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Easley e Kleinberg (2009) explicam que a informação que consumimos na Web tem uma estrutura semelhante à estrutura de uma rede.

Simplesmente a partir de seu aspecto visual, já podemos ver algo da complexidade que as estruturas da rede contêm. Geralmente é difícil resumir toda a rede de forma sucinta; Há peças que são mais ou menos densamente interligadas, às vezes com „núcleos‟ centrais que contém a maioria dos links, e às vezes com lacunas naturais em várias regiões fortemente ligadas. Os participantes da rede podem ser mais centrais ou mais periféricos; Podem expandir as fronteiras de diferentes regiões fortemente ligadas ou localizar- se no meio de uma. (2009, p.11)106

A organização da informação que usa a metáfora de rede constitui um princípio es- trutural crucial incorporado à Web, uma vez que concebe suas páginas como “teias” de pági- nas: ao escrever uma página, o produtor pode inserir um link em qualquer parte do documento para outra página da Web, permitindo que o leitor se mova diretamente de sua página para uma outra.

No sentido mais básico, uma rede é qualquer coleção de objetos em que al- guns pares destes objetos estão conectados por links. Esta definição é muito flexível: dependendo da configuração, muitas formas diferentes de relações ou conexões podem ser usadas para definir as ligações. Por causa dessa fle- xibilidade, é fácil encontrar redes em muitos domínios [...] (EASLEY e KLEINBERG, 2009, p.10)107.

O uso de uma estrutura de rede ressalta ainda a propriedade global da Web, uma vez que qualquer mantenedor de uma página da Web pode realçar um relacionamento com qual- quer outra página já existente, em qualquer lugar do mundo. “O conjunto de páginas da Web, assim, torna-se um gráfico, e na verdade, um grafo direcionado: os nós são as próprias pági- nas, e as arestas são os links que conduzem uma página à outra”108 (EASLEY e

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No original: “Simply from their visual appearance, we can already see some of the complexity that network structures contain. It is generally difficult to summarize the whole network succinctly; there are parts that are more or less densely interconnected, sometimes with central „cores‟ containing most of the links, and sometimes with natural splits into multiple tightly-linked regions. Participants in the network can be more central or more peripheral; they can straddle the boundaries of different tightly-linked regions or sit squarely in the middle of one”.

107 No original: “In the most basic sense, a network is any collection of objects in which some pairs of these

objects are connected by links. This definition is very flexible: depending on the setting, many different forms of relationships or connections can be used to define links. Because of this flexibility, it is easy to find networks in many domains, including the ones we‟ve just been discussing”.

KLEINBERG, 2009, p.385-386).

A decisão de usar essa metáfora de rede também não surgiu do nada, é uma aplicação de um estilo assistido por computador de autoria conhecida como hipertexto que tinha sido explorado e aperfeiçoado a partir de meados do século XX. A idéia motivadora por trás do hipertexto é substituir a tradicional estrutura linear do texto por uma estrutura de rede, em que qualquer parte do texto pode se conectar diretamente a qualquer outra parte - desta forma, relações lógicas no texto que são tradicionalmente implícitas tornam-se objetos de primeira classe, promovidos pelo uso de ligações explícitas. Em seus primeiros anos, o hipertexto era uma causa apaixonadamente defendida por um grupo relativamente pequeno de tecnólogos; a Web subsequentemente trouxe o hipertexto para uma audiência global, em uma escala que ninguém poderia ter previsto. (2009, p.385-386)109

Para além de tais noções sobre hipertextualidade, Landow (1995) e Leão (2001) dis- correm sobre duas estruturas hipertextuais distintas na Web e que podem incidir sobre os modos pelos quais nos orientamos na Rede: a primeira, denominada arborescente, é menos complexa e possui um eixo central, que funciona como um caule, em que as informações complementares encontram-se subordinadas a ele. Em estruturas como essas, os padrões hierárquicos que con- formam maior ou menor importância aos conteúdos encontram-se mais visíveis na maioria das vezes, uma vez que blocos de informações encontram-se subordinados a outros.

A segunda estrutura sistematizada por Landow (1995) e Leão (2001) é mais comple- xa, uma vez que remete-se à ideia de redes conectadas e de um rizoma, através do qual inexis- te um eixo central; as conexões que se estabelecem entre as lexias110 não respeitam nenhum tipo de hierarquia aparente na organização das informações, como mostra a figura 7 (LEÃO, 2001, p.60-61).

themselves, and the directed edges are the links that lead from one page to another”.

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“The decision to use this network metaphor also didn‟t arise out of thin air; it‟s an application of a computer- assisted style of authoring known as hypertext that had been explored and refined since the middle of the twentieth century. The motivating idea behind hypertext is to replace the traditional linear structure of text with a network structure, in which any portion of the text can link directly to any other part – in this way, logical relationships within the text that are traditionally implicit become first-class objects, foregrounded by the use of explicit links. In its early years, hypertext was a cause passionately advocated by a relatively small group of technologists; the Web subsequently brought hypertext to a global audience, at a scale that no one could have anticipated”.

110 Cada unidade de informação em um hipertexto é chamada de lexia. As diversas lexias sozinhas representam

Figura 6: Hipertexto em forma arborescente e estrutura em rede, segundo Leão (2001).

2.10 FRAGMENTAÇÃO, DIVERSIDADE DE FILTROS E PERSONALIZAÇÃO DA