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3. A Igreja Particular, primeiro sujeito da missão

3.4 Novos movimentos eclesiais e nova evangelização

187L‟ Osservatore Romano. Cardeal Angelo Scola, Arcebispo de Milão (Itália), sábado 3 de novembro

de 2012, número 44, p. 22.

188 L´Osservatore Romano. Cardeal Francesco Cocco Palmerio, Presidente do Pontifício Conselho dos

Textos Legislativos (Cidade do Vaticano), sábado 3 de novembro de 2012, número 44, p. 22.

189 PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium. Exortação Apostólica. São Paulo:Paulus-Loyola, 2013, III,

Podemos afirmar que um dos sinais de Pentecostes após o Concílio Vaticano II que mais impressionam é justamente o do grande crescimento dos movimentos e novas comunidades. É surpreendente como estes novos movimentos e novas comunidades vem dar um novo impulso a todo o corpo eclesial. Contudo, por outro lado ainda se verifica em muitos bispos e sacerdotes, que existe certa reserva quanto a dar confiança a estes novos movimentos que surgem dentro da Igreja. Aqui também a Igreja é convidada na pessoa de seus pastores a colocar primeiramente o desafio da conversão pastoral dos bispos e sacerdotes, chamados a reconhecer que os movimentos são antes de tudo um dom precioso, e não um problema.190

Uma grande colaboração fora dada pelo Cardeal Ratzinger para os catequistas e professores de religião, por ocasião do grande jubileu de 2.000 e que encaixa muito bem com a missão que devem desenvolver as novas comunidades e os novos movimentos no interior da Igreja:

“Em primeiro lugar, a Lei da Expropriação, ou seja, não falar em nome próprio, mas em nome da Igreja, tendo como ponto firme o fato de que evangelizar não é simplesmente uma forma de falar, mas uma forma de viver, isto é, a clara consciência de pertencer a Cristo e ao seu corpo que é a Igreja. A segunda lei é a do pequeno grão de mostarda, ou seja, a coragem de evangelizar com paciência e perseverança, sem pretender alcançar resultados imediatos e recordando sempre que a lei dos grandes números não é a lei do evangelho. É uma atitude que podemos reconhecer, por exemplo, na obra de evangelização empreendida por movimentos e novas comunidades nas regiões mais secularizadas da terra. A terceira “lei” é a do grão de trigo, que para dar vida deve morrer, deve aceitar a lógica da cruz. Nestas leis estão encerrados os segredos mais profundos da eficácia do compromisso evangelizador da Igreja em todos os tempos.”191

Aprofundar a problemática dos carismas e remover os obstáculos que não permitem integrar plenamente os carismas a fim de apoiar a nova evangelização seria um descuido. No sínodo fora constatado que o primeiro obstáculo é que grande parte dos sacerdotes não estão dispostos a ocupar-se dos novos grupos e dos novos movimentos, porque não receberam uma preparação adequada para este governo de

190L‟ Osservatore Romano. Cardeal Stanislaw Rylko, Sábado 20 de Outubro de 2012, p.11.

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trabalho pastoral. Outro consiste que a maior parte dos líderes não tem uma preparação teológica e facilmente erram sob o ponto de vista doutrinal. Com freqüência os sacerdotes se mantêm distantes destes grupos. Encorajar os sacerdotes para se ocuparem com estes grupos e movimentos seria auxiliá-los a exercer através do acompanhamento e do discernimento um auxílio favorável a toda Igreja, pois estes mesmos movimentos e grupos sempre foram vistos como um dom da providência divina por vários pontífices.192

Um grande dom do Espírito Santo são os novos movimentos eclesiais, que contribuem para o desenvolvimento de uma “cultura de Pentecostes”.193 Um dos

grandes e positivos aspectos destes novos movimentos e destas novas comunidades é o acompanhamento espiritual que oferecem a cada irmão. Vemos o quanto é importante acompanhar aqueles que vivem, por exemplo, o fenômeno migratório que ao saírem de um ambiente, uma cultura, um modo específico de viver os valores familiares e ao se encontrarem por vezes em ambientes hostis veem-se vivendo em realidades por vezes hostis a sua própria fé e tem-na por vezes colocada a prova. A mobilidade humana que se verifica nos grandes centros urbanos é hoje um desafio a fé cristã a se aproximar dos homens que vivem nesta condição e oferecer a eles o seu auxílio fraterno e solidário.194 Outro desafio é o de acolher àqueles que também migram de religiões africanas para a Igreja. Notou-se o crescimento de sacerdotes dedicados ao ministério de cura e libertação em muitos ambientes eclesiais que tentam aliviar o sofrimento de muitos através da aproximação, acolhimento e acompanhamento destes irmãos.195

A nova evangelização traz uma nova estação de evangelização para toda a Igreja. Já apontada no Concílio Vaticano II:

“O dinamismo missionário dos movimentos e das novas comunidades, representam um Dom de Deus para a nova evangelização e para a

192L‟ Osservatore Romano. D. Zbig Ev Stakevics, Arcebispo de Riga (Letônia), sábado 17 de novembro

de 2012, número 46, p. 20.

193L‟ Osservatore Romano. D. Christopher Charles Prowse, Bispo de Sale (Austrália), sábado 27 de

Outubro de 2012, número 43, p. 7.

194L‟ Osservatore Romano. Cardeal Antonio Maria Veglio, Presidente do Pontifício Conselho para a

Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (Cidade do Vaticano), sábado 3 de novembro de 2012, número 44, p.20.

195L‟ Osservatore Romano. D. Nicodême Anani Barrigah-Bénissan, Bispo de Atakpamé (Togo), sábado

atividade missionária propriamente dita. A Partir da conversão Pastoral dos bispos e dos sacerdotes chamados a reconhecer que os movimentos são antes de tudo um dom precioso, e não um problema.”196

Os movimentos eclesiais as associações de leigos são forças necessárias que somadas a Igreja particular dão um testemunho de evangelização baseados na comunhão e unidade dos agentes de pastorais da diocese que, como sacramento de Cristo, é sujeito da evangelização.197

Outra dimensão importante no que se refere a ajuda oportuna que os novos movimentos e novas comunidades oferecem é preciso que seja profundamente eclesial. Todo carisma autêntico surge na Igreja como uma nova resposta aos antigos e novos desafios de sua própria ação evangelizadora, e não somente como “uma espécie de clube espiritual aberto só a membros santos, mais fiéis a minúcias prescritas pelo manual redigido pelo seu fundador do que pelas exigências de Jesus e de seu evangelho.”198

Os novos movimentos são um grande dom para a Igreja mais a atenção a sua eclesialidade será fundamental para autenticar um bom direcionamento daquilo que é específico de sua missão e direcionar seu enfoque evangelizacional como uma preciosa colaboração a pastoral orgânica da Igreja local: “Esta integração evitará que fiquem só com uma parte do Evangelho e da Igreja, ou que se transformem em nômades sem raízes.”199

A Igreja no seu materno exercício pastoral é mediadora e promotora de todos os carismas autênticos no seu interior. O intuito profundo que sinaliza a autenticidade operante do carisma no tecido da ação evangelizadora da Igreja é a sua eclesialidade:

196L‟ Osservatore Romano. Cardeal Stanislaw Rylko, Presidente do Pontifício Conselho para Leigos,

sábado 20 de Outubro de 2012, número 42, p. 11.

197 L‟ Osservatore Romano. D. Milton Luis T., Bispo titular de Munatiana, auxiliar de Montevidéu

(Uruguai), sábado 20 de Outubro de 2012, número 42, p, 22.

198L‟ Osservatore Romano. D. Berhaneyesus De Merew Souraohiel, C.M, Arcebispo Metropolita de

Adis Abeba, Presidente da Conferência Episcopal de Etiópia e Eritreia, Presidente do Conselho da Igreja Etíope, sábado 10 de novembro de 2012, número 45, p, 10.

199PAPA FRANCISCO. Evangelii Gaudium. Exortação Apostólica. São Paulo: Paulus-Loyola, 2013, I, §

“Um sinal claro da autenticidade dum carisma é a sua

eclesialidade, a sua capacidade de se integrar

harmoniosamente na vida do povo santo de Deus para o bem de todos. Uma verdadeira novidade suscitada pelo Espírito não precisa fazer sombra sobre outras espiritualidades e dons para se afirmar a si mesma. Quanto mais um carisma dirigir o seu olhar para o coração do Evangelho, tanto mais eclesial será o seu exercício. É na comunhão, mesmo que seja fadigosa, que um

carisma se revela autêntico e misteriosamente fecundo.” 200