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Responsabilidade Social e ambiental como fator de competitividade

2.5 Administração Hoteleira no âmbito da Responsabilidade Sócio-ambiental

2.5.4 Responsabilidade Social e ambiental como fator de competitividade

Antes, o que determinava o sucesso de uma organização era o produto em si, pois não existia tanta variedade na oferta desses produtos, ou seja, o mercado

oferecia o produto que o consumidor precisava para satisfazer sua necessidade. Não havia concorrência uma vez que não havia outros produtos para disputar essa demanda.

Por exemplo, uma pousada comercializava diárias praticamente da mesma forma que o concorrente, assim o produto ou serviço era basicamente o mesmo. Somente depois é que foram sendo acrescentados outros fatores que tornaram esse serviço melhor que o do concorrente, como oferecer um café da manhã na pousada, por exemplo, e assim por diante até o produto e/ou serviço deixar de satisfazer uma simples necessidade do cliente e passar a agregar mais componentes que o tornassem melhor que o do concorrente.

E o mercado foi se tornando cada vez mais competitivo, principalmente, depois que novos produtos e serviços foram sendo desenvolvidos e implementados. Foi então que surgiu a necessidade de trabalhar melhor as vendas para conseqüentemente vender mais, pois as técnicas de vendas passariam a funcionar com o intuito de atrair os clientes, sendo que o preço, a divulgação e a localização do negócio serviriam para facilitar esse processo.

Em detrimento do aumento na concorrência, desencadeou-se outro processo no qual as vendas e os produtos por si só já não eram garantia de bons negócios, isto é, houve uma difusão desse aprimoramento de técnicas e produtos ou serviços, o que fez com que os concorrentes também se adequassem a esses mesmos princípios, acentuando ainda mais a competitividade existente no mercado e ocasionando sérias discussões acerca desse tema.

Então, o próximo foco passou a ser dado ao cliente, melhorando a qualidade no atendimento, o bom relacionamento, o tratamento e, ainda mostrando ao cliente que ele era especial e até mesmo que “tinha sempre razão”, foram aspectos que se tornaram um diferencial e colocaram o setor de serviços em posição de maior destaque.

Porém, hoje em dia, os fatores citados anteriormente não são mais tidos como diferenciais nas organizações, em especial, nas do setor de serviços, e sim uma necessidade e elemento decisivo para que uma empresa se mantenha no atual mercado da globalização.

Contudo, o fator que determina a vantagem competitiva das empresas na atualidade é o foco que ela tem dado à sociedade e ao meio ambiente, ou seja, se ela atua de forma responsável quanto às ações que pratica. O produto e o serviço precisam ter qualidade e serem muito bons, as vendas e o preço, devem ser dinâmicos e acessíveis, precisam estar de acordo com as expectativas do cliente e estes, por sua vez devem ser a prioridade para o mercado no que se refere à garantia de um atendimento exclusivo, eficiente e eficaz.

Para tanto, as empresas devem se mostrar cada vez mais preocupadas com o bem-estar do todo, dando oportunidades à população local e praticando ações sócio- ambientais que favoreçam um desenvolvimento com os menores impactos ao meio e ao entorno onde a organização está inserida para que possa, finalmente, agregar valor e boa imagem junto ao consumidor.

Enfim, ser competitivo na sociedade pós-moderna é tarefa que requer empenho e esforço, porém necessária, uma vez que o mercado não pára de evoluir e as expectativas são a cada dia superadas. As vontades e os gostos dos clientes são bem mais seletos e, nesse contexto, é preciso garantir uma melhoria de sua qualidade de vida, inclusive.

Segundo Formentini (2003, p.1):

A temática “Responsabilidade Social” passa a ser amplamente debatida e propagada no meio empresarial, tornando-se uma estratégia competitiva entre as empresas que atuam em um ambiente cada vez mais complexo e turbulento, onde a qualidade dos produtos e os preços mais atraentes não se configuram mais como diferenciais, mas sim como exigências.

Dessa forma, a responsabilidade sócio-ambiental se configura como estratégia competitiva, principalmente, para aquelas empresas que desejam alcançar um reconhecimento institucional a partir do desenvolvimento de ações sociais. Ser uma empresa cidadã, que se preocupa com a qualidade de vida das pessoas de um modo geral pode ser recompensador ao se levar em conta que cada vez mais os consumidores buscam e valorizam as organizações ecológica e socialmente corretas, no caso do turismo, principalmente, àqueles turistas provenientes de países desenvolvidos onde a cultura ambiental e socialmente responsável é mais presente.

Portanto, a tendência é que os consumidores boicotem aquelas empresas que agem de forma incorreta nas relações de trabalho e quanto ao aspecto ambiental adotando, inclusive, um estilo de compra seletiva. Partindo desse pressuposto, as atividades sócio-ambientalmente responsáveis desencadeadas pelas empresas, as colocam em lugar de destaque aos olhos do consumidor do novo século. No mercado atual, não se deve esquecer que a competitividade é fator predominante e decisivo para o sucesso das grandes e pequenas organizações, especialmente àquelas do setor de serviços.

De acordo com Orchis (2002, p. 52):

A responsabilidade social pode agregar valor à imagem da empresa e com isso aumentar sua vantagem competitiva, ou servir como um meio para atingir o público que considera atitudes socialmente responsáveis como um pré- requisito ou diferencial para a escolha de uma marca.

A busca de um retorno institucional a partir das práticas de responsabilidade social é uma opção estratégica das empresas. “O exercício da responsabilidade social é orientado para a melhoria da imagem institucional da empresa, o que se traduz na melhoria da sua reputação. São os ganhos institucionais da condição de empresa- cidadã que justificam os investimentos em ações sociais”. (FORMENTINI, 2003).

Adotando uma postura responsável para com a sociedade e o meio as empresas adquirem valor e se tornam diferenciadas ao cumprirem seu papel social. Papel esse, que vai além dos compromissos compulsórios que as empresas devem seguir, tais como as obrigações trabalhistas e tributárias.

A prática da responsabilidade social e ambiental nas empresas deve envolver os diferentes públicos da organização, objetivando ampliar os relacionamentos com toda a sociedade. O reforço da imagem institucional das organizações, a partir de práticas socialmente responsáveis, é algo a ser conquistado e trabalhado pelos profissionais de todas as áreas, de uma forma planejada e articulada, fortalecendo os valores e objetivos organizacionais.

A indústria do turismo em geral e o setor hoteleiro em particular necessitam assumir sua parcela de responsabilidade em fazer da ética do desenvolvimento sustentável uma parte integrante de suas metas, já que dependem da qualidade do meio ambiente para o seu crescimento. Dessa forma, o produto turístico oferecido deve

ser, minuciosamente, monitorado de modo a atingir a excelência dos bens e serviços ofertados. Essa exigência qualitativa é imposta pela sociedade e está ligada a fidelização do mercado consumidor que busca produtos e serviços competitivos. Dentre as tendências competitivas que estrategicamente agregam um diferencial ao produto turístico está a responsabilidade social das empresas diretamente associada a uma gestão ambientalmente sustentável. (SWARBROOKE, 2000).