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Inteligências múltiplas e competências KOM

6. As competências KOM e as inteligências múltiplas

6.1. Inteligências múltiplas e competências KOM

Competência tem a ver, em termos gerais, com a capacidade que um indivíduo tem de mobilizar resultados de aprendizagens e de dominar situações complexas, tão importante à vivência diária de um indivíduo.

Também, a competência matemática é essencial a todos os cidadãos na interpretação de uma vasta variedade de situações e na resolução de diversos tipos de dificuldades na vida de todos os dias que não se limita às situações que envolvem raciocínio numérico. Como tal, a competência matemática de um indivíduo é ativada em situações que contêm reais ou potenciais desafios matemáticos e possuir competência matemática consiste em estar preparado e ser capaz de agir matematicamente com base em conhecimento e compreensão. Preocupados com as questões relacionadas com competência matemática, o projeto KOM, em 2000/2002, identificou um conjunto de oito competências matemáticas, todas elas ligadas a processos mentais ou físicos, atividades e comportamentos, e estão agrupadas em duas áreas distintas, cada uma com quatro competências. O primeiro grupo de competências tem a ver com a capacidade de fazer e responder a questões na, sobre e com a matemática e são: pensamento e raciocínio, colocação e resolução de problemas, modelação e

argumentação, e no segundo grupo de competências fazem parte aquelas que têm a ver com

a capacidade de lidar com linguagem e ferramentas matemáticas e são: representação, uso

de linguagem e de operações simbólicas, formais e técnicas, comunicação e uso de auxiliares e de instrumentos.

Sendo reconhecida a importância e a necessidade que cada cidadão, desde a infância até à idade adulta, desenvolva na sua plenitude as competências necessárias ao seu bem estar e ao seu progresso pessoal e coletivo, cabe à escola a função de ajudar os alunos a desenvolver estas suas capacidades e de fomentar a sua disposição para as usar. E será que usar as inteligências múltiplas na sala de aula favorece esse caminho, permitindo um

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enriquecimento das competências matemáticas necessárias a uma aprendizagem capaz da matemática?

Usar as inteligências múltiplas pode aprofundar as experiências de aprendizagem dos alunos, uma vez que as inteligências múltiplas podem assumir diversas formas de atividades de aprendizagem diferentes e cativantes. Gardner (2000) e Armstrong (2009) defendem mesmo que usando a teoria das inteligências múltiplas se pode olhar para os pontos fortes do ensino, tendo presente que: (i) a decisão pedagógica sobre a melhor maneira de apresentar um tema é muito importante e o recurso às diferentes inteligências pode impulsionar o interesse dos alunos e fazer com que em situações futuras se recordem da forma como ele foi iniciado; (ii) temas pouco familiares são normalmente captados com mais facilidade se forem estabelecidas analogias com outros temas que já se conheçam e se compreendam (iii) todo o tema a tratar deve oferecer múltiplas representações das suas ideias essenciais. Deste modo, os professores podem identificar como é que as componentes das inteligências múltiplas podem integrar e ser integradas nos programas curriculares, aumentando a disponibilidade de tais ofertas para todos os alunos, encontrando numerosas maneiras de integrar as Inteligências múltiplas na sala de aula (Campbell, Campbell e Dickinson, 2004) e relacioná-las com o desenvolvimento de competências.

Das competências KOM, usadas em estudos comparativos internacionais como o PISA, e já referidas e expostas em pormenor no capítulo 2.4.3, destaco que: pensamento e raciocínio prende-se com o domínio do pensamento matemático; colocação e resolução de problemas tem a ver com formular e resolver problemas matemáticos; modelação prende-se com ser capaz de analisar e construir modelos matemáticos relativos a outras áreas; argumentação diz respeito a ser capaz de raciocinar matematicamente; representação prende-se com ser capaz de lidar com diferentes representações de entidades matemáticas; uso de linguagem e de operações simbólicas, formais e técnicas tem a ver com ser capaz de lidar com a linguagem simbólica formal e sistemas matemáticos formais; comunicação diz respeito a ser capaz de comunicar na, com e acerca da matemática; uso de auxiliares e de instrumentos tem a ver com ser capaz de fazer uso de ferramentas e material de apoio matemáticos.

E, das inteligências múltiplas também já referidas e apresentadas em pormenor no capítulo 2.2., realço que: inteligência linguística é a capacidade de usar as palavras de forma eficaz quer oralmente quer por escrito; inteligência lógico-matemática envolve a capacidade de usar os números de forma eficaz e de raciocinar bem, incluindo a sensibilidade aos padrões lógicos, relações e proposições, funções, e outras abstrações relacionadas, em que os tipos de processos utilizados incluem a categorização, a classificação, a inferência e a generalização; inteligência espacial tem a ver com a capacidade de perceber o mundo visual-espacial com precisão e de realizar transformações sobre essas perceções, que inclui a capacidade de visualizar, de representar graficamente ideias visuais ou espaciais e envolve sensibilidade para a linha, cor, forma, espaço e as relações que existem entre esses elementos;

175 inteligência corporal-cinestésica envolve a capacidade para utilizar o corpo inteiro e a facilidade em usar as mãos para produzir ou transformar as coisas; inteligência musical é a capacidade de perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais e de tocar um instrumento musical; inteligência interpessoal é a capacidade de perceber e fazer distinções no humor, intenções, motivações e sentimentos de outras pessoas; inteligência intrapessoal envolve o autoconhecimento e a capacidade de agir adaptativamente com base nesse conhecimento; inteligência naturalista envolve a perícia para compreender, reconhecer e classificar as numerosas espécies da flora e fauna do ambiente de um indivíduo.

Neste contexto, e tendo presente que as oito competências, definidas pelo projeto KOM, são distintas mas intimamente ligadas, uma vez que se o foco se centra no uso de uma das competências as outras podem ser chamadas a atuar como auxiliares para alcançar o fim que se pretende e que as oito inteligências, definidas por Gardner, são também elas independentes umas das outras, mas funcionando conjuntamente dentro de um domínio, vou tentar estabelecer uma relação entre as competências KOM e a mobilização das inteligências