• Nenhum resultado encontrado

A importância do medicamento

LISTA DE SIGLAS

4.2 O medicamento no panorama nacional 1 Breve história da farmácia em Portugal

4.2.3 A importância do medicamento

O medicamento pode ser definido como: “toda a substância ou associação de substâncias

apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma acção farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.” 11.

Os medicamentos são produzidos em indústrias farmacêuticas ou em farmácias (tanto farmácias de oficina como em nos serviços farmacêuticos hospitalares) sob especificidades técnicas e legais, de forma a garantir a segurança dos seus consumidores. Os medicamentos produzidos em indústrias constituem a maioria esmagadora dos medicamentos consumidos. São designados por medicamentos industrializados, especialidades farmacêuticas,

medicamentos especializados, entre outros. Os medicamentos produzidos em farmácias de oficina como em serviços farmacêuticos hospitalares podem ser de dois tipos: medicamentos oficinais e medicamentos magistrais.

“Os medicamentos tal como hoje os conhecemos são relativamente recentes. No entanto a sua

utilização pelo homem de substâncias de origem vegetal ou mineral com fins terapêuticos é milenária” 12

A administração

A via de administração do medicamento traduz o modo de entrada do medicamento no organismo. Traduz o que habitualmente se designa no medicamento como uso externo ou uso

9 (INFARMED 2007 “Portaria n.º 1429/2007...”)

10 Cabe ao INFARMED a Direcção de Gestão do Risco de Medicamentos (DGRM) (INFARMED 2012 “Estrutura...”). 11 (INFARMED 2006 “Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto. Estatuto do Medicamento”, Capítulo I”).

interno. A administração pode ser oral, pode ser através das mucosas (boca, nariz, ouvidos, olhos, entre outros) ou através da superfície cutânea, ou pode ser por via injectável13.

O respectivo método terapêutico é estabelecido em função do diagnóstico realizado e dos efeitos pretendidos. É necessário ter em consideração a dosagem e a forma farmacêutica14,

que pode ser sólida, líquida ou pastosa. Há formas farmacêuticas para todos os modos e vias de administração. Algumas das mais utilizadas são: comprimidos, cápsulas, pós, injectáveis, pomadas, cremes entre outros, (ver Tabela da figura 5.2) 1516.

Figura 4.2 Tabela sobre formas farmacêuticas e vias de administração

As distintas formas farmacêuticas e as diferentes vias de administração possibilitam inúmeras situações que não serão aqui discriminadas mas que reforçam a importância das instruções a elas associadas. São obrigatoriamente descritas no folheto informativo que acompanha o medicamento, e podem envolver diversos erros se mal compreendidas. Por exemplo, um medicamento administrado pela boca poderá ser um comprimido para mastigar, uma pastilha para ser dissolvida lentamente, um comprimido para ser engolido inteiro; um comprimido sublingual para se dissolver com a saliva; um comprimido efervescente, um granulado ou um pó para se diluir em água; uma cápsula, para um efeito retardado no estômago; um líquido (solução) para beber ou gargarejar.

Perigos e instruções

São enormes os benefícios que os medicamentos têm trazido à humanidade. No entanto podem também envolver riscos, uns mais controláveis e outros menos, mas que em todas as instâncias se tentam minimizar. Pode mesmo dizer-se que toda a administração de

medicamentos envolve um risco, que pode ser mais ou menos grave, consoante os casos.

13 (Pita 1993, 69).

14 As definições das formas farmacêuticas estão descritas em (Pita 1993, 81-108). 15 (Pita 1993, 57, 79, 81, 151 to 172).

Alguns dos riscos associados aos medicamentos, para além dos efeitos adversos, são os erros ligados à sua incorrecta utilização. Esta situação tem merecido nos últimos anos uma atenção crescente.

Conforme já foi referido, as diferentes formas farmacêuticas e vias de administração possibilitam inúmeras situações que envolvem perigos, cuidados especiais e instruções diversas, que estão regulamentadas e são descritas no folheto informativo que acompanha o medicamento17.

Se forem ignoradas, mal interpretadas ou esquecidas podem resultar num tratamento desadequado e consequentemente provocar riscos e danos desnecessários que podem ser graves.

Alguns dos perigos e cuidados especiais necessários podem ser: manter o medicamento fora do alcance das crianças; ter cuidados especiais com grávidas, crianças e idosos; alertar para aspectos e relações da posologia, isto é, frequências, intervalos, interrupções e

sobredosagens; alertar para a associação dos medicamentos com álcool, cafeína, lacticínios, sumos de laranja, com outros medicamentos; alertar para a capacidade de condução ou utilização de máquinas; a conservação dos medicamentos; entre outros.

Algumas das instruções relevantes são: tomar os medicamentos com alimentos, em jejum, com muita água, ao dormir, sem dormir, agitar antes de usar, dissolver, não abrir as cápsulas; não mastigar, não partir ou esmagar o medicamento, tomar os medicamentos até ao fim da embalagem, não aplicar nos olhos, entre outros.

Estes e outros perigos, cuidados especiais e instruções particulares, tema central desta tese, são elencdos no capítulo seguinte que se debruça sobre o levantamentos das mensagens terapêuticas.

Introdução no mercado

Para comercializar um medicamento em Portugal, o medicamento precisa de obter a respectiva Autorização de Introdução no Mercado (AIM). Esta autorização é concedida pelo Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (INFARMED), após avaliação por peritos e técnicos especializados que comprovam a qualidade, segurança e eficácia do medicamento. Os critérios utilizados para a concessão da AIM são os constantes nas disposições legais nacionais e nas normativas comunitárias, descritas no decorrer deste capítulo, apesar de existirem algumas excepções por parte do INFARMED.

Quando um medicamento é introduzido no mercado, é primeiramente sujeito a controlos e testes de avaliação, de forma a conhecerem-se os efeitos adversos e secundários que pode provocar, como por exemplo, sonolência, tonturas, irritações de pele, secura da boca, entre outros, ou até mesmo a morte. Estes efeitos assumem diferentes graus de gravidade18 mas,

mesmo que exista apenas uma pequena possibilidade de estes efeitos ocorrerem, têm que ser nomeados e descritos no folheto informativo que acompanha o medicamento19.

A obtenção de medicamentos20 em Portugal, por parte do público, pode envolver a dispensa

através de receitas médicas, a venda de medicamentos ao público sem receita, ou a cedência de medicamentos em espaços de saúde próprios.

A receita médica não é obrigatória para todos os medicamentos e a sua obrigatoriedade depende da classificação dos medicamentos quanto à dispensa: medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) ou medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM).

17 (INFARMED 2006 “Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto. Estatuto do Medicamento”, Capítulo V”). 18 Em Portugal, regulados pelo Sistema Nacional de Farmacovigilância.

19 (INFARMED 2006 “Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto. Estatuto do Medicamento”, Capítulo V”). 20 (INFARMED 2006 “Decreto-lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto. Estatuto do Medicamento”, Capítulo VII”).

Os medicamentos sujeitos a receita médica são de venda exclusiva em farmácias, sob responsabilidade de farmacêuticos ou de técnicos devidamente habilitados, e mediante apresentação de receitas emitidas por médicos e médicos veterinários, que são os profissionais autorizados a prescrever medicamentos.

Os medicamentos não sujeitos a receita médica e não comparticipados, podem ser vendidos em farmácias e em estabelecimentos autorizados, que, não sendo farmácias, disponham de técnicos qualificados responsáveis pela sua venda — neste caso farmacêuticos ou técnicos de farmácia.

Os ambulatórios dos serviços farmacêuticos hospitalares também podem ceder um conjunto de medicamentos definidos por lei. Constituem um nicho específico de cedência de

medicamentos ao público.