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OS PROTOCOLOS CLÍNICOS UTILIZADOS NA REGENERAÇÃO EN- EN-DODÔNTICA

No documento ODONTOLOGIA Uma visão contemporânea (páginas 64-69)

Letícia Gomes Dourado

4. OS PROTOCOLOS CLÍNICOS UTILIZADOS NA REGENERAÇÃO EN- EN-DODÔNTICA

Tendo em vista o alto índice de perda dentária em dentes com rizogênese in-completa, foi buscado um melhor prognóstico que visa a aplicação de conceitos firmados nos princípios da medicina dentária e da engenharia de tecidos, que pos-sibilita a revitalização do dente (BRUSCHI,2015).

O conceito de regeneração pulpar tem sido definido como procedimento bio-logicamente projetado para substituir estruturas danificadas, incluindo a dentina radicular e outras estruturas, bem como células do complexo dentinho-pulpar que podem evoluir a partir do primeiro coagulo sanguíneo criado na terapia juntamente

com o entendimento de que a regeneração ou restabelecimento de um suprimento vascular para o tecido pulpar existe (BRUSCHI, 2015).

Para o protocolo alcançar um sucesso clínico bem-sucedido fatores como, o paciente deve ser jovem, polpa deve estar necrótica e com ápice aberto, mínima ou nenhuma instrumentação nas paredes dentinárias, colocação de uma medicação intra-canal, indução de um coagulo sanguíneo e por último um selo coronal eficaz. De acordo com a AEE (Associação Americana de Endodontia) existe um protocolo recente que mostra considerações clínicas aceitáveis para o sucesso da regenera-ção endodôntica (GODOY; MURRAY, 2011).

Na primeira seção do procedimento ocorre a desinfecção do canal radicular, onde acontece a retirada do tecido necrótico através da irrigação com muito cuida-do, e a desinfecção mecanizada é descartada nesse tipo de caso, pois pode debili-tar ainda mais as paredes finas do canal radicular e remover restos de tecido vital que podem ainda estar presentes, tendo em vista que todo esse primeiro passo deve ser realizado com anestesia local em isolamento absoluto após o acesso do canal (GALLER, 2015).

Os irrigantes mais utilizados são o hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2,5% (20mL / canal, 5 min), levando em consideração uma irrigação suave pra não haver extru-são da solução para os tecidos periapicais, e por último a utilização do EDTA (20 mL / canal, 5 min), com a agulha de irrigação parada 1 mm aquém da extremidade da raiz para evitar a citotoxidade das células-tronco nos tecidos periapicais (GALLER, 2015).

Após a secagem do canal, a utilização de uma medicação intra-canal é muito importante para melhorar no processo de desinfecção do canal radicular, e de acor-do com a AAE (Associação Americana de Enacor-doacor-dontia) pode ser a pasta tri-antibi-ótica, dupla-antibiótica ou hidróxido de cálcio, porém o hidróxido de cálcio é mais utilizado para esse tipo de procedimento. Realizada a inserção da medicação com uma seringa no interior radicular, é feito o selamento com um material restaurador temporário como o CIV (Cimento de ionômero de vidro), no qual o paciente irá re-tornar 15 dias depois (OZTRK, 2018).

Na segunda sessão do tratamento, é importante que seja observado se há in-fecção persistente, caso não haja, tudo seguirá conforme o protocolo clínico. Nesta sessão é interessante que o anestésico local seja sem vaso constritor para não re-tardar o processo de indução de sangramento (ULUSOY, 2019).

Com uma lima endodôntica e com irrigação abundante a medicação é removi-da do canal. Realiza-se a aplicação de 20 ml de EDTA a 17% de forma suave e, em seguida, acontece a secagem do canal com pontas de papel absorvente. A indução do sangramento ocorre através da instrumentação com uma lima tipo K girando além do forame apical 2mm com o propósito de ter todo canal tomado por sangue até o nível do cemento. Uma outra alternativa para a criação do coagulo sanguíneo

é o uso do plasma rico em plaquetas (PRP) e fibrina rica em plaquetas (PRF) os dois são altas fontes concentradas de plaquetas que tem sido utilizado no campo de pesquisa da endodontia regenerativa, mostrando que a PRP tem cinco vezes mais concentração de plaquetas e a PFR tem um número e concentração aumentada de fatores que ampliam o crescimento assim estimulando o tratamento de regenera-ção em tecidos moles e duros (ULUSOY, 2019).

Parando o sangramento a um nível que permita a colocação do material res-taurador possa se acoplar de 3-4 mm, posiciona-se uma matriz reabsorvível para o sangue que foi criado no canal do dente possa ter um limite e não extravasar pela coroa dental. A camada mais superficial pode ter o selamento com cimento de ionômero de vidro e restaurado com resina composta que é o mais indicado, e MTA mais como desvantagem foi visto em vários estudos que o mesmo causa des-coloração, assim sendo recusado em tratamento que visa a estética dental como resultado (WIGLER, 2013).

Após o tratamento finalizado é de suma importância o acompanhamento do caso com os exames clínicos para observar o elemento dental que foi submetido a terapia endodôntica regenerativa, radiográfico para acompanhar o crescimento do ápice radicular e o teste de vitalidade pulpar pra expor a sério que o mesmo responda positivamente, que antes não havia essa possibilidade (VERMA, 2018).

5. CONCLUSÃO

Os dentes acometidos por trauma dental ocasionalmente pouco tempo depois são diagnosticados por necrose pulpar, esse tipo de acidente é mais comum em pa-cientes jovens que apresentam rizogênese incompleta, então a regeneração pulpar é uma opção que pode ser utilizada como recurso terapêutico.

A irrigação e o uso de medicação intra-canal é essencial nesse tratamento endodôntico regenerativo, pois seu sucesso também depende de uma correta des-contaminação do canal radicular já que o mesmo deve ser pouco instrumentado por se apresentar fragilizado devido ao ápice aberto.

A regeneração pulpar tem se mostrado atualmente uma terapia recente e mui-to promissora para dentes imaturos, recomendada como alternativa para outros protocolos, pois a mesma promove o aumento da espessura e largura da parede dentinária, continuação da raiz e fechamento apical.

Até os dias atuais existem vários tipos de protocolos propostos, mas não um exclusivo que garanta o sucesso do tratamento. Portanto, mais estudos precisam ser realizados para que se encontre um protocolo assertivo para o processo da en-dodontia regenerativa.

Referências

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LAVÔR, M. Uso de hidróxido de cálcio e MTA na odontolgia: conceitos, fundamentos e aplicação clínica. SA-LUSVITA, Bauru, v. 36, n. 1, p. 99-121, 2017.

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VERMA, R. A radiopacidade e as propriedades antimicrobianas de diferentes pastas antibióticas duplas ra-diopacas usadas em endodôntia regenerativa. American association of endodontists. v.44, n.9, 2018.

WIGLER, R. Revascularização: Um tratamento para dentes permanentes com polpa necrótica e desenvolvi-mento incompleto da raiz. American association of endodontics, Estados Unidos, v.39, n.3, 2013.

CAPÍTULO 6

ASPECTOS COMPORTAMENTAIS

No documento ODONTOLOGIA Uma visão contemporânea (páginas 64-69)