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4 A GESTÃO AMBIENTAL NOS BANCOS PÚBLICOS BRASILEIROS

4.6 Apresentação e análise dos resultados

4.6.1 A administração das operações

4.6.1.1 Iniciativas ambientais

Os itens “melhora na eficiência do uso da água e energia”; “reciclagem, redução e reutilização dos materiais” são mais marcadamente associáveis à atividade industrial ou agroindústrial, tendo menor impacto na indústria de serviços, particularmente a industria bancária, já que suas variáveis definidoras são intrínsecas a processos produtivos da indústria de transformação, intensivas em energia e matérias-primas,

O item “impacto ambiental do ciclo de vida dos produtos” bem como os critérios ambientais na administração de propriedades afetam a todos os setores produtivos apresentando, entretanto gradações distintas, conforme o valor agregado.

Os itens relacionados às emissões de Co2 refletem muito mais propriamente aspectos administrativos dos agentes econômicos financiados, do que os aspectos relacionados com sua atividade produtiva propriamente dita.

b) Considerações específicas

A totalidade dos bancos públicos federais afirmaram que a melhora na eficiência do uso da água e energia e a reciclagem, redução e reutilização de materiais estão refletidas na administração das operações internas.

Entretanto, em nenhum dos casos, as referências relacionadas com as emissões de CO2, são consideradas no contexto da administração de operações.

As considerações quanto ao impacto ambiental do ciclo de vida dos produtos e os critérios ambientais na administração de propriedades não são considerados no BB, BNB e BNDES. Observe-se que estas referências estão interligadas sobretudo sempre que estes conglomerados atuam diretamente como controladores, acionistas minoritárias ou stakeholders na forma de coligadas ou subsidiárias, ou como investidores em estruturas de project finance.

No aspecto legal a Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente incentiva a produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia nos arts. 2º, 4º, 5º e no inciso V do art. 9º. A maior parte dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente constitui as principais ferramentas legais para a garantia dos impactos negativos nos processos produtivos.

Nesse sentido, o incentivo à implementação de equipamentos e tecnologias voltadas para a qualidade ambiental, conta com o caráter inovador na legislação ambiental brasileira e pode auxiliar na revisão dos procedimentos institucionalizados nos órgãos ambientais, de forma que sejam estimuladas inovações tecnológicas e gerenciais que incorporem práticas

preventivas e mais eficientes para o meio ambiente tais como: a redução e a eliminação de resíduos ou de poluentes na fonte geradora.

Para definir essa política internacionalmente têm sido utilizados os termos “Produção mais Limpa” – Cleaner Production, “Prevenção à poluição” – Pollution Prevention, “Tecnologias Limpas” – Clean Technologies, “Redução na Fonte” (Souce Reduction) e “Miminização de Resíduos” – Waste Minimization e ecoeficiência.

Os principais resíduos gerados pelos Bancos são os materiais de expediente destacando o uso do papel (os bancos brasileiros são considerados os maiores consumidores de papeis na América do Sul), cartuchos de impressoras, toner para as máquinas copiadoras, celulares, baterias, pilhas, copos descartáveis, além da emissão de CO2 produzido pelas frotas de veículos e viagem de negócios e o consumo de água e de energia.

O controle de substâncias tóxicas encontra o seu fundamento constitucional no inciso V do artigo 225 da lei fundamental. È possível, igualmente, encontrar amparo constitucional para o controle de produtos tóxicos na forma contida no art. 200 e seus incisos da CF, que cuidam do sistema único de saúde. As pilhas e baterias dos aparelhos utilizados pelos funcionários dos bancos devem ser recolhidas e encaminhadas aos fabricantes de tais produtos para reciclagem, tratamento e armazenamento. Essas obrigações estão na resolução nº 257/99 do CONAMA.

Dos Bancos pesquisados todos apresentaram iniciativas de projetos com o objetivo de reduzir o consumo de matérias de expediente, água e energia. Mas, nenhum dos bancos dispõem de mecanismos de controle da frota de veículos e das viagens de negócios para redução de emissões CO2.

Das sanções previstas no Direito Ambiental para as empresas que não observarem a legislação referente a utilização de mecanismos de controle e iniciativas de gestão ambiental podemos destacar a reclusão de 1 (um) a 4(quatro) anos e multa, estabelecida no art. 54 da

Seção III do Capítulo V da Lei 9.605/98 – Lei de crimes ambientais. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição de floras é tipificado como crime ambiental. No § 2º do mesmo artigo a pena será de reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos para aqueles que tornarem uma área urbana ou rural imprópria para a ocupação humana; causar poluição atmosférica; causar poluição hídrica; ocorrer por lançamento de resíduos sólidos líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. Além da esfera penal, os Bancos podem ser ainda penalizados por multas e indenizações na esfera civil.

A não utilização desses critérios podem gerar prejuízos financeiros para os bancos como vimos no capítulo 3, principalmente com os imóveis recebidos em dação de pagamento (em garantia), oriundos de empréstimos e financiamentos com passivos ambientais. Ao incorporar esses bens no seu ativo, os bancos também assumem o passivo ambiental decorrente da responsabilidade solidária definida no art. 927 do Código Civil. Nenhum dos bancos pesquisados possuem mecanismos de controle e monitoramento das propriedades recebidas como garantias de operações de financiamento.

Um item de suma importância deve ser destacado com relação aos Bancos que financiam as atividades rurais que destroem a vegetação nativa, as áreas de preservação permanente e em muitos casos não observam a exigência da reserva legal.

Para o Código Florestal, a área de preservação permanente é aquela protegida nos termos dos art. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e da flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. As Resoluções do CONAMA de nº 302 e 303 estabelecem parâmetros, definições e limites de áreas preservação permanente.

A Reserva Legal é “área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas”.45 O Código Florestal determina o limite do direito de uso da propriedade e os percentuais de 20%, 35% e 80% de área do imóvel destinada à reserva legal, de acordo com a região e a fisionomia vegetal.

Verifica-se que os bancos não possuem mecanismos de fiscalização adequados para averiguar a existência das áreas de preservação permanente e da reserva legal. Dos bancos pesquisados apenas o Banco do Brasil e o BNDES exigem a averbação cartorária da reserva legal.

4.6.1.2 Responsabilidades do departamento ambiental