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2 TEORIA DOS JOGOS E COOPERAÇÃO

2.9 DISPONIBILIDADE DE INFORMAÇÃO

2.9.1 Informação perfeita e imperfeita

Os jogos com informação perfeita são entendidos como aqueles nos quais todos os jogadores conhecem tanto os acontecimentos do jogo como as jogadas feitas por todos,

incluindo a motivação e as informações que o outro jogador tem, os ganhos e as perdas, e assim por diante, demonstra Almeida (2005). Portanto, não há informação privilegiada.

Quando os jogadores têm conhecimento de todos os movimentos passados por todos os jogadores, e os resultados desses movimentos, diz-se que o jogo é de informação perfeita, declaram Fergusom (1996) e Pombo (1999). Souza (2003) declara que esse tipo de informação é estritamente determinável, tendo em vista que, se um dos jogadores selecionar a estratégia adequada, este ganhará o jogo independentemente do comportamento do oponente. O autor denota que o jogo termina porque um dos jogadores alcançou a posição de vitória ou ocorreu empate.

No caso da informação perfeita, Bêrni (2004) manifesta que cada jogador sabe tudo o que ocorreu antes do início do jogo, qual seu grau de racionalidade, quais seus payoffs e, em jogos seqüenciais, inclusive o que o outro jogador escolheu. Toda a informação relevante é compartilhada pelos jogadores, sendo que cada um sabe o que o outro sabe, e que este sabe que outro sabe que ele sabe.

Um modo mais formal de definir um jogo de informação perfeita é demonstrado por Fiani (2006), quando este afirma que todos os seus conjuntos de informação são unitários – o que equivale a estabelecer que cada jogador sabe em qual unidade de um jogo seqüencial está. Além disso, na evolução do jogo, cada jogador tem a informação perfeita sobre em qual ponto de decisão se encontra (SILVA, 2004). Como elucidação de jogos com informação perfeita, apresenta-se o xadrez. Nesse tipo de jogo, de acordo com Faia (2005), todos os dados são apresentados a todos os jogadores. Além disso, é entendido como um finito, de duas pessoas e de soma zero, segundo declaração de Souza (2003, p.22). Esse autor justifica tal caracterização, tendo em vista que se têm as seguintes propriedades:

1) são dois os jogadores;

2) têm interesses diversos, no que diz respeito ao resultado do jogo; 3) o jogo tem fim;

4) acontecimentos-surpresa estão fora de questão.

Em termos de exemplificação de jogos com informação perfeita, tem-se, em Pombo (1999), grande parte dos jogos de salão, com algumas exceções, como o pôquer e o bridge. Estes são jogos de salão, porém não de informação perfeita, pois possuem mais de dois

participantes com objetivos conflitantes, além de o acaso estar envolvido no resultado do jogo.

Em contraste, tem-se os de informação imperfeita. Estes, segundo Souza (2003), são mais comuns de serem reconhecidos na realidade social, no cotidiano dos indivíduos. Bêrni (2004), Almeida (2005) e Fiani (2006) denotam que um jogo tem informação imperfeita quando pelo menos um dos jogadores desconhece, antes do confronto, como o outro vai se comportar. Nessa modalidade, a informação a respeito do jogo, até o momento em que se encontra, não é completa, explica Almeida (2005). O autor decifra que um dos participantes pode ter informações que os outros não dominam, o que se entende por assimetria de informação. Por causa disso, um dos jogadores pode agregar valor à informação que o outro jogador não tem, quer blefando, quer ocultando essa informação, enfatiza o autor.

Dessa forma, observa Bêrni (2004), todos os jogos de movimentação simultânea são de informação imperfeita. Uma escolha é observada por outros dois agentes, que, por sua vez, também a escolhem simultaneamente, concluindo-se assim o jogo, explica Prywes (1999). De forma detalhada, denota-se que os payoffs são conhecidos, mas os jogadores que têm a preferência de escolher em primeiro lugar desconhecem o que será escolhido pelos demais. No segundo estágio, também os jogadores escolhem simultaneamente. Em outras palavras, tampouco eles têm informação, considera o autor.

Além disso, a informação imperfeita é entendida pela distinção entre risco e incerteza, como demonstra Almeida (2005). Percebe-se, assim, que os indivíduos em situações de incerteza são incapazes de atribuir probabilidades aos inúmeros resultados, isso porque é indisponível para eles prever o futuro. Por outro ângulo, o autor demonstra que, em situações de risco, os agentes já têm como atribuir probabilidades aos diversos resultados. Dessa forma, os jogadores podem calcular a chance de êxito de cada ação – toda vez que enfrentam o risco. Em jogos de informação imperfeita, constata-se que o fator blefe é usual. Silva (2004) expõe que, nesse caso, ocorre de um jogador transmitir ao outro a falsa impressão de força ou fraqueza, objetivando induzir o oponente à desistência da execução de determinada estratégia. Nesse sentido, explica o autor, a comunicação atuaria como sinalizadora de um falso comportamento gerador de incerteza e, por causa disso, limitador das escolhas do oponente.

Ressalta-se que a comunicação, nesse caso, não equivale à fonte de soluções, mas de malícia restrita aos jogos de informação imperfeita. Silva (2004) declara, então, que somente

uma mistura de estratégia adequada, como maximim (estudado posteriormente), representa resolução para esses tipos de jogos entre duas pessoas. Enfim, sintetizando, a principal diferença entre os jogos de informação perfeita e imperfeita está na quantidade de informação de que dispõem os jogadores.

Por fim, apresenta-se, no quadro abaixo, um paralelo entre a informação perfeita e imperfeita, a partir das referências teóricas estudadas, com o intuito de facilitar a comparação, a fixação e a compreensão das diferenças quanto à disponibilidade de informação de que dispõem os jogadores durante uma partida.

INFORMAÇÃO PERFEITA IMFORMAÇAO IMPERFEITA

Conhecimento, informação completos. Conhecimento, informação parciais. Distinção entre risco e incerteza. Ação independe das ações dos demais.

Prevalece a incerteza. Informação compartilhada.

Fator blefe usual.

Simetria. Assimetria. Seqüencialidade. Simultaneidade.

Quadro 9 – Síntese comparativa entre informação perfeita e imperfeita. Fonte: Elaborado pela autora para este estudo a partir das referências teóricas estudadas.