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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU) (Plenário)

2. Manifestação do Representante

14. A Sefid, na instrução de folhas 180/187, argumentou que somente são legitimados para solicitar a realização de auditoria de natureza operacional ao TCU, o presidente do Congresso Nacional, os presidentes de suas Casas e os presidentes das respectivas Comissões. O representante, contrapondo esse argumento, aduziu que seu pedido encontra respaldo na alínea ‘c’ do inciso XVIII do art. 6º da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993, e no inciso IV do art. 71 da Constituição Federal de 1988.

15. Na realidade, segundo o Sr. Procurador, a representação, motivada pelas supostas irregularidades, tem por objeto convencer o TCU à realização de auditoria de natureza operacional na Ponte Rio-Niterói, por iniciativa do próprio Tribunal, no exercício de sua competência constitucional.

16. Dessa forma, o instituto da representação, utilizado no presente caso, não se confundiria com o da solicitação expedida pelo Congresso Nacional, eis que o último - a solicitação - tem natureza de requisição, abstrata e irrecusável, enquanto o primeiro tem natureza de queixa ou comunicação concreta de irregularidade, submetida ao contraditório pelo Tribunal, que pode recusá-la.

17. No seu arrazoado, o Sr. Procurador afirma que as irregularidades apontadas restaram comprovadas, ante as alegações trazidas pela ANTT e pela Concessionária. Assim, apesar do conteúdo da proposta de encaminhamento da Sefid, reafirma a necessidade da realização de auditoria de natureza operacional na Ponte Rio-Niterói.

2.1 Quanto ao controle e segurança do trânsito na Ponte

18. Segundo o Sr. Procurador, a ANTT afirma que a incumbência é da Polícia Rodoviária Federal; esta, por sua vez, afirma que a resolução da ANTT, que estabelece

restrição ao trânsito de caminhões pesados, não é precisa e impede o seu efetivo cumprimento (fl. 191).

19. Essa situação é agravada, segundo o Sr. Procurador, pelo fato de a multa pelo descumprimento do horário permitido à passagem de veículos pesados, das 22:00 às 4:00 horas, ser inócua, pois é de valor inferior aos custos da viagem contornando a Baía da Guanabara (fl. 191); além disso, não há controle de excesso de velocidade por radares fixos ao longo da Ponte, gerando um excesso de velocidade consentida, a fim de dar vazão ao fluxo de veículos (fl. 200). Outro ponto levantado pelo representante foi a falta de disciplinamento do tráfego de motocicletas na Ponte (fl. 200).

20. Dessa forma, sugere que o limite máximo de velocidade seja aumentado para 110 km por hora, por faixas de rolamento, e de acordo com as características dos veículos, consoante prévia avaliação técnica da ANTT, com o apoio da Universidade Federal Fluminense (fl. 200).

21. Para corrigir essas irregularidades, o Sr. Procurador requer que sejam expedidas recomendações à ANTT para: promover a instalação de radares fixos; realizar estudo técnico para fixação da velocidade máxima; e, estabelecer maior rigor técnico nas portarias que disciplinam o tráfego de caminhões pesados, motocicletas e veículos militares pesados (fls. 200/201).

22. Solicita, ainda, recomendações: à PRF, para que evite fiscalização ‘de rotina’ na saída da Ponte no horário de rush, pois isso implica retenção do trânsito e consequente engarrafamento; ao Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), para que nas respectivas licitações sejam elaborados parâmetros técnicos a serem observados pelos licitantes com vistas ao desafogo do tráfego na Ponte (fl. 201).

23. Por último, solicita que sejam expedidas recomendações ao Poder Executivo Federal para a construção urgente do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro, face à sua importância logística para o escoamento da produção nacional e consequente desenvolvimento do Brasil (fl. 203), e para que, em associação com o Estado do Rio de Janeiro, promova a instalação de linha marítima de transporte de massa entre as cidades do Rio de Janeiro e São Gonçalo, facilitando assim o deslocamento diário de 2.000.000 (dois milhões de trabalhadores) entre as duas cidades (fl. 204).

2.2 Quanto ao fornecimento de nota fiscal

24. O não fornecimento da nota fiscal referente ao pagamento do pedágio, segundo o Sr. Procurador, representa um efetivo privilégio e absoluta falta de transparência, e tal prática não se coaduna com a atual evolução tecnológica, pois a entrega da nota fiscal levaria o mesmo tempo que a expedição do recibo já fornecido aos usuários e conferiria maior transparência e consistência à receita obtida (fl. 193).

25. Afirma que, ao contrário da equivocada alegação da Concessionária (Ponte), a emissão de nota fiscal, mediante a instalação de equipamento emissor de cupom fiscal (ECF), é exigência legal prevista nos arts. 7º e 23 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004 (fl. 195).

26. Por fim, conclui que tal fato, ao que tudo indica, deve estar ocorrendo nas demais concessões rodoviárias (fl. 196).

27. Para corrigir essa irregularidade, o Sr. Procurador requer que seja expedida recomendação ao Exmo. Sr. Ministro da Fazenda e ao Ilmo. Sr. Secretário da Receita Federal do Brasil, para que determinem, com urgência, o emprego do ECF às concessionárias de rodovias (fl. 196).

2.3. Quanto à veiculação publicitária na Ponte

28. A Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, segundo o Sr. Procurador, não autoriza a publicidade às ‘margens de rodovia’, ‘em terrenos limítrofes’ e muito menos sobre a faixa de domínio das estradas, sobretudo em pontes e viadutos. Afirma, ainda, que a própria ANTT, nos termos do Ofício nº 505/2006/SUINF/GEFEI (fl. 198), somente permitiu a instalação de painéis publicitários em postes próximos à praça de pedágio, desde que respeitada a legislação de trânsito, e não ao longo de toda a extensão da Ponte. Por fim, afirma que é proibida a publicidade nas pontes e vias expressas do Estado do Rio de Janeiro, por força da Lei nº 5.137, de 21 de novembro de 2007 (fl. 198).

29. A publicidade afixada pela Concessionária, segundo o representante, estende- se por toda a via e não se restringe aos postes próximos ao pedágio, como teria sido autorizado pela ANTT; além disso, os painéis estão afixados nas estruturas de sinalização de trânsito instaladas sobre as pistas de rolamento da Ponte, o que contraria os artigos 81 e 82 do Código de Trânsito Brasileiro (fl. 198).

30. Dessa forma, solicita que seja expedida recomendação à ANTT para que faça aplicar os ditames da Lei nº 5.137, de 2007, bem como sejam respeitados os artigos 81 e 82 do Código de Trânsito Brasileiro (fl. 200).

2.4. Quanto ao serviço de atendimento de urgência ao usuário da Ponte

31. Segundo o Sr. Procurador, depreende-se das alegações da ANTT que o serviço disponibilizado pela Ponte, por intermédio do telefone nº 2620-9333, destina-se a informação ‘sobre as condições climáticas e de tráfego’, não se prestando ao atendimento de emergência (fl. 201).

32. O requerente afirma, ainda, que a PRF disponibilizou o telefone nº 191, mas este não é divulgado em placas indicativas; ademais, dito atendimento dá-se em Call Center da PRF e não diretamente no Posto da PRF instalado na Ponte, o que provoca demora indesejável e possível perda do objeto das chamadas de urgência (fl. 202).

33. Dessa forma, solicita que seja recomendado à ANTT e à PRF a implementação do serviço de atendimento de urgência e solicita ao TCU que o atendimento dessa recomendação seja objeto de monitoramento (fl. 202).

2.5. Inovações adotadas após a Representação do Ministério Público Federal 34. De outro lado, o Sr. Procurador destaca que após a representação do MPF ocorreram algumas inovações nos serviços da concessionária, tais como: implementação do atendimento aos usuários da Ponte por intermédio do telefone 191 disponibilizado pela PRF; presença de policial da PRF atuando dentro do Centro de Controle Operacional da Ponte (CCO)24 horas ao dia; aquisição de caminhão guincho e de unidade móvel com sistema de combate a incêndio; controle rigoroso da passagem de caminhões pesados e arrefecimento das tentativas de se estabelecer um horário diurno para estes veículos; e, aumento do efetivo de policiais da PRF (fl. 192).

35. A efetiva implementação dessas inovações, no entanto, segundo o Sr. Procurador, deve constituir objeto de monitoramento pelo Tribunal.