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Políticas públicas de formação de professores para utilização das TIC em contextos de

CAPÍTULO II – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

2.3 Letramento do professor na cibercultura

2.3.2 Políticas públicas de formação de professores para utilização das TIC em contextos de

O conceito de “políticas públicas” associa-se diretamente à postura que o poder público, nos níveis federal, estadual e/ou municipal, assume diante das demandas sociais. Levando isso em conta, Teixeira (2002, p. 2), define as políticas públicas como “[...] diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado”.

Ainda segundo o estudioso, as políticas públicas podem ser caracterizadas em três modalidades: (i) quanto à natureza ou o grau da intervenção, (ii) quanto à abrangência dos possíveis benefícios e (iii) quanto aos impactos que podem causar aos beneficiários, ou ao seu papel nas relações sociais.

No que diz respeito à primeira modalidade, as políticas públicas podem ser caracterizadas como estruturais, aquelas que procuram interferir em relações estruturais como emprego, renda e moradia; ou conjunturais/emergenciais, que visam à resolução de questões imediatas.

No tocante a segunda modalidade, Teixeira (2002), afirma que as políticas públicas podem ser universais, ou seja, para todos os cidadãos; segmentais, planejadas apenas para um segmento da sociedade; ou fragmentadas, destinadas a grupos sociais específicos dentro de um segmento.

A terceira modalidade, por sua vez, classifica as políticas públicas em distributivas, aquelas que distribuem benefícios individuais; redistributivas, que objetivam redistribuir os

recursos entre os grupos sociais; e regulatórias, definindo regras e procedimentos para regular o comportamento dos atores, de modo a tentar atender aos interesses da sociedade como um todo.

No campo da educação brasileira, em que se insere esta investigação, as políticas públicas são articuladas, desenvolvidas e avaliadas pelo Ministério da Educação, que delega a cada uma das secretarias a ele subordinadas a responsabilidade de gerenciar as ações. A Secretaria de Educação Superior (SESU), por exemplo, é responsável por iniciativas como o

Programa de Reestruturação das Universidades Federais (REUNI), o Programa

Universidade para Todos (PROUNI) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino

Superior (FIES).

A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), por sua vez, implementa o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (PRONATEC), o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a

Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), dentre outros.

Cabe à Secretaria de Educação Básica (SEB) ações amplamente conhecidas, a exemplo do Programa Saúde na Escola, Escola Aberta, Mais Educação, do Programa

Nacional do Livro Didático (PNLD), Olimpíadas de Língua Portuguesa e Olímpiadas de

Matemática.

Apresentamos, também, as iniciativas coordenadas pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), a exemplo do Programa

Escola Acessível, Transporte Escolar Acessível, o Prolibras, a Formação Continuada de

Professores na Educação Especial, além de outras ações que visam à inclusão escolar dos

alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Também constitui responsabilidade da SECADI, administrar os programas oriundos da extinta Secretaria de Educação a Distância. Na figura abaixo, relacionamos as 14 (catorze) ações em desenvolvimento na atualidade.

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Fonte: Acervo da pesquisa (com informações da página virtual do MEC)

Como a própria denominação sugere, o primeiro programa, DVD escola, oferece às instituições públicas de ensino uma caixa contendo diversos discos, com a finalidade de ampliar o alcance da TV Escola. Por sua vez, essa segunda ação refere-se a um canal de

televisão, criado em 1996, para exibir, diariamente, uma programação que contempla produções nacionais e estrangeiras.

O Sistema Universidade Aberta do Brasil, o E-Tec Brasil e o Proinfantil, são projetos de formação à distância responsáveis por desenvolver, respectivamente, cursos e programas de educação superior para profissionais da educação, educação profissional e tecnológica de nível médio e curso normal de nível médio para profissionais lotados em creches e escolas de educação infantil.

No que diz respeito ao Domínio Público, notamos que se trata de um acervo digital de obras literárias, artísticas e científicas, a que a população tem acesso livre e gratuito. Nessa mesma linha de trabalho, o portal Banco Internacional de Objetos Internacionais tem a finalidade de assessorar o professor, oferecendo diversos recursos educacionais, sem ônus.

Cada um desses programas tem o seu valor específico, nas respectivas áreas em que desenvolvem suas ações. Nesta pesquisa, no entanto, sobressaem as demais iniciativas, a saber, Programa Nacional de Tecnologia Informacional (ProInfo), ProInfo Integrado, E-

ProInfo, Projetor ProInfo, Programa Banda Larga nas Escolas e Programa Um Computador

por Aluno.

Observando os objetivos desses programas, constatamos que a maior parte deles preocupa-se em investir em equipamentos, enquanto apenas um considera, exclusivamente, a questão da formação do professor. O ProInfo, por exemplo, tem como principal meta a implantação de laboratórios de informática em escolas públicas. Na mesma direção, os gastos com a compra de Projetores ProInfo e com a construção do ambiente virtual de aprendizagem

E-ProInfo também foram maciços. O que dizer então dos programas Banda Larga nas

Escolas e Um Computador por Aluno43, que se caracterizam pelo grandioso investimento

financeiro em aquisição de equipamentos?

Diante de tantos projetos que tentam prover as escolas com tecnologia, apenas um, o

ProInfo Integrado, preocupa-se com a formação dos professores em tecnologia educacional.

O projeto oferece quatro cursos: Introdução à Educação Digital (40h), Tecnologias na

Educação: ensinando e aprendendo com as TIC (100h), Elaboração de projetos (40h) e

Especialização de Tecnologias em Educação (400h).

43 Vale salientar que o Programa Um Computador por Aluno (UCA) prevê uma fase de formação do professor para a utilização do laptop educacional. Contudo, notamos que ao financiamento dos computadores é dada maior ênfase que ao processo formativo a que os docentes são submetidos para atuar em sala de aula.

O primeiro curso é de natureza técnica, pois visa ao manuseio das ferramentas básicas de um microcomputador; o segundo, oferece subsídios para que professores e gestores façam uso consciente da tecnologia na sala de aula; enquanto isso, o terceiro relaciona-se ao desenvolvimento de projetos de ensino; e, o quarto, direciona-se aos formadores dos projetos

TV Escola, Proinfantil e ProInfo integrado, por exemplo, e não necessariamente para os

professores que estão em sala de aula.

Esse levantamento nos permite evidenciar, conforme anunciamos na introdução desta dissertação, que as políticas públicas de inclusão digital, na esfera escolar, se concentram, em sua maioria, na aquisição de hardwares e softwares e que existe uma necessidade de ampliar essas ações de formação, de modo que venha a existir uma proporção mais igualitária entre o que é investido em equipamentos e o que é investido no desenvolvimento de pessoal docente.

CAPÍTULO III – ETNOGRAFIA VIRTUAL E LETRAMENTO DIGITAL DO