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Os administradores de alguns centrais também eram denunciados por maus tratos, como indica a comunicação entre o administrador do Central Palma, da Palma Soriano Sugar Company e o Sr. Guillermo F. Mascaro, Governador de Oriente, em que diz que os agentes dos trabalhadores deste central que conduziam os trabalhadores para o corte de cana desde Santiago de Cuba até suas instalações eram molestados por elementos que permaneciam na estação, fazendo uma propaganda infame, caluniosa e cruel, de que os trabalhadores deste central eram mal tratados, e a polícia conhecendo essas notícias não efetuava a detenção dos indivíduos responsáveis, contribuindo pela sua inatividade para o agravamento da situação entre trabalhadores antilhanos e autoridades responsáveis pela segurança nos centrais (ARCHIVO PROVINCIAL DE SANTIAGO DE CUBA, AÑO 1920, LEG.307, SIG.18).

Outra comunicação referente ao Central Tacajó, situado em San Gerónimo, Termino Municipal de Holguin, escrita pelo presidente do Grêmio de Metalúrgicos Antonio Mayo ao Governador Provincial de Santiago de Cuba, revela uma outra situação que contribuía para o agravamento da situação dos trabalhadores antilhanos quando terminava a safra que era a falta do pagamento

dos trabalhadores referentes à quinzena, alegando não ter dinheiro para cumprir com o compromisso.

As autoridades cubanas além de ter que resolver a situação dos trabalhadores que se encontravam sem emprego e vagando pela cidade como explicamos acima, tinham também que atuar junto às empresas que desrespeitavam o contrato negando-se a pagar os salários.

Em comunicação do dia 30 de junho de 1921 o Manager do Central Tacajó se dirige ao Sr. Don Angel San Nicolás, Alcalde do Barrio San Gerónimo, e esclarece o motivo pelo qual não havia pago os empregados. Em sua justificativa o gerente do central diz que o motivo teria sido o fato de a Diretiva resolver paralizar a safra por motivo de não poder vender seus açúcares e assim reunir os fundos necessários para cumprir o compromisso com os trabalhadores. Por não poder vender o açúcar produzido, tornou-se impossível para o central liquidar imediatamente todos os salários devidos (ARCHIVO PROVINCIAL DE SANTIAGO DE CUBA,

AÑO 1920, LEG.307, SIG.18).

Outra forma das empresas explorarem os trabalhadores era manter dentro de suas colônias casas de jogos, onde eles deixavam boa parte de seus dividendos. Essa ação das empresas também foi denunciada às autoridades cubanas como podemos verificar nesta carta do Secretario de Gobernación ao Governador Provincial de Oriente,

Con caracter devolutivo, me complazco en adjuntarle el escrito dirigido a este Centro, por José Ordoñéz, en queja contra el Administrador del Central Manati, que sólo da entrada como trabajador en el departamento de Ferrocarriles, al ciudadano español. Que en sus cortes de caña no se facilita comida al obrero hasta que no cargue una carreta, siendo la comida mala y por valor de 60 centavos, que en sus Colonias La Blanca, La Vega, Camalote, Maria Luisa, Santa Teresa, Las Mercedes, Entronque Manati, Juan Simon, Marino y Blas Pérez, existen casas de juego, y que en esas colonias se explota a las mujeres, a unas por su voluntad y a otras obligadas (ARCHIVO PROVINCIAL DE SANTIAGO DE CUBA, AÑO 1920, LEG307, SIG.18).

Algumas mulheres haitianas segundo o Sr. Rafael Cedeño dedicavam-se à prostituição,

En aquella época habían muchas casas de prostitutas que se dedicaban a los negócios que llegaban y ellos compartían con ella y gastaban. En los lugares esos habían haitianas bonitas, yo conocí una en Elia, que esa mujer era linda, linda, de perfil fino, no le envidiaba nada a una mujer blanca, todo el mundo tenía que ser con ella, vivia en una colonia por allá y por aqui por los números en la memória sabía porque estudió, también

ellos son inteligentes, si, el haitiano que vino chiquito aqui y que se crió entre nosotros se ocupaba de estudiar ( RAFAEL CEDEÑO. ENTREVISTA CONCEDIDA À OLGA CABRERA. PROVÍNCIA DE GRANMA.16 DE MAIO DE 1995) .

Outra denuncia sobre a forma que as empresas criavam para burlar o pagamento dos trabalhadores é descrita em carta ao Sr. Secretario de Gobernación de data de 20 de outubro de 1923. Segundo a carta,

se reciben denuncias de jornaleros de algunos ingenios sobre la existencia en circulación de vales y fichas en ‘caracter de signos representativos de la moneda’ que se dan en pagos de jornales y para adquirir mercancias en los establecimientos de los bateyes, llegando en algunos casos, a circular esos documentos en los establecimientos de poblaciones cercanas de esos núcleos industriales, contraviniendo con lo dispuesto en la Ley de 23 de julio de 1909 (ARCHIVO PRONVINCIAL DE SANTIAGO DE CUBA, AÑO 1920, LEG.307, SIG. 18).

Em resposta à carta o Sr Governador da Província de Santiago encaminha uma outra ao Alcalde Municipal, no mesmo dia em que pede uma enérgica e constante vigilância sobre a circulação desses papéis, terminantemente e expressamente proibidos pela Lei de 23 de julho de 1909 (Lei Arteaga)44, que destaca ademais a autoridade judicial em que cada caso deve dar conta dessas infrações e das penalidades correspondentes.

La emisión de vales y fichas para pago de jornales o en calidad de adelantos o préstamos a los trabajadores además de estar prohibida no está justificada en la actualidad por alguna razón, ya que es notorio el hecho de abundar la moneda de todas las denominaciones y especies y especialmente la fraccionaria, a extremo tal, que las instituciones bancarias gestionan constantemente de esta Secretaría se le descongestione del exceso que conservan en sus cajas, siendo la circulación de esos vales en algunas localidades, el motivo por el cual se estanca el cauce de la moneda legal del cuño nacional, con notable prejuicio para el prestigio de que debe conservarse permanentemente investida ésta y con las consecuencias inmorales de orden económico, de que protestan los jornaleros de las fincas azucareras que sostienen esta práctica ilegal y viciosa. En cada caso que a este Departamento llegan esas denuncias, son trasladadas a la Secretaría de Justicia para el curso correspondiente; pero ya parecido conveniente recabar de esa Secretaría de Justicia para la cooperación necesaria, por medio de los Sres. Gobernadores Provinciales, los Alcaldes Municipales, y demás funcionários dependientes de su autoridad, para los fines de acabar con esa práctica perturbadora de la circulación monetaria, mediante la aplicación de la Ley de 23 de Julio antes citada, que facilita los medios legales y rápidos para ello (ARCHIVO PROVINCIAL DE SANTIAGO DE CUBA, LEG. 307, SIG.18).

44 A lei contra os vales foi aprovada pelo Congesso e sancionada pelo Presidente José Miguel Gómez: “(...) Queda prohibida la emisión en pago de jornales, sueldos o cualquier otra obligación, de vales, chapa, fichas metálicas o de cualquier otra clase que tengan el carácter de signos

A denuncia foi informada a todos os representantes legais da província de Santiago de Cuba pelo Governador, para que tomassem providências e liquidassem com tal prática dentro dos centrais, proibida pela lei já citada. O Alcalde Municipal em 3 de novembro de 1923 dirige-se ao Governador Provincial informando ter recebido a circular de número 80, enviada no dia 13 de outubro de 1923 a todos os representantes do governo nas provincias que mediante a constatação de tais fatos caberia aos Governadores, Alcades Municipais e demais funcionários dependentes da Secretaria acabar com a prática denunciada pelos trabalhadores.

As companhias se esquivavam de tais acusações e as autoridades buscavam, segundo demonstra a correspondência trocada entre as autoridades governamentais, esclarecer tais fatos e acabar com a circulação de uma moeda criada dentro das companhias para burlar direitos dos trabalhadores. Essa prática demonstra que dentro dos centrais existiam outras regras que se sobrepunham às leis que regiam o sistema de convivência dos trabalhadores com a administração das empresas.

As regras criadas dentro dos centrais como vemos, formalizava um estado de dependência econômica do trabalhador para com os centrais, pois tendo que comprar o que era vendido pelos comerciantes dos bateyes por preços mais altos do que o do comércio o trabalhador deixava o que ganhava nos armazéns que funcionavam dentro dos centrais e ainda ficava devedor, isso gerava um ciclo de dependência do qual não conseguia se desvencilhar.

Na verdade essa era uma prática que envolvia os trabalhadores independentemente de suas nacionalidades. No caso dos haitianos que viviam no campo, mantinham suas criações de onde tiravam sua subsistência; essa prática do haitiano era louvada pelos outros trabalhadores que admiravam a capacidade que eles tinham para viver do pouco que possuíam.

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