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2.3 O que é Responsabilidade Sócio-Ambiental?

2.3.1 Tipos de Responsabilidade Social

A maioria das empresas diferencia dois níveis fundamentais de abordagem em relação ao tema, que são: comprometido com as razões do mercado, ou seja, Responsabilidade Social de Mercado (RSM); e comprometimento com a questão do desenvolvimento e da cidadania, a Responsabilidade Social e ambiental cidadã (RSC) que inclui outros tipos de ações como a responsabilidade social corporativa, por exemplo, que serão mais bem destacados adiante.

2.3.1.1 Responsabilidade Social e ambiental cidadã

A Responsabilidade Social Cidadã tem uma visão mais abrangente que refuta determinados aspectos dentro do cumprimento das normas vigentes para com a sociedade. Nesta visão, os agentes sociais necessariamente interligam-se, ainda que por temas específicos, mas de grande relevância para o alcance dos objetivos esperados que giram em torno do beneficio às comunidades locais e ao meio em que vivem. Para esses agentes, a responsabilidade social engloba de forma mais criteriosa a terminologia social, pois se entende que a sustentabilidade e o desenvolvimento social estão presentes nos diversos campos sociais como cultura e política, por exemplo. (MARCOS, 2007, p. 03).

Além de agregar ações responsáveis ao meio ambiente com o advento de políticas ambientais eficazes nesse processo, como é o caso da educação ambiental incentivada e difundida nas comunidades, seja através de cursos oferecidos, palestras ou mesmo nas escolas com a realização de mutirões para o plantio de mudas, etc.

Sob essa ótica, para que haja um desenvolvimento sócio-ambiental baseado no comportamento dos atores privados em conjunto com a própria sociedade, é fundamental, a priori, ajudar as populações envolvidas a se organizar, a se educar, para que elas repensem seus problemas, identifiquem suas necessidades e os recursos potenciais para enfim receber e realizar um futuro digno e melhor para se viver, conforme os postulados de justiça social e prudência ecológica.

Neste contexto, o conceito de responsabilidade social ganha nova dimensão, que para Bueno (2003) pode ser definido como: "o exercício planejado e sistemático de ações e estratégias e a implementação de canais de relacionamento entre uma organização, seus públicos de interesse e a própria sociedade".

2.3.1.2 Responsabilidade Social de Mercado

Esta forma de responsabilidade social provém das instituições que criam dentro das regras estabelecidas pelos concorrentes e pelo mercado, parâmetros para se enquadrarem como capazes socialmente de promover o bem seja através de seu positivo balanço social, seja através da auto-premiação com a aquisição de selos e normas distribuídas sem o devido rigor, ou sem estabelecimento de conexões com as causas defendidas. (MARCOS, 2007, p. 02)

O Instituto ETHOS (2003, “não paginado”) define balanço social, não como relatórios de gestão social, mas como instrumentos de transparência e de controle social onde a definição do melhor modelo se constitui em um processo de aprendizagem. Esse processo é um exercício contínuo de aperfeiçoamento das iniciativas voluntárias das empresas que devem refletir as necessidades do mercado e dos diversos públicos com os quais a empresa se relaciona, e que são periodicamente sistematizadas para serem novamente testadas pela prática empresarial.

No entanto, para a responsabilidade social de mercado, o que interessa é o lucro que essas ações sociais podem gerar para a empresa, de modo tal que o objetivo maior é alcançar crescimento econômico e não desenvolvimento social. Em nenhum momento, a busca pela cidadania ou responsabilidade social é colocada como fundamental, reafirmando o pensamento de alguns teóricos, como Friedman (1985) que afirmam não ser função das empresas praticarem a responsabilidade social, mas sim gerar lucros. O economista americano Milton Friedman foi o primeiro a defender com convicção que a única responsabilidade das empresas é a de gerar lucro para seus acionistas.

Para Friedman (1984 apud MAXIMIANO, 2005, p. 437):

Os administradores não têm condições de definir as prioridades nem as necessidades de recursos dos problemas sociais e devem concentrar-se naquilo que é fundamental para as empresas, ou seja, fazer dinheiro. A solução dos problemas sociais deve ser entregue às pessoas que se preocupam com eles e ao governo.

Essa afirmação mostra o quanto a visão de agir com responsabilidade social é distorcida ou mal difundida entre a maioria das organizações, pois não se trata resolver os problemas sociais nem de dizer que as empresas tenham condições de definir as reais necessidades desses problemas. O Governo deve sim fazer o seu papel, mas em se tratando de países subdesenvolvidos a iniciativa privada pode e deve contribuir para a melhoria da população local, se trata de trabalharem em conjunto e não passar a responsabilidade das mazelas existentes para as empresas privadas só porque detêm capital para isso e usufruem dos bens da comunidade onde está instalada.

2.3.1.3 Responsabilidade Social Corporativa e o Instituto ETHOS

A responsabilidade social corporativa se encontra, de certa forma, ligada à responsabilidade social e ambiental cidadã, assim como, com a responsabilidade social de mercado, pois engloba com mais teor os, stakeholders, principais atores envolvidos em todo o processo. Esse grupo inclui, além da comunidade e dos empresários, os colaboradores que fazem parte da localidade e que consequentemente

prestam serviços para essas empresas privadas. Por essa razão, é tida como uma alternativa intermediária no advento da responsabilidade social, sendo bem aceita e trazendo reais e consistentes benefícios a ambos os públicos.

O Instituto ETHOS que é uma entidade não-governamental que promove essa prática da Responsabilidade Social Corporativa (RSC) no País e tem como missão: mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa. Possui 1261 associados – empresas de diferentes setores e portes – têm faturamento anual correspondente a aproximadamente 35% do PIB brasileiro e emprega cerca de 2 milhões de pessoas, tendo como característica principal o interesse em estabelecer padrões éticos de relacionamento com funcionários, clientes, fornecedores, comunidade, acionistas, poder público e com o meio ambiente.

Foi idealizado por empresários e executivos oriundos do setor privado, e é tido como um pólo de organização de conhecimento troca de experiências e desenvolvimento de ferramentas que auxiliam as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seus compromissos com a responsabilidade corporativa.

A Partir da análise do site do Instituto Ethos, pôde-se extrair algumas considerações de relevância a esse trabalho, tais como as cinco linhas de atuação do Instituto, a saber:

• Ampliação do movimento de responsabilidade social empresarial; • Aprofundamento de práticas em RSE;

• Influência sobre mercados e seus atores mais importantes, no sentido de criar um ambiente favorável à prática da RSE;

• Produção de informação;

• Articulação do movimento de RSE com políticas públicas:

 Desenvolvimento de políticas para promover a RSE e desenvolver marcos legais;

 Promoção da participação das empresas na pauta de políticas públicas do Instituto Ethos;

 Fomento à participação das empresas no controle da sociedade, por meio de acompanhamento e cobrança das responsabilidades legais, transparência governamental e conduta ética;

 Divulgação da RSE em espaços públicos e eventos;

 Estruturação de processos de consulta a membros e parceiros da companhia.

No entanto, deve-se esclarecer que além dessas importantes contribuições, o Instituto Ethos desenvolveu em 2000, uma ferramenta denominada “Indicadores Ethos de Responsabilidade Social”. Este trabalho é revisado anualmente e procura servir de parâmetro para a adoção de políticas e ações que as empresas venham a desenvolver para aprofundar seu comprometimento com a responsabilidade social empresarial.

Trata-se de um processo de auto-avaliação empresarial, que engloba sete grandes temas: Valores e transparência; Relacionamento com o público interno; Meio ambiente; Relação com fornecedores; Relação com consumidores e clientes; Relação com a comunidade; Relação com o Governo e sociedade. Enfim, compreende-se que se trata de estabelecer uma relação com os stakeholders dentro e fora da organização, instituindo uma política corporativa adequada às posturas consideradas corretas nas relações com esses atores.

2.3.2 O Pacto Global e sua Importância para a adesão da Responsabilidade Sócio-