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Na sociedade contemporânea, uma das mais importantes reflexões nos diversos âmbitos sociais emerge a sustentabilidade como fator que articula os princípios econômico, social e ambiental, visando ao desenvolvimento sustentável e responsável pelos contextos organizacionais e sociais. Nessa conjuntura, os processos comu- nicacionais potencializados pelo desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação (TIC) confirmam, cada vez mais, a necessidade de aprendizagens colaborativas e o compartilhamento do conhecimento em âmbito organizacional, com particular relevância para o domínio e o desenvolvimento de práticas susten- táveis que justifiquem as responsabilidades sociais organizativas (SILVEIRA et al., 2013).

É nesse momento histórico que a sociedade se caracteriza por um estágio de desenvolvimento que detecta o valor estratégico da informação e do conhecimento e o utiliza como sustento de

sua competitividade, dedicando esforços significativos para a criação de novas informações e de novos conhecimentos. Assim, a informação e o conhecimento são caracterizados recursos-chave que integram novo paradigma de desenvolvimento (o da colabo- ração, o da interatividade e o da participação ativa e sustentável), fortemente baseado na responsabilidade social corporativa, cujos princípios estão na comunicação em rede, nas comunidades de conhecimento e, principalmente, nas aprendizagens colaborativas responsáveis por um todo coletivo, por meio de representações distribuídas no âmbito das atividades organizacionais (ÉBOLI; MANCINI, 2011).

No entanto, mais do que a informação, o conhecimento passa a ser o ativo mais importante do contexto organizacional e demanda a necessidade de condições capacitadoras para sua criação. A isto, insere-se a necessidade de fornecimento de contextos apropriados para a facilitação de atividades colaborativas e em grupo, e para criação e acúmulo de conhecimento.

Ademais, a partir das discussões sobre a disseminação e o uso do conhecimento nas organizações, surge a ideia de “Gestão do Conhecimento” (GC), trazendo perspectivas diferenciadas acerca de seu conceito e aplicação. Entre essas perspectivas, e em meio a tantas discussões acerca da GC, existe certo consenso de que a especificidade tácita do conhecimento apenas é partilhada por meio de contextos sociais de aprendizagem, intimamente ligados a uma prática, estabelecendo, assim, uma função ao conhecimento gerado e partilhado (AGUIAR, 2012).

Nonaka e Takeuchi (1997), assim como Kolb (1997), também entendem que a experiência organizacional observada, refletida e partilhada é o fato gerador do conhecimento. Nesse

e sistematização do conhecimento na organização que, de outro modo, seria apresentado de modo disperso e dissociado.

De acordo com Silveira et al. (2013), quando esse conhe- cimento é atribuído de maneira que o seu resultado em forma de produtos, serviços e processos, visa à inter-relação entre as questões econômicas, sociais e ambientais, sua abordagem passa a se basear no enfoque triple botton line (TBL) da sustentabilidade, ou seja, no “tripé da sustentabilidade”, explicitado, pela primeira vez, na obra de Elkington (1998). Por meio desse tripé em que as questões econômicas, sociais e ambientais formam a tríplice aliança da sustentabilidade, o conhecimento organizacional volta-se para a aprendizagem colaborativa para fins sustentá- veis, cuja função está em fomentar atividades de construção do conhecimento voltadas para objetivos sócio-econômico-ambien- tais com responsabilidade social. No entanto, ao conhecimento colaborativo agrega-se a necessidade de seu gerenciamento voltando-se aos princípios da sustentabilidade.

Dessa percepção, enfatiza-se a GC como aliada ao processo de aprendizagem colaborativa para a construção do conhecimento, por meio da inclusão de projetos que permitam a identificação, a coleta, a análise, a construção, o compartilhamento e a aplicação prática e sustentável do conhecimento (ESTEBAN NAVARRO; NAVARRO BONILLA, 2003). De acordo com Esteban Navarro e Navarro Bonilla (2003), a GC é percebida, por vezes, na literatura, como mais uma ferramenta necessária para a diferenciação em relação à concorrência e à sobrevivência das organizações, utili- zando-se de ferramentas diversas. Para tanto, pode-se fazer uso das bases sustentáveis voltadas para a criação de conhecimento e as tomadas de decisões nas organizações. Além disso, possui o papel de proporcionar um contexto que viabilize a criação do conhecimento, e, quando aplicada em organizacional – por meio

de projetos ou programas que tragam consigo as características de contextualidade (de acordo com as peculiaridades), de sensi- bilidade (de acordo com a evolução e as necessidades do entorno das organizações), de inovação (supondo mudanças, melhorias e resultados), e de avaliabilidade (para mensurar a qualidade do programa em geral e de cada medida em particular) –, torna-se grande aliada aos processos que balizam a construção do conhe- cimento e sua aplicação para objetivos sustentáveis. Isso leva à hipótese de que, tanto projetos de aplicação de aprendizagem colaborativa sustentável baseada nas teorias da GC como projetos de GC voltados para as práticas sustentáveis de aprendizagem colaborativa e construção do conhecimento organizacional, são úteis para as organizações contemporâneas.

Tido o exposto, o objetivo desta comunicação é expor, por meio de revisão de literatura, as possibilidades de relação entre a sustentabilidade e a GC. Isso porque tal relação ainda é timida- mente tratada na literatura científica e a emergência em entendê-la torna-se cada vez mais crescente, já que as demandas sociais por sustentabilidade e a necessidade de gerenciar o conhecimento como fator-chave de produção promovem o desenvolvimento e a competitividade em cenário global.

Para mais bem entender a intenção deste capítulo, o produto desta investigação divide-se em três seções, além da introdutória, quais sejam: a seção que esclarece sobre a GC baseada em princí- pios sustentáveis; a que versa sobre os caminhos percorridos para a construção desses aportes e; em seguida, aquela que apresenta reflexões acerca dos princípios de sustentabilidade aplicados à GC, baseados na literatura científica minerada.

2 GESTÃO DO CONHECIMENTO E A