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MÉTODOS PRÉ-OPERATÓRIOS MAIS ABORDADOS NA LITERATURA PARA MINIMIZAR COMPLICAÇÕES TRANSOPERATÓRIAS

No documento ODONTOLOGIA Uma visão contemporânea (páginas 123-128)

Luana Martins Cantanhede Ciro Borges Duailibe de Deus

4. MÉTODOS PRÉ-OPERATÓRIOS MAIS ABORDADOS NA LITERATURA PARA MINIMIZAR COMPLICAÇÕES TRANSOPERATÓRIAS

O Angiofibroma Nasofaríngeo Juvenil embora seja classificado como um tumor benigno, possui características invasivas semelhantes à de tumores malignos. Sua expansão demasiada causa a destruição de planos ósseos e invade estruturas, De-vido a isso, alternativas terapêuticas vêm sendo abordadas e desenvolvidas para minimizar riscos nos atos cirúrgicos envolvendo o tratamento do tumor (RICARDO; TIAGO; FAVA, 2003).

Dentre as alternativas terapêuticas está descrita na literatura a Angiografia, que desempenha um papel diagnóstico-terapêutico, permitindo a confirmação do diagnóstico através das características de neoformação vascular, a embolização pré-operatória da neoplasia. Dentro desse contexto, esse procedimento possui al-tas recomendações para minimizar hemorragias em transoperatórios (FELIPE et al., 2012). Dessa forma, Toledo-Filho et al. (2012) destacaram o procedimento de embolização como padrão ouro nessas situações.

método é comumente realizado através de via endovascular ou através da injeção direta percutânea por embólicos no tumor. O objetivo é através do agente embólico é justamente bloquear a ação de pequenos vasos (BARBOSA et al., 2021).

Figura 5 – Arteriografia pré-embolização Fonte: CHIMELLI, sem data

Figura 6 – Arteriografia após embolização Fonte: CHIMELLI, sem data

Felipe et al. (2012) descreveram o procedimento de embolização como não isento de complicações apesar de suas vantagens, já que há ainda o risco de trom-boembólicos iatrogênico, acidentes vasculares cerebrais (AVC), além de cegueira

por trombose da artéria central da retina. Os mesmos autores também relataram que ao serem levados os riscos em consideração, o procedimento pode ser dispen-sado em vários casos, considerando a clipagem da artéria maxilar interna ao nível da fossa pterigopalatina, ato que tem papel importante no controle de hemorragias intraoperatórias.

O suprimento arterial comumente identificado com o tumor são ramos da ar-téria carótida externa, podendo haver em estágios avançados irrigações atípicas provenientes de outras artérias. Assim, é necessário sempre avaliar e identificar os sistemas carotídeos envolvidos para realizar embolização ao máximo de ramos possível, evitando nutrição sanguínea à lesão. A má conduta nessas situações pode levar a maiores sangramentos (TOLEDO-FILHO et al., 2012).

Sendo, assim constata-se que o procedimento de embolização da artéria ma-xilar apesar de invasivo é relativamente seguro, mas, não isento de complicações. Contudo, a literatura ainda ressalta o benefício da embolização arterial pré-opera-tória no controle de hemorragias transoperapré-opera-tórias, pois o mesmo as reduz à meta-de permitindo ressecção completa do tumor, com baixas recidivas da lesão e com-plicações neurológicas, além de reduzir o tempo cirúrgico ao associar-se a técnica endoscópica (FONSECA et al., 2008; GAILLARD et al., 2010).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Angiofibroma nasofaríngeo se refere a uma doença complexa e rara que apresenta predisposição para jovens e pode ser causa de inúmeras morbidades. Macroscopicamente, o tumor aparenta geralmente o aspecto de uma massa globo-sa, circunscrita, não encapsulada e coberta por mucosa de rinofaringe. Além disso, a cor depende da presença do componente vascular, podendo ser róseo-vinhoso ou até mesmo pálido e esbranquiçado. Sendo assim, o principal suprimento sanguíneo é proveniente da artéria maxilar, por mais que possam haver ramos da artéria ca-rótida interna ipsilateral ou do sistema carotídeo externo contralateral.

O diagnóstico dessa condição se baseia nos sinais, sintomas além das próprias características morfológicas e epidemiológicas. Dentro desse contexto, a endosco-pia nasal, tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear também conseguem emitir um delineamento acerca da localização e da extensão tumoral e as relações existentes com estruturas vasculares e nervosas, permitindo a realiza-ção de um estadiamento preciso do tumor. Por essa razão, considerando à carac-terística sangrante do tumor, a biópsia não é procedimento de rotina atualmente

Por ser um tumor vascularizado caracterizado por um crescimento de caráter rápido e agressivo, os estudos analisados preconizam a remoção total da lesão, levando em consideração o marcante transoperatório com altas chances de com-plicações e considerando a cirurgia como a principal opção terapêutica para essa

condição. Conforme as opções existentes de cirurgia aberta ou até mesmo uma abordagem endoscópica, a decisão depende de inúmeros aspectos como a própria extensão do tumor e a equipe responsável pelo caso, sendo a via endoscópica elei-ta em estágios iniciais, por juselei-tamente conseguir minimizar chances de possíveis hemorragias. Independentemente do método utilizado, ainda ocorre a recorrência do tumor em 25% dos casos, portanto, mais estudos precisam ser realizados em prol de aprimorar as técnicas existentes.

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CAPÍTULO 10

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