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Lembranças da infância e adolescência na formação da mulher que sou

Como toda história, começarei pelo começo! Lembro-me do dia em que meu pai chegou com o material escolar mostrando que iríamos entrar na escola, eu com mais ou menos com 6 anos e meu irmão com 4 anos; eu chorei porque não iria mais brincar o tempo todo; não iria à casa da madrinha do meu irmão mais novo, lá saía muito para passear. Atualmente, eu compreendo o choro; ao ir para escola passaria a ter compromissos como, por exemplo: não poder brincar em razão de estudar para prova e ter horários de permanência na escola.

Quanto a minha família não fomos, eu e meus irmãos, alfabetizados previamente para decodificar, conhecer a estrutura da escrita e leitura, mesmo minha mãe tendo presenciado a minha avó materna alfabetizando as crianças da vizinhança antes de ingressarem na escola, como era costume naquela época. O meu pai era funcionário público falava: _ Enquanto eu

puder sustento vocês para não trabalhar, e se formar e não serem funcionário público. Nas falas e ações dos meus pais percebíamos que havia estímulo para os filhos estudarem. Tornei- me professora. Como me fiz professora?

A escola era conservadora; a escola bancária de que falava Paulo Freire, tanto no trabalho pedagógico como nas relações humanas. Hoje eu percebo a descriminação que havia entre classes sociais. Apesar de alguns alunos terem destaque, predileções, os demais alunos participavam das atividades artísticas relacionadas às comemorações onde danças folclóricas, declamações de poesias, peça de teatro eram apresentadas. Lembro-me da minha frustração, quando pela primeira vez fui declamar não me lembrei da poesia e até hoje creio, tenho um bloqueio para falar diante de um grande público. Mesmo assim ficaram momentos positivos com as professoras Ana e Lourdes que conversavam conosco sobre algumas curiosidades comuns às crianças e adolescentes.

No Curso Ginasial, em 1973, fui para a Escola Estadual Presidente Castelo Branco onde me encantei pelo o tamanho e corredores e me reprovei na 5ª série. Os bons momentos nesta escola foi um trabalho solicitado pela professora Conceição, de Geografia, no qual nosso grupo teria de entrevistar o Secretário de Obras de Aracaju. E nós conseguimos e sentimos- nos muito importantes e achando o máximo! Também a única vez que gostei de Matemática – na 8ª série – quando não havia uma discussão sobre a prática da recuperação paralela e como se devia avaliar. O que o professor fazia? Organizava na turma dois grupos: quem tinha média e quem ficava abaixo da média; revisa o conteúdo; o restante da turma respondia a exercícios com desafios. Não lembro de conflitos entre os dois grupos de aluno. Creio que aquele professor trabalhou o respeito mutuo.

No Curso Científico estudamos no Colégio Atheneu, onde meu pai estudou e teríamos que estudar, pois para ele era a melhor instituição de ensino público de Aracaju, portanto teríamos uma base boa para poder concorrer a uma vaga na UFS, assim como, teríamos também, uma formação profissional completa. Lá tive professores que marcaram a minha vida, como a professora Ailda, de História, e o professor Cláudio, de Geografia. Ambos exigiam que refletíssemos; as aulas eram somente de raciocínio e compreensão. Poucos professores usaram os laboratórios do colégio, mas quando íamos, era maravilhoso. As direções do Atheneu eram autoritárias.

Nestas escolas por onde passei existiram professores que fizeram por onde a gente gostar de estudar e permanecer na escola.

A princípio eu não pensava, não sonhava em uma profissão. Não tinha uma idéia definida, desejava apenas, com 18 anos trabalhar pra morar sozinha. A escolha por Pedagogia foi através de informações obtidas num catálogo de profissões, que descrevia ser um curso que trabalha com a educação como um todo. Enquanto cursava Pedagogia na Universidade Federal de Sergipe (UFS) tive várias crises para desistir por causa da visão tecnicista. Como os profissionais de Pedagogia eram criticados! Inclusive ao encontrar um ex-professor que tinha me dito para não ser professora, devido o salário ser baixo e como poderia um pedagogo orientá-lo se não conhecia a Matemática profundamente?. As palavras dele reforçaram, aprofundou as minhas dúvidas, no entanto, fui me matriculando em algumas disciplinas que conseguia encaixar no horário, já que eu só podia cursá-las no turno da tarde, e também não podia ficar por muito tempo desempregada, portanto o meu currículo não é legal e é disperso.

Na UFS, tive alguns professores que exigiam na nossa formação a leitura e a compreensão de mundo: Qual era o nosso objetivo na universidade? O que pretendíamos fazer ao concluir o curso? Esses, nas suas aulas relacionavam a prática, a teoria e a realidade aos conteúdos. Mesmo não tendo sido uma experiência boa no meu curso de formação em Pedagogia, sempre procurei alguma alternativa no próprio. Concluindo o curso, vi um cartaz na UFS sobre um curso em Educação Especial. O curso foi realizado acho que em 1984 com uma carga horária de 120 horas. Constava do programa: história da Educação Especial; avaliação e o diagnóstico do deficiente; metodologia para trabalhar com o aluno deficiente. O curso tinha uma visão clínica direcionada para a deficiência do aluno. A professora Iara, que ministrava o curso, já questionava, naquele momento, as classes segregadas, defendendo a idéia e a visão de que o que se deveria observar era, realmente, a possibilidade e a capacidade apresentadas pela criança, pelo jovem, demonstradas nas avaliações.

Durante o curso, e no decorrer da minha prática de docência, sempre sonhei com uma formação continuada para os alunos. Inicialmente tendo uma escolaridade e paralelo, ou seja, em horário contrário um acompanhamento especializado (psicológico, psicomotricidade, fonoaudiológico, ...) e oficinaas onde se observasse o “dom”, a habilidade de cada aluno para que, de acordo com a maturidade de cada um, fossem encaminhados para um curso profissionalizante onde as cotas de vagas nos concursos públicos e nas empresas nunca estivessem ociosas. Quanto às famílias, teriam acompanhamento de serviço social, saúde (neuropediatra, psicólogo, fonoaudiólogo, clínico geral,...) no hospital, posto de saúde, para serem preparadas para cuidar, conviver com seus filhos. (Claro que os profissionais todos