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1 GESTÃO DA INFORMAÇÃO – CONTEXTO TEÓRICO E CONCEITUAÇÃO

A Gestão da Informação (GI) e a Gestão do Conhecimento (GC) não são áreas ou campos de estudo realmente novos, embora o reconhecimento maior tenha se dado a partir da década de 1990. Há quem pense que ambos os termos possuam a mesma definição, mas possuem significados distintos. A confusão ocorre porque elas são terminologias complementares e que envolvem diversas áreas como Biblioteconomia, Administração, Engenharia, entre outras (BARBOSA, 2008). De forma básica, pode-se dizer que a GI é um processo no qual são utilizados recursos (humanos, tecnológicos, econômicos) para criar e difundir informações na sociedade. Já a GC está mais para um possível produto da GI, visto que quando há compartilhamento de informações e aprendizagem, nesse caso, acontece, por exemplo, a Gestão do Conhecimento (AMORIM; TOMAÉL, 2011). Essa relação pode se expressar no sentido de a GI ser um requisito para a GC (WHITE, 1985).

A Gestão de Informação e do Conhecimento (GIC) já nasce influenciada e influenciando um conjunto de áreas e isso a leva à obtenção de diversos significados (RODIONOV; TSVETKOVA, 2015). Alguns pensam que ela está mais relacio- nada à Arquivologia, outros à Biblioteconomia, à Engenharia da Computação (MARCHIORI, 2014). O fato é que, se antes a GIC se apresentou como um componente nessas áreas, atualmente não se encontra mais restrita a elas. Porém, mantém interfaces com diversos campos de estudo como Psicologia, Sociologia, Ciência da Computação, Administração e Economia. A formação do profissional da área reflete essa realidade abrangendo tópicos das Ciências da Informação, as Tecnologias de Informação e Comunicação, a gestão e várias outras disciplinas como Marketing,

Psicossociologia, Comportamento Organizacional, Recursos Humanos (MARAVILHAS-LOPES, 2013).

Como se pode observar, a GIC, concomitantemente, ao se tornar uma área de grande interesse, aumenta sobremaneira os desafios que enfrenta. Segundo Barbosa (2008), a origem da GIC data de 1934, quando Paul Otlet escreveu e publicou o livro Traité de documentation. O que na época era conhecido como campo de estudos sobre documentação corresponderia aos mesmos fenômenos estudados na gestão da informação. Outros autores precursores foram Vanevar Bush e Frederick Hayek, os quais, em 1945, apresentaram à sociedade dois artigos importantes. O primeiro escreveu sobre o Memex, uma máquina (que nunca chegou a ser construída) que poderia armazenar informações como livros, registros e estes ser consultados. A idealização dessa máquina é considerada uma predecessora da Web e da gestão eletrônica de documentos (BUSH, 1945). Por sua vez, Hayek, em seu escrito, aborda o uso do conhecimento na sociedade e identifica como o principal problema econômico dela estar relacionada com o conhecimento que se encontrava disperso e, às vezes, contradi- tório, fragmentado em diversas pessoas, ou seja, “o problema da utilização do conhecimento não possuído por ninguém em sua totalidade” (HAYEK, 1945).

Com relação à Gestão do Conhecimento (GC), Lira e Duarte (2013) compartilham a ideia de que conhecimento é derivado da informação. Ao se buscar, usar e compartilhar informações, há produção de capital intelectual. Ele é encontrado nas pessoas, fruto das relações sociais e troca de experiências e culturas. A GC é definida como algo intangível, podendo ser usada várias vezes em diversas situações. Há dois tipos de conhecimento: o explícito e o

implícito é bem mais complexo, está mais presente nos fluxos informais, na cultura, nas pessoas.

A conexão entre a GI a GC é muito contundente. Tanto uma pessoa pode adquirir informações pelo conhecimento de alguém, como essas mesmas informações, quando internalizadas, geram conhecimento. O lucro das organizações não está no capital finan- ceiro em si, mas sim, em como ocorrem os processos de criação e manutenção do capital intelectual (LIRA; DUARTE, 2013).

Em contrapartida, Bouthillier e Shearer (2002) sustentam que, para diferenciar GI e GC, é necessário examinar os conceitos básicos (dado, informação, conhecimento e inteligência) e seus respectivos objetivos. Enquanto os objetivos da GC estão mais relacionados com as saídas da organização, a GI busca garantir que a informação necessária seja armazenada e possa ser acessada. Nesse sentido, subjacente ao posicionamento da GI está a ideia de que a análise da organização e a avaliação do seu desempenho podem ser feitas de acordo com os processos de informação.

Sob uma perspectiva estrita, Place e Hyslop (1982) afirmam que a GI está focada nos planos e atividades para controlar os regis- tros da organização. Posição que é referendada por Fairer-Wessels (1997), que define GI como o uso de técnicas e da tecnologia para gerenciar a informação de maneira que seja melhorada a tomada de decisão com vista a alcançar os objetivos organizacionais. É com esse sentido que a GI será considerada neste capítulo.

A GI envolve as relações e comunicações entre usuários, fontes de informação e tecnologia. Deve estar centrada no desenvolvimento organizacional, pois cria, organiza, conserva, disponibiliza o conteúdo certo, na hora certa, para a pessoa certa, no melhor suporte (MARAVILHAS-LOPES, 2013). Pode ser dividida em níveis operacional, tático e estratégico. As informações mais específicas concentram-se na base, ou seja, no

nível operacional. Já no estratégico, observam-se informações de um modo mais amplo, tentando abarcar o todo (SILVA; VITORINO, 2016). Para Choo (2003), a GI organiza informa- ções de modo que a organização pode se adaptar melhor às mudanças que ocorrem dentro e fora dela. Davenport (2002) afirma que a GI na organização pode externar-se em quatro modelos de fluxos informacionais: informação não estruturada, conhecimento; informação estruturada em papel; e informação estruturada em computadores.

Detlor (2010) preconiza que gerenciar é criar, obter, organizar, armazenar, distribuir e usar informações, ou seja, é observar o ciclo de vida da informação. O autor afirma que um dos problemas mais críticos apontados pelos estudiosos da área é identificar o que, de fato, é uma informação necessária e como fazer do seu uso algo eficaz e eficiente.