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Licenciamento e controlo das vendas para efeitos fiscais

CAPÍTULO II – AS MÁQUINAS DE VENDA AUTOMÁTICA EM EDIFÍCIOS DO ESTADO

3.3. A regulação dos contratos de concessão efetuados no contexto das máquinas de venda

3.3.2. Poder de fiscalização e controlo durante a execução do contrato

3.3.2.2. Licenciamento e controlo das vendas para efeitos fiscais

Salientamos que o Decreto-Lei n.º 10/2015, de 16 de janeiro, na SECÇÃO III - Atividades de restauração ou de bebidas, SUBSECÇÃO I - Estabelecimentos de restauração ou de bebidas em geral, artigo 122.º - Requisitos de exercício -, n.º 1, refere que “Os estabelecimentos de restauração ou de bebidas devem cumprir os requisitos constantes dos seguintes diplomas: a) Regulamento (CE) n.º 178/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de janeiro de 2002; b) Regulamento (CE) n.º 852/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril de 2004; c) Regulamento (CE) n.º 853/2004, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de abril de 2004; d) Decreto-Lei 111/2006, de 9 de junho; e) Decreto-Lei 113/2006, de 12 de junho, alterado pelo Decreto-Lei 223/2008, de 18 de novembro; f) Decreto-Lei 306/2007, de 27 de agosto, alterado pelo Decreto-Lei 92/2010, de 26 de julho, na água destinada ao consumo humano”.

As empresas do setor alimentar, para iniciar (ou reiniciar) uma atividade, têm que agir em conformidade com a legislação referida acima, pois são responsáveis por assegurar, em todas as fases de produção, transformação, armazenamento e distribuição, que os géneros alimentícios sob o seu controlo preencham o requisitos da legislação alimentar aplicáveis à atividade e por verificar o cumprimento desses requisitos.

Atualmente, para se obter informações acerca deste assunto, pode ser consultado o site

Balcão do Empreendedor disponível na WWW:<URL: http://www.portaldaempresa.pt/CVE/services/balcaodoempreendedor/catalogolicencas.aspx >. Torna-se importante salientar que o Balcão do Empreendedor, nos termos da Portaria n.º 365/2015, de 16 de outubro, artigo 3.º, n.º 1, “constitui o ponto de acesso único para a realização

das formalidades associadas ao exercício de atividades económicas”, e que de acordo com o n.º 2 “é gerido e desenvolvido pela Agência para a Modernização Administrativa, I.P. (AMA)”.

Para além disso, o portal do Instituto dos Registos e do Notariado (IRN) disponível na WWW: <URL:http:// www.irn.mj.pt/sections/empresas> faculta uma série de serviços on-line para as empresas, relativamente ao Registo Comercial, estatuído pelo Decreto-Lei n.º 403/86, de 03 de dezembro, e sucessivas alterações, a última das quais através do Decreto-Lei n.º 250/2012, de 23 de novembro, bem como em relação ao Registo Nacional de Pessoas Coletivas, regulado Decreto- Lei n.º 129/98, de 13 de maio, também ele alvo de alterações sucessivas315, e pela Lei n.º 1/2010,

de 15 de janeiro.

O “Guia para Aplicação do Regime Jurídico de Acesso e Exercício de Atividades de Comércio, Serviços e Restauração (RJACSR)”316, disponível na WWW:<URL: http://www.dgae.min-

economia.pt/>, ajuda a clarificar junto das empresas do setor a aplicação do RJACSR.

Sublinha-se, no entanto, que a “questão 25” do Guia supra citado refere o seguinte: “O exercício de atividades de comércio a retalho à distância, ao domicílio ou de forma automática está sujeito a algum procedimento ou comunicação?”. Resposta: “Não. Com a entrada em vigor do RJACSR este tipo de atividades deixa de estar sujeito a qualquer tipo de comunicação”.

No mesmo sentido, uma mensagem remetida via e-mail pela Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE), na sequência de um pedido de esclarecimentos que efetuamos, afirma que “a mencionada CAE317 está fora do âmbito de aplicação do RJACSR (Decreto-Lei n.º 10/2015, de 16 de

junho), ainda que sejam dispensadoras de produtos alimentares”.

A mesma mensagem especifica, ainda, que “apesar destas máquinas de “vending” não estarem sujeitas a registo nos termos do previsto no RJACSR, os fornecedores dos produtos alimentares nelas disponibilizados estão obrigados a registo dos estabelecimentos, nos termos do licenciamento industrial (Decreto-Lei n.º 73/2015, de 11 de maio) ou nos termos do RJACSR –

315 Com as seguintes alterações: Decreto-Lei n.º 12/2001, de 25 de Janeiro; Decreto-Lei n.º 323/2001, de 17 de Dezembro; Decreto-Lei n.º 2/2005,

de 04 de Janeiro; Rectificação n.º 6/2005, de 17 de Fevereiro; Decreto-Lei n.º 111/2005, de 08 de Julho; Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março; Decreto-Lei n.º 125/2006, de 29 de Junho; Decreto-Lei n.º 8/2007, de 17 de Janeiro, Decreto-Lei n.º 247-B/2008, de 30 de Dezembro; Decreto-Lei n.º 122/2009, de 21 de Maio; Lei n.º 29/2009, de 29 de Junho; Decreto-Lei n.º 250/2012, de 23 de Novembro.

316 Datado de 01 de outubro de 2015.

317 A mensagem da DGAE refere-se à CAE 47990 - Comércio a retalho por outros métodos, não efetuado em estabelecimentos, bancas, feiras ou

Regime Jurídico de Acesso e Exercício de Atividades de Comércio, Serviços e Restauração”.

E continua, “quanto à matéria relacionada com a higiene e segurança alimentar e independentemente do regime jurídico de acesso e exercício à atividade (indústria ou comércio) a que estão submetidos, todos os operadores das empresas do setor alimentar estão obrigados ao cumprimento dos regulamentos comunitários, designadamente, o Regulamento n.º (CE) 852/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, muito especialmente no que se refere ao HACCP. Assim, tanto os estabelecimentos industriais e comerciais situados a montante, como o transporte utilizado ou as próprias máquinas dispensadoras de alimentos estão obrigados ao cumprimento das disposições regulamentares constantes da legislação comunitária e nacional sobre higiene e segurança alimentar”.

Para além disso, aquela mensagem relata que «quanto às máquinas de “vending”, os utilizadores dessas máquinas devem, ainda, seguir os manuais de utilização dos respetivos fabricantes».

Por fim, diz-nos que “em matéria de higiene e segurança alimentar, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, disponibiliza no seu sítio Internet, www.dgv.min-agricultura.pt, vários manuais de boas práticas, incluindo o do transporte de alimentos”.

No que concerne ao controlo das vendas para efeitos fiscais, colocam-se as seguintes questões:

1) Que método se utiliza no registo das vendas efetuadas através de máquinas de venda automática? O registo das vendas é feito, a saber:

i) pelo controle efetuado sobre as existências? (Ou seja, uma vez abastecida a máquina, as vendas registadas recaem sobre a diferença de produtos existentes na mesma aquando do abastecimento seguinte);

ii) sobre o montante constante no moedeiro? (Esta medida não permite descriminar o IVA por taxas nem produtos, havendo apenas um montante global de proveitos; ou, iii) por memória interna? (Grande parte das máquinas atualmente instaladas no mercado

2) Em relação ao benefício fiscal previsto no Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, estão incluídas as transmissões de bens efetuadas através de máquinas de venda automática?

Na sequência de um pedido de esclarecimentos efetuado à Autoridade Tributária e Aduaneira, esta especificou que:

“1. O Decreto-Lei n.º 197/2012, de 24 de Agosto318, transpôs para ordem jurídica interna a Diretiva

n.º 2010/45/UE, do Conselho, de 13 de julho, alterando diversas disposições no Código do IVA (CIVA), em matéria de faturação, a vigorar a partir de 01.01.2013, à excepção das respeitantes às regras de faturação eletrónica, que entraram em vigor em 01.10.2012”.

2. Face às citadas alterações, a alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA, passou a determinar a obrigatoriedade de emissão de fatura para todas as transmissões de bens ou prestações de serviços, incluindo os pagamentos antecipados, independentemente da qualidade do adquirente ou do destinatário dos mesmos, ainda que estes não a solicitem.

3. A obrigação a que se refere a citada disposição legal pode ser cumprida mediante a emissão de:

i) fatura nos termos do artigo 36.º do CIVA;

ii) fatura simplificada, quando verificadas as condições previstas no n.º 1 do artigo 40.º;

iii) documentos ou do registo das operações, nas situações elencadas nas alíneas a) e b) do n.º 5 do artigo 40.º do CIVA.

4. Das citadas disposições legais, nomeadamente da alínea b) do n.º 5 do artigo 40.º, resulta que o cumprimento da obrigação de emissão de fatura pode ser cumprida, mediante o registo das transmissões de bens efetuadas através de aparelhos de distribuição automática que não permitam a emissão de fatura.

5. Conforme se infere da citada norma, relativamente às operações realizadas pelos aparelhos nela mencionados, que não permitam a emissão de fatura, apenas se exige que as mesmas sejam registadas para que a obrigação de emissão de fatura se considere cumprida.

6. Importa referir que os bens em circulação destinados a abastecer as máquinas de venda automática devem ser acompanhados do respetivo documento de transporte, para efeitos do Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo Decreto-Lei 147/2003, de 11/7. O documento de transporte constitui um meio de prova dos bens que vão abastecendo as máquinas.

7. Por sua vez e conforme determina o artigo 44.º do CIVA, a contabilidade deve ser organizada de forma a possibilitar o conhecimento claro e inequívoco dos elementos necessários ao cálculo do imposto, bem como a permitir o seu controlo, comportando todos os dados necessários ao preenchimento da declaração periódica do imposto.

8. Devem, assim, ser objeto de registo todas as transmissões de bens efetuadas através das referidas máquinas, podendo o mesmo ser efetuado em folha de caixa, e ser adotado o procedimento preconizado pelo requerente e referenciado no item i) da presente informação. 9. Para o efeito, devem ser controladas as existências, ou seja, o apuramento dos valores relativos aos bens vendidos far-se-á pela diferença entre as quantidades de bens introduzidos na máquina e aquelas que restarem no interior da mesma aquando do abastecimento seguinte. 10. De referir ainda que o apuramento da base tributável dos bens transmitidos, com imposto incluído, é obtido de harmonia com o estabelecido no artigo 49.º do CIVA.

11. Quanto às questões suscitadas no pedido relacionadas com o benefício fiscal previsto no Decreto-Lei 198/2012, de 24 de agosto, não obstante tratar-se de uma dedução para efeitos do Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), iremos abordar o assunto, nomeadamente no que respeita à emissão de fatura, obrigação que decorre do CIVA.

12. O Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, criou uma dedução em sede de Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), correspondente a uma parte do Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA) suportado por qualquer membro do agregado familiar, incluído em faturas que titulam prestações de serviços em determinados setores de atividade e comunicadas à Autoridade Tributária e Aduaneira.

13. Ora, as transmissões de bens efetuadas pelas máquinas de venda automática não são abrangidas por aquele benefício, na medida em que não são emitidas faturas nem tal atividade

consta no artigo 66.º-B do Estatuto dos Benefícios Fiscais, que identifica as atividades abrangidas por tal benefício.

Conclusão

14. Nas transmissões de bens efetuadas através de máquinas de venda automática que não permitam a emissão de fatura, a obrigação a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º pode ser cumprida, mediante o registo das operações.

15. O registo das operações pode ser efetuado em folha de caixa, e adotar o procedimento referido nos pontos 7, 8 e 9 da presente informação.

16. As transmissões de bens efetuadas nas máquinas de venda automática não se encontram abrangidas pelo benefício fiscal previsto no Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto”.

O preâmbulo do Decreto-Lei n.º 197/2012, de 24 de Agosto, referido acima, especifica que “ao clarificar-se que a emissão de fatura é obrigatória para todas as transmissões de bens e prestações de serviços, independentemente da qualidade do adquirente dos bens ou destinatário dos serviços e ainda que estes não a solicitem, qualquer que seja o sector de atividade em causa, e se explicitar que nas faturas emitidas por meios eletrónicos todo o seu conteúdo deve ser processado eletronicamente, são ainda adotadas medidas que visam combater a economia informal, a fraude e a evasão fiscais”.

Para além disso, no preâmbulo do Decreto-Lei n.º 198/2012319, de 24 de agosto, podemos ler

que “um dos vetores essenciais da Lei n.º 64-B/2011, de 30 de dezembro, que aprova o orçamento do Estado para o ano de 2012 (LOE 2012), consiste no reforço significativo do combate à fraude e à evasão fiscais de forma a garantir uma justa repartição do esforço fiscal”.

No preâmbulo do diploma acima referido320, deparamo-nos ainda com uma inovação nesta

área, isto é, com a seguinte medida321: “Pretende-se, assim, criar um instrumento eficaz para

combater a economia paralela, alargar a base tributável e reduzir a concorrência desleal,

319 Com as seguintes alterações: Lei n.º 66-B/2012, de 31 de Dezembro; Decreto-Lei n.º 71/2013, de 30 de Maio; Lei n.º 82-B/2014, de 31 de

Dezembro.

320 Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto.

promovendo-se a exigência de fatura por cada transação e reduzindo-se as situações de evasão fiscal associadas à omissão do dever de emitir documento comprovativo da transação”.

A Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro, do Orçamento do Estado para 2013, no seu Artigo 202.º Alteração ao Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto: “Os artigos 1.º […] do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, passam a ter a seguinte redação: […] Artigo 1.º [...] 1 - O presente diploma procede à criação de medidas de controlo da emissão de faturas e respetivos aspetos procedimentais, bem como a criação de um incentivo de natureza fiscal à exigência daqueles documentos por adquirentes que sejam pessoas singulares, alterando-se o Estatuto dos Benefícios Fiscais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 215/89, de 1 de julho, e efetuando-se um conjunto de alterações ao regime de bens em circulação objeto de transações entre sujeitos passivos do IVA,

aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003322, de 11 de julho, alterado pelo Decreto-Lei n.º

238/2006, de 20 de dezembro, pela Lei n.º 3-B/2010, de 28 de abril, e pelo Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto. 2 - O presente diploma aplica-se ainda, com as devidas adaptações, aos documentos referidos no n.os 6 do artigo 36.º e 1 do artigo 40.º do Código do IVA”.

O Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto323, estabelece a obrigação de comunicação à

Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), por transmissão eletrónica de dados, dos elementos das faturas emitidas por pessoas, singulares ou coletivas, que possuam sede, estabelecimento estável ou domicílio fiscal em território português e aqui pratiquem operações sujeitas a Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), ainda que dele isento.

Mais recentemente, as alterações introduzidas pela Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro, Orçamento do Estado para 2015, artigo 232.º, ao Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, n.º 3, estende a obrigatoriedade de comunicar à AT “os elementos dos documentos de conferência de entrega de mercadorias ou da prestação de serviços”, enquanto o aditamento introduzido pelo artigo 233.º, através do artigo n.º 3-A, n.º 1, dispõe que “as pessoas, singulares ou coletivas, que tenham sede, estabelecimento estável ou domicílio fiscal em território português, que disponham de

322 A Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro (Orçamento do Estado para 2014) revogou os n.os 2 e 3 do artigo 8.º, 4 do artigo 15.º, 1 do artigo 16.º e

4 a 10 do artigo 17.º e o artigo 18.º do regime de bens em circulação objeto de transacções entre sujeitos passivos do IVA, aprovado em anexo ao Decreto -Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, alterado pelo Decreto -Lei n.º 238/2006, de 20 de dezembro, e pela Lei n.º 3 -B/2010, de 28 de abril, alterado e republicado pelo Decreto -Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, e alterado pela Lei n.º 66 -B/2012, de 31 de dezembro.

contabilidade organizada e estejam obrigadas à elaboração de inventário, devem comunicar à AT, até ao dia 31 de janeiro, por transmissão eletrónica de dados, o inventário respeitante ao último dia do exercício anterior […]”. O n.º 3, especifica que “Ficam dispensadas da obrigação de comunicação a que se refere o n.º 1 as pessoas aí previstas cujo volume de negócios do exercício anterior ao da referida comunicação não exceda (euro) 100 000”.

As medidas adotadas permitem à AT um controlo efetivo das operações realizadas, facultando aos agentes económicos um sistema simples de comunicação.