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Medidas não-estruturais

6 PROPOSIÇÃO DE AÇÕES E MEDIDAS MITIGADORAS DE IMPACTOS RELACIONADOS À OCORRÊNCIA DE INUNDAÇÕES

6.2 Medidas não-estruturais

As medidas estruturais, apesar de trazerem boa proteção para a população, têm custo financeiro elevado e, por isso, é necessário associá-las com medidas não-estruturais que são “do tipo preventivas, como: previsão e alerta de inundação, zoneamento das áreas de risco de inundação, seguro e proteção individual contra inundação” (TUCCI, 2005, p.65). Poderiam ser aplicadas da forma que são previstas em todas as áreas, principalmente porque envolvem o conhecimento do problema, a identificação e a convivência com ele.

De acordo com Tucci (2005), as medidas não-estruturais, associadas as estruturais ou sem elas, podem minimizar os prejuízos relacionados a inundações com um custo consideravelmente menor. O custo de proteção de uma área inundável por medidas estruturais, em geral, é superior ao de medidas não-estruturais. Isso porque envolvem obras de engenharia.

Em todas as áreas prioritárias, pode se perceber, no que diz respeito a medidas não estruturais, que qualquer uma delas pode ser aplicada, primeiramente analisando qual a viabilidade de cada uma nos diferentes ambientes e como elas podem ajudar a conviver e mitigar os impactos relacionados a inundações.

É indispensável para uma cidade que possui problemas relacionados a inundações conhecer como esse fenômeno se espacializa no território. Por isso, elaborar um mapa de áreas inundáveis é um passo inicial muito importante para dar segmento as mais variadas formas de medidas não-estruturais. Partindo disso, considerar tanto fatores sociais quanto físicos é relevante. Nesse processo, os interesses comerciais e políticos influenciam na forma de ocupação. Em vários casos estes fatores fazem com que a população com menor poder aquisitivo ocupem áreas de risco como, por exemplo, margens de rios (KOBIYAMA, 2006).

Diante da gestão do risco, os usos que se dá ao solo (seja ele comercial, residencial ou outro) é essencial o mapeamento das áreas de risco e seu apropriado zoneamento. Essas duas

ações são distintas: mapear é identificar as áreas; zonear é definir os usos possíveis, os permitidos e os vedados de acordo com o nível de risco a que a população está submetida (FERREIRA, 2017).

Conhecendo melhor esses espaços se pode agir emergencialmente em caso de extrema necessidade e, também, atuar buscando evitar que essas áreas permaneçam sendo ocupadas, fiscalizando para não permitir a venda como terrenos habitáveis e se proíba novas construções, pois o município é muito procurado por turistas os quais constroem casas de veraneio, além dos habitantes permanentes os quais encontram terrenos com preços acessíveis sem conhecer ao certo o risco do local. É por isso que elaborar políticas de conscientização a não ocupação de áreas de risco é tão importante, principalmente almejando que um dia o desastre não venha a se consolidar e causar tanto prejuízo às pessoas.

Uma medida fundamental e que necessita ser enraizada culturalmente entre a sociedade são práticas de educação ambiental, as quais ensinem mais do que preservar a natureza, mas sim as melhores e mais apropriadas formas de conviver com ela. Segundo Brasil (2007), a existência de um sistema educacional pelo qual funcione, crie e propague a cultura da prevenção é o melhor instrumento para reduzir os desastres.

É importante organizar eventos culturais para trabalhar a temática dos riscos, criar e desenvolver cursos, oficinas, palestras, cartilhas as quais eduquem e possibilitem as pessoas compreender em linguagens acessíveis, capacitando-os a lidar e, quando possível, evitar o desastre.

Educar para lidar e conviver com a inundação é fundamental, mas conhecer como o fenômeno deflagrador de desastres funciona também é necessário. Isso porque o monitoramento do comportamento do perigo mostra como ele age, identifica quais áreas atingem primeiro e os aspectos necessários para a materialização no espaço e no tempo.

Aprender com as informações do monitoramento cria uma população capaz de agir. Para isso, todos os agentes da sociedade precisam de algo material a fim de entender melhor em que momento devem tentar evitar perdas materiais, ou até mesmo sair de suas casas para que não sofra problemas maiores. Por isso, um alerta de inundação é uma proposta de solução relativamente simples e tem sua eficácia. Isso porque, segundo Kobiyama (2006), ela é um instrumento essencial quando tratamos de sistemas urbanos já implantados. Dessa forma, permite

que a comunidade seja notificada da ocorrência de eventos extremos e procure diminuir os danos e os prejuízos sofridos.

Adquirir dados em tempo real faz com que se tenha informações sempre atualizadas destacando a capacidade de acompanhar o que acontece na área com relação regime de chuvas, por exemplo, e os índices mais alarmantes a servir como gatilho de um desastre. Por isso, a ideia é que quando um pluviômetro (FIGURA 103) identificar níveis de chuva elevados para o período, emita mais de um sinal sonoro, sendo o primeiro para alertar o perigo e os segundo para evacuação imediata, avisando as pessoas que devem sair de suas casas prezando pela sua proteção.

Figura 103 - Pluviômetro

Fonte: Site Meteorópole (2011).

Além de monitoramento e alarmes é necessário também a sinalização dessas áreas (FIGURA 104), para evitar que algumas pessoas se exponham constantemente a algo

potencialmente prejudicial, ajundanto a evitar que carros, motos e pessoas transitem em períodos chuvosos não correndo risco de sofrerem acidentes.

Figura 104 – Placa de sinalização

Fonte: Jornal de Lavras (2018).

As inundações estão entre as ocorrências mais frequentes que atingem o país e têm impactos diretos sobre a saúde humana e à infraestrutura das áreas. É fundamental que sejam desenvolvidas ações para a organização da atuação do setor de saúde em situações extremas, as quais exijam do setor de saúde pública ações rápidas e eficientes relacionadas a ocorrência de inundações (BRASIL, 2017).

Devem ser incentivadas políticas de saúde pública, construções de hospitais e postos de saúde, contratação de profissionais aptos a darem suporte em situações de desastre, para que possam auxiliar as pessoas no tratamento de doenças de veiculação hídrica as quais podem surgir quando uma inundação se consolida e a água contaminada se espalha, propagando doenças.

Não só no setor de saúde, mas em todas as áreas as quais o poder público atua, é dever da municipalidade dar suporte a população em situações emergenciais. Por isso, investir em preparação das equipes de corpos de bombeiros e defesa civil também é um passo importante. Isso reconhecendo que, historicamente, a falta de preparo dessas equipes configurou um problema significativo no durante, antes e após os desastres já ocorridos.