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3 RELAÇÕES PÚBLICAS E COOPERAÇÃO

3.6 LIMITES E BENEFÍCIOS DA TEORIA E DA ATIVIDADE DE RELAÇÕES

Após o desenvolvimento da investigação sobre os pressupostos teóricos de Relações Públicas, é referendada a sua relevância para a sociedade, por esta tratar de relacionamentos entre indivíduos, ou coletividade de indivíduos, na busca da harmonização de interesses, objetivos e metas distintos. No direcionamento de esforços na busca de consistência, transparência e entendimento entre diversos tipos de organizações, com diversos segmentos da sociedade, Relações Públicas demonstra sua validação e amplitude de ação, seja por seu processo, sua teoria, sua atividade, funçao ou exercício profissional.

Contudo, constata-se que assim como apresenta benefícios e abrangências de aplicações, também expõe algumas limitações. Dessa forma, dá-se ciência ao leitor sobre alguns entendimentos teóricos referentes a tais limitações, ao mesmo tempo que se reforçam os benefícios dela.

Como já foi visto, Relações Públicas, em termos acadêmicos, possui atualmente inúmeras e variadas definições conceituais, sendo também uma expressão polissêmica. Em vista disto, multiplicam-se as incertezas na mente de quem procura entender Relações Públicas não somente em termos acadêmicos, mas também mercadológicos. Tanto em âmbito nacional, discorre França (2003), como internacional, afirmam Grunig (2003) e Ruler e Vercic (2003), inexiste uma definição consolidada sobre Relações Públicas que seja aceita por todos. Todos os autores supracitados entendem que se carece de um estudo sistematizado sobre a formação desse conceito.

Amplia-se, desse modo, a questão da escassez de um conceito único ou mesmo que seja correspondente em diferentes culturas e países, como sugere Grunig (2003), para as críticas de teóricos como França (2003) e Nassar (2007) sobre a atividade que, passados anos de existência, ainda não conseguiu constituir e defender um corpo consolidado de doutrina. Em acréscimo, França (2003) expõe que tal atividade, além de não sustentar um conjunto de conhecimentos teóricos que a legitime, é incapaz de se diferenciar das habilitações midiáticas da comunicação social, propiciando e adquirindo mais consistência em ambientes administrativos e estratégicos das organizações. Nessa direção, Moura (2002) conclui que Relações Públicas está situada dentro dos territórios das especialidades de comunicação. Esse

fato diminui a sua identidade, mais habituada aos campos das ciências sociais, da gestão e da política organizacional.

Além dos fatos referendados, contata-se a limitação que há de produção científica e, sobretudo, de publicações teóricas sistematizadas, em âmbito nacional, capazes de influenciar e reorientar os rumos de Relações Públicas (FRANÇA, 2003). Apesar de Kunsch (2002) demonstrar, a partir de um mapeamento realizado, que o volume de trabalhos, entre dissertações de mestrado, teses de doutorado e livre-docência, no Brasil, é significativo – de reconhecido destaque, principalmente se comparados com as produções latino-americanas ou mesmo européias – não é o esperado pelo potencial que demonstra a atividade. Referente a essa questão, Ruler e Vercic (2003) relacionam a forte ligação que há entre Relações Públicas e a função profissional, com a falta de desenvolvimento de uma respeitada área de pesquisa. Andrade (1994) cita que há uma excessiva concentração no como-fazer da atividade. Entende- se que isso remete ao profissional – em lugar do como-pensar –, ao como-ser a atividade, que eleva seu status à teoria.

Acrescendo às questões levantadas, Ferrari (2003) expõe que a atividade e o profissional de Relações Públicas carecem de divulgação junto ao empresariado e à mídia especializada, o que, no olhar dessa teórica, prejudica o seu desenvolvimento. A autora segue explicando que o fato de se ter mais de cem definições de Relações Públicas provoca uma confusão na mente das pessoas, principalmente entre o ser e o fazer da atividade, resultando (NASSAR, 2007), entre outros fatores, em equívocos envolvendo várias atividades profissionais absolutamente distintas das práticas de Relações Públicas.

Portanto, contata-se que é preciso definir Relações Públicas de forma clara e concisa; identificar os pontos comuns e distintos da atividade, para a sua devida aplicação em diferenças culturais, tornando-a local e global; estimular produções e publicações científicas; ao mesmo tempo e com a devida adequação, planejar um programa de divulgação que possibilite uma compreensão macro adequada tanto da comunidade de Relações Públicas como da sociedade em geral.

Contudo, apesar das dificuldades ou limitações enfrentadas por Relações Públicas, identificam-se inúmeros êxitos e benefícios – isso é fato, não obstante se careça de produção, publicação e exposição. Para comprovar isso, faz-se uso dos pressupostos teóricos de Braga et al. (2002), que enaltecem as vantagens e amplitudes dessa atividade, que são diversas e

valiosas, sendo sua contribuição decisiva para o relacionamento entre o sistema organização- públicos.

Ao encontro desse pensamento, retomam-se os pressupostos teóricos de Simões (1995) sobre Relações Públicas. Ao olhar desse autor, seu maior benefício é poder administrar o conflito iminente entre o sistema organização-públicos, o que é determinante no rumo das relações e, conseqüentemente, nos ganhos ou perdas alcançadas por cada elemento. Como busca transformar os conflitos no sistema em situações produtivas, e não destrutivas por completo, justifica a sua identificação e existência como um benefício à sociedade. Esta lucra com relacionamentos mais transparentes, com o melhor entendimento entre as partes que a compõem e com um equilíbrio mais adequado entre o que é bom para o indivíduo e o que é bom para a coletividade.

Nessa direção, Nassar (2007) expõe que, ao se focar nos desafios da atualidade que envolvem não só as pessoas, mas suas nações, em escala global, Relações Públicas demonstra sua vantagem e seu papel estratégico e decisivo, não somente por ser vista como difusora de informações, mas principalmente como mediadora entre inúmeros protagonistas sociais, locais e mundiais. Grunig (2003) demonstra que Relações Públicas pode contribuir com diversos fatores positivos às diferentes culturas e sociedades, desde que seja edificada em valores e visões de mundo de inúmeras culturas. Contudo, Bueno (2005) entende que Relações Públicas já segue nesse rumo, por apresentar a facilidade de se adequar aos distintos públicos e culturas tanto de povos como organizacionais, bem como aos mais diversos nichos de mercado.

Em acréscimo, Lesly (1995, p.XI) enaltece os benefícios de Relações Públicas, quando expõe que é

A única disciplina que vai ao âmago do por que e do como as massas agem e reagem ao seu meio ambiente social e fornece meios de como direcionar essas reações, tomando corpo e força nos assuntos de cada país, região, grupo, organização e instituição.

Percebe-se, também, que, apesar de Relações Públicas carecer de sustentação teórica, Grunig (2003) evidencia que ela está se tornando uma profissão fundamentada em conhecimentos acadêmicos – fato propício e fundamental para o desenvolvimento dessa área. Na mesma direção, Kunsch (1997, p. 106) entende que a formação geral e humanística que o

profissional qualificado de nível superior adquire é favorável, além de distingui-lo de mero técnico ou prático de Relações Públicas. A autora segue expondo que “ele não faz as coisas simplesmente por instinto ou por rotina, mas procura no conhecimento científico o embasamento para suas ações. Cada caso ou problema se relaciona com as ciências sociais”. A autora finaliza expondo que, conforme as necessidades que se apresentam, são ciências como psicologia, sociologia, política, antropologia e comunicação que proporcionarão as respostas a diversas inquietudes da atividade e da profissão de Relações Públicas, como processos de integração, relações de poder, análises da cultura organizacional, entre outros fenômenos.

Para finalizar, com o intuito de facilitar a fixação e a compreensão dos limites e benefícios que se mostram sobre Relações Públicas, desenvolveram-se dois quadros: o primeiro para seus limites e o segundo para seus os benefícios. Destaca-se que estes, de maneira independente, traçam uma sumarização dos elementos expostos neste subcapítulo.

SÍNTESE DOS LIMITES DA TEORIA E DA ATIVIDADE DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Escassez de um conceito único ou mesmo que seja correspondente em diferentes culturas e países. Por isso, multiplicam-se as incertezas na mente de quem procura entender Relações Públicas não somente academicamente, mas mercadologicamente.

Até o momento, Relações Públicas não conseguiu constituir e defender um corpo consolidado de doutrina.

Até o momento, não se pôde diferenciar as habilitações midiáticas da comunicação social, propiciando e adquirindo mais consistência essa diferença em ambientes administrativos e estratégicos das organizações.

Limitação de produção científica e, sobretudo, de publicações teóricas sistematizadas na área. Volume de produção científica, no Brasil, significativo e de reconhecido destaque, principalmente se comparado com as produções latino-americanas ou européias – ainda que não seja o esperado pelo potencial que demonstra a atividade.

Excessiva concentração no como-fazer da atividade, com foco ao profissional, em lugar do como-pensar, como-ser a atividade, que eleva seu status à teoria.

Carece de divulgação, junto ao empresariado e à mídia especializada.

Quadro 19 – Síntese dos limites da teoria e da atividade de Relações Públicas. Fonte: Elaborado pela autora para este estudo a partir das referências teóricas estudadas.

SÍNTESE DOS BENEFÍCIOS DA TEORIA E DA ATIVIDADE DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Administrar o conflito iminente entre o sistema organização-públicos é determinante no rumo das relações e, conseqüentemente, quanto aos ganhos ou às perdas alcançados pelos elementos desse sistema.

Transformar os conflitos no sistema em situações produtivas e não-destrutivas por completo – esse fator justifica a sua identificação e existência como um benefício à sociedade.

Trazer ganhos ao sistema: relacionamentos mais transparentes, de melhor entendimento entre as partes que a compõem e com um equilíbrio mais adequado entre o que é bom para o indivíduo e o que é bom para a coletividade.

Demonstrar sua vantagem e seu papel estratégico e decisivo, não somente por ser vista como difusora de informações, mas principalmente como mediadora entre inúmeros protagonistas sociais, locais e mundiais.

Poder contribuir com inúmeros fatores positivos às diferentes culturas e sociedades, desde que seja edificada em valores e visões de mundo de muitas culturas.

Adequar-se facilmente aos distintos públicos e culturas regionais e organizacionais, bem como aos mais diversos nichos de mercado.

Ir ao âmago do por que e do como as massas agem e reagem ao seu meio ambiente social e fornecer meios de como direcionar essas reações.

Apesar de carecer de sustentação teórica, vem se tornando uma profissão fundamentada em conhecimentos acadêmicos – fato propício e fundamental para o desenvolvimento dessa área.

Formar, em termos gerais e humanísticos, o profissional qualificado de nível superior, além de distingui-lo de um mero técnico ou prático.

Quadro 20 – Síntese dos benefícios da teoria e da atividade de Relações Públicas. Fonte: Elaborado pela autora para este estudo a partir das referências teóricas estudadas.

A seguir, para finalizar este capítulo, apresenta-se um fluxograma que representa, de maneira esquemática e sintetizada o processo e a teoria de Relações Públicas, com o intuito de auxiliar a transição de informações entre partes que a constituem. O fluxograma apresenta três esquemas: geral, situação 1 e situação 2.

159 Figura 5 – Fluxograma de Relações Públicas – Geral

160 Figura 6 – Fluxograma de Relações Públicas – Situação 1: convergência

161 Figura 7 – Fluxograma de Relações Públicas – Situação 2: divergência