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2.4. Determinantes da atribuição de opções de acções

2.4.1. Estrutura Accionista

2.4.1.3. Investidores institucionais

Os investidores institucionais13 representam um importante grupo de accionistas com potencial influência no governo das sociedades (Almazan et al., 2005). Os investidores institucionais têm normalmente acesso privilegiado à informação e exercem um controlo efectivo sobre os gestores ao disporem de especialistas capazes de analisar as demonstrações financeiras da empresa, as suas perspectivas de desenvolvimento e a qualidade da sua gestão. Adicionalmente, o custo de tratamento da informação para os investidores institucionais é mais baixo do que aquele que será suportado por accionistas individuais que recorrem a serviços externos especializados para obter uma análise económico-financeira da empresa (Rekik, 2006). Sendo assim, mesmo que um "simples" investidor institucional não detenha um elevado bloco de acções, ele terá, em princípio, um papel mais activo no governo da empresa que um outro tipo de accionista (David et al., 1998).

Ao contrário de um "simples" accionista, os investidores institucionais têm a obrigação de terem acções activas no governo das sociedades. Neste sentido, a CMVM recomenda que os investidores institucionais devem levar em conta as suas responsabilidades no que diz respeito a uma utilização diligente, eficiente e crítica dos direitos inerentes aos valores mobiliários de que sejam titulares ou cuja gestão se lhes encontre confiada (CMVM, 2005).

Os investidores institucionais têm vindo a utilizar cada vez mais os seus direitos de propriedade para pressionar os gestores a agir no interesse dos accionistas. No caso dos investidores deterem participações significativas, os mesmos terão maiores incentivos de monitorar os gestores, uma vez que poderão ter alguma dificuldade em vender as suas acções em resposta ao mau desempenho da empresa (David et al., 1998). Porém no caso de os investidores institucionais possuírem relativamente poucas acções, estes poderão ter um

13 De acordo com o artigo 30.º do Decreto – Lei n.º 66/2004 de 24 de Março, consideram-se investidores

institucionais as seguintes entidades: a) Instituições de crédito; b) Empresas de investimento; c) Empresas de seguros; d) Instituições de investimento colectivo e respectivas sociedades gestoras; e) Fundos de pensões e respectivas sociedades gestoras; f) Outras instituições financeiras autorizadas ou reguladas, designadamente fundos de titularização de créditos, respectivas sociedades gestoras e demais sociedades financeiras previstas na lei, sociedades de titularização de créditos, sociedades de capital de risco, fundos de capital de risco e respectivas sociedades gestoras (Portugal, 2004).

menor incentivo de monitorização, dado que podem liquidar facilmente os seus investimentos (Maug, 1998).

A monitorização levada a cabo pelos investidores institucionais pode ser todavia insuficiente, uma vez que se para além de participarem no capital da empresa, os investidores mantêm outras relações comerciais com a empresa e se o beneficio de tais relações é significativo, as mesmas podem limitar o exercício de voto contra decisões dos gestores contrárias à maximização do valor da empresa (hipótese de conflito de interesses) (Gillan e Starks, 2003; Pound, 1988). Isto é, se os benefícios das relações comerciais forem significativos, os investidores institucionais podem ter incentivos para se comportar de forma oportunista e eventualmente terem de aceitar as propostas iniciadas pelos gestores que impliquem uma minimização do valor da empresa. De facto, "institutional investors

may not monitor the management team because they transact business with the firm"

(Mehran, 1995, p. 180). Deste modo, a hipótese de conflito de interesses sugere uma maior probabilidade de atribuição de opções de acções como forma de complementar a monitorização dos gestores.

Para além da monitorização directa que os investidores institucionais podem exercer sobre os gestores, alguns estudos sugerem também que os mesmos podem ter influência na política de remuneração dos gestores como forma de minimizar os problemas de agência. Neste sentido, David et al. (1998) e Hartzell e Starks (2003) estudam empiricamente a influência dos investidores institucionais na política de remuneração dos gestores e ambos documentam que o nível de remuneração dos gestores é mais baixo nas empresas onde existem participações significativas detidas por investidores institucionais. Contudo, documentam que em tais empresas são utilizados mais incentivos, ao verificarem a existência de uma maior relação pagamento-desempenho. Hartzell e Starks (2003) verificam que as participações significativas detidas por investidores institucionais são importantes na explicação da atribuição de opções de acções. No mesmo sentido, Almazan et al. (2005) documentam que a presença de participações significativas detidas por investidores institucionais aumenta a relação pagamento-desempenho (atribuição de opções de acções) da remuneração dos gestores. Isto sugere que a probabilidade de atribuição de opções de acções é maior quando existem participações significativas detidas por investidores institucionais.

De acordo com a teoria da agência, a utilização de mecanismos que alinhem os interesses dos gestores com o dos accionistas implicará um aumento no valor da empresa (Jensen e Meckling, 1976). Assim, se os investidores institucionais influenciarem a diminuição do nível de remuneração estarão a limitar a potencial expropriação de riqueza por parte dos gestores, o que implicará, em princípio, uma melhoria no desempenho da empresa. Influenciando a atribuição de incentivos como o caso das opções de acções, os investidores institucionais induzirão os gestores a maximizar o valor da empresa. Morgan e Poulsen (2001), Pasternack (2002), Rekik (2006) e Rosenberg (2003) documentam uma relação positiva entre as opções de acções e a existência de investidores institucionais.

No entanto, a hipótese de monitorização eficiente sugere uma menor necessidade de atribuir opções de acções, dado que a monitorização exercida sobre os gestores pelos investidores institucionais substituirá a necessidade de utilizar incentivos de alinhamento de interesses. Deste modo, a hipótese de monitorização eficiente prevê uma relação negativa entre a atribuição de opções de acções e a existência de investidores institucionais dado o efeito de substituição.