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Marta Lígia Pomim Valentim (valentim@marilia.unesp.br) Luana Calcete Vaz Tenório (luanacalcete@hotmail.com)

1 INTRODUÇÃO

O ser humano é o único indivíduo que pode se apropriar de informação e, a partir disso, construir “novo” conhecimento que possa ser útil e valioso para determinada organização. Quando se trata de adquirir conhecimento no contexto empresarial, a Gestão do Conhecimento (GC) tem papel essencial para que os sujeitos organizacionais compartilhem o conhecimento gerado, no intuito de cumprir com as metas e os objetivos que se desejam alcançar.

O conhecimento é a matéria-prima da GC, pois é o elemento que faz com que os sujeitos organizacionais se aproximem, tornando o conhecimento individual que cada um possui um conhecimento coletivo, transformando e melhorando o ambiente organizacional, cumprindo, assim, a missão, a visão, os objetivos e as metas organizacionais de maneira mais eficiente. O conheci- mento pode ser convertido em valor e contribuir de maneira clara para que os objetivos sejam cumpridos (PÉREZ-MONTORO- GUTIÉRREZ, 2008).

Na gestão do conhecimento, consideram-se dois tipos de conhecimentos: o tácito e o explícito. O conhecimento tácito e o conhecimento explícito são conhecimentos complementares, um não existe sem o outro. Por meio de uma conversa informal, o indi- víduo que captura determinado conhecimento compartilhado pode transformá-lo em conhecimento formal, ou seja, em conhecimento explícito. Do mesmo modo, o conhecimento registrado em algum suporte, caso seja lido por um indivíduo, desde que compreenda e se aproprie dele, este pode gerar “novos” conhecimentos.

A transformação do conhecimento tácito em conheci- mento explícito é difícil, pois quando o indivíduo tenta socializar o conhecimento que está em sua mente, nem sempre é possível compartilhá-lo com a mesma propriedade e consistência, uma vez que este não é totalmente consciente, portanto, naturalmente haverá falhas no processo de compartilhamento. Vale destacar que a transformação do conhecimento individual em conhe- cimento coletivo é que, de fato, propiciará o desenvolvimento da organização, uma vez que contribuirá significativamente para que os objetivos e metas organizacionais sejam cumpridos (KOENIG, 1996).

A gestão do conhecimento foi introduzida na década de 1990, no intuito de ajudar as organizações a criar, compartilhar e usar sistematicamente o conhecimento gerado no ambiente orga- nizacional (BAKAR et al., 2016). Pérez-Montoro-Gutiérrez (2008) também comenta que a gestão do conhecimento surge nessa década, e destaca que pode ser aplicada a qualquer tipo de organização.

A GC está relacionada à Gestão da Informação (GI), isto é, ambas interagem e uma alimenta a outra. A GC e a GI atuam em conjunto, no sentido de diminuir as ambiguidades que surgem

novas circunstâncias que ocorrem no processo de aprendizagem, bem como em situações de decisão.

A gestão da informação e a gestão do conhecimento são relacionadas, na medida em que o conhecimento gerado no contexto de uma organização pode ser compreendido como parte de um processo que, por sua vez, contribui para o fortalecimento do capital intelectual organizacional. A gestão da informação se torna um dos processos organizacionais centrais, uma vez que subsidia a construção de conhecimento em distintas situações e em todos os níveis hierárquicos (PÉREZ-MONTORO-GUTIÉRREZ, 2008). Os sujeitos organizacionais contribuem quando trazem para a organização o conhecimento que adquiriram em contextos externos a ela, seja através de experiências profissionais, seja a partir da vivência em outras atividades desenvolvidas, seja no dia a dia, a partir do convívio social.

A GC pode gerar ativos intelectuais importantes, uma vez que subsidia atividades relacionadas à apropriação, ao compar- tilhamento e à socialização do conhecimento construído pelos sujeitos organizacionais que, por sua vez, colaboram com a orga- nização em distintos níveis. Essa atividade não se refere somente à socialização de conhecimentos mas também ao compartilhamento de experiências vivenciadas, o que propicia aos sujeitos organiza- cionais se guiarem por meio de fatos que deram certo e, assim, podem ser aplicados na organização como um todo ou em parte (CÂNDIDO; ARAÚJO; 2003).

Nonaka e Takeuchi (1997) evidenciam que uma das carac- terísticas das organizações japonesas é justamente a valorização dos sujeitos organizacionais que geram conhecimento, bem como de que maneira interagem entre si, pouco importando o cargo e a função que exercem. Assim, podem ser funcionários da linha de frente, gerentes de nível médio, gerentes seniores, ou seja, interagem

independentemente do nível hierárquico que possuem no contexto organizacional. Não é fácil propiciar as condições necessárias para que haja o compartilhamento de conhecimento entre distintos sujeitos organizacionais, constituindo-se em uma tarefa difícil até para quem coordena a implantação de um modelo de GC.

Um elemento importante para a GC se refere à cultura orga- nizacional, uma vez que dissemina princípios, valores e crenças existentes na organização voltados à valorização do conhecimento e da informação. Pérez-Montoro-Gutiérrez (2008) explica que a cultura organizacional estabelece uma profunda mudança cultural, uma nova maneira de se trabalhar, transforma o ambiente e enfoca uma nova escala de valores e condutas que estão relacionadas ao conhecimento. Do mesmo modo, Inazawa (2009) preconiza que não se pode implementar a gestão do conhecimento sem conhecer profundamente a cultura da organização, ou seja, quais são seus valores, princípios e suas crenças.

Outro elemento importante para a GC se refere às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), sendo estas essenciais para que a GC possa ocorrer em múltiplas linguagens (BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002). O uso da tecnologia contribui de maneira positiva, tanto para a implementação da GC quanto para colocá-la em prática. Nessa perspectiva, ressalta-se que a cultura organizacional também deve propiciar valores positivos no que tange ao uso das TIC, ajudando no compartilhamento e na disseminação de conhecimentos e experiências, atingindo, assim, um maior número de sujeitos organizacionais (ÁLVARES; BAPTISTA; ARAÚJO JÚNIOR, 2010). Sem dúvida, as TIC contribuem significativamente, entretanto, elas não podem ser substituídas pelos indivíduos, pois somente o ser humano é capaz

2 APROPRIAÇÃO DA INFORMAÇÃO PARA