• Nenhum resultado encontrado

4. Realização da Prática Profissional

4.6 Modelos de Ensino utilizados

“A eficácia de ensino deve ser interpretada através do recurso a modelos de instrução que

forneçam uma estrutura global e coerente para o ensino e treino do desporto.”

(Mesquita & Graça 2011, p. 39)

Com vista a melhorar o processo de ensino e aprendizagem, ao longo do EP, procurei aplicar diferentes modelos de ensino. A escolha dos modelos teve em conta as caraterísticas da turma e o meu conhecimento. Assim sendo, optei por utilizar o Modelo de Instrução Direta (MID) e Modelo de Competência dos Jogos de Invasão (MCJI). Porém, também recorri a caraterísticas de outro modelo pois, ao longo das aulas, procurei criar situações de aprendizagem que por um lado promovessem a literacia, o empenho e o entusiamo mas, sobretudo, a inclusão de todos os alunos. As modalidades coletivas tiveram como presença assídua uma competição formal e, como tal, os alunos não só aprenderam a jogar como também desempenharam outras funções nomeadamente, a de capitães e a de árbitros. As caraterísticas anteriormente referidas estão diretamente ligadas com o Modelo de Educação Desportiva mas, atendendo ao comportamento da turma, este modelo não foi aplicado na sua totalidade.

4.6.1 Modelo de Instrução Direta

O MID tem sido o modelo mais adotado por parte dos professores. Neste modelo, o professor toma todas as decisões e resolve os problemas da prática, o que proporciona que o aluno tenha um papel passivo e professor tenha um papel ativo, durante as aulas de EF. No MID o professor faz a “revisão da matéria previamente aprendida, apresentação de novas habilidades ou do conteúdo em geral, monitorização elevada da atividade motora dos alunos e

38

avaliações/correções sistemáticas em referência aos objetivos delineados” (Rosado & Mesquita, 2009, p. 48).

O MID é “particularmente vantajoso no ensino de conteúdos decomponíveis para uma abordagem passo a passo, como é o caso das progressões pedagógicas para a aprendizagem de certas habilidades desportivas com um contexto fechado” (Mesquita & Graça 2011, p. 51).

Procurei utilizar este modelo nas modalidades de ginástica acrobática, ginástica de aparelhos e dança. Para além destas, também utilizei este modelo na modalidade de voleibol pelo facto de sentir mais segurança no momento da prática pedagógica.

Tendo em conta que foi no EP que tive a primeira experiência em lecionar, a utilização deste modelo permitiu-me assegurar que os alunos possuíam as competências básicas nas diferentes modalidades. Por outro lado, as caraterísticas dos comportamentos dominantes aprese ntados por alguns alunos não asseguravam as condições mínimas para que outro modelo fosse adotado. Com base neste modelo, as aulas foram estruturadas de forma pormenorizada, o ensino das habilidades foi feito através de progressões, a instrução e a correção dos alunos esteve sempre presente.

4.6.2 Modelo de Competência dos Jogos de Invasão

Tendo em conta que modelos tradicionais se focam no ensino das habilidades técnicas, existiu a necessidade de adotar outro modelo de ensino para a lecionação de algumas modalidades coletivas.

O MCJI surge com base no Modelo de Ensino dos Jogos para a Compreensão e do Modelo de Educação Desportiva, sendo composto por caraterísticas de ambos. Do Modelo de Ensino dos Jogos para a Compreensão, o MCJI utiliza “as formas modificadas de jogo, em conformidade com a capacidade de jogo dos alunos; o confronto com os problemas reais de jogo em ambientes de jogo; a introdução do ensino das habilidades do jogo é ditada pela relevância para a forma de jogo adotada e subordinada à compreensão do seu uso tático no jogo e à tomada decisão”. Em relação ao Modelo de Educação Desportiva retira “as formas básicas de jogo aos grandes

39

jogos institucionalizados, preservando a autenticidade dos jogos e o conceito essencial do jogo de referência (..)” (Graça & Mesquita, 2013, p. 35).

Desta forma, algumas destas caraterísticas foram implementadas nas unidades didáticas de basquetebol e de andebol. O jogo passou a ser o foco principal apesar de ser abordado através de Formas Básicas de Jogo (FBJ), de acordo com o nível e a capacidade dos alunos. No caso da modalidade de andebol a FBJ utilizada foi o 5x5 e na modalidade de basquetebol foi o 3x3. Em ambas as modalidades foram implementadas grande parte das regras do jogo formal, exceto o número de jogadores e o tamanho do campo.

Este modelo defende a ideologia “aprende-se a jogar jogando”. Porém, é necessário que o docente utilize as estruturas parciais de jogo de modo a que o discente aprenda a jogar, através da exercitação de ações defensivas e de ataque. Assim, durante a competição este tem mais êxito nas oportunidades de finalização, na finalização bem como na organização do ataque (Graça & Mesquita, 2013).

Principalmente neste modelo, foi necessário ter um papel ativo no que toca à instrução. Contudo houve momentos que nem sempre isso aconteceu. Porém, de aula para aula, fui melhorando ao nível da instrução principalmente em relação à modalidade de basquetebol. Para isso, tive de aprofundar os meus conhecimentos para que ocorresse uma intervenção pedagógica com significado.

De acordo com vários autores, o professor necessita de ter um conjunto de conhecimentos (dos alunos, do conteúdo pedagógico geral, do contexto e pedagógico do conteúdo) para que o processo de ensino e aprendizagem decorra com êxito (Cochran et al., 1993; Grossman, 1990; Shulman, 1987).

Relativamente ao conhecimento dos alunos, o docente deve conhecer as características, as capacidades e experiências de cada discente. Este conhecimento proporciona que o professor anteveja dúvidas e problemas que poderão surgir no momento do ensino de alguma habilidade motora (Grossman, 1990).

Em relação ao conhecimento do conteúdo, este está relacionado com a interpretação e a forma como o docente transmite o conhecimento aos alunos. Quanto ao conhecimento pedagógico geral, este foca-se na conceção e nas estratégias que cada docente tem no processo de ensino e aprendizagem.

40

Relativamente ao conhecimento do co ntexto, o professor deve conhecer a comunidade escolar (os alunos, os docentes e não docentes e até mesmo os encarregados de educação) e as regras pelas quais a escola se rege.

Por fim, o conhecimento pedagógico do conteúdo engloba os conhecimentos anteriores e com base nesses, o professor consegue adaptar e simplificar os conteúdos mais complexos de modo a que todos os alunos compreendam.

É fundamental que, desde o início de cada ano letivo, o docente domine os diversos conhecimentos pois, só desta forma, o processo de ensino e aprendizagem decorrerá com êxito.