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Módulo II – História da escrita e noções de hipertexto, hipermídia e gêneros digitais

CAPÍTULO III – ETNOGRAFIA VIRTUAL E LETRAMENTO DIGITAL DO

3.2 Etnografia virtual e processos de formação docente

3.2.2 Módulo II – História da escrita e noções de hipertexto, hipermídia e gêneros digitais

O segundo encontro presencial63 aconteceu no dia 31 de maio de 2012 (quinta-feira), também no período vespertino, em horário e local convencionados anteriormente, ou seja, entre 14h e 17h, no miniauditório do CEMURE. O segundo bloco de atividades a distância, por sua vez, teve duração maior que o primeiro. Assim sendo, 12 (doze) dias foram disponibilizados para a efetivação das tarefas cadastradas no Moodle®.

Iniciamos este encontro retomando os pontos discutidos na aula anterior. Essa prática é característica, inclusive, das aulas que serão narrativizadas nos itens 3.2.3 e 3.2.4, em seguida. Conforme ilustra a figura 17, recordamos que no primeiro encontro nos 63 O Apêndice E corresponde à apresentação, produzida no Prezi® para orientar o segundo encontro presencial.

apresentamos através de perfis acadêmicos; explicamos cada um dos pontos do programa de curso; informamos aos colaboradores que o curso consistia em um dos momentos de geração de dados de uma pesquisa de mestrado e que, por uma questão ética, precisaríamos de que eles assinassem o TCLE; conversamos sobre a importância de conhecer as ferramentas pedagógicas disponíveis em ambiente virtual e sobre os conceitos de cibercultura e de letramentos digitais; e procuramos saber de que forma os professores resolveram o primeiro bloco de atividades a distância (questionário, perfil e comentário sobre o filme no fórum de discussão).

Figura 17 - Retomada dos pontos apresentados/discutidos no Módulo I

Fonte: Acervo da pesquisa

Conforme sinalizamos ao encerrar o primeiro módulo, os vídeos assistidos pelos professores no YouTube® atuaram como links entre as duas primeiras aulas presenciais, haja vista que o primeiro conteúdo discutido no encontro que descrevemos agora também foi a história da escrita. Motivados pelo entusiasmo dos professores em compartilhar essa história

com seus alunos, ocorreu-nos que poderíamos disponibilizar outros materiais para que eles pudessem introduzir uma conversa sobre a relação linguagem e tecnologia em suas respectivas escolas e/ou salas de aula, tal como o Livro da Escrita de Ruth Rocha e Otávio Roth (2008). Por isso, fizemos uma leitura compartilhada do material, em que participaram todos os 25 (vinte e cinco) professores presentes, conforme ilustra a figura 18. Posteriormente, disponibilizamos o livro no Moodle®, caso os docentes se interessassem em trabalhá-lo na escola/sala de aula.

Figura 18 – Momento de leitura compartilhada entre os colaboradores da pesquisa

Fonte: Acervo da pesquisa

A história da escrita levou-nos ao próximo tópico de conversação em que discutimos sobre os conceitos de hipertexto (GOMES, 2011; MARCUSCHI, 1999, 2004) e hipermídia (GOMES, 2011; SANTAELLA, 2004). Para definir e exemplificar ambos os conceitos, buscamos várias páginas da internet ao longo da aula, tais como os websites da Revista Nova Escola e do YouTube® (mais detalhes podem ser visualizados no Apêndice E). Tendo em vista que os links constituem os elementos centrais do hipertexto, aproveitamos a

oportunidade para mostrar a classificação desses artefatos de acordo com Gomes (2011): internos, externos e verticais64.

Discorremos também sobre as vantagens e desvantagens dos livros em formato digital (e-books) e nos surpreendemos com a forte opinião da maioria dos professores sobre não abrir mão da leitura no livro impresso. Vejamos que esse posicionamento acaba indo de encontro àquele que eles apresentaram no primeiro módulo, quando afirmaram que a escola deveria congregar tanto textos em formato impresso quanto em formato digital. A nosso ver, eles desejam que essa diversidade esteja presente no cotidiano de ensino-aprendizagem de seus alunos, mas, quando se trata deles próprios, essa opinião é redimensionada, surgindo, mais uma vez, o receio sobre o uso da tecnologia (BUZATO, 2001).

Apresentamos também o conceito de gêneros digitais (MARCUSCHI, 2004), mostrando quais das suas propriedades os diferenciam ou os aproximam dos gêneros tradicionais. Exemplificamos a questão por meio do gênero e-mail, recorrente no cotidiano de leitura e escrita virtuais dos professores colaboradores do estudo, demonstrando que ele apresenta características típicas de outros gêneros como o bilhete, a carta e a conversa face a face, mas torna-se peculiar por permitir a transmissão de dados (texto, som ou imagem), através de arquivos anexados.

Para encerrar a aula presencial, apresentamos aos professores o bloco de atividades a distância nº 2. Como a quinta-feira posterior (07 de junho de 2012) constituía feriado nacional65 e, por isso, não haveria encontro presencial, o período delimitado para este conjunto de tarefas foi maior, conforme informamos antes. Igualmente, foi designada uma quantidade maior de atividades para integrá-lo, conforme ilustra a figura 19.

64 Conforme explica Gomes (2011), os links internos apontam para um documento (ou página) dentro do próprio

site, enquanto os externos direcionam o leitor para fora do website. Já os verticais apontam para outros locais

dentro do próprio documento. 65 Corpus christi.

Figura 19 - Bloco de atividades a distância nº 2

Fonte: Acervo da pesquisa

A primeira atividade, criar a conta do Google®, deveria ser contemplada apenas pelos professores-alunos que ainda não possuíam cadastro no Gmail®, Orkut® ou YouTube®, por exemplo. Ter uma conta no Google® era imperativo para o andamento das atividades do curso, uma vez que prevíamos a produção de uma página de blog por meio do Blogger® como também utilizar o Google docs®, ambos pertencentes ao domínio Google®. Para auxiliar os professores a produzirem a atividade, lançamos mão de um vídeo tutorial, disponível no YouTube®, conforme mostra o comando da atividade, ilustrado na figura 20.

Figura 20 - Comando para criação de conta do domínio Google®

Também mediada por um vídeo tutorial disponível no YouTube®, a segunda atividade solicitava aos professores colaboradores a criação de uma página de blog. A figura 21 retrata as diretrizes que deveriam ser adotadas para realização da atividade.

Figura 21 - Comando para a criação de uma página de blog

Fonte: Acervo da pesquisa

Após criarem as suas respectivas páginas, os professores também deveriam assistir aos vídeos Metodologia ou Tecnologia?66 e Educação em rede67, ambos disponíveis no

YouTube® e produzir uma postagem no blog, discutindo as questões que são levantadas em

ambos os vídeos. Na figura 22, reproduzimos a interface de duas páginas de blogs criadas pelos cursistas bem como das respectivas postagens sobre os vídeos assistidos, contidas em cada um deles.

66 Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=AJlP6aeR6Lo&feature=related>. Acesso em: 03 mai 2012.

Fonte: Acervo da pesquisa

Foram criadas 25 (vinte e cinco) páginas de blog. Contudo, o processo de produção, segundo confirmam as verbalizações dos professores, fluiu de forma diferente para cada um dos participantes. Apesar de alguns já possuírem páginas de blog, de caráter pessoal, e outros terem conseguido criar a página e postar a atividade apenas assistindo aos tutoriais disponibilizados pela equipe de formação, uma parcela significativa dos colaboradores solicitou auxílio aos familiares; conseguiu criar o blog, mas perdeu a senha da conta e não conseguiu postar a tarefa, por exemplo; ou conseguiu criar a página e postar a atividades, mas não gostou da estética do blog, solicitando a ajuda da equipe de formação para aprimorar a aparência da página. O quadro 6 registra as opiniões de alguns professores sobre o percurso que seguiram para completar a atividade.

Fonte: Acervo da pesquisa

Apesar de terem julgado complicada a criação das páginas de blog, os professores quase não procuraram a equipe para auxiliá-los nessa atividade, mesmo estando à disposição da turma também nos períodos a distância. Essa constatação implica dois posicionamentos: (i) os professores não se sentiam à vontade para procurar-nos fora de sala de aula; ou (ii) eles queriam mostrar-se agentes68 do seu processo formativo, procurando cumprir a atividade de forma autônoma. Com base em nossa convivência com os docentes, podemos descartar o primeiro, haja vista que os professores buscaram ajuda em outros momentos, fosse para realizar outras atividades fosse para sanar outras dúvidas. Além disso, também em outros eventos de letramento, os professores mostraram-se realmente engajados em agir em favor de sua formação.

Sugerimos ainda que os professores lessem o artigo Blog da escola: por que vale a

pena ter um69, publicado na versão on-line da Revista Nova Escola, haja vista que o tema

seria abordado em um dos tópicos da aula presencial posterior. Também nesse bloco de atividades a distância, propomos aos professores a produção de um glossário referente aos estudos do letramento digital, inspirado em uma experiência anterior, promovida por alguns 68 Na concepção de Oliveira (2010b, p. 51), “ao assumir a posição de ‘agente’, o professor adota uma cultura de aprendizagem diferente, alternativa, identificando-se como um ‘mediador agentivo’ de natureza coletiva que opera em uma via de mão dupla, e não como um ‘mediador mental’, voltado para o desenvolvimento individual ou para uma articulação social limitada porque circunscrita na relação ‘um a um’, e de forma unilateral (de quem sabe para quem não sabe)”.

69 Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/blog-escola-vale-pena-ter-tecnologia-

comunicacao-internet-615012.shtml>. Acesso em 05 mai 2012.

FORMADORA - Todos os que estão aqui criaram o blog? Conseguiram? Eu quero ouvir a opinião de cada um/ se foi fácil, se foi difícil, se o tutorial ajudou e se você... buscou ajuda/ em outras fontes ou outras pessoas. Quem quer começar?

CRISTINA RABELO – Bom, eu começo. NA VERDADE eu não achei fácil por que não tinha prática, eu fui lá (+) eu pedi ajuda de um sobrinho e criei com ele, por que:: mesmo sem o curso eu precisava criar lá na escola. Então eu... consegui criar.

FORMADORA – Você, professora.

SARA FERNANDES – É:: bem, eu como eu precisei faltar na primeira aula, tinha acumulado as atividades. O que foi que eu consegui fazer? Todas as atividades, mas não consegui postar no blog, por que, (tive dificuldades), pensei procurar alguém, mas o tempo da gente é curto. Acredito que na aula de hoje, né, a gente pode desenrolar.

FORMADORA – É. Hoje a gente, quando terminar a primeira parte a gente vai mais pra prática, então quem tiver com dificuldade hoje, a gente vai ajudar.

(+)

RITA RAMALHO – Eu criei, eu não tive dificuldade, eu consegui postar e até fiz o... a postagem, mas por que:: eu não sei por que desapareceu minha senha da conta e eu não consigo acessar mais, aí...

FORMADORA – Hoje a gente... retoma sua senha.

membros do grupo de pesquisa Letramento e etnografia, em uma disciplina do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem da UFRN. Nessa experiência, coordenada pela Profa. Dra. Maria do Socorro Oliveira e pela Profa. Dra. Glícia Marili Azevedo Tinoco, os alunos matriculados na disciplina Estudos de letramento, produziram verbetes que constituíram o Glossário de Estudos de Letramento70.

No nosso curso, cada professor-aluno escolheu o verbete que gostaria de produzir, cadastrando a sua preferência no fórum do Moodle® destinado a essa finalidade. A partir desse procedimento, os nossos colaboradores tornavam visível a escolha feita, minimizando o risco de um verbete ser produzido por duas ou mais pessoas. Para produzir os verbetes, os professores teriam de seguir o roteiro ilustrado na figura 23.

Figura 23 - Orientações para produção do verbete

Fonte: Material produzido pela Profa. Dra. Glícia Azevedo Tinoco para a disciplina Estudos de Letramento (2011.1)

Ao final deste módulo, pudemos depreender que o bloco de atividades nº 2 configurou-se um grande desafio para os professores em formação. Ao realizar essas tarefas, eles começaram a efetivar, práticas de letramento digital pouco recorrentes no cotidiano deles. Algumas, nas palavras de alguns deles, “nunca seriam feitas se não fosse a participação no curso”, a exemplo da criação de páginas de blog. Além disso, pelo fato de oferecermos 70 Disponível em: <https://sites.google.com/site/estudosdeletramento/>. Acesso em: 16 nov 2012.

autonomia durante a execução das atividades, os professores mostraram-se fortalecidos para seguir essa jornada de estudos, mesmo com as dificuldades impostas.

3.2.3 Módulo III – Blogs e redes sociais como ferramentas pedagógicas

Este terceiro módulo é composto pelo encontro presencial nº 371 e o seu respectivo bloco de atividades a distância. O primeiro aconteceu no dia 14 de junho de 2012, mais uma vez, entre 14h e 17h. Desta vez, reunimo-nos no laboratório de informática nº 2 do CEMURE, tendo em vista que realizaríamos algumas atividades práticas, utilizando os computadores e a

internet disponíveis na referida sala. O bloco de atividades a distância nº 3, por sua vez,

congregou tarefas relacionadas aos blogs e às redes sociais as quais deveriam ser produzidas e postadas entre os dias 15 a 20 de junho de 2012.

A aula presencial iniciou-se com uma conversa sobre os conteúdos debatidos no último encontro, a saber: hipertexto e hipermídia, links, e-books e gêneros digitais. Em seguida, rememoramos também as atividades que deveriam ter sido realizadas no intervalo de 12 (doze) dias em que tivemos uma pausa no curso: (i) criar conta do Google®; (ii) criar a página de blog no domínio Blogger® e postar o endereço no fórum do Moodle®; (iii) assistir aos vídeos Metodologia ou tecnologia? e Educação em rede e produzir um post no blog acerca das questões que emanam de ambos os vídeos; (iv) ler o artigo Blog da escola: por que

vale a pena ter um, na Revista Nova Escola on-line; e (v) iniciar a produção do verbete que

integraria o glossário do campo do letramento digital e postar a primeira versão no blog. Em seguida, perguntamos aos professores como se deu o processo de criação das páginas de blog, conforme já evidenciado no módulo anterior. Aproveitamos a oportunidade para explicar aos docentes que a realização dessa atividade prática, na modalidade a distância, serviu para observar se as práticas de letramento digital que eles declararam realizar no questionário correspondia à realidade. No quadro 7, destacamos a fala da professora formadora, registrada enquanto a questão era situada.

71 Disponibilizamos, no Apêndice F, a apresentação utilizada para guiar este encontro de formação, criada no

Fonte: Acervo da pesquisa

Além de incentivarmos a produção das páginas de blog, preocupamo-nos também em mostrar ao professor as possibilidades pedagógicas dessa ferramenta. Por isso, nesta terceira aula, reservamos um momento para conversarmos sobre os tipos de blog existentes (pessoais, corporativos e de gêneros), os itens que caracterizam um blog (usuário ou blogueiro, perfil do usuário, post, comentários, tags etc.) e algumas dicas de como utilizá-los em sala de aula, as quais estão ilustradas na figura 24.

Figura 24 – Dicas para o uso pedagógico dos blogs

Fonte: Acervo da pesquisa

Aproveitando a discussão acerca dos blogs, introduzimos mais uma possível ferramenta pedagógica digital: os microblogs. Explicamos, primeiramente, que os

FORMADORA – [...] algumas pessoas nos relataram das suas dificuldades, mas, assim, eu vou logo avisar que foi meio que proposital a gente fazer... esse tipo de atividade sem uma orientação no computador antes. A gente queria ver mesmo, como cada um ia se sair, pra gente planejar esses dois últimos encontros que serão no modelo oficina [...]

microbloggins permitem atualizações breves de texto, inferiores a 200 caracteres e que,

atualmente, o microblog mais popular é o Twitter®72.

Dando prosseguimento à exposição, apresentamos as ferramentas disponibilizadas pelo Twitter® (@nomedeusuário, tweet, retweet, #hashtag, trend topics e Direct Message etc.) e estabelecemos uma relação entre o microblog e a educação, apresentando sugestões de atividades que podem ser realizadas através da ferramenta, segundo ilustra a figura 25.

Figura 25 - Dicas para o uso pedagógico do Twitter®

Fonte: Acervo da pesquisa

Os últimos recursos explorados por esta aula presencial foram as redes sociais, especificamente, o Facebook®. Na oportunidade, explicamos que as redes sociais são ambientes que permitem a interação entre as pessoas, oportunizando o acesso a informações e notícias em tempo real. São exemplos de redes sociais, nesse sentido, o Orkut®, o LinkedIn® e até mesmo o YouTube®.

Escolhemos trabalhar com o Facebook®, primeiramente, porque todos os nossos colaboradores possuem contas ativas nesta rede social, conforme evidencia o mapeamento das práticas de letramento digital, na primeira seção de análise. Além disso, consideramo-lo um dos ambientes sociais virtuais mais completos, em termos de diversidade de recursos (status,

feed de notícias, mural, aplicativos e jogos, bate-papo, mensagens, notificações etc.). A

relação entre o Facebook® e a educação resulta nas possibilidades registradas na figura 26.

Figura 26 - Dicas para o uso pedagógico do Facebook®

Fonte: Acervo da pesquisa

Os momentos finais do encontro foram dedicados à criação de contas no Twitter®, para os colaboradores que não a possuíam e à exploração de recursos do Facebook®, coletivamente. Aproveitamos a oportunidade para sanar as dúvidas dos professores com relação outras ferramentas, como o blog, e nos surpreendemos com o fato de os professores conversarem tão abertamente sobre as dificuldades enfrentadas e os desafios superados. A imagem 27 retrata esse momento de trabalho colaborativo.

Figura 27 - Registro fotográfico do 3º encontro presencial

Fonte: Acervo da pesquisa

Por último, apresentamos aos professores o bloco de atividades a distância nº 3. As tarefas sugeridas foram as seguintes: (i) relatar, em um post de blog, a importância das redes sociais para o processo de ensino-aprendizagem na contemporaneidade; (ii) seguir-nos no

Twitter® (@Letramentos_Tec) e curtir a fanpage do curso no Facebook (Letramentos e

Tecnologias). Nessas redes sociais, foi divulgada a terceira tarefa, (iii) ler o artigo Como usar

as redes sociais a favor da aprendizagem73, publicado no website da Revista Nova Escola e

postar nos blogs a opinião sobre o assunto.