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4. Realização da Prática Profissional

4.3 Planeamento

Para Bento (2003, p. 8), o planeamento significa “uma reflexão pormenorizada acerca da direção e do controlo do processo de ensino numa determinada disciplina”. Para que o processo de ensino e aprendizagem se desenvolva o professor deve planear as suas aulas de acordo com as

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indicações gerais e centrais do processo educativo, devendo estas indicações ser adaptadas à realidade de cada contexto escolar. Visto que o processo de ensino tem momentos e situações inesperadas é fundamental que o professor esteja ciente que o planeamento é apenas um instrumento de preparação do ensino e que, face a situações imprevistas, o professor tem de ter capacidade de reagir e adaptar-se às novas situações.

No EP, o planeamento foi uma das tarefas mais importantes permiti ndo organizar e orientar todo o processo de ensino. De acordo com (Bento, 2003) existem diferentes níveis de planeamento: planeamento a nual, planeamento das unidades didáticas e planeamento de aula.

4.3.1 Planeamento anual

Segundo Bento (2003), na elaboração do planeame nto anual é necessário ter em conta as decisões do grupo de EF. Assim, no início do ano letivo, foi realizado uma reunião com o grupo de EF, onde ficou estabelecido os conteúdos a lecionar nos diferentes anos bem como a rotação dos espaços para a sua lecionação.

Foram lecionadas as seguintes modalidades: no 1º período ginástica acrobática e andebol; no 2º período voleibol e dança; e no 3º período basquetebol e ginástica. Os desportos coletivos, exceto o voleibol, foram lecionados no E3, a dança e a ginástica acrobática no E2 e o voleibol e ginástica de aparelhos no E1. Ao longo do ano letivo, a aptidão física também esteve presente e foi alvo de avaliação/monitorização em cada um dos períodos. Desta forma, foi necessário dedicar a parte inicial das aulas de cem minutos ao desenvolvimento da força, através de um circuito de treino funcional e ao desenvolvimento da capacidade aeróbia, através do Teste de Cooper.

Na reunião de grupo de EF, ficou também definido que as dez primeiras aulas do 1º período fossem dedicadas às Avaliações Diagnósticas (AD) de algumas modalidades. Esta avaliação revelou-se importante pois permitiu conhecer o nível de desempenho dos alunos, constituindo um fator vantajoso para elaboração do Modelos de Estrutura do Conhecimento (MEC) e para a elaboração dos planos de aula.

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Como afirma Quina (2009) o planeamento anual deve ser modificado sempre que se revelar necessário. De facto, o planeamento anual (anexo 2) apesar de ser um instrumento bastante útil na organização e na preparação das aulas, sofreu, ao longo do ano letivo, alguns reajustes em resultado de imprevistos, nomeadamente alterações das condições climatéricas.

4.3.2 Planeamento das Unidades Didáticas

Para Bento (2003, p. 60) “o planeamento a este nível procura garantir, sobretudo, a sequência lógica-específica e metodológica da matéria e organizar as atividades do professor e dos alunos por meio da regulação e da orientação da ação pedagógica, endereçando às diferentes aulas um contributo visível e sensível para o desenvolvimento dos alunos”.

Foi a partir do MEC, criado por Vickers, que foi elaborado todo o planeamento das unidades didáticas. Este modelo permite ligar o conhecimento de uma matéria, de forma estruturada, a metodologias e estratégias de forma a obter um bom ensino (Vickers, 1990).

O MEC é constituído por três fases: a de análise (módulos 1, 2 e 3), a das decisões (módulos 4,5,6 e 7) e a de aplicação (módulo 8).

 Módulo 1 – Análise da modalidade desportiva é realizado uma análise da modalidade com base nas quatro categorias transdisciplinares (cultura desportiva, habilidades motoras, conceitos psicossociais e fisiologia).

 Módulo 2 – Análise das condições de aprendizagem/envolvimento tem como objetivo principal dar a conhecer o ambiente em que o professor está inserido. Este Permite conhecer os recursos espaciais, temporais e materiais que o professor tem para lecionar a modalidade

 Módulo 3 – Análise dos alunos tem como objetivo caraterizar os alunos em função do desempenho que estes tiveram na AD, sendo fundamental para avaliar o nível da turma (intermédio, elementar ou avançado) e assim estruturar as aulas de acordo com o nível.

 Módulo 4 – Extensão e sequência dos conteúdos tem como objetivo determinar quais os conteúdos a lecionar e qual a sua extensão e sequência.

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 Módulo 5 – Definição dos objetivos cada um dos domínios (motor, cognitivo e socio afetivo)

 Módulo 6 – Configuração da avaliação tem como objetivo definir a avaliação dos alunos, com base nas habilidades motoras lecionadas e os critérios de avaliação utilizados.

 Módulo 7 – Desenho das atividades de aprendizagem/progressões é constituído por situações de aprendizagem que visam desenvolver a capacidade de aprendizagem dos alunos.

 Módulo 8 – Aplicação consiste na utilização dos planeamentos em contexto de aula.

4.3.3 Planeamento das aulas

No decorrer deste ano letivo, foram lecionadas noventa e seis aulas no 11º ano, trinta e oito aulas no 5º ano e dezanove aulas no 2º ano. Todas estas aulas exigiram de mim uma preparação prévia de modo atingir os objetivos pretendidos. Segundo Bento (2003, p. 103) “Antes de entrar na aula o professor tem já um projeto da forma como ela deve decorrer, uma imagem estruturada”. Desta forma, o plano de aula (anexo 3) foi a ferramenta que me ajudou a delinear as aulas. O facto de aulas estarem planeadas ajudou-me, na maioria das vezes, a tomar decisões corretas nos momentos de lecionação. Para elaboração do planeamento das aulas, recorri sempre ao planeamento anual e à unidade didática O facto de estes estarem bem elaborados ajudaram-me na tomada de decisão dos conteúdos, estratégias e objetivos que pretendia atingir em de cada aula. Para além disso, a reflexão da aula, o diálogo com o PC e com o NE ajudaram-me a melhorar a qualidade do plano de aula.

Relativamente à estruturação dos planos de aulas, ficou decidido pelo NE que seguiriam a ideia de Bento (2003, p. 152) “(…) como qualquer outra sessão de ensino racionalmente organizada, estrutura-se normalmente em três partes: parte preparatória, parte principal e parte final”. Durante o EP, utilizava a parte inicial da aula para os alunos desenvolverem e melhorarem a sua aptidão física, uma vez que esta era alvo de avaliação, ou então recorria a exercícios com transfer para os conteúdos que iriam ser lecionados na parte

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fundamental da aula. A parte principal/fundamental focava-se na exercitação dos conteúdos previstos para a aula. E, por fim, a parte final era aproveitada para refletir sobre a aula e o modo como esta decorreu.

Cada plano de aula era composto por um cabeçalho, constituído pelo número de aula, a data de realização, horário e duração da aula. Deste documento faziam parte um conjunto de informações, dispostas em quatro colunas: duração da situação de aprendizagem; objetivos comportamentais (comportamento que o aluno deve ter durante a situação de aprendizagem); situação de aprendizagem/organização didático-metodológica (descrição da tarefa) e componentes críticas (comportamento na ação técnica/tática que o professor deseja que o aluno faça).

A realização dos planos de aula foi uma tarefa difícil e morosa pois, o facto de ter uma turma que nem sempre apresentava o comportamento desejável, exigia que eu pensasse, pormenorizadamente, em todas as partes da aula. Atendendo a que a turma era, maioritariamente, constituída por rapazes, sentia que estes ficavam mais empenhados e motivados em situações de aprendizagem com vertente competitiva e desta forma, a escolha dos exercícios também constituiu uma barreira a superar.

Relativamente ao final da parte fundamental este decorreu de uma forma positiva pois foi destinado ao jogo 3x3 e como já estava à espera os alunos participam empenhados e motivados. “

(Reflexão da aula nº 74 e 75, dia 30/03/17, turma 11º ano)

Segundo Bento (2003, p. 16) “no processo real de ensino existe o inesperado, sendo, frequentemente necessário uma rápida reação”. Desde início do EP, encarei os planos de aula como um documento orientador da aula e não como um documento estanque/ rígido havendo, muitas vezes, a necessidade de o reformular e adaptar aos imprevistos, entretanto surgidos do decorrer da prática.

“Também não estava programado que no fim da parte fundamental houvesse condição física, mas como os alunos já estavam a ter alguns comportamentos de desvio, decidi acabar com os jogos de voleibol e iniciar exercícios de condição física.”

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“Relativamente aos exercícios, o terceiro exercício teve de ser alterado porque não estava a resultar, assim sendo, decidi fazer jogo adaptado para que os alunos percebessem a essência do andebol.”

(Reflexão da aula nº 27 e 28, dia 17/11/16, turma do 11º ano)

“Relativamente à parte inicial da aula, esta não seguiu o planeamento porque o espaço de aula era pequeno para realizar o circuito funcional.”

(Reflexão da aula nº 53 e 54, dia 9/02/17, turma do 11º ano)

Em suma, à semelhança do planeame nto anual e do MEC o plano de aula é uma ferramenta muito importante no processo de ensino e aprendizagem. Ambos os documentos são flexíveis e são construídos em função do PNEF, mas também em função das caraterísticas e necessidades dos discentes que constituem a turma.