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5 4 Módulo Situacional: Unidade Transação A

No documento DOUTORADO EM EDUCAÇÃO (CURRÍCULO) (páginas 148-154)

A

Unidade Transação contribui para a análise discursiva das enunciações das professoras e dos professores como corpus de interação entre as unidades situacionais - O que o professor estagiário Busca? da unidade Situacional Fase e Como é observada a busca? da Unidade Situacional Episódio e os estudos dos aspectos reflexivos da ação escolarno ambiente hospitalar da Unidade Situacional Incursão.

Trabalha-se, nos encontros6 de final de período, com uma grande quantidade

de ocorrências que advém da influência de um na presença do outro e, ao mesmo tempo, dizem respeito: à identidade intersubjetiva – de si, dos parceiros e dos lugares ocupados na troca –, ao propósito – em termos de objetivo da troca –, e às circunstâncias materiais que permeiam a troca. Para interpretar esse rol de significados, uma pergunta foi proposta aos elementos pesquisados da unidade Intervenção: Qual o indício que marca o conteúdo de argumentação do grupo de professores?

Esta pergunta provoca a produção de dados interpretativos que estão organizados na TABELA 5.4.1. UNIDADE TRANSAÇÃO que se encontra no ANEXO V- UNIDADE

TRANSAÇÃO. Tratamos agora da discussão desses dados.

Aparecem, quando do uso da ação Técnico-Estratégica, sujeitos que se apresentam pelo entorno. Eles são o que está ao redor, assépticos e, de certa forma, utilizam-se de um discurso teórico, ou seja, utilizam asserções enunciadas que intencionam sejam tidas como verdadeiras.

Com esse discurso, apresentam as atividades de ensino pontuadas como tarefa da escola de origem, situação de ensino hospitalar e o planejamento futuro do que estão a tratar na aula hospitalar. Assim, estabelecem ações presentes e

6 Encontro, isto é, um conjunto de acontecimentos que compõe uma troca comunicativa completa e que se decompõe em módulos Situacional, Lingüístico e Textual.

prevêem ações futuras.

O grupo aprende com a interação de relatos explicativos, nos quais expõe desde o material que foi utilizado na aula até a convivência com o acompanhante. Nesses momentos, falam também da condição social do aluno e da possibilidade de retorno à escola de origem. Também relatam as dificuldades, os êxitos, os encaminhamentos das aulas do ponto de vista do contexto.

Por observação do outro, aprendem sobre o aluno, o estar em aula, no hospital e com a família.

Da forma significada, o agir técnico é estratégico, possibilitando a mobilidade das aprendizagens. Entretanto, pode ser instrumental (utilitarista), levando ao bloqueios das ações.

Interpretamos que a partir do estabelecimento da distinção entre o que é interação social estratégica e o que é interação não social instrumental, o grupo não retorna a fazer uso da instrumental, pois elas, as instrumentais, estão socialmente desabilitadas para a interação, pelo seu caráter não social.

A capacidade estratégica desenvolvida é entendida como reorganizadora da auto-reflexão, já que encaminha respostas solicitadas pelo meio. Isto pôde ser apreendido da leitura dos GRÁFICOS 5.1 até 5.10 (Anexo III) - quando anterior à

presença da ação Comunicativa tem-se a ação Técnico-Estratégica. Está no desenvolvimento da capacidade estratégica o propósito das trocas.

Por entre os dizeres técnico-estratégicos, as circunstâncias materiais de produção da ação discursiva são quase-empíricas, orientadas por aquilo que experienciam, com o conteúdo técnico-estratégico do que estão a dizer em uma relação com o que elegem como específico para aquele meio.

As circunstâncias materiais são as buscas orientada pela aprendizagem das “propriedades” do meio, não se dão por tentativa e erro, mas por elegibilidade do que é significativo para cada um, assim existe aí uma necessidade dedutiva da intervenção. Isto decorre das ações empreendidas nas atividades de ensino, nas observações empíricas, nos relatos de exposições e de busca de motivos. Entendemos que, quando se trata de aplicar essas ações, o processo não é direto, mas por reconstrução das possibilidades de intervenção feita pelos sujeitos.

comunicativas que circulam nas esferas objetivas, sociais e subjetivas.

Interpretamos que, enquanto as ações são práticas normativas, a identidade dos sujeitos se mostra pelas tensões do meio. Desenvolvem estruturas normativas ou de reconstrução à norma que abrem caminho para novos princípios organizativos sociais, já que significam novas formas de integração social. Estas, por sua vez, possibilitam implementação de forças produtivas, ou alteram as existentes, bem como aumentam a complexidade social. Assim, essa produção social torna-se um dos aspectos da instituição.

Incorpora-se à instituição hospitalar a dimensão situacional hospitalar do atendimento escolar no que diz respeito à relação entre as diferentes equipes de atendimento ao aluno, à coordenação da aula com o atendimento à saúde, o estar junto da situação de ensino enquanto se dá o atendimento à saúde; este caráter situacional provoca alteração de tempo e espaço na instituição hospitalar.

No transcurso das ações de ensino e aprendizagem hospitalar, as informações do meio caminham em sentido contrário à normatividade escolar tradicional. O grupo enuncia a dificuldade de se adaptar a essa tensão vivida, traz para a reunião de fim de período explicitações das especificidades do fazer escolar hospitalar, relações entre essas especificidades e a escola de origem dos alunos, questiona a condução dos fazeres educacionais no hospital, assume suas dúvidas e dificuldades com o que têm de produzir. Assume também o desenvolvimento do currículo de ensino no contraponto à dificuldade em aproximar os conteúdos desenvolvidos no hospital ao tradicional. Essa dimensão situacional do ensino e da aprendizagem são operações cinemáticas de um movimento e o seu inverso, que se equilibram na produção de normatizações para o atendimento escolar hospitalar.

Coexistem na dimensão situacional saúde, escola e família, coordenações entre as exigências externas (escola de origem, família e saúde) e o sistema escolar que se instala no hospital, e questionamentos sobre essas mesmas exigências. Isto procedendo, conduz as ações da escolar hospitalar para um sistema que não está encerrado nele próprio.

Assim aberto para o meio, e para o caminho inverso, o discurso prático-moral tem plasticidade e o que acontece está ligado a precedentes, desta forma comporta um caráter histórico, ao mesmo tempo em que comporta também relações que não

são constituintes de anteriores. Essas novas estruturas são produto das anteriormente conhecidas pelo grupo, acrescida do plano hospitalar. É o caso em que se constroem normas e isto está nas enunciações que explicitam as especificidades do meio por entre as formas de atendimento escolar hospitalar. Daí tem-se a variabilidade de possibilidades de ações. Interpretamos essa posição contraditória como composição constitutiva da atuação no ambiente hospitalar.

As aprendizagens não são, como anteriormente, das “propriedades” do meio, mas das antecipações das necessidades desse meio; nesse sentido, os propósitos das ações normativas estão no desenvolvimento da capacidade de articulação com os elementos do meio.

As circunstâncias materiais são as buscas orientadas pela aprendizagem das relações de antecipação das ações normativas, porém específicas do espaço de atuação. Essa diversidade se dá nas dimensões situacionais do Ensino/ Aprendizagem, Hospitalar e da Saúde/Escola/Família. Entendemos que se formam estruturas de aprendizagem de “superações” do agir em relação às anteriores ações enunciativas. Ora bem, tem-se não mais uma dedução, como na anterior ação Técnico-Estratégica, mas uma relação que é dialética com as necessidades do meio.

No mesmo caminho anteriormente construído para as ações Técnico- Estratégica e Normativa, entendemos que ao fazer uso da ação Interpretativa, os sujeitos se apresentam pelas tensões do desenvolvimento da pessoalidade, no sentido de construção da autonomia pessoal. São ações coordenadas pelas diferentes acomodações à diversidade do meio e às especificidades das situações. Acontecem nas próprias relações sociais, pelas inúmeras regras implícitas e explícitas do espaço hospitalar, em relação à doença, ao tratamento, ao multiprofissional, à escola sem sala de aula e outras comuns e incomuns ao meio social escolar.

A tensão se estabelece no distanciamento entre autoridade e poder normativos, observada nas enunciações das descrições: da situação de ensino, da relação com a escola de origem, da situação hospitalar do aluno, do que vivencia. A aprendizagem está relacionada com a possibilidade da construção da capacidade de diferenciar espaços de referência no que estão a viver.

Entendemos que a ação prático-ética não se põe em uso pela existência das regras (heteronomia), pois, se dessa forma acontece, a conformidade às regras caminha pela coerção, o que carateriza uma posição de inércia perante um processo ou necessidade de atuação escolar hospitalar. Assim, ela, a ação prático- ética, põe-se em uso pelo respeito aos indivíduos (à comunidade), com autenticidade, com autoridade distribuída, como observado nas enunciações de reconhecimento das ações.

Esse funcionamento, que se assemelha a um marco universalista, possibilita igualar a todos enquanto agentes (morais) comunicativos capazes de produzir e validar regras e cada qual, diante do outro, pode desenvolver-se com autonomia.

Há fatalmente contradições, inferências e influências nestas regras sociais. Pelo até aqui posto, é a relação entre os sujeitos que modifica a natureza das ações (distanciamento entre autoridade e poder), no sentido de criar possibilidade, que não existia no ambiente hospitalar, de uma atuação coerente com as necessidades escolares dos alunos.

O entrecruzamento das várias influências, da diversidade do meio, da densidade das enunciações sem coerção, são circunstâncias materiais para a aprendizagem da autonomia 7.

Por fim, o movimento da unidade Transação, quando da circulação da ação Comunicativa, é interpretado como de complementaridade, o que possibilita a existência de todas as ações anteriores com propósitos de inteligibilidade. Com um discurso crítico-reconstrutivo, os sujeitos se apresentam pela compreensão descentrada do que estão a viver. Entendemos, por meio dos indícios desse discurso, carregados de mobilidade para a ação, que a compreensão descentrada do mundo se dá pelo desenvolvimento de uma estrutura de interação. Assim, os propósitos das ações comunicativas estão no desenvolvimento da capacidade de interação com o meio.

O esforço interpretativo agora é da compreensão daquilo que chamamos de desenvolvimento da estrutura de interação. Partimos do agir de sujeitos que aprendem construtivamente com seu ambiente, entendemos que esse desenvolvimento interacional acontece pela possibilidade de escolha entre três

atitudes complementares: em face à esfera externa – onde as aprendizagens dizem respeito às propriedades do meio - assume-se não só a atitude objetivante, mas também a em conformidade às normas ou a interpretativa; em face à esfera social – onde as aprendizagens dizem respeito às articulações com o meio – assume-se não apenas a atitude de conformidade com as normas, mas também a objetivante ou ainda a interpretativa; e, em face à esfera interna - da aprendizagem de diferenciação de referenciais de mundo – assume-se não apenas a atitude interpretativa, mas também a objetivante, ou ainda aquela em conformidade com as normas.

A partir dessa circulação interativa nas enunciações, estabelecem-se estruturas mais complexas, observadas na proposta, na reorganização, no entendimento, na assunção, na solicitação para o atendimento escolar hospitalar.

Podemos dizer pela análise dos gráficos que essa estrutura de interação é discreta, ou seja, não acontece em uma seqüência contínua. Existe nesse elemento discreto uma relação de reciprocidade dos diferentes participantes da reunião, que pode ser observado: na perspectiva do falante, que fica significada pelo número de palavras-chave limitado, na integração dessa reciprocidade às questões do meio, que fica significada pelo mundo que é constituído pelos temas escola de origem, o câncer, a situação do aluno, a relação com a família e outros, que são indícios discursivos apontados, e, por fim, integrados uns nos outros, nas enunciações das ações comunicativas.

O fato delas serem discretas remete à necessidade interpretativa do que ocorre com as estruturas iniciais ao serem transformadas em complexas. Entendemos que elas são reconstruídas pelos elementos discursivos postos em circulação.

Pelo aqui exposto, as circunstâncias materiais para o discurso crítico- reconstrutivo implica em (1) o grupo assumir diferentes papéis comunicacionais, (2) possibilidade de escolha quando à atitude em face ao mundo objetivo, social e subjetivo 8– as marcas discursivas indicam essas disposições.

8 Outros espaços interativos, acreditamos que trariam aportes de maior aproximação aos elementos desenvolvidos.

5. 5. Módulo Situacional: Unidade Incursão

No documento DOUTORADO EM EDUCAÇÃO (CURRÍCULO) (páginas 148-154)