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III- CAPÍTULO

4. A Igreja: Uma comunidade do testemunho a favor e em defesa da vida

4.1 Redescobrir a sacralidade da família

Um dos pontos cardeais que devem nortear a nova evangelização é a redescoberta da sacralidade da família. A vida matrimonial apresentada na sua beleza dos vínculos matrimoniais tem por outro lado a critica secularista das ideologias na contemporaneidade que atacam de maneira frontal a santidade da família. O divórcio, outrora, considerado um tabu, agora já não é tão insólito. Começaram a se levantarem várias vozes contra a santidade do matrimônio.320A Igreja reconhece que a família é o lugar no qual se forja o futuro da humanidade e se concretiza a fronteira decisiva da nova evangelização.321

A renovação da vida familiar deve ser tomada como uma das prioridades principais para a conservação da família no mundo ocidental. O sacramento do

318L‟ Osservatore Romano. Pe. Renato Salvatore, M.I, Superior-Geral dos clérigos regulares ministros

dos enfermos (camilianos), 27 de Outubro de 2012, número 43, p. 11.

319L‟ Osservatore Romano. Cardeal Josip Boazanic, Arcebispo de Zagrábia (Croácia), 3 de novembro

de 2012, número 44, p. 20.

320L‟ Osservatore Romano. Relatório do Cardeal Oswald Gracias Arcebispo de Bombaim, Sábado 20

de outubro de 2012, número 42, p.10.

matrimônio é precioso para a Igreja, pois as famílias não são apenas um lugar privilegiado de missão, mas elas são também agentes de missão dentro do tecido eclesial e social. São assim comunicadoras de valores de fé e humano para outras famílias.322

O Sínodo percebeu que em grande parte o futuro da evangelização passa pela família, ou seja, da Igreja doméstica. Isto apresenta a urgência de acompanhar as famílias que passam por diversas dificuldades a ponto de desenvolver e fortalecer uma pastoral do acompanhamento dos matrimônios e das famílias. Vemos que a família não é posta em questão não só como modelo cristão. Foi-lhe tirado o valor ou colocada num plano de concepções que obedecem a interesses ideológicos de alguns grupos.323

A valorização da vida após a concepção é uma causa na qual a Igreja reconhece a importância primordial de proteger e promover a própria vida humana. Uma proposta de valorização da própria vida é a sugestão que fora dada no sínodo de abençoar a criança no ventre materno e orientar ao mesmo tempo um oportuno acompanhamento até o batismo.324Isto leva a Igreja como comunidade de fé a se colocar na defesa da vida: desde sua concepção até o seu desfalecimento biológico.

O futuro de uma nova evangelização conta com o auxílio em grande parte da família que verdadeiramente assumiram os valores da fé cristã, e propriamente dizendo o ser cristão. É perceptível em nossos dias como a “deflagração da família surge como o problema número um da sociedade contemporânea, mesmo se poucos se dão conta disso”.325

Na contemporaneidade a Igreja é convocada a ter um rosto de família. A futura evangelização depende em grande parte da Igreja doméstica. Em muitas partes do mundo encontramos uma infecundidade pastoral, não é porventura porque nos tornamos mais instituição do que família?326

322L‟ Osservatore Romano. Pe. Heinrich Walter, Superior Geral dos Padres de Schönstt, sábado 3 de

novembro de 2012, numero 44, p. 17.

323 L‟ Osservatore Romano. D. Eusébio Ramos Morales, Bispo de Fajardo-Humacao (Porto Rico),

sábado 3 de novembro de 2012, número 44, p. 22.

324 L‟ Osservatore Romano. D. Joseph Edward Kurtz, Arcebispo de Louisville, Vice-Presidente da

Conferência Episcopal dos Estados Unidos da América, sábado 20 de outubro de 2012, número 42, p. 15.

325 L‟ Osservatore Romano. D. Vincenzo Paglia, Arcebispo Emérito de Terni-Narni-Amelia (Itália),

Presidente do Pontifício Conselho para a Família ( Cidade do Vaticano), sábado 3 de novembro de 2012, número 44, p. 21.

Outro ponto referente à família que deve ser de fundamental importância é o acompanhamento daquelas que estão em situação irregular e os “recasados” como superar a incompreensão e buscar uma proximidade com estes sem permitir-lhes estarem distante da misericórdia de Deus.327

A família transmite a fé com o coração, com a vida e com a prática. Ela é o ambiente primeiro onde se comunica os verdadeiros valores de vida e de fé:

“A nova evangelização terá sucesso se conseguir restituir a sacralidade do matrimônio que é o lar familiar do amor, assim como a família torna-se a pequena Igreja. Posso afirmar que se transmite a fé muito mais com que se é do que com o que diz. A verdade da vida é que nos sacrificamos pelo que amamos e, se for necessário, até morremos. Aquilo pelo qual estamos prontos a dar a vida nunca pode morrer, porque a força do amor é mais forte do que a morte”.328

A defesa da vida não pode ser apenas uma pauta na agenda eclesial, mas deve se constituir verdadeiramente uma das causas centrais da diaconia, da caridade, do serviço que a Igreja oferece a vida humana. Serviço este que é sinal eminente de seu amor a humanidade:

“A consciência da sacralidade da vida que nos foi confiada, não como algo que se possa dispor livremente, mas como dom a guardar fielmente, pertence a herança moral da humanidade.[...] A morte da pessoa amada é, para quem ama, o acontecimento mais absurdo que se possa imaginar: aquela é incondicionalmente digna de viver, é bom e belo que exista. Entretanto, a mesma morte da pessoa aparece, aos olhos de quem não ama, como um acontecimento natural, lógico (não absurdo). Quem têm razão? Aquele que ama („a morte desta pessoa é absurda‟) ou que não ama („a morte desta pessoa é lógica‟)? A primeira posição só é defensível se cada pessoa for amada por um poder infinito; e aqui está o motivo por que foi preciso apelar a Deus. De fato, quem ama não quer que a pessoa amada morra; e, se pudesse, impedilo-ia sempre. Se pudesse. O amor finito é importante; o amor infinito é onipotente. Ora, está é a certeza que a Igreja anuncia „tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu filho

327L‟ Osservatore Romano. D. José Ulloa Mendieta, O.S.A, Arcebispo de Panamá (Panamá) ,sábado, 3

de novembro de 2012, número 44, p. 18.

328 L‟ Osservatore Romano. Cardeal Vinko Puljic, Arcebispo de Urhbosna (Bósnia-Herzegovina),

unigênito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna‟(Jo 3, 16). Sim! Deus ama a cada pessoa e, por isso, é incondicionalmente digna de viver.”329

O amor maturado e bem orientado na relação matrimonial é uma colaboração para redescobrir de maneira essencial o benéfico relacionamento e desenvolvimento do amor entre os esposos e sua vivência no contexto social:

“A família atravessa uma crise cultural profunda, como todas as comunidades e vínculos sociais. No caso da família, a fragilidade dos vínculos reveste-se de especial gravidade, porque se trata da célula básica da sociedade, o espaço onde se aprende a conviver na diferença e a pertencer aos outros e onde os pais transmitem a fé aos seus filhos. O matrimônio tende a ser visto como mera forma de gratificação afetiva, que se pode constituir de qualquer maneira e modificar-se de acordo com a sensibilidade de cada um. Mas a contribuição indispensável do matrimônio à sociedade supera o nível da afetividade e o das necessidades ocasionais do casal. Como ensinam os Bispos franceses, não provém do sentimento amoroso, efêmero por definição, mas da profundidade do compromisso assumido pelos esposos que aceitam entrar numa união de vida total”.330