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CAPÍTULO I – CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

1.7 Instrumentos da pesquisa

Em razão de este estudo associar-se à pesquisa de tipo etnográfico, especificamente, etnográfico-virtual, a qual pressupõe a geração de uma variedade considerável de dados com a finalidade de triangular os mesmos e, consequentemente, garantir a confiabilidade da pesquisa, utilizamos nove instrumentos para compor o corpus deste trabalho, os quais estão relacionados na figura 8, abaixo:

Figura 8 – Instrumentos utilizados na pesquisa

Fonte: Acervo da pesquisa

29 As verbalizações obtidas no chat configuram o Anexo C desta dissertação.

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O primeiro instrumento utilizado, a saber, questionário semiestruturado on-line, foi criado na plataforma Google docs®30, especificamente, através do editor de formulários (form) e disponibilizado aos nossos colaboradores via e-mail. Composto por 53 (cinquenta e três) questões mistas (abertas e fechadas), o questionário compreende 03 (três) dimensões – identificação, atuação profissional e práticas de letramento digital – com a finalidade de contemplar a caracterização socioeconômica dos colaboradores bem como o mapeamento das práticas de letramento digital desses indivíduos.

Apesar de Gressler (2003) apontar algumas desvantagens sobre a utilização do questionário como instrumento de pesquisa, tais como a dificuldade em se obter a devolução da ferramenta devidamente respondida e a incapacidade dos colaboradores em disponibilizar informações, entendemos que as vantagens superam essas desvantagens, uma vez que os questionários apresentam-se como instrumentos versáteis. Além de apresentarem baixo ou nenhum custo, os questionários caracterizam-se por gerar dados rapidamente e por assegurar a liberdade para expressar opiniões, principalmente se as questões que o compõem forem de natureza aberta (GRESSLER, 2003).

A fim de registrarmos os eventos de letramento proporcionados pelo curso de extensão para posterior apreciação e, consequentemente, autorreflexão, utilizamos como instrumentais de pesquisa a observação participante e as notas de campo dos 04 (quatro) encontro presenciais e dos 06 (seis) encontros a distância.

Três tipos de observação foram usados: a participante, uma vez que consistiu na participação ativa da pesquisadora que, nesta pesquisa, também é a professora-formadora; a

assistemática, haja vista que não planejamos as observações rigorosamente nem previmos os

acontecimentos; e a observação na vida real, pois a realizamos nos contexto do estudo, onde os acontecimentos ocorreram (GRESSLER, 2003).

As notas de campo, registradas no computador pessoal da pesquisadora, após os encontros presenciais e virtuais, constituem “o relato escrito daquilo que o pesquisador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha e refletindo sobre os dados de um estudo qualitativo” (BOGDAN; BLIKEN, 1994, p. 50).

Conforme assinalam Bogdan e Bliken (1994), as notas de campo ocasionam dois tipos de materiais: o descritivo e o reflexivo. O primeiro preocupa-se em “captar uma imagem por 30 A cópia do questionário aplicado junto aos nossos colaboradores constitui o Apêndice C desta dissertação. O instrumento supracitado foi disponibilizado através do seguinte link:

<https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dGd5cUZKMkQ3UXhWM3ZzVjRsU2RVaVE6MQ# gid=0>. Acesso em 30 jul 2012.

palavras do local, pessoas, ações e conversas observadas” (BOGDAN; BLIKEN, 1994, p. 152), enquanto o segundo detém “o ponto de vista do observador, as suas ideias e preocupações” (BOGDAN: BLIKEN, 1994, p. 152).

Foram produzidos ainda autorretratos ou perfis dos colaboradores, postados em local específico no ambiente virtual Moodle®, conforme visualizamos na figura 9, a seguir. A utilização deste instrumento teve como finalidade a triangulação dos dados por ele gerados junto aos dados oriundos dos questionários para traçar o perfil dos colaboradores.

Figura 9 - Autorretrato (perfil) de professora colaboradora da pesquisa

Fonte: Acervo da pesquisa

Para tanto, solicitamos aos professores em formação que contemplassem os seguintes itens ao escrever seus autorretratos: nome, formação acadêmica, escola e segmento que leciona (professores em formação continuada), período do curso de Letras em que está matriculado (professores em formação inicial), modo como surgiu o interesse pelo curso de extensão e as expectativas sobre essa ação.

Utilizando um gravador de voz digital modelo Olympus® VN-2100PC, registramos em áudio três dos quatro encontros presenciais, totalizando 05 horas 35 minutos e 30 segundos gravação. Em função desse volume de dados, realizamos as transcrições dos arquivos de áudio para acessar essas informações com maior facilidade.

No decurso da ação de extensão Letramentos e tecnologias: ensino de língua

portuguesa e demandas da cibercultura, adotamos também dois tipos de fórum de discussão:

os de notícias e os de atividades de aprendizagem, oriundos do Moodle®. Todavia, apenas esses últimos serão caracterizados como instrumentais de pesquisa, especificamente, os fóruns intitulados Do papiro à tela do computador, Endereço do blog e Produção do verbete, disponibilizados no ambiente virtual de aprendizagem Moodle®, em razão de terem gerado dados que vem a contribuir significativamente aos propósitos da pesquisa.

O primeiro fórum teve duração de 27 (vinte e sete) dias e contou com a criação de 37 (trinta e sete) tópicos, enquanto o segundo ficou aberto por 26 (vinte e seis) dias e teve 40 (quarenta) tópicos publicados. O terceiro fórum contou apenas com um tópico, mobilizado entre os dias 03 a 29 de junho de 2012.

Também no domínio virtual, caracterizam-se instrumentos de geração de dados desta pesquisa 28 (vinte e oito) páginas de blog criadas por nossos professores colaboradores, à época de realização do curso de extensão, no domínio Blogger®. Esses blogs contemplam diversas atividades produzidas pelos professores em formação bem como depoimentos e opiniões dos professores sobre temas pontuais discutidos nos encontros presenciais, os quais ganharam extensão em ambiente digital.

Dispomos, além disso, do registro fotográfico de todos os encontros presenciais, realizado através de uma câmera modelo Sony® Cyber-shot DSC-W520, perfazendo um total de 274 (duzentas e setenta e quatro) fotos. Conforme afirma Loizos (2002, p. 137), “a imagem, com ou sem acompanhamento de som, oferece um registro restrito mas poderoso das ações temporais e dos acontecimentos reais – concretos, materiais”. Esse estudioso salienta ainda que a desvantagem pontual do uso da fotografia como instrumento de pesquisa é a possibilidade de manipulação das imagens através de programas de computador.

Cientes de que as possíveis modificações podem implicar a perda da validade da pesquisa, preferimos adotar o posicionamento de Collier Júnior (1973, p. 3), ao asseverar que “[...] o valor da fotografia [...] é que ela oferece modos singulares de observar e descrever a cultura, o que pode fornecer novas indicações para a significância das variáveis”. Nesse

sentido, as fotografias objetivam, nesta pesquisa, interagir com os dados verbais, traçando a narrativa etnográfica31.

Conforme exposto anteriormente, após o encerramento do curso de extensão

Letramentos e tecnologias ensino de língua portuguesa e demandas da cibercultura,

recorremos ainda ao emprego de dois instrumentais de pesquisa. O primeiro deles foi a sessão colaborativa que ganhou uma nova característica: foi realizada a distância, através de chat.

A sessão reflexiva (IBIAPINA, 2008), ou roda de conversa, consiste em um instrumento de reflexão crítica que visa à compreensão e reconstrução de práticas pedagógicas de professores. Utilizamos essa estratégia com vistas a investigar quais os impactos do curso para a atuação profissional dos docentes em formação e as mudanças com relação às práticas de letramento digital desses indivíduos. Outra finalidade foi avaliar o curso de extensão tendo em vista a realização de uma segunda edição em um momento futuro.

A respeito desse instrumento, Magalhães e Fidalgo (2008, p. 109-110) sinalizam que não basta reunir o grupo para discutir determinado tema,

Os diálogos devem ser definidos por ações colaborativas interagentes, ouvindo32 atentamente cada um e investigando mal entendidos (ou ideias divergentes) que são possíveis ou mesmo inevitáveis. Em outras palavras, o contexto organizado [...] deve permitir que os participantes se engajem em uma co-construção; um contexto no qual cada um se sinta confortável para mostrar seus diferentes entendimentos, seus diferentes pontos de vista – fazendo disso um diálogo significativo para todos os envolvidos [...].

Para que isso ocorresse satisfatoriamente, a professora-formadora foi a responsável pela condução da sessão reflexiva on-line, lançando, durante a conversa, questões que orientaram os professores em formação a refletir sobre o que foi estudado e discutido ao longo do curso semipresencial bem como sobre a sua prática de ensino.

Em complemento à sessão reflexiva, valemo-nos do processador de textos (document) da ferramenta Google docs® como instrumento de pesquisa, o qual resultou na escrita colaborativa de dois textos avaliativos. Estas produções textuais colaborativas somente

31 O conceito de “narrativa etnográfica” advém do campo antropológico visual e diz respeito à descrição dos eventos observados pelo pesquisador não apenas através de textos verbais mas também de textos não-verbais (precisamente, fotografias ou vídeos) para descrever a cultura de um grupo de pessoas. Conforme explicam Barbosa e Cunha (2006, p. 32-33), “o estabelecimento dessa relação dialógica entre texto e imagem não é uma tarefa simples, [...] a imagem é polissêmica: se, por um lado, ela tem a capacidade de evocar e elucidar coisas que o texto não consegue expressar, por outro, ela é por demais aberta e precisa de um discurso verbal para direcionar o olhar, a leitura, no sentido da discussão que o pesquisador quer desenvolver”.

puderam ser efetivadas por que o Google docs® possibilita ao usuário compartilhar o arquivo virtual entre outros membros indicados pelo administrador do documento, o qual, neste caso, era a professora formadora.

Cada um dos professores em formação recebeu um convite por e-mail, através de um

link, para acessar e modificar o arquivo, tal como ilustramos abaixo.

Figura 10 - Convite enviado aos colaboradores da pesquisa para produção dos textos colaborativos via Google docs®

Fonte: Acervo da pesquisa

É importante esclarecer que a produção de ambos os textos colaborativos seguiu o comando disposto com antecedência no ambiente virtual de aprendizagem Moodle® o qual reproduzimos abaixo.

Figura 11 - Comando da produção textual colaborativa via Google docs®

Fonte: Acervo da pesquisa