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4. Realização da Prática Profissional

4.7 Importância da Observação

A observação tem um papel fulcral no processo de ensino e da aprendizagem, uma vez que permite melhorar a sua qualidade.

Para Damas e Ketele (1985, p. 11) a observação é “um processo cuja função imediata, consiste em recolher informações sobre o objecto tomado em consideração.”

No EP, uma das funções do professor estagiário é “observar aulas regidas pelo professor cooperante e pelos colegas estagiários” (Matos, 2014, p. 7). Assim sendo, realizei dez observações formais a cada professor estagiário, perfazendo um total de trinta observações. Cada observação tinha um objetivo e este era definido pelo PC na reunião do NE, às quartas-feiras.

De acordo com Piéron (1999, p. 33) “a observação constitui um método de compilação de dados destinados a representar fielmente a realidade” sendo necessário a realização dos registos das observações efetuadas. Desta forma, foi elaborada uma ficha de registo (Anexo 4) para recolher as informações das primeiras observações.

No 1º período as observações tinham como objetivo analisar o controlo e a confiança do professor estagiário no momento da sua prática pedagógica.

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“No decorrer da aula foi notório que o meu colega XXX, deslocava-se pelo espaço e dava alguns feedbacks de forma a ajudar os alunos. Quando este estava a ajudar algum grupo, não adotava a melhor postura pois ficava de costas para os restantes elementos da turma.”

(Reflexão da aula observada número 1)

“Tendo em conta que a turma está controlada, a próxima preocupação do meu colega estagiário recai na escolha dos exercícios de modo a tornar as aulas mais ricas.”

(Reflexão da aula observada número 2)

No 2º período, o objetivo das observações era analisar o tempo útil da aula e o tempo de empenhamento motor de um aluno da turma , através de um cronómetro e uma ficha de registo (anexo 5). Fruto destas observações pude conhecer outras estratégias de rentabilizar o tempo de aula.

“Esta observação teve como objetivo determinar o tempo de empenhamento motor de um aluno que fosse uma possível referência (21’50’’). Para uma aula de 85 minutos, considero que este tempo foi reduzido. As principais causas deste valor foram as seguintes: Tempo de instrução foi longo, aluno demorou a iniciar as tarefas propostas e no torneio o aluno só jogou duas vezes, mostrando pouca motivação.”

(Excerto da reflexão da aula observada nº5)

“Esta observação teve como objetivo determinar o tempo de empenhamento da turma (26’). Considero o tempo muito positivo para uma com tempo útil de 35 minutos. O facto de os alunos estarem sempre em atividade influenciou pela positiva o tempo de empenhamento motor, para além disso demonstra que estão motivados e empenhados nas tarefas propostas pelo meu colega estagiário.”

(Excerto da reflexão da aula observada nº8)

No 3º Período, as observações tinham como objetivo analisar a transmissão de informação do professor estagiário. Esta observação foi realizada através de uma ficha de registo (anexo 6).

“Uma vez que os alunos já conheciam os exercícios, o tempo de instrução foi curto, porém durante as tarefas de aprendizagem o professor utilizou feedbacks corretivos .

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“Em relação aos feedbacks, o meu colega XXX poderia ter dado mais feedbacks, pois tendo em conta que os alunos tiveram poucas aulas de ginástica de aparelhos (3) cometiam alguns erros de execução. Relativamente à instrução, esta foi destinada à organização da aula.

(Excerto da Reflexão da aula observada número 10)

O facto de ter ido observar aulas dos restantes membros do NE foram uma mais valia para a minha evolução enquanto professora, pois para além de me permitir conhecer diferentes métodos, estratégias e estilos de ensino, tornou possível tomar consciência que através destes se obtinha o sucesso desejado e se seria possível a reprodução nas minhas turmas.

Ao longo do ano letivo, para além da observação das aulas dos meus colegas do NE, também fui observar as aulas do PC e de outros professores de EF da escola.

No que toca às minhas aulas, estas também foram observadas pelo NE, permitindo-me assim identificar lacunas e aspetos de possível melhoria. Os primeiros feedbacks recebidos por parte do NE, após as primeiras observações, permitiram-me perceber que um dos aspetos a melhorar seria o controlo da turma.

“No que diz respeito ao controlo ativo, é de referir que a professora “cresceu”, sendo que inicialmente assumiu uma posição em que apenas controlava os alunos através da sua visão, e acabando a aula por se deslocar por todo o espaço motivando e verificando o nível de desempenhos dos alunos. (..) desta forma, os alunos puderam cumprir com a tarefa e a professora mostrou que também possui um bom nível para desempenhar uma função num esquema. (..). Durante o primeiro exercício, condição física, a professora adotou uma posição de controlo da turma colocando-se numa das esquinas da sala, tendo desta forma todos os alunos no seu campo visual.”

(Reflexão de um colega do NE em relação à minha aula, dia 03/11/ 16)

“A aula decorreu dentro da normalidade, porém foi visível em alguns momentos da aula que a professora não tinha o total controlo da turma. (..) durante os momentos de instruções, os alunos encontravam-se eufóricos, perturbando a prestação da professora.”

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No que diz respeito às observações do segundo período, estas tinham como objetivo analisar o tempo de empenhamento motor da minha turma. Com base nestas observações verifiquei que estava a adotar estratégias que promoviam um bom tempo de empenhamento motor dos alunos nas tarefas.

“Devido ao método adotado pela professora para instruir os alunos, ou seja, de forma individual nas equipas, permitiu que a generalidade da turma se encontrasse durante bastante tempo em empenhamento motor.”

(Reflexão de um colega do NE em relação à minha aula, dia 12 de janeiro de 2017)

“Os alunos estiveram a maior parte do tempo de aula em empenhamento motor, sendo que a estratégia utilizada nesta aula pela professora surtiu efeitos positivos nos alunos, pois estes estavam empenhados na tarefa.”

(Reflexão de um colega do NE em relação à minha aula, dia 7 de março de 2017)

Quanto às observações do terceiro período, o aspeto menos positivo esteve relacionado com a qualidade/quantidade de informação nas situações de aprendizagem na modalidade de basquetebol. Contudo, este aspeto foi melhorado de aula para aula. Através do estudo da modalidade e da observação das aulas dos restantes professores estagiários, que também estavam a lecionar basquetebol, consegui melhorar a qualidade de instrução.

Em sumas estas observações foram bastante importantes e tiveram uma influência direta na minha evolução como docente. A constante presença dos elementos que integram o NE nas aulas permitiu que houvesse uma partilha de informações, de conhecimentos que muito ajudaram a melhorar o meu desempenho. Outro aspeto positivo da observação das aulas foi a possibilidade de conhecer outras metodologias de trabalho e estilos de ensino.

Tendo em conta que o ensino é um processo aberto e o professor deve estar em constante aprendizagem a observação é um método que possibilita a aquisição de novos conhecimentos e estratégias.

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4.8 Importância da Reflexão

“Ser reflexivo é uma maneira de ser professor.”

(Zeichner, 1993, p. 8)

A reflexão é um processo mental que surge quando se analisa, mais aprofundadamente, as ações que já aconteceram, permitindo identificar os aspetos que podem ser melhorados. A reflexão é fundamental na profissão docente porque proporciona a oportunidade de melhorar a atuação do professor. Para Dewey (1933) a reflexão surge do confronto que o professor tem com situações problemáticas. Para além de ajudar a resolver os problemas que se apresentam no dia-dia, proporciona que o docente se torne mais autónomo e consciente da sua prática (Zeichner & Liston, 1996).

Segundo Alarcão (1996, p. 180) o professor “pode refletir sobre o conteúdo que ensina, a sua competência pedagógico-didática, a legitimidade dos métodos que emprega, as finalidades do ensino e da disciplina”. Após essa reflexão o docente deve questionar-se sobre o que tem de modificar para melhorar o processo de ensino e aprendizagem (Smith, 1989).

De acordo com Schön (1987) existem três tipos de reflexão: a reflexão na ação, a reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a reflexão na ação. Enquanto a reflexão na ação acontece durante a prática, a reflexão sobre ação ocorre depois da prática. A reflexão sobre a reflexão na ação é a que mais promove o desenvolvimento pessoal e profissional do professor. Esta consiste em refletir no que aconteceu, no que se observou e qual o motivo que podemos atribuir para o que aconteceu.

Assim sendo, ao longo ano letivo, elaborei diferentes tipos de reflexão. No início do EP, esta foi umas das tarefas que tive mais dificuldade porque não tinha o hábito de as realizar e, por esse facto, no primeiro período, as reflexões foram, sobretudo, descritivas - limitava-me a descrever apenas a aula. No decorrer do EP, o PC foi-me dando feedbacks de modo a melhorar as reflexões, passando do descritivo para o interpretativo.

“O facto de montar os campos antes de os alunos chegarem ao pavilhão, proporciona que durante o aquecimento esteja atenta à exercitação dos discentes. Outra preocupação que tenho tido é antes de iniciar a aula dividir os alunos por equipas e

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coloca-los em cada campo, esta estratégia facilita toda a organização e gestão da aula.”

(Reflexão da aula nº 62 e 63, dia, 8/03/2017, turma 5º ano)

“Tendo em conta que na última aula de basquetebol, ocorreram algumas falhas em relação aos feedbacks, decidi por começar a parte fundamental através de uma revisão/exercitação dos conteúdos anteriormente lecionados.”

(Reflexão da aula nº 74 e 75, dia 30/03/17, turma 11º ano)

Nas reflexões efetuadas, diariamente, procurava realizar “o filme “completo da aula, analisando tanto as situações que corriam mal como as que corriam bem e, desta forma, fui percebendo o que podia e o que não podia fazer, o que resultava e o que não resultava. Assim, posso concluir que as reflexões também me ajudaram a evoluir e a construir a minha identidade profissional.

Em suma é fundamental que o professor seja reflexivo pois, para além de o ajudar a reformular as ações que não tiveram êxito, proporciona que este desenvolva tanto a nível profissional como pessoal uma evolução significativa e a melhoria do processo de aprendizagem dos alunos.

“(..) A reflexão pode potenciar a transformação que se deseja” (Oliveira & Serrazina, 2002, p. 12).

4.9 Avaliação

A avaliação é uma das tarefas a realizar pelo professor e tem como objetivo obter informação sobre o desempenho dos alunos e o processo ensino (Arends, 1997). Existem várias formas de recolha de informação, podendo ser através da observação e da realização de testes escritos. Na ESFV, o grupo de EF, decidiu utilizar o teste escrito como método para recolher informação e avaliar a parte cognitiva do aluno. A avaliação não é só utilizada para recolher informação, mas pode servir também para atribuir um valor ao desempenho do discente. Para vários autores a atribuição de um valor ao aluno é uma tarefa difícil, pois depende da capacidade de observação e interpretação do professor.

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De acordo com Matos (2014, p. 5), a avaliação deve ser entendida “como um regulador e promotor da qualidade do ensino e da aprendizagem”. Desta forma, o professor deve utilizar a avaliação como um instrumento que permite melhorar a eficácia e qualidade do ensino através dos resultados obtidos por parte dos alunos. Ou seja, caso os resultados dos alunos não vão ao encontro dos objetivos traçados pelo professor, este deve repensar sobre os métodos utilizados no processo de ensino e aprendizagem.

Para Freire (1989, p. 201) “a avaliação é um processo contínuo”, o professor no momento da atribuição de uma classificação não se deve focar unicamente num momento, mas sim num conjunto de momentos. Desta forma, ao longo do EP, recorri a três diferentes momentos da avaliação: a AD, a Avaliação Formativa (AF) e a Avaliação Sumativa (AS).

4.9.1 Avaliação Diagnóstica

Esta avaliação, foi realizada, no início de cada unidade didática, com o objetivo de perceber quais os conhecimentos, as capacidades e as dificuldades dos alunos da turma. AD “fornece a informação adequada, permitindo tomar as decisões necessárias e ajustadas às capacidades dos aluno” (Gonçalves et al., 2010, p. 47). A partir desta, o professor verifica se o discente tem algum conhecimento antes de iniciar o processo de ensino. Assim sendo, é partir da AD que o professor elabora o planeamento da unidade didática. Desta forma, ao longo do ano letivo , recorri a esta avaliação para que as aulas fossem ao encontro da necessidade dos alunos. Porém, nas modalidades de dança e basquetebol não foi realizado AD pelo facto de serem unidades didáticas curtas assumi ndo que os alunos se encontravam no nível introdutório. Foi decidido pelo grupo de professores de EF que nas restantes modalidades (andebol, ginástica acrobática, voleibol e ginástica de aparelhos) a AD seria feita, no início do ano letivo, mais concretamente nas três primeiras semanas de aulas.

“A aula nº 4 e nº5 destinou-se a avaliação diagnóstica de ginástica acrobática. Nesta aula, os alunos foram distribuídos por três estações, estando em cada estação oito alunos. Na primeira parte da aula, os alunos tiveram oportunidade de treinar as figuras que iam ser alvo de avaliação.

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“Tendo em conta que vou abordar no 1º período a modalidade de andebol, esta aula destinou-se à avaliação diagnóstica da modalidade. Visto que ainda não sei os números de alguns alunos, para não haver enganos na avaliação decidi imprimir os números dos alunos e prendê-los com um alfinete ao respetivo aluno.”

(Reflexão da aula nº 7 e 8, dia 29/09/16, turma do 11º ano)

Inicialmente, este processo revelou-se uma tarefa difícil de concretizar atendendo a ter, em simultâneo, que observar e avaliar vários critérios, num curto período de tempo. Com base nestes erros, as avaliações, realizadas na Escola Básica Pêro Vaz de Caminha, correram melhor pois fui mais objetiva no que pretendia avaliar, diminuindo desta forma o número de critérios, selecionando apenas os que considerava mais importantes na execução da habilidade motora.

Para finalizar, concluo ainda que, na realização da AD, é fundamental que o professor conheça a grelha de avaliação bem como os conteúdos que pretende avaliar de modo a facilitar este processo.

4.9.2 Avaliação Formativa

A AF permite fazer um ponto da situação sobre o desempenho do aluno e sobre o processo de ensino do professor (Abrecht, 1994). Com base nesta avaliação, o professor verifica quais as ap rendizagens que estão a ser bem sucedidas e as que se revelam com mais dificuldades para os alunos, proporcionando assim, a possibilidade de melhorar o processo de ensino (Aranha, 2004). A AF “permite ao professor adaptar as suas tarefas de aprendizagem, introduzindo alterações que possibilitem uma maior adequação das mesmas” (Gonçalves et al., 2010, p. 53).

O professor é o principal responsável para encontrar estratégias para que esta avaliação esteja presente nas suas aulas (Fernandes, 2009). Durante o EP, esta avaliação esteve presente de uma forma contínua, através da observação, anotações e reflexões diárias das aulas, como também das reflexões das unidades didáticas. Todos estes instrumentos foram fundamentais, permitindo reajustar e modificar estratégias e metodologias que não estavam a surtir o efeito desejado.

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“Uma vez que esta coreografia não está a motivar os alunos, de modo a que estes tenham sucesso na avaliação de dança, vou alterar o processo de ensino.

(Reflexão da aula nº 58, dia 21/02/17, turma do 11º ano)

“Tendo em conta que o meu principal objetivo era ter a turma controlada, apliquei a mesma estratégia que utilizei no ensino do andebol, dividir a turma em grupos de trabalho e nos momentos de instrução como de transição estes eram feitos de forma individual (grupo a grupo). (..) relativamente aos conteúdos, estes foram abordados seguindo o planeamento. Para o ensino destes, recorri às aulas de voleibol do ano passado na FADEUP como também ao livro adotado pela escola. No que diz respeito às categorias transdisciplinares, a cultura desportiva e a fisiologia e condição física e aos conceitos psicossociais, estiveram presentes ao longo da UT.”

(Reflexão da Unidade Temática de Voleibol)

Em suma, a AF permite melhorar não só a prática educativa dos docentes como também os resultados do aluno. No entanto, é fundamental que o professor, ao longo das aulas, dê informações ao aluno sobre o seu desempenho para que este consiga melhorar continuamente o seu desempenho.

4.9.3 Avaliação Sumativa

A AS consiste no balanço do processo de aprendizagem do aluno. Esta avaliação tem em conta os conhecimentos, as competências, as capacidades e as atitudes do aluno. Através desta, o professor pode comparar os resultados obtidos na AD, de modo a verificar a evolução do aluno e decidir alterar as metodologias e recursos utilizados com o objetivo de melhorar o rendimento do aluno.

Segundo Vickers (1990) a AS acontece no final de uma unidade didáticas ou de um período, e tem a finalidade analisar a evolução do aluno face aos objetivos definidos, como também analisar as metodologias e estratégias utilizadas pelo professor.

Ao longo do EP realizei esta avaliação em todas as modalidades. Uma vez que a minha turma residente era do ensino secundário as classificações atribuídas aos alunos foram quantitativas e compreendidas numa escala de 0 a 20 valores.

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Para realizar a AS de cada modalidade, foi necessário construir uma grelha de avaliação, elaborada em conjunto com os restantes membros do NE e com base nos objetivos estabelecidos para cada modalidade.

Relativamente às modalidades coletivas os desempenhos foram avaliados em situações de jogo pois, como mencionam Mesquita e Graça ( 2011), o professor deve privilegiar a competição, pois este é o melhor método para avaliar o aluno. No que diz respeito às modalidades de dança, ginástica acrobática e ginástica de aparelhos foi utilizado o registo vídeo das aulas e os momentos de AS.

Em relação à modalidade de dança os alunos foram divididos em grupos e tiveram de criar uma coreografia, com duração de um minuto e cinquenta segundos, sobre o tema “Publicidade”. Na ginástica acrobática, com base nas figuras aprendidas, os alunos tiveram de criar um esquema, com duração de um minuto e cinquenta segundos. Por fim, na ginástica de aparelhos os alunos foram avaliados na execução das determinantes técnicas dos saltos no minitrampolim e nos saltos no boque. Destaco ainda que estas avaliações foram realizadas a partir de critérios definidos pelo NE de modo a avaliar as execuções e o conhecimento individual sobre cada uma das modalidades abordadas.

Inicialmente, foram sentidas dificuldades em converter o desempenho dos alunos numa classificação quantitativa. De modo a ultrapassar esta dificuldade bem como o receio de não estar a ser justa, a opinião associada a um maior conhecimento e experiência do PC revelou-se fundamental. Assim, no final da AS o PC emitia o feedback auxiliando-me a tomar a decisão mais acertada e justa.

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5. Participação na Escola e Relação com a