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2.4 TRANSPORTE PÚBLICO EM CURITIBA

2.4.2 Gestão e Operação do Sistema Integrado

Segundo a Lei Municipal nº 12.597/2008, regulamentada pelo decreto 1356/2008, compete à URBS, Urbanização de Curitiba S.A., a delegação, a regulação, o gerenciamento, a operação, o planejamento e a fiscalização do sistema de transporte coletivo de Curitiba. Esta é uma empresa municipal de economia mista, sendo a prefeitura detentora de 99,92% das ações.

Ao poder público municipal, conforme disposto na Lei Orgânica de Curitiba, existe a possibilidade de concessão ou permissão da prestação e exploração de serviços públicos, por meio de licitação, uma vez que sejam garantidos os direitos dos usuários, a política tarifária e a manutenção de serviço adequado (CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA, 2011).

Dessa forma, em 2009, por meio de concorrência pública, foi iniciado o processo de licitação nº 005/2009 que previa a seleção de empresas ou consórcios

de empresas para outorga de prestação de serviços relativos à operação do transporte público. O edital previa como critérios a combinação de melhor técnica e menor custo quilométrico visando a menor tarifa técnica para o sistema, doravante denominado RIT – Rede Integrada de Transportes (URBS, 2009).

O processo licitatório apresentava como objeto a concessão do serviço em três lotes distintos (URBS, 2009). As áreas de atuação das outorgas, conforme mostrado na Figura 7, são definidas a partir de região neutra central, sendo esta relativa a um raio de 2 km do marco zero da cidade, e distribuídas segundo a macro hierarquia dos eixos de estruturação viária, divididos em: eixos estruturais, eixos metropolitanos, eixos de ligação, eixos tronco integrados e eixos interbairros (CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA, 2004; URBS, 2009).

Figura 7 – Áreas de atuação dos lotes definidos na licitação n° 005/2009 Fonte: URBS (2009)

Em 2010, foram homologados os consórcios vencedores da licitação, no entanto havia apenas um candidato inscrito para cada lote, sendo estes: Consórcio Pontual, responsável pelo Lote 01, Consórcio Transbus, responsável pelo Lote 02, e Consórcio Pioneiro, responsável pelo Lote 03 (GERON, 2010; URBS, 2016c), sendo a composição dos vencedores da licitação disposta no Quadro 5. Os valores contratuais estimados foram, respectivamente, de dois bilhões, setecentos e sessenta milhões de reais, dois bilhões, quinhentos e quarenta milhões de reais e três bilhões, duzentos e oitenta mil reais (URBS, 2010; URBS, 2010a; URBS, 2010b).

Lote 1 Consórcio Pontual Lote 2 Consórcio Transbus Lote 3 Consórcio Pioneiro Transporte Coletivo Glória

Ltda. Auto Viação Redentor Ltda. Viação Sorriso Ltda.

Orlando Bertoldi & CIA Ltda. Expresso Azul Ltda. Viação Tamandaré LTDA.

Auto Viação Santo Antônio Ltda.

Araucária Transporte Coletivo Ltda.

CCD Transporte Coletivo S/A.

Auto Viação Marechal Ltda. - Auto Viação São José dos

Pinhais Ltda. Quadro 5 – Composição dos consórcios vencedores da licitação nº 005/2009

Fonte: Adaptado de URBS (2016)

O edital de licitação, por meio do anexo VI, assim como, os contratos firmados preveem a utilização de indicadores de qualidade, conforme viria a ser exigência do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, Lei nº 12.587/2012, à fim de estimular a produtividade e a qualidade na operação do sistema (CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA, 2008; BRASIL, 2012). Estes são divididos em: índice de cumprimento de viagens nas faixas horárias programadas, índice de satisfação dos usuários quanto ao estado dos veículos e conduta dos operadores, índice de interrupção de viagens por falhas de veículos em operação, índice de liberação de selo de vistoria e índice de autuações (URBS, 2010c).

Por conseguinte, a remuneração das empresas operadoras é uma composição de custos relativos à quilometragem realizada, incluindo o lucro, e bonificação pelo cumprimento dos indicadores de qualidade, podendo variar de 0 a 3% do total pago (URBS, 2010d). Os custos de operação considerados são referentes a custos variáveis, tais como, combustíveis, lubrificantes, rodagem e manutenção, custos de pessoal de operação e administração, incluindo benefícios e encargos sociais, amortização de veículos, instalações e equipamentos, rentabilidade, incluindo imposto de renda e contribuição social, e impostos e taxas (URBS, 2010e).

O cálculo da tarifa técnica do sistema segue metodologia estabelecida pela URBS em cooperação com a Prefeitura Municipal de Curitiba, tal como disposto no Quadro 6. O valor resulta da divisão do custo por quilometro médio total do sistema pelo índice de passageiros por km, IPK. Este é atualizado periodicamente por meio de índices de correção relacionados ao aumento nos valores de diesel, lubrificantes e componentes de rodagem, depreciação de peças e acessórios, rentabilidade, novos

acordos coletivos relativos a custos de pessoal e benefícios e novas relações de IPK (URBS, 2010d).

Composição dos Custos/km Composição do IPK (Média Mês)

Componente % Custo/km Passageiros Pagantes

Equivalentes 16.174.214,00 Custos Variáveis 22.52 Combustíveis e Lubrificação 15.87 1.2574 Quilometragem 8.137.085,54 Peças e Acessórios 4.57 0.1648 Rodagem 2.08 0.3621 IPK 1.99 Custos de Pessoal 53.23 3.0436

Custos de Administração 4.94 1.1728 Composição da Tarifa Técnica

Amortização 6.11 0.4837 Custos/km Totais R$ 7,92

Rentabilidade 12.25 0.9703 IPK 1.98 Impostos e Taxas 5.89 0.4663 TARIFA TÉCNICA (Fevereiro 2017) R$ 3.98 Descontos -4.95 -0.3917 Custos/km Totais 100.0 7.92

Quadro 6 – Composição da tarifa técnica vigente (Fevereiro 2017) Fonte: Adaptado de URBS (2017)

O serviço de transporte coletivo, em Curitiba, é pautado em 11 diretrizes, tais como, planejamento global da cidade, por meio de adequação racional do uso e ocupação do solo ao sistema viário básico, universalidade no atendimento, qualidade no serviço, envolvendo princípios de sustentabilidade, rapidez, conforto, regularidade, segurança, continuidade, modicidade tarifária, eficiência, atualidade tecnológica e acessibilidade, e a priorização do transporte coletivo sobre o individual (CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA, 2008; CÂMARA MUNICIPAL DE CURITIBA, 2008a).

A Rede Integrada de Transporte Coletivo de Curitiba permite ao usuário utilizar mais de um ônibus com a mesma tarifa. Até 2015, 13 das 25 cidades que compõe a região metropolitana também dispunham de integração físico tarifária de 73% de sua frota. A desintegração financeira marcou o fim de um convênio de 19 anos entre a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Paraná, no entanto a integração física do sistema continua (URBS, 2016d). Na capital, a integração acontece por meio de 21 terminais, equipamentos urbanos que permitem a conexão com as diversas linhas da RIT, 342 estações tubo e 6500 pontos de parada que permitem a operação de 250 linhas (Figura 8), que se subdividem em categorias de linhas com operação distinta (URBS, 2016e), tais como:

• Expresso Ligeirão: operada em canaletas exclusivas com número reduzido de paradas. Embarque e desembarque feito em nível em terminais e estações tubo;

• Expresso: ligam os terminais de integração ao centro da cidade por meio de canaletas exclusivas. Embarque e desembarque feito em nível em terminais e estações tubo;

• Linha Direta: paradas em média a cada três quilômetros, com embarque e desembarque feito em nível nas estações tubo. São linhas complementares das expressas e interbairros;

• Interbairros: operam ligando os bairros aos terminais sem passar pelo centro;

• Alimentador: conectam terminais aos bairros; • Troncal: ligam os terminais ao centro da cidade;

• Circular Centro: caracterizada como linha especial, atende os principais pontos atrativos da região central;

• Convencional: caracterizada como linha especial, liga os bairros ao centro, sem integração.

De forma resumida, a estrutura básica da RIT integra 93% dos corredores urbanos de Curitiba, possui 81 km de canaletas, vias ou faixas exclusivas que compõe os sistemas trinários de vias, embarque em nível com pagamento antecipado nas linhas expresso ligeirão, expresso e linhas diretas e deslocamento médio do usuário para acesso as linhas do sistema não superior a 500 m. O sistema transporta em média 1.510.000 passageiros por dia ao longo de 14.722 viagens e frota de 1.500 veículos - operante e reserva (URBS, 2017).

Figura 8 – Composição das linhas da Rede Integrada de Transportes (RIT) Fonte: URBS (2016f)

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS