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MANIFESTO DE INTENÇÕES: NO VIR-A-SER DO ENSINO DE ARTE DENTRO DOS IF NOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS

IFSP/Brasil; IFB/Brasil

6. MANIFESTO DE INTENÇÕES: NO VIR-A-SER DO ENSINO DE ARTE DENTRO DOS IF NOS CURSOS TÉCNICOS INTEGRADOS

Sabe-se que a educação profissional possui peculiaridades específicas tanto no que diz respeito às metodologias a serem adotadas visando os processos de aprendizagem, como também no arranjo dos planos curriculares de modo a cumprir o princípio da omnilateridade. Atualmente, algum esforço de orientação teórica tende à adoção de pedagogias que se inclinam para as metodologias ativas de aprendizagem nas quais os vários saberes curriculares integram-se em torno da resolução de um problema real inicialmente identificado como propulsor da aprendizagem e que possa ser abordado de maneira complexa e não somente por perspectivas parciais.

Uma das possibilidades que se apresenta na adoção dessas é a pedagogia STEAM. Inicialmente nomeada de STEM Education por se referir à aprendizagem baseada na resolução de problemas que envolvem Science, Technology, Engineering and Mathematics, incluiu-se os conhecimentos da área de Arte (Arts) com o objetivo de proporcionar reflexões em torno dos saberes considerados da área de humanidades. Porém, há muito ainda a se discutir sobre o espaço da Arte no acrônimo, uma vez que a maior parte das vezes, segundo Pugliese (2017), a encaradas como acessório lúdico ou de

Diante as reflexões abordadas neste texto sobre a educação estética proporcionada pela experiência artística, mesmo em propostas integradoras como a pedagogia STEAM, o ensino da Arte encarrega-se de desenvolver, de alargar as percepções sobre o mundo e a construção de sentidos e significados mais afetos à emancipação dos indivíduos em relação às generalizações cotidianas, à produção de leituras mais complexas e ajustadas às suas realidades e necessidades e ao reconhecimento de traços e princípios que norteiam sua noção e ação do/no mundo.

Ao se buscar uma educação integral, almeja-se que o estudante, como ser histórico-social concreto que é, seja um agente transformador das realidades em que se insere. Para que tal transformação ocorra, inclusive por sua ação no mundo produtivo, este estudante precisa entender quem é e o que o move. Este entendimento passa também pelo reconhecimento das estéticas locais brasileiras, do sentimento de pertença a um determinado modo de ser no mundo e a da construção de uma propriedade sobre o lugar de fala, como já vivenciado em movimentos artísticos brasileiros constituídos durante o século XX que se propunham a buscar formas de apresentação e representação estéticas nos mais diversos territórios culturais brasileiros.

193 Por esta perspectiva, a Arte no Ensino Médio integrado teria um sentido de aproximação com a cultura e sua produção. O que pretendemos é um ensino radical de Arte. Radical no sentido literal da palavra, de ir a raiz, de aprofundar, de conhecer os saberes culturais artísticos produzidos nas diversas linguagens pelas comunidades, pelos povos originários, pela cultura afro brasileira. Radical em aproximar tais saberes do espaço escolar compondo assim um locus de pesquisa, ensino e extensão da cultura local construindo relações com os conhecimentos de Arte já sistematizados historicamente.

Para tanto, um caminho de luta precisa ser refeito e intensificado de modo que as arbitrariedades das novas proposições para a Educação Básica no Brasil não efetivem a perda de espaço do ensino da Arte e com este uma educação que não se constitua ominilateral, politécnica e integral.

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