação quanto ao efetivo controle e desenvolvimento dessa atividade.

2.4.2.1 Os impactos econômicos do turismo

O turismo causa impactos na economia dos países onde se desenvolve e cabe ressaltar que esse impacto é extremamente volumoso se atentarmos para os números. Sem dúvida, o turismo alavanca a economia local de forma generosa mostrando uma realidade que pode ser vantajosa a princípio, mas se bem analisada percebe-se que esses números vêm acompanhados de muitos impactos negativos também. Por exemplo, a geração de emprego e renda é percebida, a melhoria dos equipamentos e da infra-estrutura, entre outros são notáveis.

No entanto, Aucilino (2001) defende que os empregos indiretos, os baixos salários da atividade, o benefício e o conforto instalados primeiramente em prol dos turistas e não dos nativos, as divisas que ficam nas mãos de estrangeiros e são investidas em outros destinos, são apenas alguns dos inúmeros impactos econômicos negativos causados pela atividade turística.

Diante dessa realidade, é imprescindível que a população local seja a principal interessada e para a qual os esforços sejam buscados a fim de atender a uma expansão do turismo de forma ordenada e não massificada, procurando integrar um processo voltado para a preservação de seu bem estar e desenvolvimento econômico, melhorando inclusive sua qualidade de vida e nunca o contrário.

2.4.2.2 Os impactos sócio-culturais do turismo

O turismo tem sido cada vez mais, considerado como importante atividade humana, capaz de mobilizar importantes fatores de caráter social e cultural. Trata-se, pois, de atividade a ser encarada como estratégia para a sustentabilidade, capaz de reordenar elementos que permitam a criação racional, planejada e democrática, de meios para a reprodução das sociedades e conservação de sua identidade e patrimônio cultural.

Porém, o que se tem observado é justamente o contrário, isto é, a perda de identidade cultural ou aculturação causada pela descaracterização das tradições e dos costumes; aumento do custo de vida para a população local através do aumento do preço das mercadorias devido ao maior fluxo de turistas na região; entre tantos outros.

Para Pires (2004, p.04):

O turismo pode gerar custos sociais em geral difíceis de estimar, mas que nem por isso são menos importantes. Um exemplo é a ameaça aos hábitos tradicionais de cada país e, muitas vezes, de regiões específicas. Entretanto, o turismo pode se tornar o elemento que irá garantir a manutenção de certas tradições originais que atraem os turistas.

O turismo pode, dessa forma, ser meio e método para o fluir de estratégias que possibilitem a reprodução do patrimônio cultural e um autêntico desenvolvimento social, oferecendo programas culturais gratuitos á população local para impulsionar a vontade e o interesse em se envolver com a cultura local, de modo que, saibam dos benefícios que podem ter desde a melhoria na renda até a valorização do destino, adquirindo a partir desses incentivos um sentimento de valorização de suas raízes, crenças e costumes.

2.4.2.3 Os impactos ambientais do turismo

Os impactos naturais causados pelo turismo são os que acarretam maior preocupação, pois são mais difíceis de controlar já que o meio é frágil e requer tempo para se recuperar dos danos, porém, muitas vezes nem o tempo pode combatê-los

uma vez que um impacto sofrido em determinada área pode ser até irreversível do ponto de vista ambiental.

Ruschmann (1997) cita alguns fatores como: o acúmulo do lixo; lançamento de resíduos poluentes em lagos e rios; poluição sonora e visual; deterioração de ambientes frágeis como parrachos com a prática do mergulho, por exemplo; pisoteio da vegetação em trilhas mal estruturadas; descaracterização da paisagem para construção de empreendimentos e/ou equipamentos nas áreas ambientais, entre tantos outros, que influenciam negativamente o desenvolvimento do turismo nos destinos e, que devem ser tratados com urgência para que a continuidade dos recursos e da própria atividade sejam garantidos.

Dentre os impactos econômicos, ambientais e sócio-culturais citados anteriormente, estes últimos são mais complexos para serem controlados ou mesmo monitorados, impossibilitando a melhoria na qualidade daquilo que se oferece ao turista e à população local. Daí surge a necessidade de o Governo, a sociedade e a iniciativa privada se engajarem nesse processo, procurando aliar os benefícios do desenvolvimento a uma redução dos impactos negativos causados pela utilização dos espaços turísticos, promovendo melhorias para todas as partes. Por essa razão, a responsabilidade sócio-ambiental se fundamenta como instrumento facilitador desse processo, uma vez que busca a inserção da comunidade local nos trâmites desse desenvolvimento, de forma que a empresa pode gerar seus lucros e ainda contribuir social, ambiental e economicamente com a sociedade de um modo geral e, principalmente com a população em seu entorno.