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MEDIUNIDADE e ESPIRITUALIDADE

No documento Curso de Mediunidade (páginas 95-98)

Estudando a Mediunidad

8. MEDIUNIDADE e ESPIRITUALIDADE

a) O MELHOR MÉDIUM É O MÉDIUM ESPIRITUALIZADO

Houve um tempo em que o refrão “o melhor médium é o médium evangelizado”, criado pelos espíritas, chegou a ser tomado como lei.

Acontece que, como a mediunidade só passou a ser sistematicamente estudada e treinada dentro das casas espíritas, era natural que, para eles, o melhor médium fosse o mais evangelizado, uma vez que o Espiritismo é uma doutrina baseada no Cristianismo, nos ensinamentos deixados por Jesus nos Evangelhos.

O desvio começou quando esse parâmetro tornou‐se popularmente difundido, como se o médium que professasse qualquer outra religião ou doutrina, ou que não professasse nenhuma religião ou doutrina, não pudesse ser um bom médium, um médium responsável, um médium voltado para o crescimento espiritual de si próprio e das pessoas com quem convive.

No entanto, mais importante que a crença professada pelo médium, é a forma como entende, exerce e usa sua mediunidade. E nesse aspecto, pouco importa se segue os ensinamentos de Jesus, Buda ou Krishna, pois todos eles, em essência, dizem as mesmas coisas, ensinando que somos todos Espíritos, imperfeitos ainda, encarnando e desencarnando sucessivamente, e todos iguais perante o Criador.

Nesse aspecto, importa mais saber como o médium vê o próximo e o que deseja para ele; se usa sua mediunidade para levar o bem a todos, indistintamente; se usa a mediunidade para aprender e crescer; se, mais do que médium, ele entende que é um espírito e, como tal, deve levar sua vida aqui na Terra.

A condição temporária de médium é apenas mais uma tarefa, mais um trabalho a ser cumprido, que não o exonera de todas as outras tarefas comuns a todos os outros seres humanos. Ao contrário, como médium, ou seja, como intermediário entre os homens encarnados e os homens desencarnados, ele deve conhecer bem a natureza humana e, para isso, deve viver bem NO mundo, sem viver PARA o mundo.

b) “MELHOR SER ESPIRITUALIZADO QUE SER MÉDIUM”

A mediunidade é condição que nos coloca em contato direto com o mundo espiritual, o mundo de onde viemos e para onde voltaremos quando esta vida terminar, mas, sendo neutra em si mesma, da mesma forma que nos dá a possibilidade do contato com seres elevados, também pode nos colocar em contato com seres desequilibrados e perturbados. O que determina a qualidade dos contatos a serem feitos por seu intermédio é a intenção do contato e, principalmente, o nível espiritual de quem a possui e exerce.

Quanto mais espiritualizado for o médium, no sentido de ter consciência de sua condição de espírito em experiência na carne, aprendendo e corrigindo‐se para crescer, mais elevados serão seus contatos e mais positivos os frutos desses contatos, mesmo quando manifestando entidades desequilibradas, desorientadas e perturbadas, pois estarão sempre voltados para a espiritualização da humanidade como um todo.

De nada adianta ser médium sem essa consciência, pois não estamos aqui para sermos apenas bons médiuns, mas para sermos Espíritos melhores, mais éticos e amorosos, e a mediunidade é apenas mais um recurso que Deus nos proporciona para termos sucesso nessa empreitada.

O médium que não procura crescer como Espírito, que não busca o aperfeiçoamento de si mesmo em bondade, discernimento, amor, fé e serenidade, que não procura levar às outras pessoas a ideia de que não somos este corpo físico, de que a nossa essência é muito mais sutil, mais nobre e muito mais importante que ele, é mero alto‐ falante, que apenas repete o que lhe dizem os espíritos, sem se importar com o nível desses espíritos, sem se preocupar se o que dizem é bom ou ruim, sem se importar com o efeito do que é dito nas outras pessoas e no mundo à sua volta.

É o que diz Ramatís, no livro MEDIUNISMO, quando afirma que “não basta ver, ouvir e sentir Espíritos em seu plano invisível, pois o médium, em qualquer hipótese, deve ser o

homem que, além de contribuir para a divulgação da imortalidade do Espírito na Terra, é cidadão comprometido com os deveres comuns junto à coletividade encarnada, onde só a bondade, o amor, o afeto, a renúncia e o perdão incessante podem livrá‐lo das algemas do astral inferior”.

Por isso o título deste tópico, pois é melhor ser espiritualizado, sem ser médium, do que ser médium, sem ser espiritualizado, já que é muito mais importante para nós evoluirmos como Espíritos, independentemente de sermos médiuns ou não.

De nada adianta sermos ótimos médiuns, vendo Espíritos, conversando com eles, escrevendo e falando o que eles pensam, se não formos capazes de aprender com isso, se não formos capazes de buscar e levar luz neste contato, se não formos capazes de tornar o mundo à nossa volta melhor com esse intercâmbio.

O contato com o mundo dos Espíritos, por si só, não atribui a nenhum médium qualidades morais que ele não tenha em si, que ele mesmo não tenha conquistado como consciência, que ele mesmo não possua, como herança de seus próprios esforços ao longo de sua vida espiritual.

Ninguém se torna digno de confiança e respeito apenas por ser médium. E o médium só deve ser considerado digno de confiança e respeito quando já o é como indivíduo.

c) “A MELHOR TÉCNICA É O AMOR”

O Amor é a energia que mantém o universo e tudo o que nele existe. Sem o amor do Criador, nada existiria, nada se sustentaria, não haveria transformação. Sem o amor incondicional de Deus por nós, nada seríamos e nada poderíamos realizar.

É na força do Amor, o Amor‐Deus, o Amor que É, o Amor que existe sem ter sido criado, que todos nos movemos, que todos existimos, vivemos, pensamos e sentimos. Tudo que experimentamos é o Amor Maior agindo em nós, por nós e para nós. Somente pelo amor podemos realizar com Deus, podemos agir no mundo de Deus, em sua criação.

O médium é também obra e, ao mesmo tempo, ferramenta de Deus, pois é através dele que Deus se revela um pouco mais à consciência humana, tão presa à ilusão que a cerca neste mundo material. No médium, tem Deus mais um caminho para o coração humano. E pelo médium, podemos todos entender um pouco melhor o Deus que vive em nós, mas não enxergamos, o Deus que nos ama tanto que nos deu também a mediunidade para que pudéssemos nos aprofundar em seus mistérios.

Todo médium deve ter consciência de que é também um pouco médium de Deus, da Vida, do Amor que É e tudo permeia. Todo médium precisa saber‐se efeito de Deus, da vontade divina, da sabedoria infinita, para compreender que sua missão na mediunidade nada mais é do que expressar esse Amor que a todos envolve, nutre, sustenta e transforma, sendo imutável e constante em si mesmo.

Para ser fiel à sua missão, portanto, deve o médium viver mergulhado em amor. Amor por Deus, pela criação, pelas criaturas e por si mesmo. Amor que se revela em

respeito, em virtude, em fraternidade. Amor que se apoia também em estudo, em conhecimento, em razão. Amor que se equilibra, serenamente, entre o êxtase da fé e a concepção do intelecto.

Sem este Amor, a mediunidade torna‐se estéril e fria, pois nada inspira à vida a não ser arrogância e desencanto. Sem este amor que alimenta a razão e nela se apoia, o médium nada percebe de si mesmo e de sua tarefa. Nada sabe dos propósitos de sua missão e nada intui da verdadeira Vida, a Vida que representa.

Sem conhecimento, a mediunidade torna‐se cega, irresponsável e fanática, e nada acrescenta à humanidade a não ser medo, ignorância e superstição. Sem o conhecimento que ilumina o coração, o médium pouco compreende de si e de Deus, pois age às cegas, sem poder entender os fenômenos que o alcançam e não pode controlar.

Cabe ao médium, portanto, ser instrumento preciso e fiel do amor de Deus pelos homens, estudando sempre, aprendendo cada vez mais, para se fazer mais e mais amoroso em sua mediunidade. Cabe ao médium sintetizar, em si mesmo, amor e conhecimento, levando não somente técnica ao seu trabalho, mas também sabedoria, equilíbrio, discernimento, serenidade, para que no exercício de sua mediunidade reflita‐se somente a melhor técnica, a essência de tudo: o amor.

No documento Curso de Mediunidade (páginas 95-98)