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2. A Conversão: princípio fundamental para uma nova evangelização

2.4 Os novos evangelizadores-mistagogos

Queremos destacar aqui algumas qualidades necessárias dos novos evangelizadores na Igreja, e que o Sínodo destacou como sendo de fundamental importância. Quatro qualidades deveriam ser evidenciadas nestes novos evangelizadores que por sua vez devem também ser mistagogos.

A primeira qualidade encontra-se no livro dos Atos dos Apóstolos é a coragem. A figura de São Pedro é apresentada corajosamente pregando o evangelho da Ressurreição, mais tarde Paulo retoma o tema e se lançando-se numa corrida de gigante pelo mundo vai anunciando esta mesma Palavra.152

Hoje a nova evangelização deve mostrar uma coragem nascida da confidência em Cristo. Quando se fala de coragem pode nos reportar tanto a figuras de Santos carismáticos como São Maximiliano Maria Kolbe, a beata Madre Teresa de Calcutá, os mártires sejam da Coréia, Nigéria e Japão. Mas sabemos que várias pessoas cristãs também hoje, vivendo nos mais diferentes ambientes institucionais como hospitais, serviços sociais, escolas, universidades são convocados a continuar a sendo luz em meio a estas realidades.

Os evangelizadores de hoje devem ser homens de fé capazes de descobrirem que a nova evangelização exige um caráter profético. Pois, o “profeta é aquele que interpreta as circunstâncias e os acontecimentos com o olhar de Deus, mas é também

aquele que antecipa de forma simbólica o caminho da história.”153

A segunda qualidade que deverão portar os novos evangelizadores será o compromisso de realizarem a evangelização num “sentire cum Eclésia”. A unidade e o testemunho de comunhão eclesial são fundamentais para que o mundo creia. A solidariedade entre ministérios e carismas é de fundamental importância. O caminhar em comunhão com os pastores da Igreja deve ser a marca de quem deseja anunciar o evangelho “com”, “na” e junto à própria Igreja.154

152 SÍNODO DOS BISPOS. Instrumentum Laboris.A nova evangelização para a transmissão da fé.

Brasília: CNBB, 2012, II, §41, p. 51.

153 L‟ Osservatore Romano. Cardeal Angelo Bagnasco, Arcebispo de Gênova, Presidente da

Conferência Episcopal (Itália), sábado 17 de novembro de 2012, número 46, p.17.

154 SÍNODO DOS BISPOS. Instrumentum Laboris.A nova evangelização para a transmissão da fé.

A terceira qualidade que deve portar os novos evangelizadores é a urgência. O fato de serem urgente, ou seja, prontos para anunciar o evangelho. Talvez tenham a necessidade de voltar ao Evangelho de Lucas da Visitação de Maria a Isabel, modelo para o nosso sentido de urgência. O evangelho narra como Maria partiu as pressas para uma longa viajem de Nazaré a uma aldeia nas colinas da Judéia.155 Não havia tempo a perder porque a missão era muito importante. É justamente este sentido de urgência que será o gerador de prontidão para os novos evangelizadores. Se o continuo sentimento de não estar preparado para evangelizar permear a mentalidade de alguns cristãos, algo de muito grave estará acontecendo na identidade do próprio ser cristão.

Por fim, a última qualidade que auxiliará os novos evangelizadores é a alegria. Os evangelizadores dos tempos atuais devem lançar sementes de vida nova no campo aberto do mundo de hoje, sabendo serem eles próprios alvos deste evangelho redentor. A alegria deve caracterizar os novos evangelizadores. A mensagem que anunciamos é uma mensagem de grande alegria, é a mensagem de que Cristo ressuscitou, Cristo está conosco. Sejam quais forem as nossas circunstâncias, o nosso testemunho deve irradiar, juntamente com os frutos do Espírito Santo, amor, paz e alegria (Gl 5, 22).

O Sínodo sinalizou que a tarefa dos novos evangelizadores é de promover uma renovação espiritual que implique num renovado encontro com a pessoa de Jesus Cristo e uma catequese que promova o crescimento espiritual.156Contudo, “só seremos novos

evangelizadores, se nos renovarmos primeiramente”,157somente assim, poderemos

comunicar aos de dentro e aos de fora do ambiente eclesial à alegria de evangelizar, sabendo que: “o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que aos mestres, ou então, se escuta os mestres, é porque eles são

testemunhas”.158

O caminho proposto pela nova evangelização encontrará na celebração dos mistérios de Deus uma fonte permanente que permitira amadurecer e fazer crescer a

155 Ibidem, IV, § 138, 149, p.123.

156L‟ Osservatore Romano. Cardeal Wuerl, O relatório post disceptationem, sábado 27 de Outubro de

2012, número 43, p. 5.

157 L‟ Osservatore Romano. Cardeal D. Gerarhard Ludwig Muller, Prefeito da Congregação para

Doutrina da Fé (Cidade do Vaticano), sábado 20 de outubro de 2012, número 42, p. 13.

158 PAULO VI. Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (8 de dezembro de 1975), n. 41: AAS 68

vida espiritual de cada cristão: “Guiar de modo pedagógico os fiéis nos percursos

mistagógicos que permitem que o crente entre na experiência do mistério de Deus”159

Quanto mais as Sagradas Escrituras e a mistagogia for elementos que proporcionem uma frutuosa catequese, mais servirá a grandiosa causa do nova evangelização.160

A escola dos Ícones são métodos também que trazem uma particular colaboração no ensino sobre pontos fundamentais da fé cristã. É de fato parte de uma tradição antiga, porém sempre pode ser revisto com um olhar renovado que contribui de modo singular a nova evangelização.161

A catequese atualmente percebe a necessidade de integrar-se a uma dimensão querigmática e mistagógica. A catequese e a educação é um serviço de crescimento. Dentro deste percurso pedagógico a Igreja propõe novamente uma mistagogia que seja ao mesmo tempo iniciática e permanente:

“A iniciação mistagógica, que significa essencialmente duas coisas: a necessária progressividade da experiência formativa na qual intervém toda a comunidade e uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã. Muitos manuais e planificações ainda não se deixaram interpelar pela necessidade duma renovação mistagógica, que poderia assumir formas muito diferentes de acordo com o discernimento de cada comunidade educativa. O encontro catequético é um anúncio da Palavra e está centrado nela, mas precisa sempre duma ambientação adequada e duma motivação atraente, do uso de símbolos eloquentes, da sua inserção num amplo processo de crescimento e da integração de todas as dimensões da pessoa num caminho comunitário de escuta e resposta.”162