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ineomisientes entra su podem ser apoiados por razões que parecem conciusi vas* ou refutados eabandonados cxcíusivãrnente com base no pensamento.

No documento Roger Scruton - Estetica da arquitectura.pdf (páginas 118-122)

Os gostos estéticos $3o como o s gostos na comida e no vinho* por nunca serem logicamente inconsistentes. Posso gostar dc St. Paul hoje, mas não amanhã. Posso gostar muito de St, Bride e não gostar muito de St. Mary le Bow. Contudo, a questão não acaba * nem pode acabar aí. O mero capricho não pode tomar o lugar da apreciação estética; uma preferência, que é um mero capricho* não pode ser descrita como um exercício de gosto estético, pois faltam-lhe a origem , o objectivo e a recompensa do gosto. Um homem exercita 0 gosto quando considera o agrado que um edifício lhe produz como parte de uma perspectiva estética c, portanto, como justificável, cm princípio, por razoes que também se podem aplicar a outro edifício ( 13). Seria muito estranho, se um homem pensasse que na base do facto de não gostar de St. Mary le Bow não havia algo Ihc desse também uma razão para não gostar de St. Bride (Figura 37 e 38). Será que considera o campanário barroco um compromisso estético infeliz? Nesse caso, tem de não gostar dc ambas as igrejas. Além disso, se não gosta dele, é talvez porque não compreendeu a necessidade de um perfil variado, não compreendeu quanto as formas barrocas dependem, para uma verdadeira exuberância, de uní excesso de luz, um excesso que em Inglaterra só se obtém muito acima do nível da rua. Ao conseguir compreender isso, pode compreender também a correcção de inspiração do revivalismo gótico — correcção, isto é, como uma resposta ao problema estilístico posto pelos grandes edifícios e cidades infindas, amonto­ adas sob nevoeiros e chuvas e sombrios céus nórdicos. Uma vez mais, o nosso dissidente pode considerar que a inventividade de Wren é um fenómeno frio e fútjado, em comparação, por exemplo, com a inventividade de Hawksmoor, que implica a disposição de volumes menos óbvia mas mais subtil e um acabamento que é. consequentemente, mais firme e mais puro (Figura 39). Más, uma vez mais, linha de não gostar de ambas as igrejas de Wren e, novamente, podia discutir. Pois, terá ele notado a eficácia do jogo de luzes imaginado por Wren e o movimento ascendente que brota das extremidades? Tudo isto sugere que, embora possa, na verdade, preferir uma das igrejas de Wren à outra* não pode gostar pouco de um ac pensar que isso não lhe dá razão para não admirar muito a outra, a não ser que possa fazer uma adequada distinção entre as duas. Embora nâo haja uma verdadeira inconsistência entre os gostos arquiteclurais, é sempre possível construir essas «pontes» de raciocínio de um gosto para outro; e, por conseguinte, pode haver sempre uma pressão na mente para fazer com que as nossas apreciações sejam concordan­ tes.

Vejo aqui uma importante objccção, que é de não ter feito ainda uma total separaçãó entre a discussão da arquiteetura e a do vinho. Podia dizer-se que os exemplos dados não são realmente exemplos de raciocínio, mas sim de

FIGURA 37: Sir Christopher Wren; St. Mary le Bowt Londres, campanário FIGURA 3$: Sir Christopher Wren: St. Bride, Londres, campanário

e x p lic a ç ã o e x p o si fa c to de u m a resp o sta im ed iata e , em si m e sm a , p o u co c la r a . N o c a so p re se n te , só adm itim o s essa riq u eza d e p o rm en o res de d isc u ssã o p o rq u e a q u estão é im p o rta n te para nós e não p o r h a v e r q u a lq u e r p o ssib ilid a d e real d e d eb a te racio n al.

FIGURA 39: Nicholas Hawksmoor: S t. Anne, Limehousc\ Londres, campanário

É v erd ad e q u e , m u itas v ez es, o in te resse e sté tic o p o d e s e r a q u ilo q u e a o b je c ç a o su g ere; o q u e co n tém em te rm o s de d isc u ssã o p o d e n ã o se r u m a ju s tific a ç ã o ló g ic a m as u m a te n ta tiv a de e x p lic a r ou to m a r c la ra u m a im p re ssão não re flec tid a . C o n tu d o , o in te resse e s té tic o não p re c isa d e se r assim e , na v e rd a d e , tem u m a te n d ê n c ia in trín se c a p a ra se r alg o d ife re n te , alg o q u e e x p õ e u m v erd a d e iro rac io c ín io . É rac io c ín io p o rq u e o o b je c tiv o é a ju s tific a ç ã o e n ã o á e x p lic a ç ã o . A q u i a ju stific a ç ã o é p o ssív e l p o r c a u sa d à n a tu re z a a c tiv a d a e x p e riê n c ia qu e é , ao m e sm o te m p o , p a rc ia lm e n te v o lu n tá ­ r ia e se m p re d e p e n d e n te de u m a a c tív id ad e d a a ten ç ão im a g in a tiv a . P o sso

argum entar em favor de um a experiência do m esm o m odo que argum enta em favor de acções, em oções, atitudes é crenças. O s gostos arquitectoraís o ã o precisam , portanto, de ser espontâneos, N a verdade, n a m edida ém que sà o gostos no sentido estético, abrem inevitavelm ente o cam inho ao debate e à com paração. E aqui debate não significa o cultivar de um a experiência vasta e variada sem elhante à do conhecedor muito viajado. N ão denota a aquisição febril de experiência, m as antes a atenção reflectida àquilo que se tem ( u ). Um hom em pode conhecer apenas alguns edifícios — com o aconteceu eom os construtores de m uitas das nossas catedrais — e, no entanto* estar na;posse de tudo quanto é necessário para o desenvolvim ento do gosto. Basta apenas que refü cta acerca da natureza dessas escolhas que estão à sua disposição e acerca das experiências que pode obter. Considere-se, po r exem plo, o desenvolvi­ m ento da catedral de L incoln, d a nave para o transepto e do transepto para o coro, onde podem os ver com o um vocabulário arquitectural básico é usado com um requinte c a d a vez m aior, com porm enores cada vez mais subtis e com mais harm onia de efeito. Um a vez traçado o estilo de Lincoln, os arquitectos posteriores tinham tudo aquilo de que necessitavam para separar as suas extrapolações com êxito das que o não tinham . O mesmo se passa ainda cora o estilo estabelecido p or G ropius e pelos seus seguidores no Baühaus, um estilo que foi o produto utilizado po r m uitos arquitectos desde a guerra e que ainda perm ite continuações adequadas e cheias de gosto, com o se podem ver com parando as fábricas que saem de Londres ao longo da Western Road. Além disso, o gosto arquitectural, tal com o o juízo m oral, basear-se-á em outras atitudes e conceitos. P ara v o lta ra um exem plo an terio r pode acontecer que um determ inado ideal m onástico se tom e atraente, por ser expresso pelo claustro de S. Paolo; tam bém pode acontecer que uma velha fidelidade de um homem ao ideal m onástico seja o m otivo da sua adm iração pelo claustro.

M as é aqui que a noção de gosto se tom a confusa. D ecerto que a clareza que está ligada — ou parece estar ligada — a muitas discussões m orais, o sentim ento de prem issas claras e conclusões inexoráveis não prevalece aqui. P or exem plo, se entendo a linguagem barroca e sei quanto ela se harm oniza com as m inhas outras predilecções, a conclusão lógica não será que tenha sim plesm ente de vir a go star dela. Posso não gostar dela na mesma. M ás a peculiaridade d a preferência arquitectural (como de tudo verdadeiram ente estético) é que virei a gostar dela; ou antes, vou sentir uma certa carga d e razão em seu favor. E isto não é , de facto, tão surpreendente. Pois a m inha experiência de u m edifício, ou de uma linguagem arquitectural, pode m udar ao m udar a m inha concepção dele. E se a m inha experiência m uda, tam bém o m eu gosto m uda. Vim os que essa m udança de experiência é ptecisam ente o objectivo da critica arquitectural. M as qual é o tipo de raciocínio que a ãpoia? Os exem plos no últim o capítulo pareciam sugerir que a crítica im plica unia procura da percepção «correcta» ou «equilibrada«., a percepção em qúé às am biguidades são resolvidas e as harm onias estabelecidas, perm itindo õ típ o de satisfação visual penetrante a que aludi . M as isso não p o d e s e r tudõ- A s concepções que influenciam a nossa experiência de arquitectura têm um

alcance tão grande com o as concepções que governam a n o ssa vida. C om o 6, e fttio , possível a um arquitecto com o Pugin p en sar que lhe co m p etia a ele, co m o cristão* explorar as com plicações de florões, pináculos e rendilhados?

Suponham os qué um homem afirm a não gostar do O ratório de B orrom ini , em Rom a. Uma resposta natural pode ser dizer que, se não g o sta d e le , é porque não o entende, E sta noção de «com preensão» é im portante e , c m brey e, a retom arei: mas note-se com o seria estranho considerar pouco esp erto u m hom em que honestam ente prefere cerveja ao C h â t e a u L a f t i e ; isso se ria atribuir preçisam ente a esse gosto a dim ensão intelectual que lhe falta. S urge en tão a questão de com o se pode levar esse hom em a adquirir u m a com preensão suficiente do edifício de B pirom ini. E aqui é significativo q u e a m á com preensão possa, afinal, ter um a base que é m uito afastad a de q u alq u er insuficiência da sua experiência da com posição arquiteétural. U m a com preen­ são histórica — e um a correspondente falta de co n co rd ân cia— p o d e n a m u itó h em escar n a base desse e n o estético. (C om eça a ver-se aqui a esfe ra leg ítim a d a critica histórica de arte). O O ratório foi projeçtado p ara alb erg ar um a das m ais importantes instituições d a G ontra-R eform a e p ara d a r expressão à su a o o tá v d de autoconfiança civilizada e h u m ild ad e espiritual ( 1S) , Ê vesdade qpe, neste edifício, a m odéstia foi m uitas vezes im p o sta p o r uiiia p K ran o saã oficiai. d a qual B orrom íni {como era seu h áb ito ) s e queix av a m as dificilm ente s e pode duv id ar q u e ali h á tam b ém um a masa modéstia n a concepção aifísfíca fundam ental. A audaciosa fachada tí&aiea esteade- o$ braços em d irecção à r u a , m as a s fo rm a s claçam ente

QsâBgjaSos e castos estio associados ajunção deinúm eios ornatos, cosânnar

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