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6 METODOLOGIA

6.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

Os instrumentos utilizados na pesquisa foram devidamente selecionados com o intuito de serem estratégias coerentes ao posicionamento teórico adotado e que, de forma efetiva, representaram fontes de informações significativas para a investigação do tema jogos cooperativos. Assim, foi considerado relevante trabalhar com diferentes instrumentos, como, por exemplo, entrevista semiestruturada, observação participante, anotações ou registros de campo, aplicação de jogos e roda de conversa, pois possibilitaram a agregação de diferentes pontos de vista que contribuíram com a construção de dados mais fidedignos da realidade pesquisada.

Como foi apontado anteriormente, os instrumentos para esse presente estudo serão descritos com detalhes mais adiante para se compreenderem a razão dessas escolhas neste trabalho.

6.4.1 Entrevista semiestruturada

Inicialmente, a estratégia utilizada foi uma técnica bastante utilizada nas pesquisas sociais, ou seja, a entrevista que representa uma “forma de interação social, mas, especificadamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação” (GIL, 2008, p. 109).

A entrevista é muito relevante no sentido de ser uma forma de comunicação entre as pessoas que favorece a aquisição imediata de informações desejadas pelo pesquisador e possibilita esclarecimentos da situação observada. E, de acordo com Gil (2008), possibilita captar a expressão corporal do entrevistado como também a tonalidade da voz e a ênfase nas respostas, além de permitir a produção de informações relacionadas aos aspectos mais diversos da vida social.

Dentre os tipos de entrevista, a opção mais viável foi a semiestruturada, porque “combina perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada” (MINAYO, 2013b, p. 64). Assim, obtém-se um número maior de respostas por ser mais flexível ao ponto de ser possível esclarecer algumas perguntas e fazer as adaptações necessárias no decorrer do processo.

No que se refere à aplicação da entrevista, deve-se levar em consideração alguns aspectos para uma boa condução da entrevista. Segundo essa autora acima, é importante a construção de um roteiro, que o entrevistado saiba dos objetivos da pesquisa e que as informações terão garantia de anonimato e sigilo. Além do mais, o investigador precisa estabelecer um contato inicial com o participante e mostrar que a contribuição dele fará sentido na construção do trabalho.

Dessa forma, esse instrumento foi utilizado em dois momentos diferentes: antes do início da aplicação dos jogos e no término do trabalho de pesquisa. Inicialmente, foi realizada a entrevista com a professora para conhecer um pouco mais do grupo pesquisado, as vivências lúdicas já praticadas e a possível utilização dos jogos cooperativos no ambiente escolar (cf. Apêndice C). Posteriormente, buscou-se ver a percepção da professora sobre os comportamentos evidenciados pelas crianças em sala após a aplicação dos jogos cooperativos (cf. Apêndice D). Essas informações foram registradas por meio de gravação em áudio e transcritas conforme autorização da educadora.

6.4.2 Observação participante

Nesta pesquisa, a observação foi utilizada como uma grande ferramenta de trabalho, porque ela representa uma ótima estratégia de verificação de um determinado fato em pesquisa qualitativa. Sendo assim, é considerada, conforme as ideias de Gil (2008, p. 101), nada mais “[...] que o uso dos sentidos com vistas a adquirir os conhecimentos necessários para o cotidiano. Pode, porém, ser utilizada como procedimento científico à medida que serve a um objetivo formulado de pesquisa e é sistematicamente planejada”.

Complementando o referencial acima, Ludke e André (1986) trouxeram uma contribuição ao afirmar que a observação tem lugar privilegiado nas abordagens de pesquisa educacional por possibilitar o contato pessoal e estreito do pesquisador com o problema a ser investigado em que há uma série de vantagens como, por exemplo, o observador consegue chegar mais próximo da “perspectiva dos sujeitos”. Além disso, as técnicas utilizadas são muito relevantes para descobrir aspectos novos que estão envolvidos na questão estudada e auxilia a construção de dados em situações que não são possíveis outras formas de comunicação.

Para esta pesquisa, foi adotada a observação participante por se entender que essa proposta requer que o pesquisador seja parte atuante do grupo, compreendendo o ambiente em que eles estão inseridos para depois submeter as crianças ao convite dos jogos cooperativos. E, segundo as ideias de Vianna (2003), o observador é parte dos eventos que estão sendo pesquisados e possibilita que haja observação não apenas do comportamento, mas também dos sentimentos, das opiniões e das atitudes, superando a problemática do efeito do pesquisador dentro do ambiente a ser estudado.

Ainda levando em consideração esse aspecto, Minayo (2013b) relatou que a observação participante consiste no pesquisador está em contato com os seus interlocutores no espaço social da pesquisa em que este participará da vida social deles na medida do possível. No entanto, tem a meta de construção de dados e compreensão do contexto da pesquisa. Dessa maneira, “o observador faz parte do contexto sob sua observação e, sem dúvida, modifica esse contexto, pois interfere nele, assim como é modificado pessoalmente” (MINAYO, 2013b, p. 70). Portanto, a aplicação dos jogos cooperativos exigiu uma ação planejada, um acompanhamento e uma avaliação no espaço da sala de aula de acordo com o ciclo da pesquisa-ação proposto e a observação participante tornou-se a mais eficaz ao colocar em prática esse processo e, consequentemente, averiguar os comportamentos manifestados nas relações sociais das crianças.

Nesta pesquisa, a observação participante ocorreu durante todo o processo de investigação: antes da aplicação dos jogos (cf. Apêndice H) para conhecer o ambiente de sala de aula e os sujeitos pesquisados, durante a realização dos jogos cooperativos para identificar as relações sociais estabelecidas entre os participantes ao longo do processo.

6.4.3 Diário de campo ou caderno de registro

O diário de campo foi o instrumento utilizado durante a investigação com a finalidade de registrar as informações acerca dos procedimentos de pesquisa e da percepção do pesquisador

em relação ao contexto, às relações estabelecidas pelos sujeitos, ao comportamento dos participantes durante a aplicação dos jogos cooperativos, dentre outros aspectos. Logo, essa ferramenta, segundo Triviños (1995), consiste em descrever por escrito todas as manifestações que o pesquisador observa nos envolvidos, as circunstâncias físicas que se consideram necessárias para o estudo etc. Além disso, nessas anotações são reveladas algumas reflexões do pesquisador diante da observação dos fenômenos que podem ser as primeiras expressões de explicação sobre o estudo. Dessa forma, os registros podem ser de dois tipos: descritivos e reflexivos, como foi o caso dessa pesquisa sobre os jogos cooperativos na educação infantil.

No diário de campo, foram registrados os momentos das observações dos 25 encontros realizados com as crianças. Esses registros se concretizavam durante e logo após as atividades executadas para que não se perdesse detalhes relevantes para a pesquisa. Essas vivências lúdicas tiveram a duração máxima de 60 minutos cada e aconteciam duas vezes por semana.

6.4.4 Roda de conversa

A roda de conversa foi utilizada para evidenciar as percepções das crianças sobre os momentos vivenciados nas aplicações dos jogos cooperativos. Para tal realização, foi escolhida como técnica metodológica o grupo focal. E, de acordo com Morgan (1997), o grupo focal é um procedimento de coleta dados por meio das interações grupais em que se discute um tema sugerido pelo pesquisador. Além disso, Kind (2004) mencionou como finalidade a questão da obtenção de diversas informações, sentimentos, representações e experiências de pequenos grupos relacionadas ao um assunto específico.

Esse grupo focal representou um debate sobre o jogo após a sua concretização que pode ser denominado de metajogo em conformidade com as ideias de Vechionne (2004 apud MORBACH, 2012, p. 128), ao diz que o metajogo é “um momento após o jogo”. Assim, esse termo pode representar uma estratégia metodológica que, segundo Muniz (2010, no prelo), surge quando o professor motiva uma discussão sobre o jogo, incentivando momentos de reflexões e análises dos educandos sobre as atividades realizadas durante as jogadas.

As rodas de conversas eram realizadas com todas as crianças presentes em sala e essas relatavam suas impressões e suas experiências sobre os jogos cooperativos em grupo (o que acharam? O que mais gostaram? Ou não gostaram? Por quê?). Todavia, os alunos especiais não quiseram expressar suas opiniões sobre a prática dos jogos.