• Nenhum resultado encontrado

Terapias Celulares

No documento ODONTOLOGIA Uma visão contemporânea (páginas 170-175)

Luana Martins Cantanhede

4. POLPA DENTÁRIA - FONTE DE CÉLULAS-TRONCO

4.3 Aplicação Terapêutica na Odontologia

4.3.4 Terapias Celulares

As Terapias Celulares e a Bioengenharia atuam no contexto da Medicina Rege-nerativa, procurando controlar e ampliar a capacidade natural da regeneração de tecidos (GAZ. MÉD. BAHIA 2008). A medicina regenerativa busca criar condições ideais para reparo, regeneração e/ou substituição de tecidos lesados. O conjunto dessas ações representa o campo de ação das terapias celulares e de

bioengenha-ria, compreendendo a engenharia gênica, celular e tecidual, e a biomimética (GAZ. MÉD. BAHIA 2008). As pesquisas e descobertas realizadas sobre as células-tronco embrionárias deram início nos Estados Unidos por volta dos anos 1930, porém os transplantes de células-tronco adultas apenas começaram nos anos 1950.

No Brasil, as pesquisas sobre células-tronco tiveram início em 2001 pelo Minis-tério da Ciência e Tecnologia. Vários órgãos brasileiros como o Instituto Nacional 7 do Câncer, de Traumatologia e outros colaboram para o que chamam de medicina regenerativa. (DINIZ & AVELINO, 2009).As terapias celulares têm como alvo as doenças cardíacas desde o início das pesquisas, especialmente porque é a principal causa de morte no mundo. (LIMA; SOARES; SANTOS, 2009).

A terapia celular é basicamente o transplante ou injeção de CTs vivas, diferen-ciadas ou não, em um paciente, a fim de substituir ou regenerar células ou tecidos danificado(SANTIN, 2015).Toda a polêmica sobre a utilização das CTs envolve ape-nas as CTs embrionárias. As pesquisas e a utilização desse tipo de CTs são feitas com embriões na fase do blastocisto, “uma esfera com aproximadamente cem células” (CARVALHO, 2001). Ocorre que o embrião é sacrificado com a retirada de suas células-tronco (CARVALHO, 2001). Eis o ponto central do debate.No Brasil, a Lei Federal 11.105, de 24 de março de 2005, regulamentou as pesquisas nessa área e permite o uso de CTs embrionária para pesquisa e terapia. Essas células devem ser obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro, não utilizados no procedimento, devem ser embriões inviáveis e que tenham sido man-tidos congelados por mais de três anos. (TAKEUCHI & TANNURI, 2006).

A atuação da Igreja Católica quanto a questões sociais é marcada por ambigui-dades, pois adota um discurso progressista voltado para certos problemas, e apoia posições conservadoras do Vaticano no tocante à reprodução e à sexualidade (RO-SADO & NUNES, 2002). Este aspecto sinaliza, mais uma vez, para a dimensão pú-blica da religião no Brasil. A religião na sociedade brasileira parece nunca ter sido totalmente privatizada, deslocada da esfera pública e estatal para a esfera privada (MONTERO, 2006).Na questão específica sobre as células-tronco, dois pontos são fundamentais para entender o debate bioético, um é o respeito à defesa incondi-cional da vida em todos os seus estágios defendido tanto pela ciência, tanto pela Igreja Católica, mas em âmbitos diferentes, outro é referente ao avanço científico nas pesquisas sobre vida e maneira com que ela se dá. Através desse panorama poderemos entender um pouco as posições sobre a pesquisa com células-tronco no Brasil (GUTIÁ, 2010).

As cinco outras maiores religiões do mundo apoiam as pesquisas com células--tronco embrionárias (COSTAS, 2006). Os espíritas preferem dar ênfase às célu-las-tronco adultos, há ressalvas para as pesquisas com as célucélu-las-tronco embrio-nárias. (SILVA, 2010).As células-tronco adultas não causam polêmica, pois elas são retiradas de tecidos adultos, como placenta, medula óssea e cordão umbilical. Já o uso das células-tronco embrionárias é amplamente discutido, pelo fato de ter que haver destruição de um embrião para a retirada dessas células (GRONTHOS,

2000).Muitos considerarem a morte de um embrião como um ato criminoso. Paí-ses como Finlândia, Grécia, Suíça, Holanda, Japão, Canadá, Austrália, Coréia do Sul, Cingapura, China, Rússia, África do Sul, Estados Unidos, México, Reino Uni-do e Israel fazem pesquisas com células-tronco e têm legislação específica que regulamenta o uso desse tipo de células. O Brasil foi o primeiro país da América Latina a aderir a pesquisas com células-tronco e de acordo com o artigo 5° da Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005) (MORAES, 2021). O uso de terapias celulares avança a passos lentos porem firmes rumo a novas des-cobertas junto a engenharia de tecidos (MORAES , 2021)

Referências

ANDERSON, KC.; KYLE, RA.; DALTON, WS.; LANDOWSKI, T.; SHAIN, K., JOVE, R. et al. Multiple Myeloma: new insights and therapeutic approaches. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2000: 147-65 BANSAL, R.; JAIN, A. Current overview on dental stem cells applications in regenerative dentistry. J. Nat. Sci. Biol. Med., v. 6, n. 1, p. 29-34, 2015.

BRASIL. Conf. Pontifícia Academia para a Vida. Declaração sobre a produção e o uso científico e terapêutico das células estaminais embrionárias humanas. 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde conselho nacional de saúde resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996. CHA, J.; FALANGA, V., Stem Cells In Cutaneous Wound Healing. Clin Dermatol. Jan-Feb; v. 25, n. 1, p. 73-78, 2007.

CLARKE, D. L. et al. Generalized potential of adult neural stem cells. Science, Washington, DC, v.288, p.1660-1663, June 2000.

CORDVIDA [Internet] Disponível em: http://www.cordvida.com.br/portal/.2017. COSTAS, Ruth. Fim da polêmica. Revista Veja, 30 ago. 2006, p.86

CUTLER, C.; ANTIN, J. H. Peripheral blood stem cells for allogeneic transplantation: a review. Stem Cells, Dayton, v.19, p.108-117, 2001.

DINIZ, Debora; AVELINO, Daniel. Cenário Internacional da pesquisa em células tronco embrionárias. Revis-ta Saúde Pública, 2009, v. 43, n. 3, p. 541-547. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rsp/v43n3/414. pdf> Acesso em 17 mar. 2021.

DUAILIBI, M. T. et al. Bioengineered teeth from cultured rat tooth bud cells. Journal of Dental Research, Chicago, v. 83, n. 7, p. 523-528, 2004.

DUPAS, Gilberto. O mito do progresso ou progresso como ideologia. São Paulo: Editora UNESP, 2006. FAIS, LMG.; REIS, JMSN.; SILVA, RHBT.; SEGALLA, JCM.; PINELLI, LAP. Pesquisas com células-tronco: his-tórico geral e aplicações nas especialidades odontológicas. Full dent sci, v.1, n.3, p.290-297, 2010.

FOLHA GOSPEL. “Células tronco causam polêmica entre as diferentes religiões”. Publicado em 25 de Agosto de 2008. Disponível em: https://folhagospel.com/celulas-tronco-gera-polemica-entre-as-diferentes-religio-es/.

GENRON - http://ir.geron.com/news-releases/news-release-details/geron-proceed-first-human-clinical--trial-embryonic-stem-cell. 2012.

GRONTHOS, S. et al. Postnatal human dental pulp stem cells (DPSCs) in vitro and in vivo. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, Washington, v. 97, n. 25, p. 13625-13630, 2000.

– 2010: 145-159.

HARE, JM.; FISHMAN, JE.; GERSTENBLITH, G.; DIFEDE VELAZQUEZ, DL.; ZAMBRADNO, JP.; SUNCION, VY.; et al. Comparison of allogeneic vs autologous bone marrow– derived mesenchymal stem cells delivered by transendocardial injection in patients with ischemic cardiomyopathy: the POSEIDON randomized trial. JAMA. 2012;308(22):2369-79.

HAU, G.R.; LOPES, C. M.; BALDANI, M. H.; GARBELINI, M. C. da L.; PAULETTO, C. A.; LEAL, G. A.; SLU-SARZ, P. A. A. Revisão preliminar sobre a viabilidade de utilização de células-tronco provenientes de dentes humanos decíduos e permanentes na regeneração celular. Rev. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, v. 12, n. 1, p. 47-55, mar. 2006. Disponível em < http://www.revistas2.uepg.br/index.php/biologica/article/ view/428/429> Acesso em 11 mar. 2021.

HUANG, GT.; YAMAZA, T.; SHEA, LD.; DJOUAD, F.; KUHN, NZ.; TUAN, RS.; et al. Stem / progenitor cell-me-diated de novo regeneração da polpa dentária com camada contínua de dentina recém-depositada em um na Vivo modelo. Tissue Eng Part A 2010; 16: 605-615.

JUNIOR, Josias César Almeida; BARBOSA, José Felinto. Stem cells and dentistry Revista UNINGÁ Review, Vol.21,n.1,pp.40-43(Jan–Mar 2015).

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e molecular. 9ª ed. Editora Guanabara Koogan, 2012. 338 p.

KERKIS, I; Kerkis, A.; DOZORTSEV, D.; STUKART-PARSONS, GC.; MASSIRONI, SMG.; PEREIRA, LV.; CAPLAN, AI. CERRUTI, HF. Isolation and characterization of a population of immature dental pulp stem cells expres-sing oct4 and other embryonic stem cells markers. Cells Tissues and Organs 2007; 184:105-116.

KERKIS, Irina; CAPLAN, Arnold I. Stem Cells in Dental Pulp of Deciduous Teeth. Tissue Engineering. Part B, Reviews, v. 18, p. 129-138, 2012.

KOLYA, Cassia L.; CASTANHO, Fernanda L. Células-tronco e a odontologia. Rev. ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 165-171, 2007.

LEMISCHKA, I. R. Stem cell biology: a view toward the future. Annals of the New York Academy Scien-ces, v. 1044, p. 132-138, 2005.

LITTLE, MT.; STORB, R. History of haematopoietic stem-cell transplantation. Nature Reviews Cancer, v.2, p.231-238, 2002.

LIZIER, NF.; KERKIS, A.; GOMES, C.M.; HEBLING, J.; OLIVEIRA, C.F; CAPLAN, AI.;KERKIS, I. Scaling-up of dental pulp stem cells isolated from multiple niches. PLoS ONE, v.7, n.6.: e39885. doi: 10.1371/journal. pone.0039885, 2012.

MADAN, A. K.; KRAMER, B. Immunolocalization of fibroblast growth factor-2 (FGF-2) in the developing root and supporting structures of the murine tooth. Journal of Molecular Histology, Holanda, v. 36, n. 3, p. 171-178, 2005.

MIMEAULT, M.; BATRA, SK. Revisão concisa: avanços recentes sobre a importância das células-tronco na regeneração de tecidos e terapias contra o câncer. Células-tronco 24, 2319-2345. 2006.

MINGRONI-NETTO, R.C.; DESSEN E.M.B. Células-tronco: o que são e o que serão? Rev. Genética na Es-cola, p. 12-15, 2006.

MIURA, M. et al. SHED: stem cells from human exfoliated deciduous teeth. Proc. Natl. Acad. Sci., v. 100, n. 10, p. 5807-5812, 2003.

MIURA, M.; GRONTHOS, S.; ZHAO, M.; LU, B.; FISHER, LW.; ROBEY, PG.; SHI, S SHED: stem cells from human exfoliated deciduous teeth. PNAS, v. 100, n. 10, p. 5807-5812, May 2003.

MIURA, M.; GRONTHOS, S.; ZHAO, M.; LU, B.; FISHER, LW.; ROBEY, PG.; SHI, S. SHED: stem cells from human exfoliates deciduous teeth. Proc Natl Acad Sci USA, v.100, n.10, p.5807-5812, 2003.

MORAES, Paula Louredo. “Países onde é permitido o uso de células-tronco”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/celula-mae3.htm. Acesso em 24 de abril de 2021.

NEVES, V. C. M. et al. Promotion of natural tooth repair by small molecule GSK3 antagonists. Sci. Rep., v.7, 2017. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/srep39654.pdf >. Acesso em: 23 mar. 2021 PEREIRA, L V. A importância do uso das células-tronco para a saúde pública. Ciência e Saúde Coletiva, v.13, n.1, p. 7-14, 2008.

PEREIRA, Ligia Veiga. Terapias com células-tronco: promessa ou realidade? Ciência Hoje, v.52, n.308, p.34-38. 2013

REHEN, Stevens. Cientistas no front. Ciência Hoje, coluna Bioconexões. Disponível em: http://cienciahoje. uol.com.br/colunas/bioconexoes/cientistas-nofront.

REHEN, Stevens; PAULSEN, Bruna. Células-tronco: o que são? Para que servem? Rio de Janeiro: Edi-tora Vieira e Lent, 2007.

SILVA, Artur Alves Rodrigues da.; RODRIGUES, Cláudio Gabriel; SILVA, Márcia Bezerra da . Avanços tec-nológicos na criopreservação de células-tronco e tecidos, aplicados à terapia celular. Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Biociências. 2017.

SLACK, J. M. W. Stem cells in epithelial tissues. Science, Washington, DC, v.287, p.1431-1433, Feb. 2000. SOARES, C. Manutenção interna. Scientific American, ano 4, n. 39, p. 70-71, 2005.

SOARES, Milena B.P; SANTOS, Ricardo Ribeiro do. Terapia com células-tronco:a terapia do futuro, Parce-rias Estratégicas - número 16 - outubro 2002.

SOLTER, D. From teratocarcinomas to embryonic stem cells and beyond: a history of embryonic stem cell research. Nature Rev Gen, v.7, p.319-327, 2006.

SOUZA, Leliane Macedo de. Caracterização de células-tronco de polpa dental humana obtida de dentes decíduos e permanentes. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) - Universidade de Bra-sília, BraBra-sília, 2008.126f.

TAMM, M.; GRATWOHL, A; TICHELLI, A., PERRUCHOUD, A.P, TYNDALL A. Autologous hematopoietic stem cell transplantation in a patient with severe pulmonary hypertension complicating connective tissue disea-se. Ann Rheum Dis 1996, 55: 779-780.

VANDER KOOY, D; WEISS, S. Why stem cells? Science. v. 287, n. 5457, p. 1439- 1441, 2000.

VOLTARELLI, J.C; STRACIERI, A.B. Aspectos imunológicos dos transplantes de células-tronco hematopoéti-cas. Medicina-Ribeirão Preto. 2000. 33:443-462.

WAGERS, A.J; WEISSMAN, I.L. Plasticity of Adult Stem Cells. Cell. 2004; 116:639-684.

WIKIPÉDIA. História da Anatomia História da anatomia – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) acesso em 20/04/2021.

YAN, M., Yu, Y; ZHANG, G, TANG, C; YU, J. Uma jornada das células-tronco DP para um dente biológico. Stem Cell Rev 7, 161, 2010.

CAPÍTULO 13

ALTERAÇÃO DE COR PIGMENTANTE

No documento ODONTOLOGIA Uma visão contemporânea (páginas 170-175)