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Nas províncias de Oriente se concentrou uma grande parte dos centrais açucareiros, os de propriedade norte-americana, responsáveis pelo grande incremento econômico que esta região vivenciou nas três primeiras décadas pós independência: o Central Boston, fundado em 1901 era de propriedade da United Fruit Company, estava localizado na região de Banes; o Central New Niquero, da New Niquero Sugar Co, fundado em 1884, pertencia a região de Manzanillo; central

Preston, propriedade da The Nipe Bay Co, fundado em 1904, localizava-se em Mayari.

Os barracões continuariam sendo as habitações destinadas pelas companhias açucareiras para alojar os imigrantes que chegavam a Cuba para trabalhar no corte da cana. A condição de vida desses trabalhadores nesses alojamentos não era muito diferente dos barracões onde viviam os escravos. Segundo Fernando Ortiz para os escravos o barracão auxiliou no processo de integração étnica dos grupos porque,

constituyó una vía fundamental para la integración de los más disímiles elementos africanos, ya que el principio colonialista consistió en integrar las dotaciones de indivíduos procedentes de comunidades étnicas diferentes, con el propósito de incomunicar a los esclavos, el modo de vida, el trabajo agotador, el régimen de castigos, la identidad de alimentación, ropa, vivienda y la actitud hostil hacia un explotador único generaron intereses comunes que devinieron idénticas ansias de libertad, en la adquisición de hábitos de grupo por encima de las costumbres tribales, a través del mestizaje biológico que rebasaba los limites impuestos por las estructuras familiares de sus lugares de origen, y en la resultante de un proceso de transculturación como síntese de la identidad ( ORTIZ, 1991, p. 234).

A convivência em um ambiente insalubre e inóspito, de certa forma promoveu a solidariedade entre os negros, foi assim com os escravos e também com os trabalhadores antilhanos do séc. XX, o barracão também foi um lugar de encontros, de novas relações. Nos barracões dos centrais modernos os negros originários de diversas ilhas do Caribe, também promoveram sua transculturação. A relação entre os negros nesses espaços e também nas plantações propriciou um encontro cultural bastante rico, como demonstra a impressão de Pablo González, trabalhador do Central Chaparra, ao descrever o trabalhador haitiano: “había muchos haitianos que vivian en el barracón. (...) La mayoría vivia en el barracón. Había unos cuarenta y picos de haitianos que mayormente iban a los cafetales y a la limpia de la caña. Los haitianos como vecinos eran muy unidos y se apiadaban mucho y eran muy educados. Todos nos llevabamos como família” (PABLO GONZÁLEZ,. ENTREVISTA CONCEDIDA À EQUIPE DE HISTORIADORES ORAIS DE CUBA.LAS TUNAS, ANO 1992).

Nas entrevistas, sem embargo, as pessoas testemunham a disposição da mulher das Antilhas Menores em enfrentar os trabalhos mais duros além dos serviços domésticos, dedicando-se muitas delas à limpeza da cana.

A forte presença da mulher em defesa de seu lar foi mostrada em uma das diversas descrições de atos de violência dos norte-americanos contra cubanos e imigrantes, principalmente jamaicanos e haitianos, no livro Conversación con el último norteamericano, o autor descreve a reação violenta de uma jamaicana contra o seu desalojamento: “apareció en la puerta del rancho con una lata de água hirviendo. Tenía su cara congestionada por la ira, y sus manos estaban aferradas a la lata con desesperación. Corrió hacia donde estaba Bullford para tirarle água...” (CIRULES, 1988, p. 222).

Nos depoimentos e bibliografia se pode observar também que a violência, os maus tratos e a falta de respeito humano provinham quase sempre da classe dominante. Os grupos de imigrantes buscavam a harmonia em suas relações sociais.

O documento explica que as pessoas que se dedicavam a ações ilícitas mudavam de nome e deslocavam-se pelas províncias para fugir de suas prisões. O caso da Sra. Elena Osório, por exemplo, foi acatado pela policia e seu processo de expulsão aprovado, pois sendo uma mulher de maus antecedentes, que “ocupava” a policia com seus delitos, possuia caracteres de um “elemento indesejável”, o que favoreceu, segundo as autoridades cubanas, a sua expulsão do país.

A construção das grandes fábricas não poderia ter sido realizada somente com o capital nacional, o que gera uma dependência econômica da nação cubana para com o capital norte-americano, maior investidor na indústria açucareira nas primeiras décadas do século XX.

Verdad es que muchos de esos centrales han sido hechos por compañias y capitales extranjeros, y que los intereses de esos capitales no se quedan en Cuba. Esto es sensible. Mejor hubiera sido que los hiciesen los que viven en el país pero sin esos capitales es indiscutible que esos bosques continuarían en su estado primitivo tantos siglos como han permanecido improductivos, pues no debe pensarse que nosotros hubiésemos podido levantar esos colosos (Diário de La Marina, janeiro de 1916).

A relação indústria açucareira/migração também é questionada no jornal Diário de la Marina, como podemos ver neste outro artigo do mesmo ano. O Sr. D. Pedro Rodríguez, diz “es indudable que toda nación incipiente necesita, para alcanzar el máximum de su desarrollo, estos dos factores capital e inmigración, y no se concibe la segunda sin el primero”. D. Pedro Rodríguez ressalta os avanços que

a indústria açucareira atrai para o país, conseqüência dos investimentos e do fomento tecnológico, essenciais segundo ele, para o crescimento da nação.

Con la afluencia del capital surgen las vías de comunicación y con ellas la densidad de población, base indispensable para el aumento de valor de la propiedad, o sea la riqueza pública. Esta, a su vez, brinda al inmigrante ancho campo para cubrir sus necesidades y mejorar su condición, y si se ve respetado y garantizado por las sabias constituciones de pueblos libres y democráticos, se siente feliz y arraiga, con verdadero amor, a su nueva nacionalidad.

Las pequeñas Repúblicas de poca densidad de población, como la nuestra se convertirían a la vuelta de pocos años, en fuertes y prósperas nacionalidades si al capital extranjero se le ayuda con una corriente de inmigración bien encauzada y se le garantizan los benefícios de una paz ininterrumpida (Diário de La Marina, janeiro de 1916).

O jornal El Pueblo, de Banes, también se manifestou sobre a situação dos trabalhadores e no número de 15 de maio de 1928 em sua primeira página dizia,

En Oriente y Camaguey es donde único los cubanos se dedican a otras labores después que llegan los haitianos, pues generalmente durante el primer mes son los cubanos los que cortan. Ejemplo Banes donde se calcula que anualmente mil cubanos abren los cortes y hacen la tarea de 3.000 haitianos. Cuando éstos llegan y unos jornales irrisórios son pagados, entonces la mayoría de aquellos abandonan los cortes.

Los haitianos durante su permanencia en Cuba se alimentan de frijoles y boniatos sembrados en las carreteras por las empresas y por tanto apenas gastan nada y cuando tienen que emplear algún dinero se ven obligados a comprar en el barracón del latifundio azucarero, barracón que vende de todo y no paga las contribuciones correspondientes. (El Pueblo, 15 de maio de 1928)

O jornal era porta-voz dos comerciantes da região de Banes, a quem os trabalhadores não ofereciam lucro. Os antilhanos não eram consumidores dos produtos oferecidos no comércio local, pois eram obrigados como vimos a consumir os produtos vendidos no próprio central, por essa razão os comerciantes se opunham a sua presença. As razões dos opositores à presença dos antilhanos, portanto, partem de várias vertentes; destaca a questão racial por ser esse o discurso hegemônico, mas questões particulares à localidade como o comércio também são utilizadas contra os imigrantes, ao dizerem que eles não contribuíam para o seu desenvolvimento.

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