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5. Participação na Escola e Relação com a Comunidade

5.9 Outras Experiências

De acordo com as normas reguladoras do EP, os professores estagiários têm de lecionar a diferentes ciclos de ensino. Assim sendo, ao longo do ano letivo lecionei a uma turma do 1º ciclo e a uma turma do 2º ciclo.

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5.9.1 Experiência de lecionar ao 1º Ciclo

A partir deste EP, tive a possibilidade de lecionar a uma turma do 2º ano do Agrupamento de escolas Pêro Vaz de Caminha, situada no centro de um bairro social, sendo a turma constituída, maioritariamente, por alunos de classes sociais desfavorecidas. Esta experiência decorreu durante o primeiro e o segundo período tendo cada aula a duração de 60 minutos.

A EF, nesta faixa etária tem bastante importância uma vez que promove o desenvolvimento integral do aluno, mais concretamente o desenvolvimento das capacidades físicas, cognitivas e psicossociais. A partir das atividades de Expressão Físico Motora as crianças têm oportunidade de conhecer o corpo e o movimento através de situações de aprendizagem mais lúdicas. Tendo em conta que os alunos no 1º ano de escolaridade não tiveram Expressões Físico Motoras, comecei, no 1º Período, por abordar o Bloco de Deslocamentos e Equilíbrios a partir de situações de aprendizagem básicas, como por exemplo o rolar em cima de um colchão e o saltar por cima de um cone. Neste período, também foi abordado o Bloco da Perícia e Manipulação, a partir de situações de aprendizagem lúdicas simples.

Relativamente ao 2º período, os Blocos anteriores continuaram a estar presentes, contudo, as situações de aprendizagem eram mais complexas. O facto de a escola estar bem equipada possibilitou aos discentes contactarem com diferentes tipos de materiais, como por exemplo os arcos e bolas de diferentes tamanhos.

O principal problema durante este processo de ensino e aprendizagem foi o comportamento dos discentes. Nesta faixa etária os alunos são bastante irrequietos, faladores e pouco cumpridores de regras. Confesso que, inicialmente, fiquei “em choque” devido ao comportamento dos alunos uns com os outros, principalmente dos rapazes, pois alguns apesar de serem crianças, já apresentavam comportamentos bastante agressivos e vocabulário inadequado a uma sala de aula e à idade.

Perante estas situações, tive necessidade de criar estratégias adequadas à faixa etária e que os fizessem perceber que não estavam a ter um comportamento correto.

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A primeira estratégia implementada foi a atribuição de medalhas de bom comportamento. Em cada aula eram dadas duas medalhas aos alunos que tivessem comportamento exemplar. A segunda estratégia foi criar um quadro através de uma cartolina A4, onde na vertical estavam os nomes dos alunos e na horizontal os dias em que decorriam as aulas. Em cada aula era colocado o sinal mais (+) ou menos (-) à frente do nome do aluno correspondendo o sinal mais a bom comportamento e o sinal menos correspondente a mau comportamento. No final do ano letivo, o aluno que tivesse mais sinais positivos ganhava uma medalha de bom comportamento. A terceira estratégia estava relacionada com o diálogo individual e a uma consequência negativa através da punição que, por norma, era a não participação do discente na atividade que estava a ocorrer.

A primeira e a segunda estratégia tiveram efeito a curto prazo, pois, numa fase inicial, os alunos apresentavam bom comportamento, mas, com o decorrer das aulas, deixaram de atribuir importância às medalhas. A terceira estratégia foi a que surtiu mais efeito. Através do diálogo e da punição os alunos começaram a adotar posturas adequadas a uma aula.

Existem diferenças notórias no comportamento dos alunos nos diferentes ciclos de ensino. No 1º ciclo a dimensão afetiva está mais presente nos alunos. No início e no fim da aula procuravam sempre um gesto afetivo. Face a esta diferença, é fundamental que os professores percebam que “ser um bom professor é estar envolvido na docência na sua totalidade, a sua prática é o resultado do saber, significa comprometimento consigo mesmo, com o aluno, com a sociedade e a sua transformação. De uma forma clara e subjetiva, acredita-se que o bom professor é aquele que faz com que o aluno aprenda. E não importa para isso se ele precisa de ser pai, amigo, artista, autoridade ou simplesmente professor, desde que entenda que os alunos são seres humanos com necessidades diferentes e que as experiências vividas na escola são para o resto da vida” .(Grillo, 2001, p. 78).

Em suma, esta experiência foi bastante enriquecedora para o meu desenvolvimento profissional e pessoal. Não só me deu a conhecer outra realidade escolar como também aprendi novas formas de atuação enquanto docente.

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5.9.2 Experiência de lecionar ao 2º Ciclo

No 2º período, tive oportunidade de lecionar uma turma do 5º ano na EB 2/3 Pêro Vaz de Caminha. Como não tinha qualquer informação sobre as competências que os discentes tinham nas modalidades a lecionar realizei a AD. Desta forma, foi possível concluir que os alunos se encontravam no nível introdutório em todas as modalidades. Com base na AD, na análise do programa nacional do 2º ciclo e do roulement dos espaços foram construídas as unidades didáticas de ginástica artística, dança e futebol.

Ainda sobre o planeamento e organização das aulas, o modelo de ensino utilizado foi o MID . No início desta experiência fui “determinando explicitamente as regras e rotinas de gestão e acção dos alunos, de forma a obter a máxima eficácia nas actividades desenvolvidas pelos alunos” (Mesquita & Graça, 2011, p. 48).

Ao longo deste período, futebol e ginástica artística foram as modalidades em que os alunos tiveram um melhor desempenho. Quanto à modalidade de dança, inicialmente, era realizada com menos entusiamo comparativamente com as outras modalidades A professora co-cooperante propôs que os alunos teriam de apresentar uma coreografia aos encarregados de educação e à comunidade escolar, no dia da AS durante o intervalo.

Esta estratégia revelou-se eficaz pois os alunos mostraram-se empenhados e motivados para a realização de apresentações em público. A atividade permitiu vivenciar momentos de interação, alegria e animação envolvendo toda a comunidade educativa, implicando também os encarregados de educação na vida da escola.

“Esta aula foi destinada à consolidação da coreografia de grupo e de um modo geral correu bem. (..) No meu ponto de vista os alunos perceberam o pretendido e estou confiante na apresentação da coreografia aos EE, pois de uma maneira geral todos sabem os passos da mesma.”

(Reflexão da aula nº 70, dia 28/03/17)

No que diz respeito ao comportamento dos discentes, de um modo geral eram educados, participativos e empenhados. Como já referi no capítulo anterior, considero que este comportamento se deveu à minha postura pois,

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desde início, estabeleci regras de funcionamento e adotei uma postura mais autoritária. Com a aplicação destas estratégias as aulas tinham um bom ambiente de aprendizagem.

“Relativamente ao comportamento dos alunos, este foi positivo os alunos participaram empenhadamente nas tarefas propostas.”

(Reflexão da nº 44, dia 24 de janeiro de 2017)

“Relativamente ao comportamento dos alunos, de uma maneira geral os alunos tiveram um comportamento bastante positivo e empenhado. Destaco que a turma está controlada o que facilita a minha lecionação.”

(Reflexão da aula nº 62 e 63, dia 14/03/17)

“Destaco pela positiva o comportamento dos alunos, pois estes são empenhados e estão motivados, o que origina que haja um bom clima de aprendizagem. Visto que a turma tem tido um bom comportamento decidi dar um bónus e dedicar os últimos vinte minutos a um torneio inter equipas.”

(Reflexão da aula nº 64, dia 8/03/17)

Faço um balanço bastante positivo desta experiência que me permitiu conhecer outra realidade escolar e me proporcionou experimentar diferentes estratégias de atuação. Pude perceber que “os professores conquistam o respeito dos alunos, pela sua competência científica e pedagógica (..)O modo como exercem a sua autoridade influencia o comportamento dos alunos” (Estanqueiro, 2010, p. 61).

Saliento ainda o facto de a professora co-cooperante ter estado presente em todas as aulas possibilitou a partilha de conhecimento e vivencias que permitiu aumentar os meus conhecimentos e melhorar a minha atuação enquanto docente.

“(..) Saí com sentimento de dever cumprido”

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