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Kairós: Um novo encontro pessoal com Jesus Cristo na Igreja

III- CAPÍTULO

3. A Igreja diaconal como rosto autêntico da comunidade cristã

3.3 Kairós: Um novo encontro pessoal com Jesus Cristo na Igreja

284 L‟ Osservatore Romano. Cardeal Jean-Louis Tauran, Presidente do Pontifício Conselho para o

Diálogo Inter-Religiosos (Cidade do Vaticano), sábado 27 de Outubro de 2012, número 43, p. 6.

285 PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium. Exortação Apostólica. São Paulo: Paulus-Loyola, 2013, I,

§ 49, p. 34-35.

286CONGREGAÇÃO PARA DOUTRINA DA FÉ. Nota Doutrinal sobre alguns Aspectos da

O caráter pessoal do cristianismo se configura a partir do encontro pessoal com Jesus Cristo e da relação com Ele. Esta dimensão do encontro tem sua especificidade na experiência de conversão. A conversão é o chamado de Deus para que o homem caminhe na sua companhia, e este caminhar se dá “com” e “na” Igreja. A Igreja é o “Locus” do encontro com Jesus Cristo. Esta “communio” é a sinalização testemunhal do serviço de amor que a Igreja realiza como meio eficaz na evangelização.287 É justamente dentro desta comunhão eclesial que escutamos o convite da Igreja na Pessoa do Papa Francisco: “Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-lo dia a dia sem cessar”.288

A nova evangelização propõe uma hermenêutica de continuidade no que se refere à vivência da própria fé e adesão a Pessoa de Jesus Cristo. Outro elemento importante a ser enfrentado é a separação intelectual e ideológica de Cristo e de sua Igreja. Algo que seria de difícil compreensão e o que dificultaria uma adesão plena ao evangelho e ao programa apresentado por Cristo que passa pela sua Igreja, pois, “a Igreja é em Cristo, o sacramento, ou seja, o sinal e o instrumento da união intima com Deus e da unidade de todo o gênero humano”.289 Dentro desta mesma reflexão

encontramos uma abertura a superação de toda a forma de individualismo produzido de modo exacerbado pela secularização como se cada pessoa tivesse que receber um acento especial no que lhe é particular desconectando assim a pessoa do todo da sociedade o que minimiza os relacionamentos pessoais.

Ao refletirmos sobre o conceito de evangelização devemos ter claro que este conceito se esclarece à medida que cresce na pessoa o evento e o acontecimento do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. A dimensão eclesiológica da Igreja aqui se demonstra em sua fundamental importância. O encontro com a pessoa de Jesus remete a pessoa a sua família que é a Igreja. Tornar-se discípulo seguidor de Jesus significa

287L‟ Osservatore Romano. D. Leo Laba Ladjar, O.F.M. Bispo de Jayapura( indonésia), sábado, 3 de

novembro de 2012, número 44, p, 16.

288 PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium. Exortação Apostólica. São Paulo: Paulus-Loyola, 2013, §

3, p. 8.

289SÍNODO DOS BISPOS. Instrumentum Laboris.A nova evangelização para a transmissão da fé.

inserir-se nesta grande família espiritual que tem como fundamento tornar de modo claro a presença do Reino de Deus através da vida e da missão dos cristãos neste mundo: “A obra de evangelização consiste em repropor ao coração à mente, não pouca vezes distraídos e confundidos, dos homens e das mulheres do nosso tempo, antes de

tudo a nós mesmos, a beleza e a novidade perene do encontro com Cristo.”290

Este fortalecimento da própria vida cristã é um caminho eficaz e um instrumento necessário para nova evangelização. Um caminho que se resumisse somente numa via intelectual se demonstraria insuficiente, é necessário “um contato pessoal com o Deus

vivo”291verdadeiro promotor da vida nova.

Para uma nova guinada na maneira de compreender a fé cristã e sobre sua incidência na vida humana nos deparamos com dois dos problemas que são atualmente claramente verificáveis que são justamente o limite entre abraçar a fé em Jesus Cristo e o inteirar-se de uma fé que passa também pelo circuito institucional. Um fenômeno aparentemente insignificante, mas que a cada ano toma proporções maiores é justamente o fenômeno dos “novos cristãos”, ou seja, daquelas pessoas que até se propõe a iniciar um caminho espiritual, contudo se veem profundamente perplexos quando este caminho quase que necessariamente precisa passar pelo caminho da instituição. Sabemos, porém que é necessário que existam alguns sinais para identificar a necessária eclesiologia para um desenvolvimento harmônico da própria caminhada de fé dentro de um ambiente favorável ao desenvolvimento da própria vivência cristã: A Igreja é o espaço em que Cristo se oferece ao ser humano na história para o poder encontrar, porque ele lhe confiou a sua Palavra, o Batismo que nos torna Filhos de Deus, o seu Corpo e o seu Sangue, a graça do perdão do pecado, sobretudo no sacramento da reconciliação, a experiência da Comunhão que é reflexo do próprio mistério da Santíssima Trindade, a força do Espírito que gera caridade para com todos.”292 Entretanto, é importante

compreender que a dilatação do Reino de Deus acontece mesmo frente as fragilidade humanas seja dos Pastores da Igreja, assim como as de todo o povo de Deus: “Sabemos que devemos reconhecer humildemente a nossa vulnerabilidade ás feridas da história e não hesitemos em reconhecer os nossos pecados pessoais. Estamos também

290L‟ Osservatore Romano. Sábado 03 de novembro de 2012, número 44, p. 06.

291L‟ Osservatore Romano. Cardeal Zenon Grocholewsk, Prefeito da Congregação para a Educação

Católica (Cidade do Vaticano), sábado 20 de outubro de 2012, número 42, p. 13.

convencidos de que a força do Espírito do Senhor pode renovar a sua Igreja e tornar

esplendorosa a sua veste, se nos deixarmos plasmar por ele.293

A igreja por sua vez como serva do evangelho não pode se omitir frente às urgências que lhe são colocadas e que lhe evocam o cumprimento da sua própria missão que é anunciar o evangelho: “A Igreja está envolvida neste movimento de Auto- revelação Divina que começa com a Bem-Aventurada Virgem Maria quando sob a ação do Espírito Santo, recebe no seu seio a Palavra de Deus que se encarnou nela para

poder se dar ao mundo inteiro”.294