• Nenhum resultado encontrado

TRAUMAS DENTAIS EM DENTES DECÍDUOS: CLASSIFICAÇÃO E FA- FA-TORES ETIOLÓGICOS

No documento ODONTOLOGIA Uma visão contemporânea (páginas 131-135)

Dara Lourenna Silva Da Nóbrega Israel Filippe Fontes de Oliveira

2. TRAUMAS DENTAIS EM DENTES DECÍDUOS: CLASSIFICAÇÃO E FA- FA-TORES ETIOLÓGICOS

2.1 Classificação

Os traumas dentais envolvem estruturas de tecidos duros e tecidos de suporte do dente. Os tecidos que envolvem a estrutura de dentição decídua são considera-dos teciconsidera-dos de sustentação, nessas estruturas existe elevada prevalência de lesões com deslocamento dentário em decorrência da maior resiliência do osso alveolar em crianças, atribuída a características anatômicas: raiz menor e de aspecto cunei-forme, favorecendo a ocorrência dessas lesões. As lesões de suporte são classifica-das em: concussão, subluxação, luxação lateral, luxação intrusiva, luxação extru-siva e avulsão (LOPES, 2015; GONÇALVES et al., 2017).

Conforme Siqueira et al. (2013) a concussão (Figura 1) é considerada um traumatismo de pequena intensidade com predomínio de edema do ligamento pe-riodontal e hemorragia, sem o rompimento de estruturas fibrosas.

Figura 1 – Concussão Fonte: OLIVEIRA, 2012

Não existe deslocamento, modificação no posicionamento do dente e sangra-mento gengival. Contudo, o dente apresenta a sensibilidade ao toque com descon-forto durante a mastigação. Nesses casos deve ser realizado um acompanhamento radiográfico e posterior trabalho de orientação aos pais em relação aos sinais e sin-tomas relacionados a edema, fístula ou modificação da cor, que pode ser indicativo de necrose pulpar (LENZI et al., 2015).

A subluxação é considerada um trauma de baixa a moderada intensidade po-dendo existir rompimento de algumas estruturas fibrosas do ligamento

periodon-tal, influenciando na mobilidade do dente, sem deslocamento dentário embora possa existir sangramento gengival. Nesses casos ocorre sensibilidade ao toque e durante a mastigação (LOPES, 2015).

A luxação tem representatividade de 21 a 81% na prevalência das lesões trau-máticas, dentre as quais 4,4 a 22% estão associadas às luxações intrusivas. A pre-valência é atribuída a elasticidade do osso alveolar em dentes decíduos (ALDRIGUI et al., 2013). As lesões de luxação lateral (Figura 2) são consideradas de maior intensidade com deslocamento dentário em diversos sentidos: sentido do palato, sentido vestibular, sentido medial ou sentido distal. No exame clínico além do des-locamento do dente pode ser identificada a mobilidade dentária, sangramento e até mesmo laceração gengival. (MENDOZA-MENDOZA et al., 2015 (RODRIGUES et al., 2017).

Figura 2 – Luxação lateral Fonte: RODRIGUES, et al. (2017)

De acordo com Borges et al. (2017) a luxação intrusiva (Figura 3) é caracteri-zada pelo deslocamento dentário para o interior do seu alvéolo.

Figura 3 – Luxação intrusiva Fonte: SANABE, et al. (2009)

Esse tipo de lesão pode ser classificado conforme o grau de intrusão do den-te, sendo que no grau 1 é considerada suave, com exposição de mais de 50% da coroa, o grau 2 considerado moderado com exposição de menos de 50% da coroa, já o grau 3 considerado severo em virtude de inclusão total da coroa. Esse tipo de intrusão geralmente ocorre por vestibular em relação ao germe do dente perma-nente (MENDOZA-MENDOZA et al., 2015).

A intrusão do dente significa que o dente foi introduzido no interior do pro-cesso alveolar em decorrência de algum trauma podendo ocasionar graves danos a polpa dentina e as estruturas de suporte. O dente intruído tem capacidade de erupção em casos que a região permanece

íntegra como na destruição do alvéolo. Nesses casos o processo de erupção dificilmente ocorre levando a necessidade de reposicionamento cirúrgico ortodô-ntico. Quando os dentes intruídos ocorrem em direção ao sucessor permanente a extração é indicada (LENZI et al., 2015).

A luxação extrusiva (Figura 4) ocorre diante do deslocamento parcial do den-te para fora do alvéolo, visualmenden-te o denden-te parece estar alongado em relação ao seu homólogo. O grau de mobilidade do dente será fator determinante para o tratamento, sendo que quando excessiva, a extração é o tratamento de escolha (KRAMER et al., 2013).

Figura 4 – Luxação extrusiva Fonte: KRAMER, et al. (2013)

A avulsão dentária (Figura 5) também conhecida como a luxação total consiste no deslocamento completo do dente para fora do espaço alveolar (SANABE et al., 2009).

Figura 5 – Avulsão dentária Fonte: SANABE, et al. (2009)

Conforme Lenzi et al. (2015), quando ocorre avulsão dentina e reimplante existe dependência do reparo periodontal influenciado pela condição celular do ligamento periodontal com ligação direta aos tecidos de suporte e é levada a pos-sibilidade de anquilose e consequentemente sequelas na porção do dente perma-nente. O reimplante não deve ser realizado em decorrência dessas condições que são essenciais para resultados satisfatórios, sendo assim é indicada a reabilitação protética.

Os dentes anteriores são sempre os mais acometidos, e podem resultar em efeitos desfavoráveis na função causando sintomatologia dolorosa, afetando dire-tamente a autoestima, e o comportamento interpessoal. Na dentição decídua, o traumatismo dentário adquire um caráter especial, devido a imaturidade da criança e da repercussão emocional e psicológica que a lesão traumática causa nos pais (FRANCISCO et al., 2013).

Somado ao aspecto psicológico, podem existir ainda complicações decorrentes do traumatismo relativas ao desenvolvimento físico da criança, tais como: altera-ção da mastigaaltera-ção, surgimento de hábitos bucais não desejáveis e interferência sobre o desenvolvimento e irrompimento do elemento dental permanente sucessor (LENZI et al., 2015; ZHANG et al., 2014).

2.2 Agentes etiológicos que envolvem os eventos traumáticos

As etiologias dos eventos traumáticos em dentes decíduos estão relacionadas na maioria dos casos em decorrência a queda de própria altura (AZAMI-AGHDASH et al., 2015; MALTA et al., 2016; PEREIRA et al., 2016; DANTAS, ALVES E

SCAVUZ-ZI, 2019), e logo em seguida a atividades esportivas e colisões (PIVA et al., 2013; YASSEN et al., 2013; SARI et al., 2014; DA SILVA et al., 2016).

Para Ravikumar et al., (2017) a faixa etária com maior predisposição para traumas em dentes decíduos ocorre entre dois e três anos de idade, contudo, Los-so et al. (2011) acredita que crianças de um a três anos estão mais vulneráveis a esse tipo de evento.

A faixa etária é considerada uma variável etiológica em virtude da correlação com o tipo de atividade desenvolvida pela criança, conforme sua idade e o défi-cit de coordenação motora e destreza (DA SILVA et al., 2016). Para Pereira et al., (2014) a criança torna-se mais vulnerável quando começa a levantar-se, andar e correr. Nesse período falta-lhe coordenação motora em virtude da pouca idade.

Pesquisas realizadas por Jesus et al., (2010), Assunção et al., (2011) e Malm-gren et al., (2012) apontam o gênero masculino como fator de risco para eventos associadas a traumatismos em dentes decíduos. Entretanto, Pereira et al. (2014) e Berti et al. (2015) não apontam diferenciação de traumas em dentes decíduos entre meninos e meninas

Fatores biológicos associados a ausência de selamento labial, overjet acentua-do, são fatores que também colaboram para traumas na dentição decídua. Crianças com sobressaliência entre 3 e 6 mm e mais que 6 mm possuem chance aumentada em até três vezes para traumas quando comparadas com as que apresentam de 0 a 3 mm de sobressaliência. Evitar o hábito de sucção não nutritiva de chupetas e mamadeiras é a medida de prevenção para aumentar o tamanho da sobressaliên-cia (PEREIRA et al., 2014). Holan et al. (2015) discorda de tal proposição, excluin-do a associação de fatores biológicos com incidência de traumas.

3. SEQUELAS DO TRAUMA PARA OS DENTES DECÍDUOS E DENTES

No documento ODONTOLOGIA Uma visão contemporânea (páginas 131-135)