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A LINGUAGEM DA ARQUITECTURA

No documento Roger Scruton - Estetica da arquitectura.pdf (páginas 159-168)

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Se a arquitectura fosse um a verdadeira linguagem (ou, talvez* uma série de linguagens), então saberíam os com o com preender cada edifício e o significado hum ano da arquitectura já não estaria em questão f 1}. A lém disso, este significado seria visto com o u m a propriedade intrínseca dos edifícios e não com o um a relação externa e fortuita. A s abordagens freudiana e m arxista do ^ significado- falharam , em parte, porque não dão um significado à experiência arquitectural que lhe não seja externo — que não consista era algum valor, sentim ento ou estado de consciência relacionado com o edifício, não intrinsecam ente, m as com o causa ou efeito. E ssas abordagens têm de ficar logo afastadas da com preensão estética. Nem isso nos surpreenderia, se a arquitectura tivesse significado com o a linguagem tem significado. Pois, considerem -se as teorias freudianas e m arxistas correspondentes da «articula­ ção» . Essas teorias podem pretender traçar a conexão entre as palavras e as suas determ inantes inconscientes, económ icas ou ideológicas: m as isso nunca nos podia dizer o que significam liteialm ente as palavras. Um a teoria freudiana tem de pressupor um dado significado: é p o r causa do significado literal da palavra <leite», que a palavra adquire um significado inconseienré— e não vice-versa. P ortanto, é logicam ente im possível derivar o significado literal do significado freudiano. E , do m esm o m odo, para Marx: «economia» adquire um significado ideológico (o significado de máscara para processos de acum ulação e exploração), p o r causa do significado literal precedente, o significado que a leva a referir o fenóm eno de que deriva o significado ideológico. É im possível, portanto, um a.explicação m arxista da significado literal: nada seria revelado sobre compreensão da linguagem , ao reduzir a linguagem à sua base m aterial.

A analogia tam bém m ostra com o é irrelevante para a com preensão d e , arquitectura qualquer tipo de explicação científica ou causal. C onsidere-se, pois, um a teoria d e psicolinguística tão exaustiva que dê origem a leis q u e determ inem a articulação de c a d a frase. Bla diz-nos, por exemplo* çxactfc* m ente quando um hom em deve dizer «À relva é veide» , e exactan^nfe qtianilo

deve dizer «algo é verde». Em certo sentido, essa teoria dá um a explicação com pleta da relação entre essas frases, visto dar as leis causais que determ inam a articulação delas. M as, noutro sentido, está longe de ser com pleta. P ois, há um a conexão entre essas frases que não é causal, mas que é de prim eira im portância; uma conexão de significado. É essa conexão que é apanhada na com preensão das frases e pode ter-se um a com pleta com preensão delas sendo ignorante das leis causais que governam o seu com portam ento. E tam bém se pode ter um total conhecim ento dessas leis e, no entanto, não ter com preensão linguística.

O utra form a de colocar esta questão im plica a distinção daquilo a que se cham ou significado «natural», do «não natural» (2). T em os de distinguir o sentido do significado em «Nuvens querem dizer chuva», do significado em «João quer dizer que vai chover», ou «II va pleuvoir» q uer dizer «que vai chover». O prim eiro dá-nos um caso de «significado natural» — um caso de um fenóm eno que é a razão para esperar outro. Uma refere-se a um a relação natural, causal, externa entre acontecim entos. Só pela m ais crua das m etáforas é que podíam os, nesta base, falar de um a linguagem de nuvens; na verdade, a m etáfora seria tão vaga, que abarcaria tudo (visto não haver um fenóm eno que não dê uma razão para se esperar outro). É surpreendente, pelo m enos, que esse tacto tenha tantas vezes escapado à atenção. A lguns estavam pieparadós para dizer, por exem plo, que há um a linguagem da expressão facial, sim plesm ente porque as expressões são sinais de estados m entais — m as esta noção de um sinal n ada tem a ver com linguagem . A relação das palavras com o significado não é natural, m as intencional e esta intenção é com preendida por m eio de um necessário corpo de convenções e regras (3). Estes dois factos entre elas servem para desacreditar todas as teorias tradicionais de significado que falam do sím bolo com o um a «antecipação» do objecto e que tentam descrever a com preensão linguística com o um a sofisticada variante da relação de estím ulo e reacção (4). Por exem plo, podem os recusar a influente explicação da linguagem dada p o r C .W . M orris e as m uitas teorias de arquíteçtura, que derivaram dela (5). Essas teorias definem a noção dè um «isinaf» com o um a espécie de «preparação» que se relaciona com o «signifi­ cado» de um a form a que não pressupõe intenção, convenção ou regra. U m teórico da arquítectura, por exem plo, não consegue discernir a diferença essencial entre o modo com o os rastos num bosque têm significado para o caçador e o modo com o um edifício tem significado p ara o hom em que o com preende (6). M as, é claro, tratar edifícios em term os do seu «significado natural» é um exercício trivial: é im possível negar, e pouco im portante afirm ar, que os edifícios são sinais naturais — por exem plo, sinais naturais das suas funções — e que a visão de um a escola pode le v ai alguém a im aginar um processo de educação dentro dela.

Com o avaliam os a analogia linguística? A arquíteçtura pode parécerrse c o m a linguagem quer acidental quer essencialm ente. Pode partilhar algum as ou todas as caiacterístícas que são linguísticam ente dispensáveis; ou aindà* pode partilhar alguns dos traços essenciais da linguagem , m as só , p o r assim

dizer, por acaso, e não pelo próprio facto de ser arqnitectura. S6 nó pnfflritó caso é que podem os esperar deduzir da analogia lingoístiça uma teoria da compreensão da arquitectura. Mas:, sabemos o suficienteacercadánaturezae função da linguagem para poderm os decidir esse problema? Um problema é que os defensores das visões «linguística** «semântica», «semiótica». » se ­ miológica» e «estruturalista» da arte e da arquitectura, p a r le m p E ^ ^ o d o s ,^ igualmente incapazes de encontrar um traço da linguajgem que pos^-ttectdit a questão. N o entanto, todos declaram te r uma compreensão suficiente da linguagem para poderem apresentar um conceito de simbolismo, em que caibam tanto a arquitectura como a linguagem. Antes de considerarmos uma ou duas destas teorias , portanto, será necessário dizer qualquer coisa sobre os tipos de factos em que a analogia pode estar baseada. Falar apenas à t arquitectura com o uma form a de «simbolismo» ou «significado» , evidénjtè- mente que não chega.

De facto, já mencionei duas caracténsticas disüntívás dá linguagem que podem ser importantes aqui: gramática e intenção. Os edifícios, como as articulações linguísticas, são, em todas as suas parócuíaridadêSyintetó^ devem ser vistos e compreendidos com o tal. Além disso^ a.arquitectura séria tem uma tendência para se governar por regras, regras para a eombínaçâoe distribuição das partes arquitecturais. Se é difícil afirmar o significâdp;precÍso dessas regras, isso nãó nos deve desanimar. Pois surge piecisamente ám esína dificuldade em com preender o papel das c o n v e n ç a s e das regras na iingua- gem. Em am bos os casos, as regras nem sao inquebráveis, nem dispensáveis, e em am bos os casos ajudam a determ inar o grande significadodoresultado. A arquitectura parece, de facto, expor um a espécie de «sintaxe» :a sp arte sd e um edifício parecem estar reunidas de tàl modo que o grande significado dó todo vai reflectir e depender da m aneira de combinar as suas partes.

A lberti descreveu a beleza com o sendo uma tal organização dás partes que nada p o d e ria ser m udado sem detrimento do todo (?),n

teremos ocasião de voltar. E a teoria clássica das Ordens, queprocurava precisamente captar esse ideal de beleza, levava quase inevitavelmente a uma abordagém «gramatical» da arquitectura- As Ordens foram concebidas pelos mestres do Renascimento çomo corpos de lesM çõ^^

ao obedecer a urna dessas restrições^ um arquitecto é fórçado pelá lógica interna a obedecer a todas. A ssim , o uso da Ontem dórica impõe umaestrita relação entre as dimensões horizontais e verticais, neeessitade um-certo fípo de entablamento e de certas aberturas de janelas. Suprime toefó o jfe arbitrariedade da ornam entação, pof exemplo* ao dar aò a r q u i v o uma cas^b obrigatória para inserir trigltfos no f^so , pam sim pM car ^

da coluna, para cultivar n a superfície da parede um certopeso áspero; e-pót ai fora. Deste m odo. as Ordens servem para controlar p desenhode t t ^ u m a fachada, para aplicar restrições gram atkaisqucpennitèm um ^c^

impor lim ites à sua m ais distante contrapartida; a qualquer alturav um erro pode desfigurar aintegridade da estniturae destruirõ fip dosigtuficãdq^^^

m posme&cxç&  imYuêocía d a s o íd e n s est& jrie-se m esm o às í»a*e& d e um e d ifíc io onde e s tã o m ais im plícitas d o q u e ev id en tes: u m a a n n a ç i o d e p n e i a p o d e se r ft& onhecídam ente d orica e m esm o u m a parede lisa p o d ê te r u m a a m eu la çã o jónica^ p o r cau sa d o ritm o d as ab e rtu ra s, d a d ivisão àa& suas. p artes e d a ornam entação d as cristas ou m olduras o ca sio n a is. E . em b o ra e s te ideal de ordem gram atical seja m uito claram ente ex e m p lific ad o n á teo ria clássica, há outros exem plos dele; m esm o o m enos clássico dos estilo s (com o o estilo introduzido p o r L e C orbusier n a Ü nité d ’ H ãbim iion , o u o usado p o r V oysey em Bedford Parle) possui um a gram ática reconhecível. M esm o o m ais livre d o s arquitectos pode fazer depender o sign ificad o d o s ed ifício s, s e não dá obediência, pelo m enos d a troca d e regras com posicionais.

O ra, é claro que as ordens deixam m uita coisa p o r d eterm inar; podem ser usadas m ais ou m en o s estritam ente; podem se r alteradas ou v ariadas $cm resultados desastrosos, com o na arquitectura dos m anéiristas, de G iulío R om ano, Peruzzi e M ichelangelo. M as até entenderm os o papel d a sin tax e na linguagem , essas reservas não vencerão a analo g ia linguística. E , enqu an to tiverm os essa com preensão, pensam os na sintaxe com o um a série de restrições negativas, reg ras que lim itam a form a com o podem os con tin u ar o que com eçám os a dizer. E é esse precisam ente o papel q u e, p o r instinto, atribuím os às regras na arquitectura.

É útil considerar aqui ura padrão de p ensam ento, h abitualm ente co n h e­ cido com o «sem iologia», que se propõe d ecifrar o sign ificad o de todos os produtos sociais (9). A «Sem iologia» — a ciên cia geral d os sinais anunciada p o rS a u ssu re — propõe um a noção de significado que a ssim ila a lin g u ag em , o gesto e a arte, e que se propõe deslin d ar todo o fenóm eno h u m an o , trazendõ-õ para a esfera de um a teoria d a significação que inclui tud o . A esco la tem m uitos objectivos e m uitos m étodos; m as é claram en te e s ta cre n ç a n à possibilidade de g eneralizar o «significado» que dev em o s ex am in ar. A Sem iologia p arte, po is, da analogia en tre linguagem e ou tras actividades e usa, na procura do significado, todos os «m étodos» que te m à disp o sição p a rà o s deeifran a análise freudiana, o m arxism o, a an tropologia estru tu ra lista e todos os outros ( l0), M as a base intelectual é m ais sim ples e m a is g era l d ó que o s «m étodos» e depende de duas suposições directas. P rim eiro , tódõ o com porá tam ento hum ano pode se r visto co m o expressivo, rev e lad o r d e p en sam e n to s, sentim entos, intenções, etc. M uitas vezes (com o n os sonhos) o com portar m êhto p o d c revelar sentim entos q u e não são d irectam ente a c e s s ã

è este é um ponto que decerto agrada ao sem iologista, um a vez qu e lhe .periiute ac red ita r q u e o significado descoberto pela sua «ciência» po d e se r algo qpe ainda tem de se r reconhecido, m esm o pelos q u e usam e o b serv am os «siháís*. S egundo, ós m odos de expressão hum ana podem ser co n sid em d ò s co m p <tendo um a certa «estrutura», um a «estrutura» que tam bém se e n c o n tra na íingua* g em ( M)« B sta contenção «estruturalista» tem um a rela çã o m ais im e d ia ta nó nosso actuàl tópico e , portanto, devem os com eçar p o r a co n sid erar.

D e acordô com B arthes, p o r exem plo (que neste po n to sógué stire) ( u ), um a frase é um «sistema» com posto por « sin tag m a s» . IPrn sin tag m a

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E ssa conclusão é , evidentem ente, injustificada, Pois as «estruturas» observadas no m enu, o u n a linguagem clássica* não têm valo r sem ântico. Q ualquer aetividade que seja sequencial e que possa ser ju lg a d a «correcta» ou «incorreeta», exibe essa estrutura. (Isso é sim plesm ente um a verdade necessá^ ria.) À estrutura é equivalente à regra. M as o que é q u e daí resulta? Considere-se a verdadeira interpretação de Barthes do m enu. Bife e batatas fritas é suposto significar «francesism o» ( ,4). (C om o a coluna dórica pode «significar», digam os, «força m áscula».) Suponham os então, que o «signifi­ cado» de oeufs bénédictine é «Catolicism o rom ano» e que o d e baba au rum é

«sensualidade» — qual é então o significado de todo o sistem a? S ignifica que o Catolicism o francês é com patível com a sensualidade? O u que se r francês é m ais importante do que ser católico? O u se r sensual m ais im portante do que am bas as coisas? N ão há possibilidade de o d izer, visto q u e, em bora o nosso sistem a possa ter estrutura não tem gram ática. É necessária u m a gram ática para m ostrar com o o s significados das partes determ inam o significado do todo. A «estrutura sintagm ática» — sendo um a consequência trivial da se­ quência guiada por regras — não m ostra nada disso.

De facto, há profundas diferenças entre significado linguístico e não-lin­ guístico. diferenças que a sem iologia até agora provou se r incapaz de descrever. E pode razoavelm ente suspeitar-se de q u e essa incapacidade provém precisam ente da tentativa de fornecer um a ciência geral d o s sinais. Çonsidere-se o jo g o na palavra «aceitável». O sentido em que um a fra se ;é aceitável, não é o sentido em que o m enu ou um a com posição arquitectónica podem ser aceitáveis, apesar do facto de hav er em todos estes casos claras convenções que podem ser invocadas para ju stifica r a esco lh a das partes^ «João am a Maria» é uma frase aceitável, porque pode se r usada p a ra dizer qualquer coisa e tem esse uso porque pode ser verdadeira ou falsa. N isto eia pode ser posta em contraste com as frases «inaceitáveis» com o «João se M aria». G aceitável na linguagem está relacionado com a possibilidade de verdade e não pode haver um a explicação do significado linguístico que não mostre a sua relação com a verdade ( ,5). N o entanto, é precisam ente essa relação que a sem iologia ignora e tem de ignorar se q u ise r generalizar o conceito de «significado» d a linguagem para a arte e a arquíteetura^ Um hom em pode exprim ir as suas atitudes de todas as m aneiras; m as quando u sa a linguagem , os conceitos de verdade e falsidade aplicam -se a o com portam ento, O que diz pode então corresponder, não só aos seus estados interiores, m as à realidade. É disto que trata a linguagem e a su a natureza com o üm a formai cte com unicação pela qual as pessoas podem íriforraar-se m utuam ente acerca do m undo com um .

Foi tam bém pelo conceito de verdade que os filósofos foram capazes de d a r um sentido à ideia de uma estrutura «gram atical», Q que d istingue a linguagem não iju sia m en te a relação com a v erdade, m as o facto de a sintaxe derivar dessa relação, ê porque as palavras individuais num a frase dizem q u e a frase é verdadeira ou falsa e as regras nos perm item retirar, da referência d á s palav ras, as condições para a verdade da frase. Esta observação, feftap rim c iro

por Frege (*% provou, apesar da sua simplicidade, ser extremamente importante para a compreensão da linguagem. Ela pennitemos ver como as condições para a verdade de uma frase podem ser entendidas por qualquer pessoa que saiba o significado das partes. E se se conhecem as Condições piâaâ a verdade de um a frase, sabe-se o que ela diz e, portanto, o q u e significa^ Esfa teoria da verdade fornece a pedra^ angulard e ^ u t n à g ^ ( l7) ,u m a vez que nos diz como derivar o significado d e u m a fra s e d ó significado das suas partes. Justifica, portanto, a divisão intuitiva em partes e mostra comp as partes se unem — agora a sintaxe sucede-sè à sèmâtítica^ E é por isso q u en ão podemos considerar o menu como um fenómeno líiíguístkó: aqui, falãr de «sintaxe» é empregar uma metáfora. Nem pode hayeôr lima sintate

poder haver um a teoria da verdade) para roupas, comiday oú qualqúèr dos outros fenóm enos, para o qual o semiologista vôlía a sua àtençãò ertarite. Ö facto de ter voltado a sua atenção paria o estudo daarquitectura (**), riãonos devia levar a supor que nada tem a dizer acerca do seu significado; Rois , se à teoria fregeana, que esboçámos, é verdadeira (e ela tem agora uma vaSta aceitação), então toda a «ciência» da semiologia está fundada num erro.

Parece então, que não temos, até a g o ra ,o direito de falar de «sintaxe* arquítectural. Até a sintaxe estar correlatada com a semântica — isto é, até apresentar uma elucidação, passo a passo, d eu m significado — não é mais do que um a regularidade intencional. Por outras palavras, não denota utna verdadeira gramática e não pode lançar itiz sobre a compreensão da fôrmá- Mas talvez devêssemos, afinal, estar preparados para apoiar uma genuína semântica da arquitectura. Eco, por exemplo, num livro importante, procurou dar qualquer coisa, quepudesse parecer merécer esre nome ( l9>. Fói buscar a John Stuart MilI o s termos «denotação» e «conotação» — en r termos gerais, uma palavra denota um objecto ou ciasse d e objectõs e conota umá ideia ou significado, Eeo conclui, então, que toda a forma arquiíectural denota uma função e, ao mesmo tempo, conota uma ideia. Aqui não M uma tentativa de falar em verdade — o conceito de d en o t^ã o éanalisado mdependentementç (20). Compreender a arquiteetum desto perspectiva é u h ^ questão de «retirar* do sinal arquítectural os vários significados que contém, em especial, as ideias por ela conotadas e a função qué denota. p te acordo Cóto Ècovo estíto^ implica uma ideia de religiosidade, embora denote diferentes fu n d e s con­ forme o uso (ZIJ). ©enotor uma função não é o mesmo q m possúír um# função — denotar uma função é artjculá-tacom o uma «mensagem», torú&ia publicamente acessível e publicamente inteligível. Aí denotação* pó? outras palavras, é um a forma de relação simbólica; aqui^ um edifício pode denoto? uma função* que não possui (como os contrafortes em formà tte fuso de $t, Ouen em Roucn* tão iradam cntecondenadosporRusídn (**)), oupossuirw na ftihção, que n ã o d e n o ta (c o m o a s colunas d o f l^ jd À u m m ú b if r ^

realidade, funcionamvcoum á l i j ^ cóntudoi éçònvenfeóre ser eéptico. O uso destes termos —- «cteooteçãô* e «cojtòtoçfe* não implica necessariamente uma teoria de aplicação deles* É çoóVcnfente per*

um a significação «sugerida» por um objecto, p o r causa de um a relação nâo-sirnbólica. Os exem ples que discutim os im plicaram relações causais: o «símbolo» natural sugere a causa e o efeito e chega assim a <*significá-lo». E não era preciso Baudelaire indicar que todo o objecto é um «sím bolo natural» . O ra a relação de um edifício com um a função não é causal, m as teológica: a função de um edifício não é a causa, nem o efeito, m as sim o seu objectivo. T odavia, é am da característica natural de um edifício ele sugerir um objecti- vo — não um traço »linguístico». Há m uitos desses exem plos de «signifi­ cado» teológico na natureza. A barbatana do peixe sugere o objectivo de guiar o m ovim ento, com o a espiral de um a trepadeira sugere a tendência ascendente, feto são exem plos de significado não linguístico, porque — um a vez com pre­ endida a relação entre objecto e finalidade — nada m ais há p ara se r entendido e , p o r certo, nada de sim bólico. N ão há conteúdo para a sugestão d e que a barbatana do peixe tam bém diz qualquer coisa sobre a sua função, de que transm ite um a »mensagem» ou funciona com o um «sím bolo». Um objecto natural pode m esm o sugerir um a função que não possui, com o os botões pretos numa lula sugerem a ideia de visão, mas não têm função visual. Parece então que, se quiserm os introduzir os term os sem ânticos propostos p o r Eco* serão necessários mais argum entos. Q uais serão esses outros argum entos?

Tem os de voltar de novo às noções de estrutura sem ântica. N orm alm cnte, quando digo que uma palavra — digam os «João» — representa ou denota qualquer coisa, quero dizer mais do que sim plesm ente que a p alav ra «ante­ cipa» ou «sugere» o que denota (o hom em João). Q uero dizer que a palavra está tão conectada com o João que pode ser usada para falar sobre ele, para

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